ou
Homunculus
Latro et Masturbator
Rodolfo Domenico
Pizzinga
Música de
fundo: Follow Me (John Denver)
Follow me where
I go,
What I do and who I know.
Make it part of you to be a part of me.
Follow me up and down all the way,
Take my hand and I will follow you.
Fonte: http://ynucc.yeungnam.ac.kr/~bwlee/midi_f.htm
O que é
propriamente o farisaísmo?
É se acreditar
o dono da verdade e da perfeição.
É, por exemplo,
condenar o fisiologismo,
Mas, ser igualzinho
(ou pior) no coração.
É censurar
a masturbação... E se masturbar.
É festejar
a licitude... E adulterar.
É condenar
a roubalheira... E roubar.
É recomendar
a oração... E não orar.
Maledictus
est 'hupokritês'.
Os pharisæus
que são do teu jaez
Conhecerão
a derrota e a dor.
Não há
um actus pharisaicus ou uma impunidade,
Nem um mau pensamento
ou uma perversidade,
Que, no tempo que
não é tempo, não mude de cor.
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Muito apropriado
para concluir este soneto é o Conto de Rubens Alves que transcrevo
abaixo. Muda Brasil!!!
O
Sonho dos Ratos
(Rubens
Alves)
Era uma
vez um bando de ratos que vivia no buraco do assoalho de uma casa velha.
Havia ratos de todos os tipos: grandes e pequenos, pretos e brancos,
velhos e jovens, fortes e fracos, da roça e da cidade. Mas ninguém
ligava para as diferenças, porque todos estavam irmanados em
torno de um sonho comum: um queijo enorme, amarelo, cheiroso, bem pertinho
dos seus narizes. Comer o queijo seria a suprema felicidade...
Bem
pertinho é modo de dizer. Na verdade, o queijo estava imensamente
longe, porque entre ele e os ratos estava um gato... O gato era malvado,
tinha dentes afiados e não dormia nunca. Por vezes fingia dormir.
Mas bastava que um ratinho mais corajoso se aventurasse para fora do
buraco para que o gato desse um pulo e, era uma vez um ratinho...
Os
ratos odiavam o gato. Quanto mais o odiavam mais irmãos se sentiam.
O ódio a um inimigo comum os tornava cúmplices de um mesmo
desejo: queriam que o gato morresse ou sonhavam com um cachorro... Como
nada pudessem fazer, reuniram-se para conversar. Faziam discursos, denunciavam
o comportamento do gato (não se sabe bem para quem), e chegaram
mesmo a escrever livros com a crítica filosófica dos gatos.
Diziam que um dia chegaria em que os gatos seriam abolidos e todos seriam
iguais. Quando se estabelecer a ditadura dos ratos –
diziam os camundongos – então
todos serão felizes...
—
O queijo é grande o bastante para todos, dizia um.
—
Socializaremos o queijo, dizia outro.
Todos
batiam palmas e cantavam as mesmas canções. Era comovente
ver tanta fraternidade. Como seria bonito quando o gato morresse! Sonhavam.
Nos seus sonhos comiam o queijo. E quanto mais o comiam, mais ele crescia.
Porque esta é uma das propriedades dos queijos sonhados: não
diminuem, crescem sempre. E marchavam juntos, rabos entrelaçados,
gritando: — o queijo, já!...
Sem que
ninguém pudesse explicar como, o fato é que, ao acordarem,
numa bela manhã, o gato tinha sumido. O queijo continuava lá,
mais belo do que nunca. Bastaria dar uns poucos passos para fora do
buraco. Olharam cuidadosamente ao redor. Aquilo poderia ser um truque
do gato. Mas não era. O gato havia desaparecido mesmo. Chegara
o dia glorioso, e dos ratos surgiu um brado retumbante de alegria. Todos
se lançaram ao queijo, irmanados numa fome comum.
E foi
então que a transformação aconteceu. Bastou a primeira
mordida. Compreenderam, repentinamente, que os queijos de verdade são
diferentes dos queijos sonhados. Quando comidos, em vez de crescer,
diminuem. Assim, quanto maior o número dos ratos a comer o queijo,
menor o naco para cada um. Os ratos começaram a olhar uns para
os outros como se fossem inimigos. Olharam, cada um para a boca dos
outros, para ver quanto do queijo haviam comido. E os olhares se enfureceram.
Arreganharam
os dentes. Esqueceram- se do gato. Eram seus próprios inimigos.
A briga começou. Os mais fortes expulsaram os mais fracos a dentadas.
E, ato contínuo, começaram a brigar entre si. Alguns ameaçaram
a chamar o gato, alegando que só assim se restabeleceria a ordem.
O projeto de socialização do queijo foi aprovado nos seguintes
termos: Qualquer pedaço de queijo poderá ser tomado
dos seus proprietários para ser dado aos ratos magros, desde
que este pedaço tenha sido abandonado pelo dono.
Mas como
rato algum jamais abandonou um queijo, os ratos magros foram condenados
a ficar esperando... Os ratinhos magros, de dentro do buraco escuro,
não podiam compreender o que havia acontecido. O mais inexplicável
era a transformação que se operara no focinho dos ratos
fortes, agora donos do queijo. Tinham todo o jeito do gato, o olhar
malvado, os dentes à mostra.
Os
ratos magros nem mais conseguiam perceber a diferença entre o
gato de antes e os ratos de agora. E compreenderam, então, que
não havia diferença alguma. Pois [quase]
todo rato que fica dono do queijo vira gato. Não é por
acidente que os nomes são tão parecidos.1
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Nota
1. Eu
gostaria de saber por que os gatos e os ratos são símbolos
de roubalheira, de corrupção e de jabaculês! Que
tal mudarmos para homunculus latro et masturbator? É
meio difícil de falar e um pouco comprido, mas é mais
apropriado e veraz.
Websites
Consultados
http://www.cwgsy.net/community/tosy/images/
http://www.culturaesaude.med.br/revista
/modules.php?name=News&file=article&sid=47
http://www.gifs.net/animate/giflist.htm
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