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Nota:
1. A
Noite – mysticorum obscuritas (obscuridade dos místicos)
segundo António de Lisboa (1191 ou 1195 – 1231) – tem
começo ou Conticinium (Conticínio), meio ou Media
Nox (Meia-Noite) e fim ou Claridade (Aurora), e o tempo de duração
é individual. O Conticínio é a primeira fase da Noite
em que tudo está silente. É o tempo em que são satisfeitas
as seduções blandiciosas da carne — carnis suavia
blandimenta. O Santo ensinou que, para vencer as tentações
próprias do Conticínio, é preciso meditar sobre as
iniqüidades praticadas, considerar o exílio (e desejar ardentemente
a reintegração) e contemplar o Criador (misticamente, isto
equivale ao Deus Interno de nosso Coração). Auxiliado pela
razão e pela discrição, o principiante vai subindo,
degrau por degrau, a escada da crucifixão: a razão dominando
os sentidos e esclarecendo sobre o Bom Caminho. Assim, derramando lágrimas,
envergonhado, vexado e cabisbaixo vai o postulante trilhando a Senda que
levará à Illuminação. Lentamente, os
sentidos físicos e os apetites do corpo vão sendo dominados,
e os incipientes passam para o estádio de aproveitantes (fase da
Meia-Noite). Todavia, no que concerne ao sofrimento moral, este se vai intensificando.
É o reconhecimento tácito da queda, do afastamento da LLuz,
do exílio de Deus, da consciência plena da ainda permanência
nas trevas. É a angústia por desejar alcançar a LLuz
Maior, por desejar ardentemente realizar o Cristo Interno e, em graça
total, no dizer de Santo António, contemplar o Criador. É
o desespero por ter, tenuemente, vislumbrado a possibilidade de se tornar
uno com o Pai — o Deus de seu Coração — e de não
ter podido ainda realizar o sonho dos sonhos. É uma dor lancinante.
Um desespero sufocante. Um horror atemorizante. É a negra Noite Negra.
É a crucificação individual. É o inferno interior.
É a compreensão do exílio da Vida. A Noite Negra traz
à lembrança a fase negra da Crisopéia.
Música
de fundo:
Burbujas
de Amor (Juan
Luis Guerra)
Fonte:
http://www.musicasmaq.com.br/