Esta
é a 2ª e última parte de uma coletânea de fragmentos
garimpados na obra As
Origens do Ritual na Igreja e na Maçonaria, de autoria
de Helena Petrovna Blavatsky.
Fragmentos
Os
antigos pagãos usavam a água santa ou lustral para purificar
suas cidades, seus campos, seus templos e os homens; tudo isto se pratica
hoje nos países católicos romanos.
No
Cristianismo, o uso
da água benta é um rito de origem fálica. A origem
se encontra nos antigos ritos fecundadores das sacerdotisas de Mithra, e
a idéia subjacente neste fato é puramente oculta, e pertence
ao Cerimonial Mágico.
As
abóbadas das catedrais e das igrejas gregas ou romanas são,
muitas vezes, pintadas de azul e juncadas de estrelas douradas, para representar
a abóbada celeste. Isto é copiado dos templos egípcios,
nos quais o Sol e as estrelas eram adorados. A mesma homenagem é
feita ainda no Oriente, como na época do paganismo, pela arquitetura
cristã e maçônica.
Catedral
da Trindade, São Petersburgo, Rússia
Quase
todas as grandes e antigas igrejas do continente eram templos pagãos
ou foram construídas no mesmo lugar, em conseqüência das
ordens dadas pelos bispos e papas romanos. O Papa Gregório, o Grande
[Papa Gregório I,
conhecido como Gregório Magno] assim deu suas ordens ao
frade Agostinho, seu missionário na Inglaterra: Destrua
os ídolos, jamais os templos. Borrife-os com água benta, coloque-lhes
relíquias, e que os povos as adorem nos lugares onde têm o
hábito de o fazer.
Foi
permitido à Santa Igreja se apropriar das cerimônias e dos
ritos utilizados pelos pagãos nos seus cultos idólatras,
pois, ela
(a Igreja) os regenera pela
sua consagração.
[Cardeal Baronius,
in: Anais do ano XXXVI, apud
Helena Petrovna Blavatsky].
Os bispos da França,
particularmente, adotaram e usaram as cerimônias pagãs a fim
de converter os pagãos ao Cristianismo. Os mesmos ritos e as mesmas
cerimônias estão em uso, hoje em dia, na França cristã
e em outras nações.
Os
altares católicos foram copiados da Ara Maxima1
da Roma pagã. As pedras quadradas são símbolos desde
a mais remota Antigüidade.
Somente
sob o reinado de Deocleciano, os cristãos adotaram o costume pagão
de adoração em templos. Até essa época sentiam
insuperável horror aos altares e aos templos, e, durante os primeiros
250 anos de nossa era, os consideravam uma abominação.
É
incontestável que os antigos cristãos obedeciam
aos verdadeiros preceitos cristãos, enquanto os cristãos modernos
obedecem somente aos cânones arbitrários de suas respectivas
Igrejas e às regras que lhes deixaram os seus antepassados.
Haveremos
de compreender que o Altíssimo não reside em um templo construído
pelas mãos dos seres-humanos-aí-no-mundo [nem
pelas mãos de ninguém].
Para
o Epoptæ, o Sol é o Símbolo-Filho da Divindade Incognoscível.
Um
dos Pais da Maçonaria, o Sábio Pitágoras, habilmente
sugeriu que não deveríamos falar das Coisas Divinas sem estarmos
esclarecidos pela LLuz.
Entre
a adoração do Ideal-em-si e adoração do símbolo
há um abismo.
Que
diferença há entre [adorar]
um demônio ou um deus antropomórfico?
—
Ensinaram-me a adorar
um
deus antropomórfico.
Quando eu me dei conta,
estava adorando um diabo,
e me tornara amórfico!
—
Eras para consertar
o estrago que foi feito.
Milênios para recompor
a crendice acachapante
e todo o imperfeito.
Na
Antigüidade, a par da adoração popular feita de letra
morta e de formas vazias das cerimônias exotéricas, cada nação
tinha seu culto secreto, designado na sociedade como sendo os Mistérios.
E ninguém era admitido aos Mistérios, se não estivesse
preparado por um treinamento particular. Mas, mesmo assim, houve corrupção,
profanação e decadência, e os Mistérios de Elêusis
foram os únicos que permaneceram puros de toda alteração
e de toda inovação sacrílega. Estes Mistérios
eram celebrados
em Atenas, e foi lá que a elite intelectual da Grécia e da
Ásia Menor foi Iniciada. Mas, com o tempo, os Grandes Mistérios
de Elêusis tiveram o mesmo destino dos outros. Entretanto, alguns
poucos Iniciados foram postos
de reserva, e se tornaram os únicos guardiães
da Divina Herança das idades passadas. Enfim, os Epoptæ, aqueles
que viam as coisas tais quais são, desapareceram
um a um, emigrando para regiões inacessíveis aos cristãos.
Os mistos ou velados, esses
que vêem as coisas tais como parecem ser, se tornaram,
em seguida, rapidamente, os únicos senhores da situação.
Gnose
Pitagórica: Conhecimento
das coisas tais como são.
O
fim dos Mistérios era restabelecer a [personalidade-]alma
em sua primitiva pureza – esse estado de Perfeição que
ela havia perdido. (In:
Fédon2,
Platão,
apud Helena Petrovna Blavatsky].
Da
fraternidade primitiva de maçons –
semipagãos e semiconvertidos –
nasceram o ritual
e a maior parte dos dogmas cristãos.
Os
Verdadeiros Sobreviventes dos Maçons são são os únicos
guardiães dos Verdadeiros Segredos Maçônicos perdidos
agora para o mundo.
A
alegoria
de descer aos infernos, sob o ponto de vista místico, simboliza os
Ritos de Iniciação nas Criptas do Templo chamadas o
Mundo Inferior (Hades).
Baco, Héracles, Orfeu, Asklépios e todos os outros visitantes
da Cripta desceram aos infernos, de onde ressurgiam, no terceiro dia, pois,
todos eram Iniciados e Construtores
do Templo Inferior.
Não
há fim para o teu suplício, até que Deus
(ou um deus) apareça
e te alivie as tuas dores, consentindo em descer contigo ao tenebroso Hades,
às sombrias profundezas do Tártaro. (In:
Prometeu, Ésquilo,
apud Helena Petrovna Blavatsky).
Na
Antigüidade,
quando se falava de alguém que houvesse descido aos infernos equivalia
a designá-lo como um Iniciado Perfeito.
Tudo
isto significa que não devemos nos aventurar a fazer certas coisas
antes de termos descido aos infernos,
quer dizer, antes de sermos Iniciados. [Quem
se mete a venta-furada acaba levando uma vassourada.]
—
Cismei e fiz *******,
antes de ser um Iniciado.
Por ter feito *******,
para
fui arrastado.
Descer
ao Tártaro, portanto, significa, por esforço e mérito,
poder entrar em um Local tão Sagrado.
O
Cristianismo primitivo (O Apóstolo Paulo se intitulava Mestre
Construtor), tendo derivado da Maçonaria primitiva,
também tinha seus sinais, suas palavras de passe e seus graus de
Iniciação.
A
maior parte dos ecléticos alexandrinos, os teósofos de Ammonius
Saccas e os últimos neoplatônicos eram todos virtualmente maçons.
Todos estavam ligados pelo juramento do segredo. Todos se consideravam uma
fraternidade, e tinham também seus sinais de reconhecimento.
Os
Mistérios de Elêusis eram, na época, a Religião
da Humanidade.
Nos
ritos antigos, adotados posteriormente pela Igreja Cristã, o vinho
e o pão, que os candidatos comiam e bebiam, serviam para testemunhar
que o Espírito deveria vivificar a matéria, isto é,
que a Divina Sabedoria do Eu Superior [ShOPhIa]
deveria penetrar no Eu Interior (ou
[personalidade-]alma), tomar posse dele e se auto-revelar.
—
Tomai, bebei;
esta é a ShOPhIa.
Tomai,
comei;
esta é a ShOPhIa.
Então, renascei;
na ShOPhIa.
Enfim, vivei;
pela ShOPhIa.
Maria
é chamada Regina
Virginum, Rainha das Virgens, e Castissima,
a Mais Casta, e as orações que lhe são dirigidas às
seis horas da manhã e às
seis horas da
tarde foram copiadas daquelas cantadas pelos gentios (pagãos), às
mesmas horas, em honra de Feba e de Hécate.
Os
versos das Litanias da Virgem
Stella Matutina são uma cópia fiel dos versos
que se encontram nas Litanias
dos Triformis dos pagãos.
A
palavra missa vem do latim messis – colheita
–
donde o nome de
Messias, aquele que faz amadurecer as colheitas –
o Cristo-Sol.
A
palavra loja, da qual se servem os maçons, toma sua raiz em Loga
(Loka, em sânscrito), uma localidade e um mundo; e do grego Logos
–
a
Palavra, um discurso
–
cujo pleno significado
é: um local onde certas coisas são discutidas.
Os
padres modernos repetem, gesto por gesto, os atos do culto pagão,
erguendo e oferecendo o pão para a consagração, benzendo
a água que deve ser posta no cálice e, em seguida, vertendo
o vinho, incensando o altar etc.
O
Número Três, tão reverenciado na Antigüidade, como
em nossos dias, é pronunciado sete vezes durante a missa. Há
três Introito, três Kyrie Eleison, três Mea Culpa, três
Agnus Dei, três Dominus Vobiscum, verdadeiras séries maçônicas.
Acrescentemos-lhes os três Et cum Spiritu Tuo, e ainda, a missa cristã
nos oferece as mesmas Sete Comemorações Tríplices.
Paganismo, Maçonaria e Teologia. Tal é a trindade histórica
que governa o mundo Sub-Rosa.
Ilustre
dignitário de Hiram Abif, Iniciado e Filho da Viúva: o reino
das trevas e da ignorância desaparece rapidamente, mas, há
regiões ainda inexploradas pelos sábios e que são tão
negras quanto a noite do Egito. Fratres Sobrii Estote et Vigilate.
Infelizes
sois, homens da lei, pois, rejeitastes a Chave do Conhecimento, e, hoje,
nem sequer permitis que a Gnose seja dada aos outros!
O
que
há de mal no fato
de a Religião Católica
ser filha do Ancestralismo?
Nenhum mal afligente.
O que há de mal no fato
de a Religião Católica
ter origem no Paganismo?
Nenhum mal decadente.
O que há de mal no fato
de a Religião Católica
Todo o mal existente.
O que há de mal no fato
de a Religião Católica
Todo o mal ambivalente.3
______
Notas:
1. O
Grande Altar do Inconquistável Hércules (em latim: Herculis
Invicti Ara Maxima) foi um altar situado no Fórum Boário
da Roma Antiga. Foi o centro de culto a Hércules mais antigo de Roma,
precedendo ao circular Templo de Hércules Vencedor e existiu até
o século XV quando foi demolido a mando do papa Sisto IV (Albisola,
21 de julho de 1414 – Roma, 12 de agosto de 1484). A tradição
romana aponta sua localização como o local onde Hércules
matou o gigante Caco e atribui sua construção à Evandro.
Na Roma moderna, o sítio se situa no nordeste da praça da
Boca da Verdade (Bocca della Verità), ao norte de Santa
Maria em Cosmedin. O altar original foi destruído com o Grande Incêndio
de Roma de 64 d.C., mas, foi reconstruído e permaneceu estável
até o século IV. Sua localização exata é
incerta, uma vez que não há vestígios dele. Várias
referências clássicas citam o altar, dentre as quais Varrão,
que, em nota, justificou a exclusão de mulheres nos cultos no altar,
bem como o uso de carnes em sacrifícios. Os ritos no altar de Hércules
foram únicos dentre os cultos ao herói em que neles foram
realizados o Ritu
Græco.
2. O
Fédon é um dos grandes diálogos de Platão
(Atenas, 428/427 a.C. – Atenas, 348/347 a.C.) de seu período
médio, juntamente com a A República e O Banquete.
3. Em
um mundo dilacerado pela lógica do lucro, que produz novas pobrezas
e gera a cultura do descarte, não desisto de invocar a graça
de uma Igreja pobre e para os pobres, foi o que afirmou o Papa
Francisco em uma carta ao padre Julián Carrón, um sacerdote
espanhol e presidente do Movimento Eclesial Comunhão e Libertação.
Não creio que uma
Igreja pobre e para os pobres seja a solução definitiva
para os problemas tremendos que Igreja Católica vem enfrentando,
porque os ricos católicos também precisam de alguma orientação
e de algum apoio, e, no frigir dos ovos, todos nós somos pobres de
Deus. O que a Religião Católica precisa urgentemente fazer,
sob pena de desaparecer mais rapidamente do que um dia, como tudo, certamente,
desaparecerá, é, minimamente, se atualizar, e isto, simplesmente,
requer e implica em eliminar todos os dogmas absurdos, todos os autoritarismos
acachapantes, todos os coisismos esmagadores, todas as apócopes e
todas as adulterações/falsificações que vêm,
geometricamente, levando à incredulidade e ao afastamento da espiritualidade
milhões de seres-humanos-aí-no-mundo, básica
e progressivamente desde o Segundo Concílio de Constantinopla (que
se acredita ter sido o Quinto Concílio Ecumênico da Igreja),
realizado na Cidade de Constantinopla (atual Istambul, Turquia), de 5 de
maio a 2 de junho de 553, que foi convocado pelo Imperador Bizantino Justiniano
I (Taurésio, cerca de 482 – Constantinopla, 14 de novembro
de 565), e que, entre outros absurdos proclamados (alguns determinados por
Teodora, sua esposa e Imperatriz), foi anatematizada e declarada herética
a Lei do Renascimento, e, também, foi abolida a preexistência
da personalidade-alma, abrindo a porta para o surgimento da doutrina das
indulgências e para outras sacanagens, que desembocaram, há
algum tempo, no escândalo do Banco Ambrosiano. O Banco do Vaticano
também foi acusado de desviar verbas secretas dos Estados Unidos,
do Sindicato Solidariedade da Polônia e dos Contras da Nicarágua,
por meio do Banco Ambrosiano. Quem assistiu o filme The Godfather,
Parte III (O Poderoso Chefão, Parte III) viu, em forma de ficção,
como as coisas acontecem nessas esferas de poder. É realmente nojento,
asqueroso e repugnante! Voltando à conspiração teológica
da dupla dinâmica Justiniano-Teodora, vou defender a seguinte tese:
penso que Justiniano sempre soube que não se abole uma Lei Cósmica
por decreto, mas, por amor à sua esposa e Imperatriz Teodora, que,
por motivos pessoais, queria dar um fim na Lei da Causa e do Efeito (Lei
do Karma), ab-rogou a Lei da Reencarnação e a existência
anterior ao nascimento da personalidade-alma. Ora, se Teodora era uma besta
quadrada elevada à enegésima potência, Justiniano não
era. É por isto que admito que Justiniano sabia que os decretos revogatórios
por ele postos em vigor depois do Concílio valiam menos do que bosta
de Nasutitermes
globiceps e do que badalhoca de Pulex
irritans. Este é um exemplo de neutralidade perversa
que, posteriormente, levará a duríssimas compensações.
Agora, você acha que os sacerdotes mais cultos da Igreja, particularmente
os Iniciados vinculados à Igreja Joanita, não sabem que a
Lei do Renascimento (Reencarnação) e da Causa e do Efeito
foram, são e serão eternamente vigentes no Universo? Claro
que sabem. Então, são cúmplices silenciosos tanto de
Teodora quanto de Justiniano.
Música
de fundo:
Música
Sufi
Interpretação: Kanchman Babbar
Fonte:
https://www.youtube.com/watch?v=KVJ8Pv27-_k
Páginas
da Internet consultadas:
https://tenor.com/search/neutral-futurama-gifs
https://gifer.com/en/Z23Y
https://minorpostcards.fi/
https://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%A9don
http://www.supercoloring.com/
https://dribbble.com/
http://dauryximenes.blogspot.com/
http://www.gifmania.co.uk/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Grande_Altar_de_H%C3%A9rcules
http://www.saint-petersburg.com/cathedrals/trinity-cathedral/
http://gleg.com.br/Livrospublicos/
Helena_Petrovna_Blavatsky_-_As.pdf
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