CANTO
DO RIO EM SOL
Rodolfo
Domenico Pizzinga
http://paxprofundis.org
Música
de fundo: Patropi
Fonte:
http://www.cifrantiga.hpg.ig.com.br/Crono3/midis.htm
ESTUPIDEZA
(Da Grossa)
Ora,
dizer que o Rio
É
uma Cidade violenta,
É
não amar o Rio
E
ter cabeça mofenta.
Violentas
são as bestas
Que
já nasceram violentas.
Não
sendo mais do que bestas,
A
cada dia se tornam mais violentas!
Há
motivos? Claro que sim.
Motivos
que só exemplificam
Um
comportamento chinfrim.
Violência
e descompromisso
Não
se justificam.
O
Rio está acima disso!
Carlos
Drummond de Andrade demonstrou todo o seu amor pela Cidade do Rio de
Janeiro ao escrever o Poema que (em parte) está reproduzido no
belíssimo power point que recebi em um e-mail,
e que convido a quem estiver lendo este texto para assisti-lo. É
mesmo muito bonito. 'Minha' Cidade é linda. É
linda porque é linda, e é linda por ter me recebido nesta
vida sem me pedir um tostão em troca. Sou grato à ela.
Vou confessar uma coisa que nunca disse a ninguém: escolhi nascer
no Patropi Brasil novamente. Ainda tenho muito que fazer por aqui. Principalmente
como médico.
Antes de assistirmos juntos ao power point, vou contar uma
estória pitoresca e muito pouco conhecida do Carlos. Quem me
contou era muito amiga dele. Eu vi o Carlos algumas vezes em Copacabana,
mas nunca conversei pessoalmente com ele. Nós apenas nos cumprimentávamos.
Ele era um homem reservado e eu sempre soube me mancar.
O
fato é que No Meio do Caminho (tinha uma pedra) um dia
lhe causou uma baita aporrinhação pedral. Voltava o Carlos
para casa pela Rua Conselheiro Lafaiete (que começa na confluência
das Ruas Bulhões de Carvalho, conhecida dos cariocas como quase
quase, e Joaquim Nabuco e termina na Rua Francisco Sá),
no Rio de Janeiro, e atrás dele caminhava um senhor – um
pouco mais velho do que ele – a chacoalhar sem parar. Parecia
disco de vinil arranhado a repetir: — Tinha uma pedra no meio
do caminho. No meio do caminho tinha uma pedra... Tinha uma pedra no
meio do caminho. No meio do caminho tinha uma pedra...
O homem só falava essas duas frases. Sem parar. Acabou levando
o Carlos à loucura. De repente, o Poeta parou, virou-se para
o aporrinhador e, calma e muito educadamente, naquele tom de voz sussurrante
que ele possuía, perguntou: — Por que o senhor e a
sua pedra não vão para a puta que o pariu?
O homem tomou um susto imenso, pois não devia estar esperando
que um Poeta pudesse ter uma reação (normalíssima)
daquelas. Não disse uma palavra, virou as costas e foi embora
cacetear em outra freguesia. Poeta, também, com todo o direito,
se irrita e diz lá seus palavrõeszinhos de quando em quando.
E ainda mais com um sujeito atubibando (escolhi esse verbinho bibibi
de propósito para enfiar aqui) o crânio dele com a tal
pedra no meio do caminho. Coisas (dos birutas) do Riotropi.
Eu,
até hoje, não consegui compreender porque há indivíduos
que se comprazem em atormentar os outros. Se eu fosse o Carlos teria
mandado o maluco Pedrinha para o mesmo lugar. Só que apenas
de segunda a sexta-feira. Para variar, eu recomendaria ao Seu Pedrinha
para no sábado e no domingo fazer um regime à base de
melancia. Ninguém dá nada por essa fruta, mas ela possui
excelentes propriedades diuréticas e é um fantástico
refrescante estomacal e do sangue. Com um pouco de mel e limão
faz 'milagres'. (Vai ver que é por obra do mel e do
limão). Pode, enfim, ser usada com sucesso contra resfriados,
catarros, excesso de bílis, gosto amargo da boca e para curar
compulsão para aporrinhar os outros. (Essa última aplicação
foi inventada por mim. De repente isso se espalha e passa a ter um efeito
fantástico). É também (sem brincadeira agora) excepcional
para a próstata. Homens que um dia tiveram a infelicidade de
contrair uma doença venérea qualquer deveriam comer muita
melancia. Ajuda a prevenir recidivas e outras coisas.
Bem,
a estória do maluco Seu Pedrinha com o Carlos que eu relatei
realmente aconteceu no Posto 6, em Copacabana, no Rio de Janeiro. A
minha fonte é a elegante senhora T que eu conheci quando tinha
seis anos, e que foi muito amiga do Poeta. Hoje, eu tenho cinqüenta
e oito e ela setenta e um, mas continuamos a nos ver regularmente.
NO
MEIO DO CAMINHO
(O poema do Carlos que estimulou o maluco Pedrinha do
Posto 6. Abaixo, o tal do pedregulho, segundo minha fértil imaginação
de carioca.)
No meio do caminho tinha uma pedra.
Tinha uma pedra no meio do caminho.
Tinha
uma pedra.
No meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca
me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra.
Tinha uma pedra no meio do caminho,
no meio do caminho tinha uma pedra.
Ou
seria essa pedra aí?
Isso pode parecer mais uma das minhas gracinhas, mas não
é. Pedras no Caminho mesmo é o que estão passando
palestinos e iraquianos. Por exemplo. Nem sei se se pode chamar
apenas de Pedras no Caminho a situação conflagrada
do Oriente Médio! Paz ao Povo Palestino!
Paz ao Povo Iraquiano!
Paz aos líderes mundiais! |
O
LINDO POWER POINT
(De pedra só o Pão de Açúcar
e os morros cariocas. Preciso esquecer essa estória, senão
sou capaz de acabar sonhando com uma pedreira.)
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