Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

Objetivo do Estudo

 

 

 

 

á místicos lato sensu e místicos stricto sensu. Salvo melhor juízo, penso que Kant tenha sido um místico lato sensu – um místico cristão monotonamente pontual com um estilo de vida monotonamente dedicado tão-somente aos estudos filosóficos. Bem, monotonamente, não em um sentido pejorativo ou entediante; mas, significando que se repetia continua, invariável e uniformemente, sob um norteamento ancorado em uma vontade inquebrantável.

 

No âmbito da epistemologia (teoria ou filosofia do conhecimento, uma espécie de corregedoria da ciência), Kant operou uma síntese entre o Racionalismo continental (de René Descartes e de Gottfried Leibniz, no qual impera a forma de raciocínio dedutivo – caracterizado por apresentar conclusões que devem, necessariamente, ser verdadeiras, caso todas as premissas sejam verdadeiras), e a tradição empírica inglesa (de David Hume, de John Locke e de George Berkeley, que valorizavam a indução – raciocínio que parte de premissas particulares na busca de uma lei geral ou universal).

 

 

Raciocínio Indutivo
Raciocínio Dedutivo

O ferro conduz eletricidade;
O ferro é metal.
O ouro conduz eletricidade;
O ouro é metal.
O cobre conduz eletricidade;
O cobre é metal.
Logo, todos os metais conduzem eletricidade.

Rodolfo é humano. Todo humano é mamífero. Logo, Rodolfo é mamífero.

Todo vertebrado possui vértebras. Todos os cavalos são vertebrados. Logo, todos os cavalos têm vértebras.

 

 

 

 

Na esfera da proscrição do recurso à guerra, escreveu Para a Paz Eterna (ou Perpétua), obra que adverte que o Direito Universal deve se circunscrever às condições de uma mesma hospitalidade universal. O indivíduo deve tolerar a presença do outro, sem interferir nele, visto que tal concertamento de proceder persiste e deve prevalecer para toda a espécie humana, de tal sorte que a fermentação de um Direito público da e para a Humanidade acabará criando condições para o favorecimento da paz perpétua, proporcionando a esperança de uma possível aproximação do estado pacífico e harmônico.

 

No domínio da razão, na Crítica da Razão Pura, preveniu: Só a crítica pode cortar pela raiz o materialismo, o fatalismo, o ateísmo, a incredulidade dos espíritos fortes, o fanatismo e a superstição, que podem se tornar nocivos a todos; e, por último, também o Idealismo e o Ceticismo, que são sobretudo perigosos para as escolas e dificilmente se propagam no público. Isto se resume a três tipos concertados e interligados de ação: 1º) o que devo fazer? 2º) como posso fazer? 3º) quando posso fazer?

 

Enfim, penso que o misticismo lato sensu de Kant – derivado de seu nascimento em uma família protestante e de uma posterior educação austera em uma escola pietista – esteja resumido na afirmação: o céu estrelado sobre mim e a lei moral dentro de mim. Isto acabou desaguando em um sistema de moral avançadíssimo que está, principalmente, sintetizado em três obras-mestras: Crítica da Razão Pura, publicada incialmente em 1781, com uma segunda edição em 1787; Fundamentação da Metafísica dos Costumes (1785); e Crítica da Razão Prática (1788). Nesta área, Kant é provavelmente mais bem conhecido pela teoria sobre uma obrigação moral única e geral, que explica todas as outras obrigações morais que temos – o Imperativo Categórico, uma obrigação incondicional. Age de tal modo que a máxima da tua ação possa efetivamente se tornar o princípio de uma legislação universal. Isto significa capacidade isenta, desembaraçada e autonômica de escolher a própria ação, independentemente de quaisquer motivações personalísticas, de quaisquer impulsos egocêntricos, das necessidades e das paixões sensíveis, das sensações de agrado e de desagrado.

 

Convencido de que é absolutamente necessário persuadir-se da existência de Deus, mas não é necessário demonstrar que Deus existe, Kant legou à Humanidade uma obra místico-filosófica de rara clareza e infreqüente profundidade, que deve ser conhecida por todos, particularmante por aqueles, meio que dom-quixotes, que decidiram trilhar a Senda dificultosa do Misticismo Iniciático, que conduz ao Summum Bonum. Por todos estes motivos, depois de em muitos textos anteriores ter apresentado diversas citações de Kant, hoje, estou divulgando este estudo com alguns de seus mais profundos e expressivos pensamentos – alguns ligeiramente editados, mas nem tanto.




 

Quem foi Immanuel Kant?

 

 

 

Immanuel Kant ou Emanuel Kant (Königsberg, 22 de abril de 1724 – Königsberg, 12 de fevereiro de 1804) foi um filósofo alemão, geralmente considerado como o último grande filósofo dos princípios da era moderna, indiscutivelmente um dos seus pensadores mais influentes. Depois de um longo período como professor secundário, começou, em 1755, a carreira universitária, ensinando Ciências Naturais. Em 1770, foi nomeado professor catedrático da Universidade de Königsberg, cidade da qual nunca saiu, levando uma vida monotonamente pontual e só dedicada aos estudos filosóficos. Realizou numerosos trabalhos sobre ciência, física, matemática etc.

 

Kant operou, na epistemologia, uma síntese entre o Racionalismo (de René Descartes e Gottfried Leibniz, onde impera a forma de raciocínio dedutivo) e a tradição empírica inglesa (de David Hume, John Locke e George Berkeley, que valoriza a indução).

 

Kant tornou-se famoso, sobretudo, pela elaboração do denominado Idealismo Transcendental: todos nós trazemos formas e conceitos 'a priori' (aqueles que não vêm da experiência) para a experiência concreta do mundo, os quais seriam de outra forma impossíveis de determinar. A Filosofia da Natureza de Kant é historicamente uma das mais determinantes fontes do relativismo conceitual que dominou a vida intelectual do século XX. No entanto, é muito provável que Kant rejeitasse o relativismo nas formas contemporâneas, como, por exemplo, o pós-modernismo. Seja como for, Immanuel Kant é considerado o mais influente filósofo da modernidade. Suas idéias metafísicas, epistemológicas, éticas e estéticas inspiraram outros grandes filósofos, como, por exemplo, Hegel e Marx. Seus ensinamentos influenciaram o Direito Internacional, a Pedagogia e a Sociologia; o impacto de suas obras é incalculável. Ele foi, sem dúvida, um dos mais influentes filósofos na história do mundo.

 

Kant é também conhecido por sua filosofia moral e pela proposta de uma teoria da formação do Sistema Solar, conhecida como a hipótese Kant-Laplace.

 

 

 

 

Marcos na Vida de Kant

 

 

 

 

1724 - Kant nasce em 22 de abril.

1740 - Neste ano, Frederico II torna-se Rei da Prússia. Foi um rei que trouxe sinais de tolerância à Prússia, que era uma nação célebre pela disciplina militar. Trouxe iluministas (Voltaire, o mais famoso) para a corte, e continuou a política de encorajamento à imigração que o pai havia seguido.

1746 - Falecimento do pai de Kant. Kant deixou de ter sustento. Teria de encontrar trabalho como professor particular.

1748 - 1754 Kant dá aulas à crianças em pequenas vilas das redondezas.

1755 - Publicação do livro História Natural Genérica e Teoria dos Céus. Kant consegue o título de Mestre e o direito a dar aulas na Universidade Alberto, ministrando aulas como docente privado, não pago pela Universidade, mas pelos próprios alunos. Neste ano, influenciado pelo desastre que foi o terremoto de 1755, em Lisboa, Portugal, em parte pelo resultado de tentar entender a enormidade do sismo e suas conseqüências, publicou três textos distintos sobre o assunto.

1762 - Kant lê as recentes publicações de Rousseau: Emile (uma obra filosófica sobre a educação do indivíduo) e o ensaio Contrato Social.

1770 - Kant torna-se professor de Lógica e de Metafísica na Universidade. Lê a obra de David Hume, que o terá despertado do seu sono dogmático, como ele próprio disse.

1773 - Ironicamente, Frederico II, um protestante, concede refúgio à Ordem dos Jesuítas, banidos pelo Papa.

1774 - Auge do movimento romântico chamado Sturm und Drang (movimento literário romântico alemão animado por uma reação ao Racionalismo que o Iluminismo do século XVIII postulara, bem como ao Classicismo francês que, como forma estética, tinha grande influência na cultura européia, principalmente na Alemanha daquele tempo).

1781 - Em maio, Kant publica a Crítica da Razão Pura. A reação é pouco encorajadora. Moses Mendelssohn e Johann Georg Hamann pronunciam-se com indecisão.

1783 - Kant escreve um artigo (O que é o Iluminismo?) que é publicado na revista Berlinischen Monatsschrift, como resposta a uma discussão na mesma. Um anônimo havia escrito que a cerimônia do casamento já não se conformava ao espírito dos tempos do Iluminismo. Um pastor perguntou, na resposta, o que era, então, o Iluminismo. Kant respondeu com o seu artigo.

1788 - Publicação de Crítica da Razão Prática. Morte do amigo Johann Georg Hamann.

1789 - Início da Revolução Francesa. Kant pronuncia-se inicialmente de forma favorável à Revolução, e, sobretudo, à secularização resultante, após o qual o Rei da Prússia, Friedrich Wilhelm II, proíbe Kant de se pronunciar sobre quaisquer temas religiosos.

1795 - Publicação do tratado Para a Paz Eterna (ou Perpétua), na qual surge a perspectiva de um cidadão do mundo esclarecido.

1804 - Com 80 anos de idade, Kant faleceu em Königsberg, após prolongada doença que apresentava sintomas semelhantes à Doença de Alzheimer. Incrivelmente, engagazou e acabou não reconhecendo mais sequer seus amigos íntimos.

 

 

 

 

Obras

 

 

 

As obras de Kant costumam ser distribuídas por três períodos denominados: pré-crítico, crítico e pós-crítico. O primeiro momento corresponde à sua filosofia dogmática, isto é, à aceitação da Metafísica racionalista, na peugada de Leibniz e de Wolff. No segundo período, escreve as suas obras mais conhecidas e influentes: Crítica da Razão Pura, Crítica da Razão Prática e Crítica da Faculdade do Juízo. Para a Paz Eterna (ou Perpétua) é um exemplo do período pós-crítico, obra em que Kant requesta o fim do ius ad bellum, o direito a guerra. Suas obras são:

 

Crítica da Razão Pura

Crítica da Razão Prática

Crítica do Julgamento

Doutrina do Direito

Fundamentação da Metafísica dos Costumes

Prolegômenos a Toda a Metafísica Futura

Crítica da Faculdade do Juízo

Dissertação Sobre a Forma e os Princípios do Mundo Sensível e Inteligível

Prolegômenos Para Toda Metafísica Futura que se Apresente Como Ciência

Fundamentos da Metafísica da Moral

Primeiros Princípios Metafísicos da Ciência Natural

A Religião Dentro dos Limites da Mera Razão

A Metafísica da Moral

Antropologia do Ponto de Vista Pragmático

Para a Paz Eterna (ou Perpétua)

 

 

 

 

Reflexões Kantianas

 

 

 

 

 

 

A Metafísica... pela qual estou destinado a ser apaixonado...

 

Não se pode duvidar de que todos os nossos conhecimentos começam com a experiência, porque, com efeito, como haveria de exercitar-se a faculdade de se conhecer, se não fosse pelos objetos que, excitando os nossos sentidos, de uma parte, produzem por si mesmos representações, e, de outra parte, impulsionam a nossa inteligência a compará-los entre si, a reuni-los ou separá-los, e deste modo à elaboração da matéria informe das impressões sensíveis para esse conhecimento das coisas que se denomina experiência?

 

Conhecimento 'a priori' é todo aquele que é absolutamente independente da experiência; ele é oposto ao conhecimento empírico, isto é, aquele que só é possível mediante a experiência.

 

Quando uma rigorosa universalidade é essencial em um juízo, esta universalidade indica uma fonte especial de conhecimento, quer dizer, uma faculdade de conhecer 'a priori'.

 

Onde basearia a experiência a sua certeza se todas as regras que empregasse fossem sempre empíricas e contingentes?

 

Temas da razão pura: Deus, liberdade e imortalidade.

 

A Metafísica é real, senão como ciência feita, pelo menos em sua disposição natural ('Metaphisica Naturalis'), porque a razão humana, sem que esteja movida por uma vaidade de uma onisciência, senão simplesmente estimulada por uma necessidade própria, marcha sem descanso algum para questões que não podem ser resolvidas pelo uso empírico da razão, nem por princípios que dela emanem.

 

A crítica da razão conduz necessariamente, à ciência; o uso dogmático da razão sem crítica conduz, pelo contrário, a afirmações infundadas, que sempre podem ser contraditadas por outras não menos verossímeis, o que conduz ao ceticismo.

 

A razão é a faculdade que proporciona os princípios do conhecimento 'a priori'. Razão pura é, por isso, a que contém os princípios para conhecer algo absolutamente 'a priori'.

 

Todo conhecimento que em geral se ocupe, não dos objetos, mas da maneira que temos de conhecê-los, tanto quanto possível 'a priori', é transcendental.

 

A Filosofia Transcendental é a idéia de uma ciência, cujo plano deve traçar a crítica da razão pura de uma maneira arquitetônica, quer dizer, por princípios e com a mais plena segurança da perfeição e validez de todos os princípios da razão pura.

 

A crítica deve, sem dúvida alguma, colocar ante nossos olhos uma perfeita enumeração de todos os conceitos fundamentais que constituem o conhecimento puro; mas se abstém da detalhada análise deles, em parte, porque esta decomposição não seria conforme com seu fim, e, ademais, não apresenta tanta dificuldade como a síntese, que é objeto da crítica e, em parte, também, porque seria contrário à unidade do plano entreter-se em uma análise e derivação tão acabados, podendo eximir-se de tal empenho.

 

Qualquer que seja o modo de como um conhecimento possa se relacionar com os objetos, aquele em que essa relação é imediata e que serve de meio a todo pensamento chama-se intuição. Mas esta intuição não tem lugar senão sob a condição de nos ser dado o objeto, e isto só é possível, para o homem, modificando seu espírito de certa maneira.

 

A impressão de um objeto sobre a capacidade de representações, enquanto somos por ele afetados, é a sensação. Chama-se empírica toda intuição que relaciona ao objeto, por meio da sensação. O objeto indeterminado de uma intuição empírica, denomina-se fenômeno. No fenômeno, chamo matéria àquilo que corresponde à sensação; aquilo pelo qual o que ele tem de diverso pode ser ordenado em determinadas relações, denomino 'forma do fenômeno'. Como aquilo mediante o qual as sensações se ordenam e são suscetíveis de adquirir certa forma não pode ser a sensação, infere-se que a matéria dos fenômenos só nos pode ser fornecida 'a posteriori', e que a forma dos mesmos deve achar-se já preparada 'a priori' no espírito para todos em geral, e que, por conseguinte, pode ser considerada independentemente da sensação.

 

O espaço é uma representação necessária 'a priori' que serve de fundamento a todas as intuições externas. É impossível conceber que não exista espaço, ainda que se possa pensar que nele não exista nenhum objeto. Ele é considerado como a condição da possibilidade dos fenômenos, e não como uma representação deles dependente; e é uma representação 'a priori', que é o fundamento dos fenômenos externos.

 

O tempo é a condição formal 'a priori' de todos os fenômenos em geral.

 

O tempo é uma representação necessária que serve de base a todas as intuições. Não se pode suprimir o tempo nos fenômenos em geral, ainda que se possa separar, muito bem, estes daquele. O tempo, pois, é dado 'a priori'. Só nele é possível toda realidade dos fenômenos. Estes podem todos desaparecer; mas o tempo mesmo, como condição geral de sua possibilidade, não pode ser suprimido.

 

A natureza infinita do tempo significa que toda quantidade determinada de tempo é somente possível pelas limitações de um único tempo que lhe serve de fundamento. Portanto, a representação primitiva do tempo deve ser dada como ilimitada. Ora, quando as partes mesmas e quantidades todas de um objeto só podem ser representadas e determinadas por meio de uma limitação, então a representação toda desse objeto não pode ser dada por conceitos (porque estes só contêm representações parciais) devendo ter como fundamento uma intuição parcial.

 

O tempo não subsiste por si mesmo nem pertence às coisas como determinação objetiva que permaneça na coisa mesma, uma vez abstraídas todas as condições subjetivas de sua intuição. No primeiro caso, o tempo, sem objeto real, seria, sem embargo, algo real; no segundo, sendo uma determinação das coisas mesmas ou uma ordem estabelecida, não poderia preceder aos objetos com sua condição nem ser conhecido e percebido 'a priori' por proposições sintéticas.

 

O tempo é a forma do sentido interno, que quer dizer, da intuição de nós outros mesmos e de nosso estado interior. O tempo não pode ser determinação alguma dos fenômenos externos, não pertence nem a uma figura, nem a uma posição, pois ele determina a relação das representações em nossos estados internos.

 

Nosso conhecimento emana de duas fontes principais do espírito: a primeira consiste na capacidade de receber as representações (a receptividade das impressões); e a segunda, na faculdade de conhecer um objeto por meio dessas representações (a espontaneidade dos conceitos). Pela primeira nos é dado um objeto, pela segunda ele é pensado em relação a essa representação (como pura determinação do espírito).

 

A concordância de um conhecimento com as leis universais e formais do entendimento e da razão será, pois, a condição 'sine qua non' de toda verdade.

 

Todos os juízos são função da unidade entre as nossas representações, que, em lugar de uma representação imediata, substitui outra mais elevada que compreende em seu seio a esta e outras muitas, e que serve para o conhecimento do objeto reunindo deste modo muitos conhecimentos possíveis em um só. (Grifo meu).

 

O pensamento é o conhecimento por conceitos.... Todas as relações do pensamento são: a) do predicado ao sujeito; b) do princípio à conseqüência; c) do conhecimento dividido e de todos os membros da divisão entre si.

 

Síntese, em sua mais alta significação, é a operação de reunir as representações umas com as outras e resumir toda a sua diversidade em um só conhecimento. Esta síntese é pura, quando a diversidade não é empírica, mas dada 'a priori' (como a do espaço e do tempo).

 

 


 

Tive que suprimir a ciência para dar lugar à fé...

 

A totalidade é a pluralidade considerada como unidade; a limitação é a realidade em união com a negação; a comunidade é a causalidade de uma substância determinada por outra que ela, por seu turno, determina; e a necessidade é a existência dada pela mesma possibilidade.

 

O Iluminismo significa a saída do homem de sua menoridade, da qual o culpado é ele próprio. A menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa menoridade, se a sua causa não estiver na ausência de entendimento, mas na ausência de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem.

 

A passagem gradual da fé eclesiástica ao domínio exclusivo da pura fé religiosa constitui a aproximação do reino de Deus.

 

Só há uma religião verdadeira; mas podem existir muitas espécies de fé.

 

O eu-penso deve acompanhar todas as minhas representações; pois, se fosse de outro modo, haveria em mim algo representado que não podia ser pensado e que equivaleria a dizer: que a representação é impossível ou que pelo menos é para mim igual a nada. A representação que pode se dar antes de todo pensamento chama-se intuição. Toda diversidade da intuição tem, pois, relação necessária com o eu-penso no mesmo sujeito em quem se encontra esta diversidade. Mas, esta representação é um ato da espontaneidade, quer dizer: não se pode considerá-la como pertencente à sensibilidade.

 

Se acontecesse um dia chegar o Cristianismo a não ser mais digno de amor, então o pensamento dominante dos homens deveria tomar a forma de rejeição e de oposição contra ele; e o anticristo inauguraria o seu regime, mesmo que breve... Em seguida, porém, visto que o Cristianismo, embora destinado a ser a religião universal, de fato não teria sido ajudado pelo destino a sê-lo, poderia verificar-se, sob o aspecto moral, o fim de todas as coisas.

 

'Sapere aude'.1 Tem a coragem de servir-te de tua própria inteligência.

 

A Democracia constitui necessariamente um despotismo, porquanto estabelece um poder executivo contrário à vontade geral. Sendo possível que todos decidam contra um cuja opinião possa diferir, a vontade de todos não é, portanto, a de todos, o qual é contraditório e oposto à própria liberdade.2

 

O princípio supremo da possibilidade de toda intuição com relação à sensibilidade é o de que toda diversidade da intuição está submetida às condições formais de espaço e de tempo. O princípio supremo desta mesma possibilidade relativamente ao entendimento é o de que toda a diversidade da intuição se acha submetida às condições da unidade originariamente sintética da apercepção.3

 

Avalia-se a inteligência de um indivíduo pela quantidade de incertezas que ele é capaz de suportar.

 

A unidade da consciência é aquilo que só constitui a relação das representações a um objeto, quer dizer, seu valor objetivo; esta é a que forma conhecimentos dessas representações, e nela descansa; portanto, é a possibilidade mesma do entendimento.

 

O que determina o sentido interno é o entendimento e sua faculdade originária de enlaçar os elementos diversos da intuição, quer dizer, de compô-los sob uma apercepção (como o lugar mesmo no qual assenta a sua possibilidade). Mas, como o entendimento humano é uma faculdade de intuição (a sensibilidade não poderia, não obstante, apropriar-se dela para reunir a diversidade da sua própria intuição), sua síntese, considerada em si mesma, é só a unidade do ato do qual tem consciência como tal, até sem o auxílio da sensibilidade, mas pelo qual pode determinar interiormente a sensibilidade em relação à diversidade que possa lhe oferecer na forma de sua intuição.

 

Tenho consciência de mim mesmo na síntese transcendental da diversidade das representações em geral, por conseqüência da unidade sintética primitiva da percepção, não como me apareço, nem tampouco como sou em mim mesmo, mas só tenho consciência do que eu sou. Esta representação é um pensamento, não uma intuição. Mas como para o conhecimento de nós mesmos se exige, além do ato de pensar que compõe a diversidade de toda intuição possível na unidade da apercepção, uma espécie determinada de intuição que dá esta diversidade, minha própria existência não é, em verdade, um fenômeno (muito menos ainda uma simples aparência). Pois bem: a determinação de minha existência só pode ter lugar segundo a forma do sentido interior, e segundo a maneira particular em que o diverso que eu enlaço está dado na intuição interna e, por conseguinte, não me conheço como sou, mas simplesmente como ante mim apareço.4

 

O belo é o que agrada universalmente, sem relação com qualquer conceito.

 

As qualidades sublimes infundem respeito; as belas, amor.

 

Belo é tudo quanto agrada desinteressadamente.

 

Lembre-se de esquecer.

 

 

 

 

A felicidade não é um ideal da razão, mas, sim, da imaginação.

 

A amizade é semelhante a um bom café: uma vez frio, não se aquece sem perder bastante do primitivo sabor.

 

O homem é o único ser vivo que tem que ser educado.

 

A liberdade é aquela faculdade que aumenta a utilidade de todas as demais faculdades.

 

Gosto é a faculdade de julgar um objeto ou uma representação mediante uma satisfação ou descontentamento, sem interesse algum. O objeto de semelhante satisfação chama-se belo.

 

A Geometria é a ciência de todas as espécies possíveis de espaços.

 

Não há garantias. Do ponto de vista do medo, ninguém é forte o suficiente. Do ponto de vista do amor, ninguém é necessário.

 

O sábio pode mudar de opinião. O ignorante, nunca.

 

A crença ou o valor subjetivo do juízo, com relação à convicção (que tem, ao mesmo tempo, um valor objetivo), apresenta os três graus seguintes: a opinião, a fé e a ciência. A opinião é uma crença que tem consciência de ser insuficiente tanto subjetiva quanto objetivamente. Se a crença é apenas subjetivamente suficiente e se é ao mesmo tempo considerada objetivamente insuficiente, chama-se fé. Enfim, a crença suficiente tanto subjetiva quanto objetivamente chama-se ciência.

 

A missão suprema do homem é saber o que é necessário para ser um homem.

 

Não se ensina Filosofia; ensina-se a filosofar.

 

Quem sabe satisfazer seus impulsos é inteligente; quem os domina é sábio.

 

Só a crítica pode cortar pela raiz o materialismo, o fatalismo, o ateísmo, a incredulidade dos espíritos fortes, o fanatismo e a superstição, que podem se tornar nocivos a todos e, por último, também o idealismo e o ceticismo, que são, sobretudo, perigosos para as escolas e dificilmente se propagam no público.

 

Duas coisas que me enchem a alma de crescente admiração e respeito, quanto mais intensa e freqüentemente o pensamento delas se ocupa: o céu estrelado sobre mim e a lei moral dentro de mim.

 

Experiência é percepção compreendida.

 

Dormia e sonhava que a vida era bela; acordei e adverti que a vida era dever.

 

O desejo é a autodeterminação do poder de uma pessoa pela imaginação de um fato futuro, que seria o efeito desse poder.

 

Não somos ricos por causa das coisas que possuímos; mas, pelo que podemos fazer sem possuí-las.

 

Todo o nosso conhecimento deve conformar-se aos objetos. Mas todas as nossas tentativas de estender o nosso conhecimento de objetos pelo estabelecer de qualquer coisa 'a priori' a seu respeito, por meios de conceitos, acabaram, nesta suposição, por falhar. Temos, pois, por tentativas, que ver se temos ou não mais sucesso nas tarefas da Metafísica, se supusermos que os objetos devem corresponder ao nosso conhecimento.

 

Uma proposição incorreta é forçosamente falsa; mas, uma proposição correta não é forçosamente verdadeira.

 

O princípio da finalidade não é constitutivo, mas regulador.

 

A moral, propriamente dita, não é a doutrina que nos ensina como sermos felizes, mas como devemos tornar-nos dignos da felicidade.

 

O sonho é uma arte poética involuntária.

 

Age somente em concordância com aquela máxima através da qual tu possas ao mesmo tempo querer que ela venha a se tornar uma lei universal.

 

Age por forma a que uses a Humanidade, quer na tua pessoa como na de qualquer outra, sempre ao mesmo tempo como fim, nunca meramente como meio.

 

Toda reforma interior e toda mudança para melhor dependem exclusivamente da aplicação do nosso próprio esforço.

 

Não é possível conceber alguma coisa no mundo que, sem restrição, possa ser considerada boa, a não ser uma boa vontade.

 

Quanto mais amor temos, tanto mais fácil fazemos a nossa passagem pelo mundo.

 

Quando podia ter tomado uma esposa, não pude suportar nenhuma; e quando pude suportar a alguma, já não precisava de nenhuma.

 

É na questão da educação que assenta o grande segredo do aperfeiçoamento da Humanidade.

 

A educação é o desenvolvimento, no homem, de toda a perfeição de que sua natureza é capaz.

 

O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele.

 

Ser caritativo quando se pode sê-lo é um dever, e há, além disso, muitas almas de disposição tão compassiva que, mesmo sem nenhum outro motivo de vaidade ou de interesse, acham íntimo prazer em espalhar alegria à sua volta e se alegrar com o contentamento dos outros, enquanto este é obra sua. Eu afirmo, porém, que, neste caso, uma tal ação, por conforme ao dever, por amável que ela seja, não tem, contudo, nenhum verdadeiro valor moral, mas vai emparelhar com outras inclinações, por exemplo, o amor das honras que, quando por feliz acaso topa aquilo que efetivamente é de interesse geral e conforme ao dever, é conseqüentemente honroso e merece louvor e estímulo, mas não estima, pois, à sua máxima falta o conteúdo moral que manda que tais ações se pratiquem, não por inclinação, mas por dever.

 

Pensamentos sem conteúdos são vazios; intuições sem conceitos são cegas.

 

O Direito é o conjunto de condições que permitem a liberdade de cada um se acomodar à liberdade de todos.

 

O Direito é o conjunto das condições mediante as quais o arbítrio de cada um deve acordar-se com o arbítrio dos outros segundo uma lei universal de liberdade.

 

Todo nosso conhecimento nasce no sentido, passa pelo entendimento e termina na razão.

 

 

 

 

Somos todos iguais perante o dever moral.

 

O Estado cumpre o seu objetivo quando assegura a liberdade de todos.

 

A constituição civil de todo Estado deve ser republicana... A constituição primeiramente instituída seguindo os princípios da liberdade pertence aos membros de uma sociedade (enquanto homens); em segundo lugar, seguindo os princípios da dependência de todos, de uma única legislação comum (enquanto súditos); e, em terceiro lugar, conforme à igualdade desses súditos (como cidadãos).

 

O direito das gentes deve ser fundado sobre um federalismo de Estados livres.

 

O direito cosmopolita deve limitar-se às condições de hospitalidade universal.

 

A monarquia universal é um despotismo sem alma. Depois de aniquilar os germes do bem, acaba sempre por conduzir à anarquia.

 

São injustas todas as ações que se referem ao direito de outros homens cujas máximas não se harmonizem com a publicidade.

 

Nenhum tratado de paz deve valer como tal, se o mesmo foi concluído reservando-se tacitamente matéria para uma guerra futura.

 

 

 

 

 

Qualquer homem tem o direito de ser um cidadão do mundo.

 

Nenhum Estado independente poderá ser adquirido por outro Estado, por herança, troca, compra ou doação.

 

Os exércitos permanentes (miles perpetuus) devem ser inteiramente suprimidos com o tempo.

 

Não se podem contrair dívidas públicas tendo em vista conflitos externos do Estado.

 

Nenhum Estado deve intervir pela força na constituição e no Governo de um outro Estado.

 

Nenhum Estado, em guerra com outro, deve permitir hostilidades de natureza tal que tornem impossível a confiança recíproca por ocasião da futura paz. Por exemplo: a utilização de assassinatos, de envenenamentos, da violação de uma capitulação, da maquinação da traição no Estado com o qual se está em guerra.

 

Como o caminho terreno está semeado de espinhos, Deus deu ao homem três dons: o sorriso, o sonho e a esperança.

 

A preguiça e a covardia são as causas porque os homens, em tão grande parte, após a natureza os ter há muito libertado do controle alheio, continuem, no entanto, de boa vontade, menores durante toda a vida; e também porque a outros se torna tão fácil assumirem-se como seus tutores. É tão cômodo ser menor!

 

Podemos julgar o coração de um homem pela forma como ele trata os animais.

 

É absolutamente necessário persuadir-se da existência de Deus; mas não é necessário demonstrar que Deus existe.

 

Se a razão não é apta bastante para guiar com segurança a vontade no que respeita aos seus objetos e à satisfação de todas as nossas necessidades (que ela mesma - a razão - em parte multiplica), visto que um instinto natural inato levaria com muito maior certeza a este fim, e se, no entanto, a razão nos foi dada como faculdade prática, isto é, como faculdade que deve exercer influência sobre a vontade, então, o seu verdadeiro destino deverá ser produzir uma vontade, não só boa, quiçá, como meio para outra intenção, mas uma vontade boa-em-si-mesma, para o que a razão era absolutamente necessária, uma vez que a natureza, de resto, agiu em tudo com acerto na repartição das suas faculdades e talentos.

 

Conservar a própria vida é um dever, e é, além disso, uma coisa para a qual todos sentimos inclinação imediata. Justamente por isto, a solicitude muitas vezes angustiante que a maior parte dos homens demonstra pela vida é destituída de todo valor intrínseco, e a máxima, que exprime tal solicitude, não tem nenhum valor moral.

 

Uma ação cumprida por dever tira seu valor moral não do fim que por ela deve ser alcançado, mas da máxima que a determina.

 

Os fins que podemos ter em nossas ações, bem como os efeitos daí resultantes, considerados como fins e molas da vontade, não podem comunicar às ações nenhum valor moral absoluto.

 

O dever é a necessidade de cumprir uma ação pelo respeito à lei.

 

A causa suprema da Natureza, como condição do soberano bem, é um ser que, por razão e vontade, é a causa. Por conseguinte, o autor da Natureza é Deus.

 

Devo portar-me sempre de modo que eu possa também querer que minha máxima se torne em lei universal.

 

Não se poderia prestar pior serviço à moralidade do que fazê-la derivar de exemplos. Porque todo exemplo que me seja proposto deve, primeiramente, ser julgado segundo os princípios da moralidade, para se poder saber se merece servir de exemplo original, isto é, de modelo; mas não pode, por forma alguma, fornecer, por si só e primariamente, o conceito de moralidade.

 

Todos os Imperativos preceituam hipoteticamente ou categoricamente. Os imperativos hipotéticos representam a necessidade de uma ação possível, como meio para alcançar alguma outra coisa que se pretende (ou que, pelo menos, é possível que se pretenda). O imperativo categórico é aquele que representa uma ação como necessária por si mesma, sem relação com nenhum outro escopo, como objetivamente necessária... Quando a ação não é boa senão como meio de obter alguma outra coisa, o imperativo é hipotético; mas, quando a ação é representada como boa-em-si, e, portanto, como necessária numa vontade conforme em si mesma a razão considerada como princípio do querer, então o imperativo é categórico.

 

Tu deves; então, podes.

 

É o destino comum da razão humana na especulação terminar o seu edifício assim que possível, e, só depois, examinar se também os fundamentos foram bem colocados.

 

Cumpre teu dever incondicionalmente.5

 

 

 






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Notas:

1. Sapere aude é um lema latino que significa ouse saber ou atreva-se a saber, por vezes traduzido como tenha a coragem de usar teu próprio entendimento. Seu emprego mais conhecido está no ensaio O que é Esclarecimento?, de Immanuel Kant. A utilização original parece estar na Epistularum Liber Lrimus, de Horácio, livro 1, carta 2, verso 40: Dimidium facti qui coepit habet: sapere aude (Aquele que começou está na metade da obra: ouse saber!).

2. Os sistemas e as formas de Governo são:

Socialismo: Você tem 2 vacas. O Governo toma uma e dá para seu vizinho, que não tinha nenhuma.

Comunismo: Você tem 2 vacas. O Governo toma as 2 e dá a você um pouco de leite diariamente.

Fascismo: Você tem 2 vacas. O Governo toma as 2 e vende a você o leite.

Nazismo: Você tem 2 vacas. O Governo mata você e toma as 2 vacas.

Burocracia de Estado: Você tem 2 vacas. O Governo toma as 2, mata uma e joga o leite da outra fora.

Democracia: Você tem 2 vacas, vende as 2 para o Governo, muda de cidade e consegue um emprego público.

Anarquismo: Você tem 2 vacas, mata as duas e faz um churrasco.

Capitalismo Selvagem: Você tem 2 vacas. Vende uma, compra um touro e o Governo toma os bezerros como imposto de renda na fonte.

3. Apercepção é a ação pela qual a mente amplia, intensifica ou plenifica a consciência de seus próprios estados internos e representações. Em Kant, particularmente, é a autoconsciência subjetiva realizada na dimensão pura ou empírica do conhecimento.

4. Aí reside uma parte significativa do trabalho do Iniciado: não se conhecer simplesmente como é e como ante si aparece ou aparenta ser; mas, entender e realizar quem realmente é. O domínio da vida só será possível se nos conhecermos integralmente.

5. Aqui, me lembrei de Carlos Bernardo Gonzalez Pecotche - Raumsol (11 de agosto de 1901 – 4 de abril de 1963), que ensinou: Nunca ceda à dor ou à tristeza o lugar que a alegria ocupa.

 

 

 

 

Bibliografia:

KANT, Immanuel. Crítica da razão pura. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1994.

MORA, José Ferrater. Diccionario de filosofía. Volume III. Espanha: Alianza Editorial, 1990.

REALE, Giovanni e ANTISERI, Dario. História da filosofia: do humanismo a Kant. Vol. II. São Paulo: Paulinas, 1.990.

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.vidaslusofonas.pt
/immanuel_kant.htm

http://www.10emtudo.com.br/imprimir_
artigo.asp?CodigoArtigo=67&tipo=artigo

http://pt.wikipedia.org/
wiki/Sturm_und_Drang

http://maltez.info/aaanetnovabiografia/
Conceitos/Paz.htm

http://www.scribd.com/doc/
7037602/Kant-Paz-Perpetua

http://www.citador.pt/pensar.php?
op=10&refid=200602250900

http://www.citador.pt/pensar.php?
op=10&refid=200609241400

http://www.citador.pt/pensar.php?
op=10&refid=200803231500

http://www.citador.pt/pensar.php?
op=10&refid=200805251200

http://www.citador.pt/pensar.php?
op=10&refid=200807280830

http://www.citador.pt/pensar.php?
op=10&refid=200807210830

http://www.mundodosfilosofos.com.br/
kant2.htm

http://www.consciencia.org/
kantfundamentacao.shtml

http://www.ebooksbrasil.org/
eLibris/critica.html

http://pt.wikiquote.org/
wiki/Immanuel_Kant

http://pt.wikipedia.org/
wiki/Immanuel_Kant

http://pt.wikipedia.org/
wiki/Sapere_aude

 

Fundo musical:

It Was a Very Good Year
Compositor: Ervin Drake
Intérprete: Frank Sinatra

Fonte:

http://www.pcdon.com/FrankSinatra.html