AS ORIGENS DO RITUAL NA IGREJA E NA MAÇONARIA
(2ª Parte)

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Objetivo do Estudo

 

 

 

Esta é a 2ª e última parte de uma coletânea de fragmentos garimpados na obra As Origens do Ritual na Igreja e na Maçonaria, de autoria de Helena Petrovna Blavatsky.

 

 

 

Fragmentos

 

 

 

Os antigos pagãos usavam a água santa ou lustral para purificar suas cidades, seus campos, seus templos e os homens; tudo isto se pratica hoje nos países católicos romanos.

 

No Cristianismo, o uso da água benta é um rito de origem fálica. A origem se encontra nos antigos ritos fecundadores das sacerdotisas de Mithra, e a idéia subjacente neste fato é puramente oculta, e pertence ao Cerimonial Mágico.

 

As abóbadas das catedrais e das igrejas gregas ou romanas são, muitas vezes, pintadas de azul e juncadas de estrelas douradas, para representar a abóbada celeste. Isto é copiado dos templos egípcios, nos quais o Sol e as estrelas eram adorados. A mesma homenagem é feita ainda no Oriente, como na época do paganismo, pela arquitetura cristã e maçônica.

 

 

Catedral da Trindade, São Petersburgo, Rússia

Catedral da Trindade, São Petersburgo, Rússia

 

Quase todas as grandes e antigas igrejas do continente eram templos pagãos ou foram construídas no mesmo lugar, em conseqüência das ordens dadas pelos bispos e papas romanos. O Papa Gregório, o Grande [Papa Gregório I, conhecido como Gregório Magno] assim deu suas ordens ao frade Agostinho, seu missionário na Inglaterra: Destrua os ídolos, jamais os templos. Borrife-os com água benta, coloque-lhes relíquias, e que os povos as adorem nos lugares onde têm o hábito de o fazer.

 

Foi permitido à Santa Igreja se apropriar das cerimônias e dos ritos utilizados pelos pagãos nos seus cultos idólatras, pois, ela (a Igreja) os regenera pela sua consagração. [Cardeal Baronius, in: Anais do ano XXXVI, apud Helena Petrovna Blavatsky]. Os bispos da França, particularmente, adotaram e usaram as cerimônias pagãs a fim de converter os pagãos ao Cristianismo. Os mesmos ritos e as mesmas cerimônias estão em uso, hoje em dia, na França cristã e em outras nações.

 

Os altares católicos foram copiados da Ara Maxima1 da Roma pagã. As pedras quadradas são símbolos desde a mais remota Antigüidade.

 

Somente sob o reinado de Deocleciano, os cristãos adotaram o costume pagão de adoração em templos. Até essa época sentiam insuperável horror aos altares e aos templos, e, durante os primeiros 250 anos de nossa era, os consideravam uma abominação.

 

É incontestável que os antigos cristãos obedeciam aos verdadeiros preceitos cristãos, enquanto os cristãos modernos obedecem somente aos cânones arbitrários de suas respectivas Igrejas e às regras que lhes deixaram os seus antepassados.

 

 

 

 

Haveremos de compreender que o Altíssimo não reside em um templo construído pelas mãos dos seres-humanos-aí-no-mundo [nem pelas mãos de ninguém].

 

Para o Epoptæ, o Sol é o Símbolo-Filho da Divindade Incognoscível.

 

Um dos Pais da Maçonaria, o Sábio Pitágoras, habilmente sugeriu que não deveríamos falar das Coisas Divinas sem estarmos esclarecidos pela LLuz.

 

 

 

 

Entre a adoração do Ideal-em-si e adoração do símbolo há um abismo.

 

Que diferença há entre [adorar] um demônio ou um deus antropomórfico?

 

Ensinaram-me a adorar
um deus antropomórfico.
Quando eu me dei conta,
estava adorando um diabo,
e me tornara amórfico!

Eras para consertar
o estrago que foi feito.
Milênios para recompor
a crendice acachapante
e todo o imperfeito.

 

 

 

 

Na Antigüidade, a par da adoração popular feita de letra morta e de formas vazias das cerimônias exotéricas, cada nação tinha seu culto secreto, designado na sociedade como sendo os Mistérios. E ninguém era admitido aos Mistérios, se não estivesse preparado por um treinamento particular. Mas, mesmo assim, houve corrupção, profanação e decadência, e os Mistérios de Elêusis foram os únicos que permaneceram puros de toda alteração e de toda inovação sacrílega. Estes Mistérios eram celebrados em Atenas, e foi lá que a elite intelectual da Grécia e da Ásia Menor foi Iniciada. Mas, com o tempo, os Grandes Mistérios de Elêusis tiveram o mesmo destino dos outros. Entretanto, alguns poucos Iniciados foram postos de reserva, e se tornaram os únicos guardiães da Divina Herança das idades passadas. Enfim, os Epoptæ, aqueles que viam as coisas tais quais são, desapareceram um a um, emigrando para regiões inacessíveis aos cristãos. Os mistos ou velados, esses que vêem as coisas tais como parecem ser, se tornaram, em seguida, rapidamente, os únicos senhores da situação.

 

Gnose Pitagórica: Conhecimento das coisas tais como são.

 

O fim dos Mistérios era restabelecer a [personalidade-]alma em sua primitiva pureza – esse estado de Perfeição que ela havia perdido. (In: Fédon2, Platão, apud Helena Petrovna Blavatsky].

 

Da fraternidade primitiva de maçons semipagãos e semiconvertidos nasceram o ritual e a maior parte dos dogmas cristãos.

 

Os Verdadeiros Sobreviventes dos Maçons são são os únicos guardiães dos Verdadeiros Segredos Maçônicos perdidos agora para o mundo.

 

A alegoria de descer aos infernos, sob o ponto de vista místico, simboliza os Ritos de Iniciação nas Criptas do Templo chamadas o Mundo Inferior (Hades). Baco, Héracles, Orfeu, Asklépios e todos os outros visitantes da Cripta desceram aos infernos, de onde ressurgiam, no terceiro dia, pois, todos eram Iniciados e Construtores do Templo Inferior.

 

Não há fim para o teu suplício, até que Deus (ou um deus) apareça e te alivie as tuas dores, consentindo em descer contigo ao tenebroso Hades, às sombrias profundezas do Tártaro. (In: Prometeu, Ésquilo, apud Helena Petrovna Blavatsky).

 

Na Antigüidade, quando se falava de alguém que houvesse descido aos infernos equivalia a designá-lo como um Iniciado Perfeito.

 

Tudo isto significa que não devemos nos aventurar a fazer certas coisas antes de termos descido aos infernos, quer dizer, antes de sermos Iniciados. [Quem se mete a venta-furada acaba levando uma vassourada.]

 

Cismei e fiz *******,
antes de ser um Iniciado.
Por ter feito
*******,
para fui arrastado.

 

 

 

 

Descer ao Tártaro, portanto, significa, por esforço e mérito, poder entrar em um Local tão Sagrado.

 

O Cristianismo primitivo (O Apóstolo Paulo se intitulava Mestre Construtor), tendo derivado da Maçonaria primitiva, também tinha seus sinais, suas palavras de passe e seus graus de Iniciação.

 

A maior parte dos ecléticos alexandrinos, os teósofos de Ammonius Saccas e os últimos neoplatônicos eram todos virtualmente maçons. Todos estavam ligados pelo juramento do segredo. Todos se consideravam uma fraternidade, e tinham também seus sinais de reconhecimento.

 

Os Mistérios de Elêusis eram, na época, a Religião da Humanidade.

 

Nos ritos antigos, adotados posteriormente pela Igreja Cristã, o vinho e o pão, que os candidatos comiam e bebiam, serviam para testemunhar que o Espírito deveria vivificar a matéria, isto é, que a Divina Sabedoria do Eu Superior [ShOPhIa] deveria penetrar no Eu Interior (ou [personalidade-]alma), tomar posse dele e se auto-revelar.

 

Tomai, bebei;
esta é a
ShOPhIa.
T
omai, comei;
esta é a
ShOPhIa.
Então, renascei;
na ShOPhIa.
Enfim, vivei;
pela ShOPhIa.

 

 

 

 

Maria é chamada Regina Virginum, Rainha das Virgens, e Castissima, a Mais Casta, e as orações que lhe são dirigidas às seis horas da manhã e às seis horas da tarde foram copiadas daquelas cantadas pelos gentios (pagãos), às mesmas horas, em honra de Feba e de Hécate.

 

Os versos das Litanias da Virgem Stella Matutina são uma cópia fiel dos versos que se encontram nas Litanias dos Triformis dos pagãos.

 

A palavra missa vem do latim messis colheita donde o nome de Messias, aquele que faz amadurecer as colheitas o Cristo-Sol.

 

A palavra loja, da qual se servem os maçons, toma sua raiz em Loga (Loka, em sânscrito), uma localidade e um mundo; e do grego Logos a Palavra, um discurso cujo pleno significado é: um local onde certas coisas são discutidas.

 

Os padres modernos repetem, gesto por gesto, os atos do culto pagão, erguendo e oferecendo o pão para a consagração, benzendo a água que deve ser posta no cálice e, em seguida, vertendo o vinho, incensando o altar etc.

 

O Número Três, tão reverenciado na Antigüidade, como em nossos dias, é pronunciado sete vezes durante a missa. Há três Introito, três Kyrie Eleison, três Mea Culpa, três Agnus Dei, três Dominus Vobiscum, verdadeiras séries maçônicas. Acrescentemos-lhes os três Et cum Spiritu Tuo, e ainda, a missa cristã nos oferece as mesmas Sete Comemorações Tríplices. Paganismo, Maçonaria e Teologia. Tal é a trindade histórica que governa o mundo Sub-Rosa.

 

 


 

Ilustre dignitário de Hiram Abif, Iniciado e Filho da Viúva: o reino das trevas e da ignorância desaparece rapidamente, mas, há regiões ainda inexploradas pelos sábios e que são tão negras quanto a noite do Egito. Fratres Sobrii Estote et Vigilate.

 

Infelizes sois, homens da lei, pois, rejeitastes a Chave do Conhecimento, e, hoje, nem sequer permitis que a Gnose seja dada aos outros!

 

 

 

O que há de mal no fato
de a Religião Católica
ser filha do Ancestralismo?
Nenhum mal afligente.
O que há de mal no fato
de a Religião Católica
ter origem no Paganismo?
Nenhum mal decadente.
O que há de mal no fato
de a Religião Católica

Todo o mal existente.
O que há de mal no fato
de a Religião Católica

Todo o mal ambivalente.
3

 

 

 

 

 

______

Notas:

1. O Grande Altar do Inconquistável Hércules (em latim: Herculis Invicti Ara Maxima) foi um altar situado no Fórum Boário da Roma Antiga. Foi o centro de culto a Hércules mais antigo de Roma, precedendo ao circular Templo de Hércules Vencedor e existiu até o século XV quando foi demolido a mando do papa Sisto IV (Albisola, 21 de julho de 1414 – Roma, 12 de agosto de 1484). A tradição romana aponta sua localização como o local onde Hércules matou o gigante Caco e atribui sua construção à Evandro. Na Roma moderna, o sítio se situa no nordeste da praça da Boca da Verdade (Bocca della Verità), ao norte de Santa Maria em Cosmedin. O altar original foi destruído com o Grande Incêndio de Roma de 64 d.C., mas, foi reconstruído e permaneceu estável até o século IV. Sua localização exata é incerta, uma vez que não há vestígios dele. Várias referências clássicas citam o altar, dentre as quais Varrão, que, em nota, justificou a exclusão de mulheres nos cultos no altar, bem como o uso de carnes em sacrifícios. Os ritos no altar de Hércules foram únicos dentre os cultos ao herói em que neles foram realizados o Ritu Græco.

2. O Fédon é um dos grandes diálogos de Platão (Atenas, 428/427 a.C. – Atenas, 348/347 a.C.) de seu período médio, juntamente com a A República e O Banquete.

3. Em um mundo dilacerado pela lógica do lucro, que produz novas pobrezas e gera a cultura do descarte, não desisto de invocar a graça de uma Igreja pobre e para os pobres, foi o que afirmou o Papa Francisco em uma carta ao padre Julián Carrón, um sacerdote espanhol e presidente do Movimento Eclesial Comunhão e Libertação. Não creio que uma Igreja pobre e para os pobres seja a solução definitiva para os problemas tremendos que Igreja Católica vem enfrentando, porque os ricos católicos também precisam de alguma orientação e de algum apoio, e, no frigir dos ovos, todos nós somos pobres de Deus. O que a Religião Católica precisa urgentemente fazer, sob pena de desaparecer mais rapidamente do que um dia, como tudo, certamente, desaparecerá, é, minimamente, se atualizar, e isto, simplesmente, requer e implica em eliminar todos os dogmas absurdos, todos os autoritarismos acachapantes, todos os coisismos esmagadores, todas as apócopes e todas as adulterações/falsificações que vêm, geometricamente, levando à incredulidade e ao afastamento da espiritualidade milhões de seres-humanos-aí-no-mundo, básica e progressivamente desde o Segundo Concílio de Constantinopla (que se acredita ter sido o Quinto Concílio Ecumênico da Igreja), realizado na Cidade de Constantinopla (atual Istambul, Turquia), de 5 de maio a 2 de junho de 553, que foi convocado pelo Imperador Bizantino Justiniano I (Taurésio, cerca de 482 – Constantinopla, 14 de novembro de 565), e que, entre outros absurdos proclamados (alguns determinados por Teodora, sua esposa e Imperatriz), foi anatematizada e declarada herética a Lei do Renascimento, e, também, foi abolida a preexistência da personalidade-alma, abrindo a porta para o surgimento da doutrina das indulgências e para outras sacanagens, que desembocaram, há algum tempo, no escândalo do Banco Ambrosiano. O Banco do Vaticano também foi acusado de desviar verbas secretas dos Estados Unidos, do Sindicato Solidariedade da Polônia e dos Contras da Nicarágua, por meio do Banco Ambrosiano. Quem assistiu o filme The Godfather, Parte III (O Poderoso Chefão, Parte III) viu, em forma de ficção, como as coisas acontecem nessas esferas de poder. É realmente nojento, asqueroso e repugnante! Voltando à conspiração teológica da dupla dinâmica Justiniano-Teodora, vou defender a seguinte tese: penso que Justiniano sempre soube que não se abole uma Lei Cósmica por decreto, mas, por amor à sua esposa e Imperatriz Teodora, que, por motivos pessoais, queria dar um fim na Lei da Causa e do Efeito (Lei do Karma), ab-rogou a Lei da Reencarnação e a existência anterior ao nascimento da personalidade-alma. Ora, se Teodora era uma besta quadrada elevada à enegésima potência, Justiniano não era. É por isto que admito que Justiniano sabia que os decretos revogatórios por ele postos em vigor depois do Concílio valiam menos do que bosta de Nasutitermes globiceps e do que badalhoca de Pulex irritans. Este é um exemplo de neutralidade perversa que, posteriormente, levará a duríssimas compensações. Agora, você acha que os sacerdotes mais cultos da Igreja, particularmente os Iniciados vinculados à Igreja Joanita, não sabem que a Lei do Renascimento (Reencarnação) e da Causa e do Efeito foram, são e serão eternamente vigentes no Universo? Claro que sabem. Então, são cúmplices silenciosos tanto de Teodora quanto de Justiniano.

 

Música de fundo:

Música Sufi
Interpretação: Kanchman Babbar

Fonte:

https://www.youtube.com/watch?v=KVJ8Pv27-_k

 

Páginas da Internet consultadas:

https://tenor.com/search/neutral-futurama-gifs

https://gifer.com/en/Z23Y

https://minorpostcards.fi/

https://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%A9don

http://www.supercoloring.com/

https://dribbble.com/

http://dauryximenes.blogspot.com/

http://www.gifmania.co.uk/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Grande_Altar_de_H%C3%A9rcules

http://www.saint-petersburg.com/cathedrals/trinity-cathedral/

http://gleg.com.br/Livrospublicos/
Helena_Petrovna_Blavatsky_-_As.pdf

 

Direitos autorais:

As animações, as fotografias digitais e as mídias digitais que reproduzo (por empréstimo) neste texto têm exclusivamente a finalidade de ilustrar e embelezar o trabalho. Neste sentido, os direitos de copyright são exclusivos de seus autores. Entretanto, como nem sempre sei a quem me dirigir para pedir autorização para utilizá-las, se você encontrar algo aqui postado que lhe pertença e desejar que seja removido, por favor, entre em contato e me avise, que retirarei do ar imediatamente.