Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

 

Entristada e saturada,

a Rosa brigou com a Cruz.

Encafifada e enfastiada,

preferiu as trevas à LLuz.

 

 

Chega de tanto sofrimento!

Cansei de malhar em ferro frio.

— Essa Cruz é um atrasamento;

vou gozar meu livre-alvedrio.1

 

 

 

 

E assim, o tempo transitou...

Tudo passou a ir de mal a pior!

E a Rosa, acanhada, regressou.

 

 

a Rosa aprendera sua lição maior:

 

 

 

 

 

 

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Nota:

1. Essa Rosa era mesmo uma tolinha de marca maior. Desde quando a Cruz é um atrasamento? Desde quando a Cruz é um impedimento para que alguém use e goze seu livre-alvedrio? Por definição, livre-alvedrio (ou livre-arbítrio) é a possibilidade de decidir; de escolher, enfim, em função da própria vontade, vontade esta totalmente isenta de qualquer condicionamento, motivo ou causa determinante. Ora, a Cruz – que é ininterruptamente fabricada pela soma da ignorância, da ilusão e da vaidade – nada mais é do que uma mera produção temporal e objetiva, ainda que (in)visível, da própria Rosa, que existe, geralmente, sem saber o porquê de sua crucificada e padecida existência! Ora, a invisível Cruz nada tem a ver com isso; fabricada pela Rosa, apenas serve à própria Rosa da forma que esta, educativamente, melhor precisa ser servida. Ficar completamente livre de algum tipo de crucificação, seja o Plano ou Dimenssão que for, é uma impossibilidade cósmica. E se o éden existisse, como muitos querem, ele também seria uma forma edênica de crucificação – a crucificação da bem-aventurança interminável. Então, como resolver este paradoxo? Ab imo ad summum, ad æternum, ad arbitrium, ad fidem, ad integrum, ad locum, a solução é...

 

 

 

 

Fundo musical:

Pecado Capital (Paulinho da Viola)

Fonte:

http://www.bethynha.com.br/pio-macuco.htm