RAP DO BRANQUELO
NEGROFÓBICO
(Ou RAPfobia do Branquelo Intolerante)
Rodolfo Domenico Pizzinga
Esta é a negra história
de um branco xexelento:
da negrofobia, vera glória,
da prenoção, um baluarte,
do estado da arte, sem arte
– pois, nunca soube o quê
e muito menos o porquê
de ser tão antiafricanista,
de ser tão separatista –
da nescidade, um babão,
da odiosidade, um campeão.
Enfim, dia e dia intolerante,
um medievo cavaleiro errante,
noite e noite preconceituoso,
um ariano pra lá de trevoso.
Ele pintou aqui um branquelo de cor,
e tinha horror de qualquer negro de cor.
Para ele, negro-bom era negro-morto,
como Martin Luther King Jr. foi morto,
com uma bala mortal no Lorraine Motel.
Melhor, se o negro pudesse ser asfixiado
no meio da rua, como lá, em Minneapolis.
George Floyd asfixiado por Derek Michael Chauvin
Ou no chão frio de uma quitanda Carrefour,
como, recentemente, aconteceu no Patropi
com o negro João Alberto Silveira Freitas
– uma herança da era colonial e escravocrata,
em que o negro valia menos do que barata.
Para ele, negro era um erro genético de Deus,
e chegava ao ponto de não comer feijão-preto.
DNA de Branco DNA de Negro
Para ele, os negros só faziam anegralhar
os raios de Sol que iluminam os brancos
e tornavam feias as flores da primavera.
Só prestavam, como as folhas de hera,
para revestir as muralhas e as paredes.
Cabelo duro jamais vai estar na moda;
não há um pente que penteie cabelo duro.
Mal-com-deus será sempre mal-com-cristo.
Mal-com-cristo será sempre mal-com-deus.
Lincoln errou muito ao abolir a escravidão.
Isabel também errou ao assinar a Lei Áurea.
Joaquim Nabuco foi um traidor da sua família,
o Barão de Itararé nunca teve a menor graça
e o Nat King Cole nunca cantou porra nenhuma.
Negro não é gente; não tem direito à cidadania.
Para ele, reinstalar a escravidão era preciso.
Assim pensava este filho-da-puta.
Assim pensam todos os filhos-da-puta,
ainda que as mães possam ser freiras.
Palmares? Ganga Zumba? Zumbi?
Nunca jamais deveriam ter existido.
Quilombo
dos Palmares
(Serra da Barriga, Capitania de Pernambuco)
A velha Ku Klux Klan e o bom apartheid
deveriam ter ganho o Prêmio Nobel,
por defenderem a primazia branca.
E rezava para que a Pandemia de COVID-19
acabasse com todos os negros da Terra.
SARS-CoV-2
E rezava para que os brancos patriotas
aniquilassem os negros que pudessem.
Rezava para que, nos Estados Unidos,
o preconceito racial nunca acabasse.
Rezava para que aqui – no Patropi –
a intransigência avultasse cada vez mais.
Rezava para que o nobilíssimo ISIS
decepasse os negros que encontrasse.
ISIS
E rezava para que todos os negacionistas
negassem direitos iguais para os negros.
Rezava para que os demônios de plantão
levassem para o inferno todos os negros.
Rezava para que o Santo Papa Francisco
excomungasse todos os negros da Terra.
Rezava para que o Governo Brasileiro
mantivesse que não há racismo no Brasil.
Brancos do Brasil, brancos do mundo,
divulguem: vidas negras não importam.
Esta era a divisa deste grande filho-da-puta.
Se os negros insistirem em não querer morrer,
é dever de os brancos acabar com todos eles.
E o filho-da-puta berrava aos 444 ventos:
— Viva o racismo! — Viva a supremacia branca!
— Viva a negrofobia! — Viva a raça branca!
— Viva a Ku Klux Klan! — Viva o apartheid!
— Viva James Earl Ray! — Viva Derek Michael Chauvin!
— Viva Magno Braz Borges! — Viva Giovane Gaspar da Silva!
— Viva o Governo Brasileiro, que não admite o racismo!
— Lugar de negro morto é na lata de lixo!
E assim, sua vida foi uma escuridão,
um baú de separatividade e de preconceito.
O Baú da Escuridão
Um dia, ele passou desta para muito pior,
pois, morou 100.000 anos no Plano Astral.
Em uma espécie de pesadelo de repetição,
ele só via e revia a sua torpe negrofobia.
Sem descanso, dia e noite, noite e dia.
Sofreu, chorou, lamentou e se arrependeu.
Mas, teve que esperar mais 100.000 anos.
Então, ele reencarnou. Como negro de cor!1
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Nota:
1. Nenhum dos ilimitados Universos que compõem o Unimultiverso ilimitado conhece o prêmio ou o castigo. Estes conceitos são boçalidades características do Plano Terra, pois, foram inventados pela Humanidade ignorante. O que sempre houve, há e sempre haverá é aprendizagem educativa ascensional, regulada pela Lei da Causa e do Efeito. E esta aprendizagem, em cada degrau da Escada Cósmica Ilimitada (Spira Legis), de maneira geral, acontece por intermédio de uma de três possibilidades: 1ª) pela dor; 2ª) pelo Amor; e 3ª) pela Compreensão. A escolha é sempre nossa; não há imposição.
Possibilidades
Música de fundo:
Nega do Cabelo Duro
Composição: Rubens Soares & David Nasser
Interpretação: Astrud Gilberto & Walter WanderleyFonte:
Páginas da Internet consultadas:
https://escolaeducacao.com.br/quilombo-dos-palmares/
https://cmtreselementos.com.br/
https://www.istockphoto.com/br
https://pt.wikipedia.org/wiki/William_Hazlitt
http://www.interclinicasprime.com.br/wait/index.htm
https://www.correiobraziliense.com.br/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Joaquim_Nabuco_-_1902.jpg
https://cacheadossoltaajuba.wordpress.com/tag/beleza-negra/
https://pt.pngtree.com/free-png-vectors/cabelo-afro
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f71f69e4df64eb1fee43b6cc41eaf.jpghttps://dribbble.com/shots/11803473
https://pt.wikipedia.org/wiki/Zumbi_dos_Palmares
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