A
tradição,
em uma acepção muito mais geral, pode ser tanto escrita quanto
oral, apesar de que, habitualmente, senão sempre, ela deve ter sido
antes oral na sua origem.
Preconceito
Clássico atribuir aos
gregos e aos romanos a origem de toda civilização.
O
Homem
Universal só existe virtualmente, e, de certa forma, negativamente,
como se fosse um arquétipo ideal, até que a realização
efetiva do ser total lhe dê uma existência atual e positiva.
E isto vale para qualquer ser, considerado como efetuando ou devendo efetuar
esta realização.
Admitir
a criação "ex nihilo" [do
nada] seria admitir o aniquilamento final de todos
os seres criados, já que o que teve um começo deverá
também ter um final, e não há nada mais ilógico
do que falar de imortalidade em tal hipótese. Desta forma, a criação
assim entendida é um absurdo, posto que é contrária
ao Princípio de Causalidade, que é inegável para todo
homem sincero e medianamente razoável, com o que podemos dizer como
Lucrécio: "Ex nihilo nihil; ad nihilum nihil posse reverti".
[Nada pode
nascer do nada; nada pode ser resolvido em nada].
O
Ilimitado é necessariamente uno, porque dois Ilimitados
que não fossem idênticos se excluiriam um ao outro,1
resultando disto que não há mais do que um Princípio
Único de todas as coisas, e este Princípio é o Perfeito,
posto que o Ilimitado
só pode ser tal se é o Perfeito.
Se
a oposição Ser/Não-Ser
está forçosamente contida na Perfeição
Total
– o Não-Ser sendo uma possibilidade de [vir-a-]Ser,
de tal sorte que o Ser esteja contido em estado potencial no Não-Ser
– é evidente,
em princípio, que esta oposição não pode ser
mais do que aparente.
Se
pelo Não-Ser se entende somente o puro nada, é inútil
dele se falar, pois, que se pode dizer de aquilo que não é
nada? Mas, a situação é toda outra, se se encara o
Não-Ser como possibilidade de ser. O Ser é a manifestação
do Não-Ser. Se assim for entendido, estará contido em um estado
potencial no Não-Ser. A ligação do Não-Ser com
o Ser é, então, a ligação do não-manifestado
com o manifestado, e se pode dizer que o não-manifestado é
superior ao manifestado do qual é o princípio, uma vez que,
em
potência, contém todo
o manifestado mais aquilo que não é, não foi e não
será jamais manifestado. Ao mesmo tempo, se vê que aqui é
impossível falar de uma distinção real, pois, o manifestado
está contido em princípio no não-manifestado. Entretanto,
nós não podemos conceber o não-manifestado diretamente,
mas, somente através do manifestado. Esta distinção
existe, então, para nós, mas, somente para nós.
É
o Ternário e não o binário o que é imediatamente
produzido pela primeira diferenciação da Unidade Primordial.
O
Perfeito é o princípio de todas as coisas, e, por isto, não
pode produzir o imperfeito. Daí resulta que o imperfeito não
existe, ou que, ao menos, o imperfeito só pode existir como elemento
constitutivo da Perfeição Total, e, sendo assim, não
pode ser realmente imperfeito, e o que chamamos imperfeição
não é mais que relatividade. Assim, o que chamamos erro é
Verdade Relativa, já que todos os erros devem estar compreendidos
na Verdade Total, sem o que esta, estando limitada por algo que estaria
fora dela, não seria Perfeita, o que equivale a dizer que não
seria a Verdade. Os erros, ou, melhor dizendo, as Verdades Relativas, não
são senão fragmentos da Verdade Total; é, pois, a fragmentação
o que produz a relatividade, e, em conseqüência, poderíamos
dizer que, se relatividade fosse realmente sinônimo de imperfeição,
poderia se considerar como causa do mal. Todavia, o mal só é
tal quando se distingue do bem. Se chamamos Bem ao Perfeito, realmente o
relativo não é algo distinto, já que, em princípio,
está contido nele; então, desde o ponto de vista universal,
o mal não existe. Existirá unicamente se consideramos as coisas
sob um aspecto fragmentário e analítico, separando-as de seu
Princípio Comum, em lugar de considerá-las sinteticamente
como contidas neste Princípio, que é a Perfeição.
Assim é criado o imperfeito. Distinguindo o mal do Bem, os dois são
criados por esta distinção mesma, pois o Bem e o mal são
tais se opomos um ao outro e, se não há mal, não há
motivo para se referir ao Bem no sentido ordinário desta palavra,
senão unicamente da Perfeição. É, pois, a fatal
ilusão do dualismo que realiza o Bem e o mal, e que, considerando
as coisas sob um ponto de vista particularizado, substitui a Unidade pela
multiplicidade, e encerra, assim, os seres sobre os quais exerce seu poder
no domínio da confusão e da divisão. Este domínio
é o império do Demiurgo.
A
Metafísica
pura, situando-se, por essência, acima e além de todas as formas
e de todas as contingências, não é nem oriental nem
ocidental: é universal.
Definir
é sempre limitar.
O
domínio metafísico está inteiramente fora do mundo
fenomênico.
O
Grande
Mistério está além de toda forma e de toda expressão;
mas, o próprio Silêncio é o Grande Mistério.
Em
todas as Tradições, o Coração
é considerado, antes de tudo, a Sede da Inteligência.
Não
é por acaso que a Democracia se oponha à Aristocracia, e que
este último termo designe, precisamente, pelo menos em sentido etimológico,
o poder da elite. Esta, por definição, não pode ser
senão uma minoria, e o seu poder, ou melhor, a sua autoridade, que
deriva de uma superioridade intelectual e espiritual, não tem nada
em comum com a força numérica sobre a qual se fundamenta a
Democracia, nem com as forças irracionais do Coletivismo, tendências
cujo caráter essencial é o sacrifício da minoria à
maioria, e, também, o da qualidade à quantidade, e da elite
à massa.
O
mais elevado não pode provir do mais baixo porque o maior não
pode provir do menor.
O
símbolo propriamente dito é essencialmente sintético
e, por isto mesmo, intuitivo de um certo modo, o que o torna mais apto do
que a linguagem para servir de ponto de apoio à intuição
intelectual, que está acima da razão.
O
uso do simbolismo é uma necessidade? Aqui, é preciso estabelecer
uma distinção: em si e de modo absoluto, nenhuma forma exterior
é necessária; todas são de igual modo contingentes
e acidentais em relação ao que expressam ou representam. É
assim que, de acordo com o ensinamento dos hindus, uma figura qualquer,
por exemplo, uma estátua que simboliza algum aspecto da Divindade,
só deve ser considerada como um suporte, um ponto de apoio para a
meditação. Trata-se, pois, de um simples auxiliar, e nada
mais.
No
princípio era o Verbo. O Verbo – o Logos –
é ao mesmo tempo Pensamento e Palavra. Em si, o
Verbo é o Intelecto Divino –
o lugar dos possíveis.
Tudo
o que existe, sob qualquer forma que seja, por ter seu princípio
no Intelecto Divino, traduz ou representa este Princípio [o
Verbo]
à sua maneira e segundo sua ordem de existência.
De
uma ordem a outra, todas as coisas se encadeiam e se correspondem, concorrendo
para a harmonia universal e total, que é como um reflexo da própria
Unidade Divina.
Chamamos
pensamento tradicional a toda a forma de inteligência do mundo que,
baseando-se em uma particular tradição religiosa ou na convicção
fundamentada da unidade essencial que interliga todas as tradições
deste tipo, proponha uma leitura do sentido do homem e do Universo e uma
interpretação dos nossos tempos, assente nas noções
de hierarquia de valores, de ordem, de oposição do sagrado
e do profano e de uma tendencial Divinização como destino
final da Humanidade.
O
Tesouro da Sabedoria Não-humana, anterior a todas as idades, nunca
pode[rá]
se perder. Ele se envolve, no entanto,
em véus cada vez mais impenetráveis, que O escondem aos olhares
e sob os quais é extremamente difícil descobri-Lo.
A
eterna continuidade liga todas as coisas.
Toda
manifestação implica necessariamente um afastamento cada vez
maior do Princípio do qual ela procede [Princípio
Originante]. Partindo do ponto mais alto, a manifestação
tende forçosamente para baixo, e, como os corpos pesados,
se dirige para baixo com uma velocidade sem cessar crescente, até
que encontra finalmente um ponto de paragem. Esta queda poderia ser caracterizada
como uma materialização progressiva, porque a expressão
do Princípio é Pura Espiritualidade. Dizemos a expressão,
e não o próprio Princípio, porque este não pode
ser designado por qualquer dos termos que parecem indicar uma oposição,
estando além de todas as oposições.
In
principio erat Satya Yuga...
Em
AMeN e AUM há duas letras comuns A e M, que representam dois opostos
ou complementares. N indica o produto dos dois termos, e, por isto, na palavra
AMeN,
está colocado depois, enquanto que, em AUM,
o U indica o laço que une A
e M, e, por isto, situa-se entre eles.
Alberto
Magno e São Tomás estavam vinculados a uma organização
hermética, mas, é possível que a denominação
"Rosa-Cruz'' não estivesse ainda em uso nesta época.
Eu, de fato, não creio que ela possa ter aparecido antes do século
XIV.
No
que se refere à Iniciação baseada no Esoterismo Cristão,2
tudo o que se pode conhecer dela é mais de ordem cosmológica
e hermética, do que puramente metafísica. Isto, sem
dúvida, está relacionado
com a mentalidade ocidental, mais do que com o Cristianismo em si mesmo.
Seria, não obstante, pouco provável que nunca tivesse havido
outra coisa, mas, deve ter estado sempre reservada a um número muito
pequeno, e não deixou vestígios aparentes. De outro modo,
seria de supor que se trata de uma tradição incompleta na
sua própria essência.
Canseliet3
(que não é Fulcanelli, mas, que se faz passar por seu continuador)
não tem certamente nada de um ''mestre ''; além disto, do
ponto de vista tradicional, não pode se vincular mais ou menos efetivamente
mais do que a uma dessas correntes desviadas no sentido ''naturalista''
às quais me referi em diversas ocasiões.
A
palavra Alquimia dá lugar, de fato, na maioria das pessoas, à
uma certa confusão... Creio que Hermetismo seria mais conveniente,
ou se poderia dizer Alquimia Espiritual, para evitar qualquer equívoco.4
Mesmo
o Deus Ilimitado não pode criar quadrados circulares.
Em
realidade, o Demiurgo não é
uma potência externa ao homem; em princípio, não é
mais do que a vontade do homem quando realiza a distinção
entre Bem e mal. O Demiurgo, convertido em uma potência distinta e
considerado como tal, é o príncipe deste mundo de que se fala
no Evangelho de João. Não é, propriamente falando,
nem bom nem mau, mas, tanto uma coisa quanto a outra, posto que contém
em-si-mesmo tanto o bem quanto o mal.
Somos
nós mesmos que criamos satã
ou o adversário, e o criamos a cada instante, já que não
se deve considerar isto como algo que ocorreu em um tempo determinado. Todavia,
satã não é o mal-em-si-mesmo, mas, constitui, unicamente,
o conjunto de tudo o que nos é contrário.5
Quando
o ente-aí-no-mundo alcança o Conhecimento Real [Sabedoria
= ShOPhIa],
identifica todas as coisas com o Espírito Universal.
Os
diferentes mundos – ou, segundo a expressão geralmente admitida,
os diversos planos do Universo –
não são lugares ou regiões, senão
modalidades de existência ou estados de ser.
A
Verdade [Leis
Universais] é una e imutável.
'Não
há outro meio de obter a libertação completa e final6
que não seja pelo Conhecimento, que é o único instrumento
que desata os laços das paixões. Sem o Conhecimento não
se pode obter a Beatitude. A ação,
não se opondo à ignorância, não a pode afastar;
mas, o Conhecimento dissipa a ignorância, como a luz dissipa as trevas.'
(Shankarâchârya,
in: Tratado
do Conhecimento do Espírito, apud,
René Guénon).
Nascido
Duas Vezes Aquele que chegou
à identificação de si-mesmo com o Espírito universal
e se conscientizou de que tudo é Espírito.
'Quando
o Sol do Conhecimento Espiritual se levanta no céu do Coração,
expulsa as trevas, penetra tudo, abarca tudo e Illumina tudo.'
(Shankarâchârya,
in: Tratado
do Conhecimento do Espírito, apud,
René
Guénon).
Há
de se ter muito cuidado em não confundir os diversos Planos do Universo,
pois, o que se diz de um poderia não ser verdadeiro para o outro.
Greys7
Coloridos
A
moral existe necessariamente no plano social – que é essencialmente
o domínio da ação –
mas, não quando se considera o plano metafísico
ou universal, posto que, então, já não há ação.
O
ser superior à ação possui, não obstante, a
plenitude da atividade; mas, é uma atividade potencial, uma atividade
não-agente. Este ser não é imóvel
– como se poderia erroneamente admitir
– mas, imutável, quer dizer,
superior à mudança. Com efeito, ele se identifica com o Ser
que sempre é idêntico-a- si-mesmo, segundo a fórmula
bíblica: o Ser é o Ser.
Nirvana
Extinção do sopro
ou da agitação, ou seja, estado de um ser que já não
está submetido a nenhuma agitação, que está
definitivamente8
liberado da forma. É um erro muito comum, ao menos no Ocidente, crer
que não há nada quando não há forma, quando,
em realidade, é a forma o que é irreal, e o informal é
o real. Assim, o Nirvana, muito longe de ser o aniquilamento, como pretenderam
alguns filósofos, é, pelo contrário, a plenitude do
Ser.
Só
através do Conhecimento é que se obtém a libertação.
O
sofrimento é resultado do esforço, e, portanto, da ação,
e é nisto que consiste o que chamamos de imperfeição,
ainda que, na realidade, não haja nada imperfeito.
Transformação,
em seu sentido etimológico, é a passagem para além
da forma. O apego às coisas individuais ou às formas essencialmente
transitórias e perecedouras é próprio da ignorância.
Assim, as formas não são nada para o ser que delas
se libertou.
Conhecimento
Espiritual Libertação
do império do Demiurgo.
O
Conhecimento, para ser o que deve ser, não se limita a uma simples
teoria, mas, comporta em si mesmo a realização correspondente.
Alguns
sentem confusamente o fim iminente de qualquer coisa de que não podem
definir exatamente a natureza e o alcance. É necessário admitir
que eles têm uma percepção muito real, embora vaga e
sujeita a falsas interpretações ou a deformações
imaginativas, visto que, qualquer que seja esse fim, a crise que deve forçosamente
aí conduzir é bastante visível, e que numerosos sinais
não equívocos e fáceis de constatar conduzem todos
de modo concordante à mesma conclusão. Este fim não
é, sem dúvida, o «fim do Mundo», no sentido total
em que alguns o querem entender, mas é, pelo menos, o fim de um mundo.
E, se o que deve acabar é a civilização ocidental sob
a sua forma actual, é compreensível que aqueles que se habituaram
a nada mais ver que esteja fora dela, a considerá-la como a «civilização»
sem epíteto, julguem facilmente que tudo acabará com ela,
e que, se ela desaparecer, será realmente o «fim do Mundo»
Alguns
escritores ocidentais, com pretensões mais ou menos iniciáticas,
querem dar à cruz um significado exclusivamente astronômico,
dizendo que é ''um símbolo da união crucial formada
pela eclíptica com o Equador'', e também ''uma imagem dos
equinócios, quando o Sol, em seu curso atual, cobre sucessivamente
estes dois pontos. Para dizer a verdade, se a cruz é tal, é
porque os próprios fenômenos astronômicos podem ser considerados,
a partir de um ponto de vista mais elevado, como símbolos, e porque,
desta maneira, podem neles ser encontrados, assim como em todos os outros
lugares, esta figuração do Homem Universal; mas, se estes
fenômenos são símbolos, é evidente que não
são a coisa simbolizada, e que o fato de tomá-las por esta
constitui uma inversão das relações normais entre as
diferentes ordens de realidades. Quando encontramos a figura da cruz nos
fenômenos astronômicos ou outros, ela tem exatamente o mesmo
valor simbólico que a que nós mesmos podemos traçar;
isto só prova que o verdadeiro simbolismo, longe de ser inventado
artificialmente pelo homem, se encontra na própria Natureza, ou,
para dizê-lo melhor, que a Natureza inteira não é mais
do que um símbolo das realidades transcendentes. Reestabelecendo
assim a interpretação correta do que se trata, as duas frases
que acabamos de citar contêm um erro: com efeito, por um lado, a eclíptica
e o equador não formam a cruz, já que estes dois planos não
se cortam em ângulo reto; e, por outro lado, os dois pontos equinociais
estão evidentemente unidos por uma só linha reta, de sorte
que, aqui a cruz aparece menos ainda. O que,
na realidade, é mister considerar
é, de uma parte, o plano do equador e o eixo que, unindo os pólos,
é perpendicular a este plano; e, por outra parte, as duas linhas
que unem respectivamente os dois pontos solsticiais e os dois pontos equinociais.
Temos, assim, o que se pode chamar, no primeiro caso, a cruz vertical, e,
no segundo, a cruz horizontal. O conjunto destas duas cruzes, que tem o
mesmo centro, forma a cruz de três dimensões, cujos braços
estão orientados seguindo as seis direções do espaço;
estas correspondem aos seis pontos cardeais, que, com o centro, formam o
setenário.
Um
ciclo é a representação do processo de desenvolvimento
de um estado qualquer de manifestação, ou seja, tratando-se
de ciclos menores, de alguma das modalidades mais ou menos limitadas ou
especializadas de tal estado de manifestação. Em virtude da
Lei de Correspondência, que relaciona todas as coisas na Existência
Universal, há sempre, e necessariamente, uma certa analogia entre
os diferentes ciclos da mesma classe, ou melhor, entre os ciclos principais
e suas divisões secundárias. Esta analogia é a que
possibilita o emprego de um só modo de expressão, se bem que
isto deve, freqüentemente, ser entendido de forma simbólica,
já que a essência de todo simbolismo se fundamenta precisamente
sobre as correspondências e as analogias que existem na própria
natureza das coisas... Os ciclos têm, às vezes, um caráter
cósmico e histórico, já que concernem mais especialmente
à Humanidade terrestre, permanecendo, porém, ao mesmo tempo,
estreitamente ligados aos acontecimentos que, fora dela, se produzem em
nosso mundo. Não há nisto nada que nos deva assombrar, já
que a idéia de considerar a história humana como, de certo
modo, isolada de todo o resto, é exclusivamente moderna e nitidamente
oposta ao que ensinam todas as tradições, que, pelo contrário
e unanimemente, afirmam a existência de uma correlação
necessária e constante entre as ordens cósmica e humana.
A
Metafísica, porque encerra uma lista ilimitada de possibilidades,
deve tomar cuidado para nunca perder de vista o indizível, o que,
de
fato, constitui sua própria essência.
A
verdade é que não há realmente nenhum "reino profano"
que possa, de alguma
forma, se opor a um "reino sagrado".
O
"fim
de um mundo" nunca poderá ser o fim de qualquer coisa, mas,
o fim das ilusões.
O
que nunca se viu antes foi a construção de uma civilização
inteira com base em algo puramente negativo, sobre o que de fato poderia
ser chamado a ausência de princípios, e é isto o que
dá o mundo moderno seu caráter anormal e faz dele uma espécie
de monstruosidade.
As
mais altas verdades, que não seriam de modo algum comunicáveis
ou transmissíveis por qualquer outro meio, tornam-se acessíveis
até certo ponto, desde que sejam, se pudermos assim dizer, incorporadas
aos símbolos, que, sem
dúvida, as dissimularão
a muitos, mas, que as manifestarão em todo seu resplendor aos olhos
daqueles que sabem ver.
'Eu
não encontrei nunca um só caso de clarividência magnética
onde o sujeito não refletisse direta ou indiretamente as idéias
do magnetizador.' (Daniel
Dunglas Home,
apud,
René
Guénon).
Todo
verdadeiro símbolo aporta em si múltiplos sentidos, e isto
desde a origem, pois não está constituído em virtude
de uma convenção humana, mas, sim, em virtude da Lei de Correspondência
que vincula todos os mundos entre si.
A
irradiação do Sol Espiritual é o verdadeiro Coração
do Mundo.
O
efeito sempre pode ser tomado como símbolo da causa, em qualquer
grau que seja, porque tudo o que ele é não passa da expressão
de alguma coisa que é inerente à natureza desta causa.
A
Existência Universal não é outra coisa que a manifestação
integral do Ser, ou, para falar mais exatamente, a realização,
em modo manifestado, de todas as possibilidades que o Ser comporta e contém,
principalmente em sua própria Unidade.
O
Todo Universal – que inclui em si mesmo todas as possibilidades –
não pode ser limitado de nenhuma maneira por nada.
Agartha:
Falamos antes de alusões feitas por todas as tradições
a alguma coisa que está perdida ou oculta, e que se representa sob
diversos símbolos; isto, quando se toma em seu sentido geral –
o que concerne a todo o conjunto da Humanidade terrestre – se relaciona
precisamente com as condições do Kali Yuga. O período
atual é, portanto, um período de obscurecimento e de confusão;
suas condições são tais que, enquanto persistam, o
Conhecimento Iniciático deve necessariamente permanecer oculto, De
onde o caráter dos Mistérios da Antigüidade chamada histórica
(que nem sequer se remonta até o princípio deste período)
e das organizações que dão uma Iniciação
Efetiva onde ainda subsiste uma verdadeira organização tradicional,
mas da que não oferecem mais do que a sombra, quando o espírito
desta doutrina deixou que vivificar os símbolos, que não são
mais do que a representação exterior. E isto porque, por diversas
razões, todo vínculo consciente com o Centro Espiritual do
Mundo terminou por se romper, o que é o sentido mais particular da
perda da Tradição, que concerne especialmente a tal ou qual
centro secundário, que deixa de estar em relação direta
e efetiva com o Centro Supremo. Deve-se falar, então, de algo que
está mais oculto que verdadeiramente perdido, pois, não está
perdido para todos, e alguns o possuem ainda integralmente. E , se for assim,
outros têm sempre a possibilidade de voltar a encontrá-lo,
contanto que o busquem como convém, quer dizer, que sua intenção
esteja dirigida de tal modo que, pelas vibrações harmônicas
que desperta segundo a Lei das Ações e Reações
Concordantes, possa pô-los em comunicação espiritual
efetiva com o Centro Supremo. Trata-se sempre de uma região que,
como o paraíso terrestre, torna-se inacessível para a Humanidade
ordinária, e que está situada fora do alcance de todos os
cataclismos que transtornam o mundo humano no final de certos períodos
cíclicos.
Tudo
deriva da Grande Unidade.
Cairá
o mundo moderno no abismo fatal? Ou, tal como na decadência do mundo
greco-romano, uma nova recuperação se produzirá ainda
desta vez?
Peregrinando
Pelas Encarnações...
Peregrinando
pelas encarnações,
somos
todos Verdades Relativas...
Um Coração...
Mil e um Corações...
(Im)possibilidades...
Alternativas...
Peregrinando
pelas encarnações,
Domando
tinetas, cobiças e paixões,
vão
mitigando os estupidificantes ais.
Peregrinando
pelas encarnações
–
primavera, verão, outono, inverno
e outras
desconhecidas estações –
vamos
transmutando nosso inferno.
Peregrinando
pelas encarnações,
todos
alcançaremos a Illuminação.
Então,
já nem cegos nem camões,
nos
unificaremos com a Imensidão.