A
Metafísica... pela qual estou destinado a ser apaixonado...
Não
se pode duvidar de que todos os nossos conhecimentos começam com
a experiência, porque, com efeito, como haveria de exercitar-se a
faculdade de se conhecer, se não fosse pelos objetos que, excitando
os nossos sentidos, de uma parte, produzem por si mesmos representações,
e, de outra parte, impulsionam a nossa inteligência a compará-los
entre si, a reuni-los ou separá-los, e deste modo à elaboração
da matéria informe das impressões sensíveis para esse
conhecimento das coisas que se denomina experiência?
Conhecimento
'a priori' é todo aquele que é absolutamente independente
da experiência; ele é oposto ao conhecimento empírico,
isto é, aquele que só é possível mediante a
experiência.
Quando
uma rigorosa universalidade é essencial em um juízo, esta
universalidade indica uma fonte especial de conhecimento, quer dizer, uma
faculdade de conhecer 'a priori'.
Onde
basearia a experiência a sua certeza se todas as regras que empregasse
fossem sempre empíricas e contingentes?
Temas da razão pura: Deus,
liberdade e imortalidade.
A
Metafísica é real, senão como ciência feita,
pelo menos em sua disposição natural ('Metaphisica Naturalis'),
porque a razão humana, sem que esteja movida por uma vaidade de uma
onisciência, senão simplesmente estimulada por uma necessidade
própria, marcha sem descanso algum para questões que não
podem ser resolvidas pelo uso empírico da razão, nem por princípios
que dela emanem.
A
crítica da razão conduz necessariamente, à ciência;
o uso dogmático da razão sem crítica conduz, pelo contrário,
a afirmações infundadas, que sempre podem ser contraditadas
por outras não menos verossímeis, o que conduz ao ceticismo.
A
razão é a faculdade que proporciona os princípios do
conhecimento 'a priori'. Razão pura é, por isso, a que contém
os princípios para conhecer algo absolutamente 'a priori'.
Todo
conhecimento que em geral se ocupe, não dos objetos, mas da maneira
que temos de conhecê-los, tanto quanto possível 'a priori',
é transcendental.
A
Filosofia Transcendental é a idéia de uma ciência, cujo
plano deve traçar a crítica da razão pura de uma maneira
arquitetônica, quer dizer, por princípios e com a mais plena
segurança da perfeição e validez de todos os princípios
da razão pura.
A
crítica deve, sem dúvida alguma, colocar ante nossos olhos
uma perfeita enumeração de todos os conceitos fundamentais
que constituem o conhecimento puro; mas se abstém da detalhada análise
deles, em parte, porque esta decomposição não seria
conforme com seu fim, e, ademais, não apresenta tanta dificuldade
como a síntese, que é objeto da crítica e, em parte,
também, porque seria contrário à unidade do plano entreter-se
em uma análise e derivação tão acabados, podendo
eximir-se de tal empenho.
Qualquer
que seja o modo de como um conhecimento possa se relacionar com os objetos,
aquele em que essa relação é imediata e que serve de
meio a todo pensamento chama-se intuição. Mas esta intuição
não tem lugar senão sob a condição de nos ser
dado o objeto, e isto só é possível, para o homem,
modificando seu espírito de certa maneira.
A
impressão de um objeto sobre a capacidade de representações,
enquanto somos por ele afetados, é a sensação. Chama-se
empírica toda intuição que relaciona ao objeto, por
meio da sensação. O objeto indeterminado de uma intuição
empírica, denomina-se fenômeno. No fenômeno, chamo matéria
àquilo que corresponde à sensação; aquilo pelo
qual o que ele tem de diverso pode ser ordenado em determinadas relações,
denomino 'forma do fenômeno'. Como aquilo mediante o qual as sensações
se ordenam e são suscetíveis de adquirir certa forma não
pode ser a sensação, infere-se que a matéria dos fenômenos
só nos pode ser fornecida 'a posteriori', e que a forma dos mesmos
deve achar-se já preparada 'a priori' no espírito para todos
em geral, e que, por conseguinte, pode ser considerada independentemente
da sensação.
O espaço é uma representação
necessária 'a priori' que serve de fundamento a todas as intuições
externas. É impossível conceber que não exista espaço,
ainda que se possa pensar que nele não exista nenhum objeto. Ele
é considerado como a condição da possibilidade dos
fenômenos, e não como uma representação deles
dependente; e é uma representação 'a priori', que é
o fundamento dos fenômenos externos.
O tempo é a condição
formal 'a priori' de todos os fenômenos em geral.
O
tempo é uma representação necessária que serve
de base a todas as intuições. Não se pode suprimir
o tempo nos fenômenos em geral, ainda que se possa separar, muito
bem, estes daquele. O tempo, pois, é dado 'a priori'. Só nele
é possível toda realidade dos fenômenos. Estes podem
todos desaparecer; mas o tempo mesmo, como condição geral
de sua possibilidade, não pode ser suprimido.
A
natureza infinita do tempo significa que toda quantidade determinada de
tempo é somente possível pelas limitações de
um único tempo que lhe serve de fundamento. Portanto, a representação
primitiva do tempo deve ser dada como ilimitada. Ora, quando as partes mesmas
e quantidades todas de um objeto só podem ser representadas e determinadas
por meio de uma limitação, então a representação
toda desse objeto não pode ser dada por conceitos (porque estes só
contêm representações parciais) devendo ter como fundamento
uma intuição parcial.
O
tempo não subsiste por si mesmo nem pertence às coisas como
determinação objetiva que permaneça na coisa mesma,
uma vez abstraídas todas as condições subjetivas de
sua intuição. No primeiro caso, o tempo, sem objeto real,
seria, sem embargo, algo real; no segundo, sendo uma determinação
das coisas mesmas ou uma ordem estabelecida, não poderia preceder
aos objetos com sua condição nem ser conhecido e percebido
'a priori' por proposições sintéticas.
O
tempo é a forma do sentido interno, que quer dizer, da intuição
de nós outros mesmos e de nosso estado interior. O tempo não
pode ser determinação alguma dos fenômenos externos,
não pertence nem a uma figura, nem a uma posição, pois
ele determina a relação das representações em
nossos estados internos.
Nosso
conhecimento emana de duas fontes principais do espírito: a primeira
consiste na capacidade de receber as representações (a receptividade
das impressões); e a segunda, na faculdade de conhecer um objeto
por meio dessas representações (a espontaneidade dos conceitos).
Pela primeira nos é dado um objeto, pela segunda ele é pensado
em relação a essa representação (como pura determinação
do espírito).
A
concordância de um conhecimento com as leis universais e formais do
entendimento e da razão será, pois, a condição
'sine qua non' de toda verdade.
Todos
os juízos são função da unidade
entre as nossas representações, que, em lugar de uma representação
imediata, substitui outra mais elevada que compreende em seu seio a esta
e outras muitas, e que serve para o conhecimento do objeto reunindo deste
modo muitos conhecimentos possíveis em um só. (Grifo
meu).
O
pensamento é o conhecimento por conceitos.... Todas as relações
do pensamento são: a) do predicado ao sujeito; b) do princípio
à conseqüência; c) do conhecimento dividido e de todos
os membros da divisão entre si.
Síntese,
em sua mais alta significação, é a operação
de reunir as representações umas com as outras e resumir toda
a sua diversidade em um só conhecimento. Esta síntese é
pura, quando a diversidade não é empírica, mas dada
'a priori' (como a do espaço e do tempo).
Tive
que suprimir a ciência para dar lugar à fé...
A
totalidade é a pluralidade considerada como unidade; a limitação
é a realidade em união com a negação; a comunidade
é a causalidade de uma substância determinada por outra que
ela, por seu turno, determina; e a necessidade é a existência
dada pela mesma possibilidade.
O
Iluminismo significa a saída do homem de sua menoridade, da qual
o culpado é ele próprio. A menoridade é a incapacidade
de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo.
O homem é o próprio culpado dessa menoridade, se a sua causa
não estiver na ausência de entendimento, mas na ausência
de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção
de outrem.
A
passagem gradual da fé eclesiástica ao domínio exclusivo
da pura fé religiosa constitui a aproximação do reino
de Deus.
Só há uma religião
verdadeira; mas podem existir muitas espécies de fé.
O
eu-penso deve acompanhar todas as minhas representações; pois,
se fosse de outro modo, haveria em mim algo representado que não
podia ser pensado e que equivaleria a dizer: que a representação
é impossível ou que pelo menos é para mim igual a nada.
A representação que pode se dar antes de todo pensamento chama-se
intuição. Toda diversidade da intuição tem,
pois, relação necessária com o eu-penso no mesmo sujeito
em quem se encontra esta diversidade. Mas, esta representação
é um ato da espontaneidade, quer dizer: não se pode considerá-la
como pertencente à sensibilidade.
Se
acontecesse um dia chegar o Cristianismo a não ser mais digno de
amor, então o pensamento dominante dos homens deveria tomar a forma
de rejeição e de oposição contra ele; e o anticristo
inauguraria o seu regime, mesmo que breve... Em seguida, porém, visto
que o Cristianismo, embora destinado a ser a religião universal,
de fato não teria sido ajudado pelo destino a sê-lo, poderia
verificar-se, sob o aspecto moral, o fim de todas as coisas.
'Sapere
aude'.1
Tem a coragem de servir-te de tua própria inteligência.
A
Democracia constitui necessariamente um despotismo, porquanto estabelece
um poder executivo contrário à vontade geral. Sendo possível
que todos decidam contra um cuja opinião possa diferir, a vontade
de todos não é, portanto, a de todos, o qual é contraditório
e oposto à própria liberdade.2
O princípio supremo da possibilidade
de toda intuição com relação à sensibilidade
é o de que toda diversidade da intuição está
submetida às condições formais de espaço e de
tempo. O princípio supremo desta mesma possibilidade relativamente
ao entendimento é o de que toda a diversidade da intuição
se acha submetida às condições da unidade originariamente
sintética da apercepção.3
Avalia-se a inteligência de
um indivíduo pela quantidade de incertezas que ele é capaz
de suportar.
A
unidade da consciência é aquilo que só constitui a relação
das representações a um objeto, quer dizer, seu valor objetivo;
esta é a que forma conhecimentos dessas representações,
e nela descansa; portanto, é a possibilidade mesma do entendimento.
O que determina o sentido interno
é o entendimento e sua faculdade originária de enlaçar
os elementos diversos da intuição, quer dizer, de compô-los
sob uma apercepção (como o lugar mesmo no qual assenta a sua
possibilidade). Mas, como o entendimento humano é uma faculdade de
intuição (a sensibilidade não poderia, não obstante,
apropriar-se dela para reunir a diversidade da sua própria intuição),
sua síntese, considerada em si mesma, é só a unidade
do ato do qual tem consciência como tal, até sem o auxílio
da sensibilidade, mas pelo qual pode determinar interiormente a sensibilidade
em relação à diversidade que possa lhe oferecer na
forma de sua intuição.
Tenho
consciência de mim mesmo na síntese transcendental da diversidade
das representações em geral, por conseqüência da
unidade sintética primitiva da percepção, não
como me apareço, nem tampouco como sou em mim mesmo, mas só
tenho consciência do que eu sou. Esta representação
é um pensamento, não uma intuição. Mas como
para o conhecimento de nós mesmos se exige, além do ato de
pensar que compõe a diversidade de toda intuição possível
na unidade da apercepção, uma espécie determinada de
intuição que dá esta diversidade, minha própria
existência não é, em verdade, um fenômeno (muito
menos ainda uma simples aparência). Pois bem: a determinação
de minha existência só pode ter lugar segundo a forma do sentido
interior, e segundo a maneira particular em que o diverso que eu enlaço
está dado na intuição interna e, por conseguinte, não
me conheço como sou, mas simplesmente como ante mim apareço.4
O
belo é o que agrada universalmente, sem relação com
qualquer conceito.
As qualidades sublimes infundem respeito;
as belas, amor.
Belo
é tudo quanto agrada desinteressadamente.
Lembre-se
de esquecer.
A
felicidade não é um ideal da razão, mas, sim, da imaginação.
A
amizade é semelhante a um bom café: uma vez frio, não
se aquece sem perder bastante do primitivo sabor.
O
homem é o único ser vivo que tem que ser educado.
A
liberdade é aquela faculdade que aumenta a utilidade de todas as
demais faculdades.
Gosto
é a faculdade de julgar um objeto ou uma representação
mediante uma satisfação ou descontentamento, sem interesse
algum. O objeto de semelhante satisfação chama-se belo.
A
Geometria é a ciência de todas as espécies possíveis
de espaços.
Não
há garantias. Do ponto de vista do medo, ninguém é
forte o suficiente. Do ponto de vista do amor, ninguém é necessário.
O sábio pode mudar de opinião.
O ignorante, nunca.
A
crença ou o valor subjetivo do juízo, com
relação à convicção (que tem, ao mesmo
tempo, um valor objetivo), apresenta os três graus seguintes: a opinião,
a fé e a ciência. A opinião é uma crença
que tem consciência de ser insuficiente tanto subjetiva quanto objetivamente.
Se a crença é apenas subjetivamente suficiente e se é
ao mesmo tempo considerada objetivamente insuficiente, chama-se fé.
Enfim, a crença suficiente tanto subjetiva quanto objetivamente chama-se
ciência.
A
missão suprema do homem é saber o que é necessário
para ser um homem.
Não se ensina Filosofia; ensina-se
a filosofar.
Quem
sabe satisfazer seus impulsos é inteligente; quem os domina é
sábio.
Só
a crítica pode cortar pela raiz o materialismo, o fatalismo, o ateísmo,
a incredulidade dos espíritos fortes, o fanatismo e a superstição,
que podem se tornar nocivos a todos e, por último, também
o idealismo e o ceticismo, que são, sobretudo, perigosos para as
escolas e dificilmente se propagam no público.
Duas
coisas que me enchem a alma de crescente admiração e respeito,
quanto mais intensa e freqüentemente o pensamento delas se ocupa: o
céu estrelado sobre mim e a lei moral dentro de mim.
Experiência
é percepção compreendida.
Dormia
e sonhava que a vida era bela; acordei e adverti que a vida era dever.
O
desejo é a autodeterminação do poder de uma pessoa
pela imaginação de um fato futuro, que seria o efeito desse
poder.
Não somos ricos por causa
das coisas que possuímos; mas, pelo que podemos fazer sem possuí-las.
Todo
o nosso conhecimento deve conformar-se aos objetos. Mas todas as nossas
tentativas de estender o nosso conhecimento de objetos pelo estabelecer
de qualquer coisa 'a priori' a seu respeito, por meios de conceitos, acabaram,
nesta suposição, por falhar. Temos, pois, por tentativas,
que ver se temos ou não mais sucesso nas tarefas da Metafísica,
se supusermos que os objetos devem corresponder ao nosso conhecimento.
Uma
proposição incorreta é forçosamente falsa; mas,
uma proposição correta não é forçosamente
verdadeira.
O
princípio da finalidade não é constitutivo, mas regulador.
A
moral, propriamente dita, não é a doutrina que nos ensina
como sermos felizes, mas como devemos tornar-nos dignos da felicidade.
O
sonho é uma arte poética involuntária.
Age
somente em concordância com aquela máxima através da
qual tu possas ao mesmo tempo querer que ela venha a se tornar uma lei universal.
Age por forma a que uses a Humanidade,
quer na tua pessoa como na de qualquer outra, sempre ao mesmo tempo como
fim, nunca meramente como meio.
Toda
reforma interior e toda mudança para melhor dependem exclusivamente
da aplicação do nosso próprio esforço.
Não
é possível conceber alguma coisa no mundo que, sem restrição,
possa ser considerada boa, a não ser uma boa vontade.
Quanto
mais amor temos, tanto mais fácil fazemos a nossa passagem pelo mundo.
Quando podia ter tomado uma esposa,
não pude suportar nenhuma; e quando pude suportar a alguma, já
não precisava de nenhuma.
É
na questão da educação que assenta o grande segredo
do aperfeiçoamento da Humanidade.
A
educação é o desenvolvimento, no homem,
de toda a perfeição de que sua natureza é capaz.
O
homem não é nada além daquilo que a educação
faz dele.
Ser
caritativo quando se pode sê-lo é um dever, e há, além
disso, muitas almas de disposição tão compassiva que,
mesmo sem nenhum outro motivo de vaidade ou de interesse, acham íntimo
prazer em espalhar alegria à sua volta e se alegrar com o contentamento
dos outros, enquanto este é obra sua. Eu afirmo, porém, que,
neste caso, uma tal ação, por conforme ao dever, por amável
que ela seja, não tem, contudo, nenhum verdadeiro valor moral, mas
vai emparelhar com outras inclinações, por exemplo, o amor
das honras que, quando por feliz acaso topa aquilo que efetivamente é
de interesse geral e conforme ao dever, é conseqüentemente honroso
e merece louvor e estímulo, mas não estima, pois, à
sua máxima falta o conteúdo moral que manda que tais ações
se pratiquem, não por inclinação, mas por dever.
Pensamentos sem conteúdos
são vazios; intuições sem conceitos são cegas.
O
Direito é o conjunto de condições que permitem a liberdade
de cada um se acomodar à liberdade de todos.
O Direito é o conjunto das
condições mediante as quais o arbítrio de cada um deve
acordar-se com o arbítrio dos outros segundo uma lei universal de
liberdade.
Todo
nosso conhecimento nasce no sentido, passa pelo entendimento e termina na
razão.
Somos
todos iguais perante o dever moral.
O
Estado cumpre o seu objetivo quando assegura a liberdade de todos.
A constituição civil
de todo Estado deve ser republicana... A constituição primeiramente
instituída seguindo os princípios da liberdade pertence aos
membros de uma sociedade (enquanto homens); em segundo lugar, seguindo os
princípios da dependência de todos, de uma única legislação
comum (enquanto súditos); e, em terceiro lugar, conforme à
igualdade desses súditos (como cidadãos).
O
direito das gentes deve ser fundado sobre um federalismo de Estados livres.
O direito cosmopolita deve limitar-se
às condições de hospitalidade universal.
A
monarquia universal é um despotismo sem alma. Depois de aniquilar
os germes do bem, acaba sempre por conduzir à anarquia.
São
injustas todas as ações que se referem ao direito de outros
homens cujas máximas não se harmonizem com a publicidade.
Nenhum
tratado de paz deve valer como tal, se o mesmo foi concluído reservando-se
tacitamente matéria para uma guerra futura.
Qualquer
homem tem o direito de ser um cidadão do mundo.
Nenhum Estado independente poderá
ser adquirido por outro Estado, por herança, troca, compra ou doação.
Os exércitos permanentes (miles
perpetuus) devem ser inteiramente suprimidos com o tempo.
Não
se podem contrair dívidas públicas tendo em vista conflitos
externos do Estado.
Nenhum
Estado deve intervir pela força na constituição e no
Governo de um outro Estado.
Nenhum Estado, em guerra com outro,
deve permitir hostilidades de natureza tal que tornem impossível
a confiança recíproca por ocasião da futura paz. Por
exemplo: a utilização de assassinatos, de envenenamentos,
da violação de uma capitulação, da maquinação
da traição no Estado com o qual se está em guerra.
Como
o caminho terreno está semeado de espinhos, Deus deu ao homem três
dons: o sorriso, o sonho e a esperança.
A preguiça e a covardia são
as causas porque os homens, em tão grande parte, após a natureza
os ter há muito libertado do controle alheio, continuem, no entanto,
de boa vontade, menores durante toda a vida; e também porque a outros
se torna tão fácil assumirem-se como seus tutores. É
tão cômodo ser menor!
Podemos
julgar o coração de um homem pela forma como ele trata os
animais.
É
absolutamente necessário persuadir-se da existência de Deus;
mas não é necessário demonstrar que Deus existe.
Se
a razão não é apta bastante para guiar com segurança
a vontade no que respeita aos seus objetos e à satisfação
de todas as nossas necessidades (que ela mesma - a razão - em parte
multiplica), visto que um instinto natural inato levaria com muito maior
certeza a este fim, e se, no entanto, a razão nos foi dada como faculdade
prática, isto é, como faculdade que deve exercer influência
sobre a vontade, então, o seu verdadeiro destino deverá ser
produzir uma vontade, não só boa, quiçá, como
meio para outra intenção, mas uma vontade boa-em-si-mesma,
para o que a razão era absolutamente necessária, uma vez que
a natureza, de resto, agiu em tudo com acerto na repartição
das suas faculdades e talentos.
Conservar
a própria vida é um dever, e é, além disso,
uma coisa para a qual todos sentimos inclinação imediata.
Justamente por isto, a solicitude muitas vezes angustiante que a maior parte
dos homens demonstra pela vida é destituída de todo valor
intrínseco, e a máxima, que exprime tal solicitude, não
tem nenhum valor moral.
Uma ação cumprida por
dever tira seu valor moral não do fim que por ela deve ser alcançado,
mas da máxima que a determina.
Os fins que podemos ter em nossas
ações, bem como os efeitos daí resultantes, considerados
como fins e molas da vontade, não podem comunicar às ações
nenhum valor moral absoluto.
O dever é a necessidade de
cumprir uma ação pelo respeito à lei.
A causa suprema da Natureza, como
condição do soberano bem, é um ser que, por razão
e vontade, é a causa. Por conseguinte, o autor da Natureza é
Deus.
Devo
portar-me sempre de modo que eu possa também querer que minha máxima
se torne em lei universal.
Não se poderia prestar pior
serviço à moralidade do que fazê-la derivar de exemplos.
Porque todo exemplo que me seja proposto deve, primeiramente, ser julgado
segundo os princípios da moralidade, para se poder saber se merece
servir de exemplo original, isto é, de modelo; mas não pode,
por forma alguma, fornecer, por si só e primariamente, o conceito
de moralidade.
Todos
os Imperativos preceituam hipoteticamente ou categoricamente. Os imperativos
hipotéticos representam a necessidade de uma ação possível,
como meio para alcançar alguma outra coisa que se pretende (ou que,
pelo menos, é possível que se pretenda). O imperativo categórico
é aquele que representa uma ação como necessária
por si mesma, sem relação com nenhum outro escopo, como objetivamente
necessária... Quando a ação não é boa
senão como meio de obter alguma outra coisa, o imperativo é
hipotético; mas, quando a ação é representada
como boa-em-si, e, portanto, como necessária numa vontade conforme
em si mesma a razão considerada como princípio do querer,
então o imperativo é categórico.
Tu
deves; então, podes.
É
o destino comum da razão humana na especulação terminar
o seu edifício assim que possível, e, só depois, examinar
se também os fundamentos foram bem colocados.
Cumpre
teu dever incondicionalmente.5
______
Notas:
1. Sapere
aude é um lema latino que significa ouse saber
ou atreva-se a saber, por vezes traduzido como tenha a coragem
de usar teu próprio entendimento. Seu emprego mais conhecido
está no ensaio O que é Esclarecimento?, de Immanuel
Kant. A utilização original parece estar na Epistularum
Liber Lrimus, de Horácio, livro 1, carta 2, verso 40: Dimidium
facti qui coepit habet: sapere aude (Aquele que começou
está na metade da obra: ouse saber!).
2. Os
sistemas e as formas de Governo são:
Socialismo:
Você tem 2 vacas. O Governo toma uma e dá para seu vizinho,
que não tinha nenhuma.
Comunismo:
Você tem 2 vacas. O Governo toma as 2 e dá a você um
pouco de leite diariamente.
Fascismo:
Você tem 2 vacas. O Governo toma as 2 e vende a você o leite.
Nazismo:
Você tem 2 vacas. O Governo mata você e toma as 2 vacas.
Burocracia
de Estado: Você tem 2 vacas. O Governo toma as 2, mata uma e joga
o leite da outra fora.
Democracia:
Você tem 2 vacas, vende as 2 para o Governo, muda de cidade e consegue
um emprego público.
Anarquismo:
Você tem 2 vacas, mata as duas e faz um churrasco.
Capitalismo
Selvagem: Você tem 2 vacas. Vende uma, compra um touro e o Governo
toma os bezerros como imposto de renda na fonte.
3. Apercepção
é a ação pela qual a mente amplia, intensifica ou plenifica
a consciência de seus próprios estados internos e representações.
Em Kant, particularmente, é a autoconsciência subjetiva realizada
na dimensão pura ou empírica do conhecimento.
4. Aí
reside uma parte significativa do trabalho do Iniciado: não se conhecer
simplesmente como é e como ante si aparece ou aparenta ser; mas,
entender e realizar quem realmente é. O domínio da vida só
será possível se nos conhecermos integralmente.
5. Aqui,
me lembrei de Carlos
Bernardo Gonzalez Pecotche - Raumsol
(11 de agosto de 1901 – 4 de abril de 1963), que ensinou: Nunca
ceda à dor ou à tristeza o lugar que a alegria ocupa.
Bibliografia:
KANT,
Immanuel. Crítica da razão pura. Lisboa: Fundação
Calouste Gulbenkian, 1994.
MORA,
José Ferrater. Diccionario de filosofía. Volume III.
Espanha: Alianza Editorial, 1990.
REALE,
Giovanni e ANTISERI, Dario. História
da filosofia: do humanismo a Kant.
Vol. II. São Paulo: Paulinas, 1.990.
Páginas
da Internet consultadas:
http://www.vidaslusofonas.pt
/immanuel_kant.htm
http://www.10emtudo.com.br/imprimir_
artigo.asp?CodigoArtigo=67&tipo=artigo
http://pt.wikipedia.org/
wiki/Sturm_und_Drang
http://maltez.info/aaanetnovabiografia/
Conceitos/Paz.htm
http://www.scribd.com/doc/
7037602/Kant-Paz-Perpetua
http://www.citador.pt/pensar.php?
op=10&refid=200602250900
http://www.citador.pt/pensar.php?
op=10&refid=200609241400
http://www.citador.pt/pensar.php?
op=10&refid=200803231500
http://www.citador.pt/pensar.php?
op=10&refid=200805251200
http://www.citador.pt/pensar.php?
op=10&refid=200807280830
http://www.citador.pt/pensar.php?
op=10&refid=200807210830
http://www.mundodosfilosofos.com.br/
kant2.htm
http://www.consciencia.org/
kantfundamentacao.shtml
http://www.ebooksbrasil.org/
eLibris/critica.html
http://pt.wikiquote.org/
wiki/Immanuel_Kant
http://pt.wikipedia.org/
wiki/Immanuel_Kant
http://pt.wikipedia.org/
wiki/Sapere_aude
Fundo
musical:
It
Was a Very Good Year
Compositor: Ervin Drake
Intérprete: Frank Sinatra
Fonte:
http://www.pcdon.com/FrankSinatra.html