O MELHOR MEDICAMENTO

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

Luís Vaz de Camões

Luís Vaz de Camões

 

 

 

Disse o Grande Camões (1524 – 1580):

Amor é um fogo que arde sem se ver;

É ferida que dói, e não se sente;

É um contentamento descontente;

É dor que desatina sem doer.

 

Sem contraditar, eu penso assim:

Amor é a LLuz da Eviternidade

Que constrói ad æternum sem sentir.

É do ser-aí, no contínuo devenir

Água que mitiga o Fogo da Saudade.

 

 

 

 

 

 

 

 

para todos os padetormentos,1

não há medicamento melhor

do que os bons pensamentos.

 

O pensamento é a semente

e a maladia de qualquer ente

é tão-somentemente2 desarmonia.

 

Somos, sim, o que manjamos,

mas, bem mais o que pensamos,

e o que, na careca, fabricamos.

 

Tipo Efeito Borboleta3, o pensar

é o progenitor da sorte ou do azar,

de ficar borocoxô ou se paziguar.

 

 

 

 

 

 

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Notas:

1. Padetormentos Padecimentos + Tormentos.

2. Tão-somentemente, claro, é outro neologismo que inventei, mas, não tem nada a ver com o político corrupto e cheio de artimanhas Odorico Paraguaçu. É tão-somente um fudelhufas de cagahouse da (ou na) mente.

3. No âmbito da Teoria do Caos – na verdade, desordem aparente, mas, organizada – Efeito Borboleta (The Butterfly Effect) é um termo que se refere à dependência sensível das condições iniciais de um acontecimento, isto é, uma pequena mudança ocorrida no início de um evento qualquer poderá provocar conseqüências desconhecidas e desastrosas no futuro. Não há casualidade; nada acontece por acaso. Este Efeito foi analisado pela primeira vez em 1963 por Edward Norton Lorenz (West Haven, 23 de maio de 1917 – Cambridge, 16 de abril de 2008), e foi descoberto fortuitamente quando ele estava trabalhando com previsões meteorológicas no Massachusetts Institute of Technology (MIT), e verificou a influência ocasionada em sistemas dinâmicos quando são feitas alterações muito pequenas nos dados iniciais inseridos em computadores numéricos programados para fazer cálculos em série.

Então, não é absurdo se pensar que o bater de asas de uma simples borboleta, um inodoro punzinho ou um simpático arrotinho possam influenciar o curso natural das coisas e, assim, talvez, provocar um tufão do outro lado do mundo, ou seja, ao se tomar uma decisão mínima, considerada muitas vezes insignificante, mas, com plena espontaneidade, nos sistemas dinâmicos abertos, poderemos gerar uma transformação inesperada em um futuro incerto.

Ora bolas! Essa coisa de transformação inesperada em um futuro incerto (que não deixa de ser quase a mesma coisa que transformação incerta em um futuro inesperado) me autoriza a, filosoficamente (mas, nem tanto!), especular o seguinte: já pensou um descomplicado pum ou um inofensivo arroto dados numa boa, bem baixinho, quase inaudíveis, assim como quem não quer nada, superdisfarçadinhos, na moita, com toda precaução existencial de quem não quer passar vergonha, em Copacabana, no Posto 6, perto da Boca do Lixo (há alguns anos, promovida muito justamente a Beco do Luxo), no Rio de Janeiro, produzindo, pela mágica de uma borboleta bêbada, inesperadamente, um furacão gigantesco na Mouraria, um dos mais tradicionais bairros da Cidade de Lisboa, em Portugal? Eu só fico a pensar em Fernando Pessoa, na Severa – oh!, voz saudosa! – e na velha Rua da Palma – onde eu, um dia, deixei presa a minha alma! Isto é mesmo um horrípilo horror horripilante, de causar inveja (com toda razão) no Bela Lugosi, que, por sua vez, sempre foi motivo de invídia para o Boris Karloff! E, acredite, se quiser, faz zumbi admirador do Comandante Fidel Alejandro Castro Ruz dançar chachachá na sepultura, múmia paralítica (se for u'a múmia argentina mumificada por Jorge Rafael Videla Redondo, que não tinha nadinha de redondo, e que também já virou múmia) tangar no sarcófago e cataléptico macho man rebolar na tumba!

Bem, matematicamente, isto pode ser entendido da seguinte maneira: um sistema dinâmico, evoluindo a partir de ft, indica uma dependência estreita entre as condições finais em relação às iniciais. Se for arbitrariamente separado um ponto a partir do aumento de t, sendo um ponto qualquer M aquele que indica o estado de ft , este mostra uma sensível dependência das circunstâncias finais, a partir das iniciais. Trocando em miúdos: se bobear, tecnicamente, ventosidade anal poderá causar furacão e eructação poderá provocar terramoto! Vice-versa também é possível, mas, é mais raro.

O que se pode depreender de tudo isto é que pequenas modificações nas condições iniciais poderão provocar efeitos futuros devastadores. Um simples olhar de soslaio poderá ser o pai de uma catástrofe. E assim, de quantas coisas somos responsáveis sem ter a mínima idéia! Por isto, passe a tomar mais cuidado com os seus olhares, com os seus punzinhos e com os seus arrotinhos. Eles poderão derrubar as pirâmides do Egito e até implodir a Via Láctea! Dizem os experts que o ressurgimento do continente perdido da Atlântida acontecerá depois de uma concomitância de puns e arrotos dados por 712 sacis-pererês e 1499 mulas-sem-cabeça! Sei lá; até pode ser.

Quanto a Portugal, da minha mãe e do meu Coração, confesso, prometo e não cumprirei (porque não posso cumprir):

 

 

Oh!, meu querido Portugal! Perdão!
Peidei e arrotei! Juro: sem intenção!
Consultarei um gastroenterologista,
e não comerei mais alface-paulista.

Cá, no Rio, ou, se calhar, em Cascais,
tentarei não peidar nem arrotar mais.
Minha mãe dizia: –
Dou-te uma tareia,

Gasoso, desprezei a admoestação,
e me diplomei em
insuperável-peidão.
Tentei tudo! Até chá-de-bico de rolha,
mas, pelo jeito, não foi boa escolha.

........................................................

Fazer o quê? Confessar-me? Não!
Nem nesta nem noutra encanação.
Puns e arrotos dão uma vantagem:
nadar e voar sem pagar passagem.

........................................................

Peidarei, arrotarei, economizarei.
Peido eu, peida o zé, peida o rei.
In ævum. In æternum. In sæcula.
De fato, esta não é a pior mácula!

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Sem igual é ter maus pensamentos;

Agora, peidar + arrotar + fazer sofrer
= converter amanhecer em anoitecer!

 

Seja como for, pense bem, e veja se você não concorda comigo: não há nada que, qualitativamente, nivele mais o ser humano do que as ventosidades anais (ruidosas ou não). Certo? Note bem que eu disse qualitativamente, não quantitativamente. Eu conheço certas pessoas que, quantitativamente, são verdadeiros motores a vapor, costumeiramente chamados de máquinas à vapor, turbinas a vapor, turbocompressores, turbopropulsores, turbotrovões, turborribombos, turbotrovejantes, turbotraquepuns, turbobufos, turbopeidos [em russo: ; em alemão: turbofurz; em chinês (simplificado): ; em hebraico: ; em crioulo haitiano: turbope; em africâner, armênio, basco, esperanto, holandês, inglês etc.: turbofart], turbodeusquemelivre, turbodeusquemeperdoe etc.

 

(Com o som ligado, aponte o mouse
para o Maquinário de Fabricar Pum)

 

 

Música de fundo:

Aria From Madame Butterfly
Compositor: Giacomo Puccini
Interpretação: Ray Conniff e sua orquestra

Fonte:

http://mp3lemon.org/song/98945/Ray%20Conniff%20-%
2012%20-%20Aria%20From%20Madame%20Butterfly

 

Páginas da Internet consultadas:

http://pt.wikipedia.org/wiki/
Ficheiro:Steam_engine_in_action.gif

http://www.citador.pt/poemas/amor-e-um-fogo
-que-arde-sem-se-ver-luis-vaz-de-camoes

http://www.brasilescola.com/fisica/teoria-caos.htm

http://pequenorebanhodecristo.blogspot.com.br/
2010/05/tabela-de-taboada.html

http://cantinhoencantado.blogs.sapo.pt/25283.html

http://www.africaeforum.org/reply-rights/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Efeito_borboleta

 

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