Realmente,
a grandeza do ser humano se mede pelos seus atos, idéias e sentimentos
que praticam em prol de seus semelhantes. Que pena que a grande massa classifica
a grandeza pelo lado extrínseco, ou seja, pelo ter e não pelo
ser. A maioria das pessoas rotula as outras pelo que possuem; quanto mais,
mais são valorizadas, seja pelo cargo, seja
pela casa, seja
pela roupa, seja
pela conta bancária,
seja
pelos títulos
etc. Poucos pensam em melhorar como pessoa – um aprimoramento espiritual
e intelectual que os possa fazer melhor dia-a-dia como ser humano. Para
concluir, somos seres humanos. Então, somos seres, e devemos buscar
sermos mais humanos, pois, caso contrário, não poderemos ser
chamados assim.
Maçar
o menos possível que seja o meu semelhante, procurando tornar, para
os que me cercam, a existência mais doce, o mundo mais alegre e a
sociedade mais justa tem sido a regra de toda a minha vida particular. O
acaso fez de mim um crítico. Foi um desvio de inclinação
a que me conservei fiel. O meu fundo é de poeta lírico.
Não,
a vida não é uma festa permanente e imóvel; é
uma evolução constante e rude.
Fonte:
http://www.random-good-stuff.com/
O papel do marido atraiçoado
continuará a ser ridículo até o dia em que a sociedade
reconhecer que a honra é uma propriedade como qualquer outra, e que,
roubado esse patrimônio, o desprezo, como punição do
delito, deve cair não no que sofre, mas ,sim, no que perpetrou o
roubo.
O
casamento é a identificação de duas pessoas imperfeitas
num indivíduo completo.
O
modo mais eficaz de seres útil à tua pátria é
educares o teu filho.
O
amor veemente, o amor apaixonado, por mais perfeito que o queiram pintar,
tem sempre intercadências de desalento e de tédio que assassinam
a felicidade.
O
«tête-à-tête» da verdadeira amizade só
existe entre um homem e uma mulher. A mulher é o amigo natural do
homem. Dois homens raramente se estimam verdadeiramente.
O celibato é uma amputação
nas forças e nas faculdades do homem.
A
arte é a eterna desinfectante de toda a podridão em que toca.
O
amor é um estado essencialmente transitório. É como
uma enfermidade. Tem a sua fase de incubação, o seu período
agudo, a sua declinação e a sua convalescença. É
um fato reconhecido e ratificado por todos os fisiologistas das paixões.
Sem alegria, a Humanidade não
compreende a simpatia nem o amor.
A
orientação mental da mocidade contemporânea, comparada
à orientação dos rapazes do meu tempo, estabelece,
entre as nossas respectivas cerebrações, uma diferença
de nível que desloca o eixo do respeito na sociedade em que vivemos,
obrigando a 'élite' dos velhos a inclinar-se rendidamente perante
a élite dos novos.
Combater
apenas o analfabetismo do povo por meio de escolas primárias e de
escolas infantis sem religião e sem Deus, não é salvar
uma civilização, é derruí-la pela base por meio
do pedantismo da incompetência, da materialização dos
sentimentos e do envenenamento das idéias. Quem ignora hoje que foi
a perseguição religiosa e o domínio mental da escola
laica o que retalhou e fracionou em França a alma da nação?
Quem é que nesse tão amado, tão generoso e tão
atribulado país não está vendo hoje objetivar-se praticamente
o profético aforismo de Le Bon1:
«É sobretudo depois de destruídos os deuses que se reconhece
a utilidade deles!»
A
unidade nacional, a harmonia, a paz, a felicidade e a força de um
povo não têm por base senão o rigoroso e exato cumprimento
coletivo dos deveres do cidadão perante a inviolabilidade sagrada
da família – que é a célula da sociedade –
perante o culto
da religião –
que é a alma
ancestral da comunidade –
e perante o culto
da bandeira –
que é o símbolo
da honra e da integridade da Pátria.
Toda
decomposição orgânica dá origem a seres parasitários,
cuja função é acelerar e completar a decomposição.
A lição final da guerra
será na humanidade assim como o é na Natureza o simples triunfo
implacável do que pode mais sobre o que pode menos.
Não
nos precipitemos a amaldiçoar a brutalidade de um tal destino enquanto
não refletirmos no que é realmente a força e de que
natureza são os tão complexos elementos integrados nesse fenômeno
global.
De quantos vícios e de quantas
farroncas se compõe uma fraqueza? De quantas virtudes ignoradas e
recônditas se constitui uma força humana?
Augusto
de Castro2:
— O
que eu admiro é que, sendo o Sr. Ramalho tão amigo de Eça
de Queirós, nunca o ensinasse a andar…
Ramalho:
— Efetivamente,
o Queirós não andava. Trotava…
E se os diplomatas
não podem
alcançar bons tratados para o país, é porque andam
ocupados em arranjar mais 'roast-beef' para o estômago. Se não
fossem os jantares da corte e as ceias dos bailes, a posição
de diplomata português era insustentável. Lá fora sabe-se
isto: e é sempre com terror que os donos da casa vêem entrar
o embaixador português, à frente do seu pessoal esfomeado.
Temos
visto do jogo muitas e mui variadas definições. A única,
porém, que inteiramente nos satisfaz é a seguinte: o jogo
é uma asneira.
Inocência, na acepção
em que tomamos a palavra, quer dizer ignorância do que é impuro.
Quem cora ao ouvir uma imprudência, claro é que distingue;
e quem distingue duas coisas conhece-as ambas.
O homem que só tem as qualidades
próprias da sua idade e do seu estado é o homem admirável.
O que reúne a essas grandes qualidades os pequenos defeitos que lhe
são congêneres é o homem completo.
Eu creio tanto na influência
dos maus jantares como no das más companhias na índole dos
indivíduos, e adoto, para mim, esta sentença: «Diz-me
o que comes; dir-te-ei as manhas que tens».
O
homem sem educação, por mais alto que o coloquem, fica sempre
um subalterno.
O
homem mais perfeitamente educado, por um mestre, foi Stuart Mill.3
Aos vinte anos de idade ele tinha aprendido com James Mill, seu pai, tudo
quanto a ciência pode ensinar a um sábio e a um filósofo.
E, todavia, Stuart Mill conta-nos na sua autobiografia que, ao perguntar
um dia a si mesmo se seria feliz, uma vez realizadas nas instituições
e nas idéias todas as reformas que ele projetava criar, a sua consciência
lhe respondera: não. 'Senti-me então desfalecer' – diz
ele. 'Todas as fundações sobre que se tinha arquitetado a
minha vida se desmoronaram de repente.' Mais tarde, ele sentiu a dor, sentiu
depois o amor, o amor apaixonado, absorvente, enorme, dominando todo o seu
ser, submetendo a força dissolvente da análise; e foi só
então que ele se sentiu homem, revivendo para a Natureza, forte da
grande força que a Natureza lhe comunicava, equilibrado para sempre
no seu destino, cingido ao coração palpitante de uma mulher
que ele amou – ele, o sábio, o filósofo, o reformador
frio e implacável –
com o amor ilimitado,
entusiástico, cavalheiresco, que as velhas lendas líricas
atribuem aos grandes amantes célebres.
O
plebeísmo da palavra torna rasteira a opinião. Uma Câmara
que fala mal é impossível que proceda bem.
Para
conhecer a realidade do mundo – único fim sério da ciência
– é preciso entrar no combate da vida como entravam na liça
os paladinos bastardos: sem pai e sem padrinho. Os príncipes não
constituem exceção a esta lei geral da formação
dos homens. Da educação de gabinete, do bafo enervante dos
mestres, dos camareiros e das aias, nunca saíram senão doentes
e pedantes. Na sagração dos czares há uma cerimônia
de alta significação simbólica: o imperador não
se confirma enquanto por três vezes não haja descido do trono
e penetrado sozinho na multidão; e isto quer dizer que na convivência
do povo a autoridade e o valor dos monarcas recebe uma tão sagrada
unção como a da Santa Crisma. Todos os reis fortes se fizeram
e se educaram a si mesmos nos mais rudes e mais hostis contatos da Natureza
e da sociedade humana. Veja vossa alteza Carlos Magno, que só aos
quarenta anos é que mandou chamar um mestre para aprender a ler.
Veja Pedro o Grande, do qual a educação de câmara começou
por fazer um poltrão. Aos quinze anos, não se atrevia a atravessar
um ribeiro. Reagiu, enfim, sobre si mesmo, pela sua única força
pessoal. Para perder o medo aos regatos, um dia, da borda de um navio, arrojou-se
ao mar. Para se fazer marinheiro, começou por aprender a manobrar,
servindo como grumete. Para se fazer militar, começou por tambor
na célebre companhia dos jovens boiardos. E para reconstituir a nacionalidade
russa, começou por construir navios, a machado, como oficial de carpinteiro
e de calafate, nos estaleiros de Sardam. Também não teve mestres,
e foi consigo mesmo que ele aprendeu a língua alemã e a língua
holandesa. Veja vossa alteza, enfim, todos aqueles que no governo dos homens
tiveram uma ação eficaz, e reconhecerá se é
na lição dos mestres ou se é no livre exercício
da força e da vontade individual que se criam os caráteres
verdadeiramente dominadores, como o de Cromwell, como o de Bonaparte, como
o de Santo Inácio, como o de Lutero, como o de Calvino, como o de
Guilherme, o Taciturno, como o de Washington, como o de Lincoln.
A
mulher plenamente feia é uma calamidade social.
A
Lei do Universo baseia-se sobre o concurso destes dois grandes agentes:
a luta pela vida e a seleção natural. A luta pela vida é
o estado permanente de todos os seres, para os quais a criação
é uma eterna batalha. A sorte do conflito decide-a a seleção
natural. Como? Fixando na espécie, pela adaptação ao
meio, os seres mais fortes, e expulsando os seres inferiores. Por isso o
professor Haeckel affirma: «A teoria de Darwin estabelece que nas
sociedades humanas, como nas sociedades animais, nem os direitos, nem os
deveres, nem os bens, nem os gostos dos membros associados podem ser iguais.»
Ora, o que é que estabelece o Direito? O Direito estabelece precisamente
o contrário disso: a igualdade dos deveres recíprocos para
a mais equitativa distribuição dos bens. O Direito, portanto,
não só não é uma emanação da lei
natural, mas é uma reação contra essa lei. A Natureza
é o triunfo brutal decretado ao forte. A sociedade é a proteção
consciente assegurada ao fraco. A criação funda a luta pela
vida. A sociedade organiza o auxílio pela existência. Uma civilização
é tanto mais adiantada quanto mais ela submete ao seu domínio
as fatalidades naturais. E é assim que o homem, de conquista em conquista,
chegará, um dia, como diz Büchner, ao paraíso futuro,
ao paraíso terreal, de onde não veio, mas para onde vai, e
que não é um dom divino primitivo, mas o fruto derradeiro
do trabalho humano.
Os meus últimos meses de solidão
em Lisboa acabam de demonstrar-me que é Spinosa,4
afinal, que tem razão. Há um determinismo mental de que ninguém
se liberta. Ninguém tem pensamentos exclusivamente próprios.
Ninguém pensa o que quer.
Paço
de Arcos5
tem um hotel habitável – o do Bugio – e um clube em cujo
salão há 'soirées' aos sábados. Senhoras espanholas
a banhos nesses subúrbios são convocadas em cada semana a
levarem aos sábados de Paço de Arcos o doce tributo da sua
presença, da sua 'toilette' e da sua expansiva vivacidade. Assim
como de manhã se pergunta para o banho: «há maré?»;
assim à noite se pergunta para o baile: «há espanholas?»
'Tomar
propósito' é uma locução essencialmente local
e intraduzível, que quer dizer: aprender a não saber andar,
a não saber rir, a estar quieto e a estar calado, a corromper os
mais nobres instintos da natureza humana, finalmente a dissimular e a mentir.
Ainda bem que nunca ‘tomei propósito'.
O
espírito move tudo e não responde por coisa alguma: ele é
a eloqüência da alegria e o entrincheiramento das situações
difíceis; salva uma crise fazendo sorrir; disfarça, às
vezes, a fraqueza de uma opinião; acentua, outras vezes, a força
de uma idéia; é a mais fina salvaguarda dos que não
querem se definir francamente; tira a intransigência às convicções,
fazendo-lhes cócegas; substitui a razão, quando não
substitui a ciência; dá uma posição no mundo
e, adotado como sistema, derruba um império.
É
binária a natureza de todo o homem superior. Metade dele pertence
ao ramerrame passageiro de cada dia; a outra metade pertence ao ideal eterno
de um mundo mais perfeito, em cuja obra cada um colabora procurando torná-lo,
na órbita de sua aptidão pessoal, ou mais justo, ou mais rico,
ou mais belo.6
Assim
cada um tem em si, superior a todas as torpezas da Terra, impoluta, inviolável
e sagrada, a mística torre ebúrnea em que habita a aspiração
imortal do espírito do homem.
O
senhor presidente senta-se, com os seus secretários um de cada lado.
A Câmara está nos seus postos, cheia de compostura e de gravidade,
com as barbas feitas. Os taquígrafos têm aparado as suas penas
mais velozes, têm-nas molhado na sua tinta mais corredia, e, de punho
suspenso sobre a página, com a manga de alpaca enfiada no braço,
o colete desabotoado, o corpo curvo, esperam ávidos e diligentes.
O senhor presidente toca a campainha e diz: — 'Está aberta
a sessão.' O senhor presidente assoa-se, tosse, procura nas algibeiras,
consulta os senhores secretários em voz baixa. Na mesa, trocam-se
palavras imperceptíveis. Os senhores secretários procuram
também nas algibeiras. Um deles tira uma carteira, o outro tira o
relógio, o senhor presidente tira um lenço branco, que coloca
sobre a mesa pondo-lhe em cima o antebraço. O senhor presidente enxuga
os beiços ao lenço branco e torna a colocá-lo sobre
a mesa, ao lado de um lápis. Alguns senhores deputados batem nas
tampas das carteiras com os nós dos dedos e fazem gestos expressivos
aos senhores contínuos que aparecem. Os senhores deputados estendem
a mão aberta paralelamente com o nariz e movem-na repetidamente,
metendo para dentro da boca a ponta do dedo polegar: os senhores contínuos
percebem esta mímica e voltam trazendo copos de água. O senhor
presidente, vendo este movimento, cruza os braços no peito, recosta
a cabeça para trás, e espera. Os senhores deputados, que beberam
água, trocam uns com os outros palavras que se não ouvem na
mesa dos taquígrafos e deitam as línguas de fora. (Silêncio).
Os senhores Deputados, que beberam água e deitaram as línguas
de fora, tomam a meter as línguas para dentro. (Outro silêncio).
O senhor presidente: — 'Está em discussão o parágrafo
n° 6 do projeto de lei n° 8.' (Silêncio profundo). O senhor
presidente percorre com os olhos a assembléia, tendo o braço
erguido no ar e um lápis em punho No meio do silêncio geral,
ouve-se, nos bancos da direita, um rugido intestinal. Uma voz debaixo dos
bancos da esquerda: — 'A maioria rugiu!'. Uma voz debaixo dos bancos
da direita: — 'Fora, faccioso!' A primeira voz: — 'Peço
ao senhor presidente que me dê o rugido para uma explicação
pessoal.' Muitas vozes: — Peço o rugido! Peço o rugido!
' O senhor presidente tocando a campainha: — Ordem, senhores! Ordem!
Eu não posso dar o rugido a todos ao mesmo tempo. Inscrevam-se, inscrevam-se!'
(Pausa). Tem o rugido o digno deputado Sr. Barros and Cunha. O Sr. Barras
and Cunha (com amarga ironia e uma grande calva): — 'Senhor Presidente,
eu não rujo senão em inglês, no rugido de lorde Byron
e de John Stuart Mill' (com uma grande sobreexcitação de amargura
e de ironia). 'Se eu rugisse, o Governo não me compreenderia sem
consultar os dicionários!' 'Senhor presidente (cada vez mais amargo
e mais calvo), eu desisto do rugido.' O senhor presidente: — Continua
a estar em discussão o parágrafo n° 6 do projeto de lei
n° 8.' O deputado Sr. Rocha Peixoto, cheio de barba e de ardor: —
A rugidos. Digo: a votos! A votos!' O deputado Sr. Tonas Lírico:
— 'Apoiado!' O Senhor presidente: — 'Está aprovado o
parágrafo n° 6 do projeto de n° 8. Como deu a hora, está
levantada a sessão. A ordem do dia para amanhã é a
discussão do parágrafo n° 7 do dito projeto n° 8.'
E está-se nisto há dois meses!
Baudelaire,
imitador do estilo humorístico americano de Edgar Poe,7
é um mundano, um dândi, um corrupto. Tem os defeitos e as virtudes
inerentes à sua violenta personalidade. Conhece todas as elegâncias,
todos os vícios, todos os desejos, todos os apetites, todas as perversões
nervosas, todas as úlceras, todas as febres, todas as podridões
modernas. Sabe o segredo do 'chic', os preceitos da moda, os efeitos da
prostituição e do alcoolismo, e os últimos requintes
da sensualidade e da devassidão... A sua musa foi criada irritantemente
com túbaras e com vinhos de champagne, entre o lupanar, o 'tripot'
e o 'water closet' do 'boulevard'. Pinta os cabelos, os beiços, as
faces e põe sinais. Dá ao cabelo o aspecto de uma meada de
linho cor de manteiga, ao rosto a imagem da superfície de uma taça
de leite em que caíssem duas moscas, à boca a semelhança
de uma cicatriz. Tem tosse, meias de seda e um 'coupé', de quando
em quando... Baudelaire tem, no entanto, o grande mérito de haver
criado a língua da decadência literária do Segundo Império,
de ter fiado na linguagem as fosforescências do charco, as cintilações
do estilo negro. Há estados morais e estados patológicos na
vida do homem moderno, os quais, antes de Edgar Poe nos Estados Unidos,
de Henrique Heine,8
na Alemanha, e de Charles Baudelaire, em França, estavam inéditos
na literatura destes três países. Heine e Poe fizeram a língua
da tísica, da dispepsia, da nevrose e do 'delirium tremens'. Baudelaire
criou o idioma sifilítico do crevetismo.
Quando
um poeta é de natureza tal, que ao passar por senhoras de carruagem
se vê obrigado, pelo seu temperamento, pela sua veia poética
ou pelos seus princípios políticos, a corcovar, a endoidecer,
a ter convulsões e febre e a amarrotar os colarinhos, esse poeta
é perigoso na rua do Alecrim, e deverá ir, 'sinistro e mal
trajado', desejar o lugar dos truões e amarrotar a roupa branca para
a circunvalação.
Com
uma paisagem tão penetrante portuguesa, tão aviventada de
sentimentos, na Alhandra, em Vila Franca de Xira, no Cartaxo, no Vale de
Santarém, ondulada de searas, do verdejante das vinhas gorjeada de
rouxinóis, no murmúrio das azinheiras e dos olivais, uma noção
nova me veio – a noção de Pátria.
A
Justiça, impondo o discernimento do bom e do mau, pressupõe
a ciência.
Ó
Ramalho, oiça bem isto:
Desconcordo:
mulher feia
não é u'a calamidade social.
Estar
embaciada a candeia,
sim,
isto é um grande mal!
A
mamã era proprietária
de
um nasal macroscópico;
mas,
em sua canseira diária,
seu
desvio
era microscópico.
Ó
Ramalho, oiça bem isto:
vale
o quê uma fácies bela,
se
dentro tudo é permisto,
sem
parafuso ou arruela?
O
pé pode estar bichado,
que
o deixe aconchegado
para
transpor a passarela.
Lembra
do Torquemada?
Homem,
mas trajava saia.
Cuca
rapada, alma aviltada,
Bem
– ó Ramalho – é isso aí.
Espero
que você esteja legal.
Um
dia, você regressará aqui;
entretanto,
com outro cabedal.
Quem
sabe, até como mulher,
não
importa se feia ou bonita.
Mas
lembre: sopa é de colher,
______
Notas:
1. Gustave
Le Bon (7 de maio de 1841 – 13 de dezembro de 1931) foi um psicólogo
social, sociólogo e físico amador francês. Foi o autor
de várias obras nas quais expôs teorias de características
nacionais, superioridade racial, comportamento de manada e psicologia de
massas. Sua obra sobre psicologia de massas tornou-se importante na primeira
metade do século XX, quando foi usada por pesquisadores da mídia,
tais como Hadley Cantril e Blumer, para descrever as reações
de grupos subordinados à mídia. Também contribuiu para
debates continuados sobre a natureza da matéria e da energia. Seu
livro A Evolução da Matéria tornou-se muito
popular na França (chegando a doze edições), e embora
algumas de suas idéias – notadamente a de que toda a matéria
era inerentemente instável e estava constante e lentamente transformando-se
em éter – tenham sido levados em conta favoravelmente por físicos
da época (incluindo Henri Poincaré), sua formulação
específica não teve a mesma consideração. Em
1896, informou que havia observado um novo tipo de radiação,
a qual denominou luz
negra (não é a mesma coisa hoje denominada luz
negra), embora posteriormente tenha sido descoberto que a mesma não
existia. As idéias de Le Bon exerceram notável influência
sobre o escritor brasileiro Monteiro Lobato, cujo único romance,
O Presidente Negro (publicado em 1927), aborda a questão
da sobrevivência futura da raça branca (e o que ela teria de
fazer, na visão de Lobato, para não se extinguir via vira-latice
pelos resíduos autossômicos negróides). Outro autor
de destaque que discutiu suas idéias foi Sigmund Freud no seu livro
Psicologia de Grupo e a Análise do Ego, publicado originariamente
em Leipzig, Viena e Zurique, em 1921.
2. Augusto
de Castro Sampaio Corte-Real (Porto, 11 de Janeiro de 1883 – Estoril,
24 de Julho de 1971), mais conhecido por Augusto de Castro, foi um advogado,
jornalista, diplomata e político com uma carreira que se iniciou
nos anos finais da Monarquia Constitucional Portuguesa e se estendeu até
o Estado Novo. Foi uma das principais figuras Estado Novo, ganhando grande
notoriedade como comissário da Exposição do Mundo Português,
em 1940. Foi diretor do Diário de Notícias por dois períodos
distintos, de 1919 a 1924, altura em que foi em missão diplomática
para Londres, e de 1939 até 1971. Membro da Academia Brasileira de
Letras, eleito em 25 de Janeiro de 1945, ocupando a cadeira nº 5, que
pertencera a Eugênio de Castro (1869 – 1944).
3. John
Stuart Mill (Londres, 20 de Maio de 1806 – Avinhão, 8 de Maio
de 1873) foi um filósofo e economista inglês, e um dos pensadores
liberais mais influentes do século XIX. Foi um defensor do Utilitarismo,
a teoria ética proposta inicialmente por seu padrinho Jeremy Bentham.
4. Spinosa
– também Benedito Espinoza ou Baruch Spinoza – (24 de
novembro de 1632 – 21 de fevereiro de 1677) foi um dos grandes racionalistas
do século XVII dentro da chamada Filosofia Moderna, juntamente com
René Descartes e Gottfried Leibniz. Nasceu em Amsterdã, nos
Países Baixos, no seio de uma família judaica portuguesa e
é considerado o fundador do Criticismo bíblico moderno.
5. Paço
de Arcos ou Paço d'Arcos é uma freguesia portuguesa do Concelho
de Oeiras, com 3,49 km² de área e 28.000 habitantes (2001).
Densidade: 3 390,5 hab/km². Foi elevada a vila por um decreto de 7
de dezembro de 1926.
6. Diz
o poeta e teórico da arte francês Charles-Pierre Baudelaire
(Paris, 9 de abril de 1821 – Paris, 31 de agosto de 1867) –
um dos precursores do Simbolismo e reconhecido internacionalmente como o
fundador da tradição moderna em poesia – a respeito
da Arte: A Modernidade
é o transitório, o efêmero, o contingente, é
a metade da arte, sendo a outra metade o eterno e o imutável.
7. Edgar
Allan Poe (Boston, 19 de janeiro de 1809 – Baltimore, 7 de outubro
de 1849) foi um escritor, poeta, romancista, crítico literário
e editor estado-unidense. Poe é considerado, juntamente com Jules
Verne, um dos precursores da literatura de ficção científica
e fantástica modernas.
8. Christian
Johann Heinrich Heine (Düsseldorf, 13 de dezembro de 1797 – Paris,
17 de fevereiro de 1856) foi um importante poeta romântico alemão,
sendo conhecido como o último dos românticos. Boa
parte de sua poesia lírica, especialmente a sua obra de juventude,
foi musicada por vários compositores notáveis como Robert
Schumann, Franz Schubert, Felix Mendelssohn, Brahms, Hugo Wolf, Richard
Wagner e, já no século XX, por Hans Werner Henze e Lord Berners.
Páginas
da Internet consultadas:
http://integras.blogspot.com/2010/12/
mulher-bonita-e-inteligente-quer-muito.html
http://www.dinodirect.com/IiPlus-cnwd3-2GB-Happy-
Ugly-Woman-Catoon-USB-Flash-Drive-Yellow.html
http://www.equisport.pt/pt/
artigos/arte/ramalho-ortigao
http://www.unicentro.br/editora/revistas/guairaca
/22/06%20-%20artigo%20p.%2045-53.pdf
http://www.migalhas.com.br/mig_leitores.
aspx?cod=4010&datap=13/02/2011
http://www.shutterstock.com/pic-281
0772/stock-vector-ugly-woman.html
http://www.perlacasino.com/
http://books.google.com.br/
http://www.taquigrafia.emfoco.nom.br/
variedadestres.htm#farpasescolhidas
http://www.taquigrafia.emfoco.nom.br/
variedadestres.htm
http://www.tlaxcala.es/pp.asp?
reference=7237&lg=po
http://www.ponteiro.com.br/vf.php?p4=9077
http://pt.wikipedia.org/wiki/
Quest%C3%A3o_Coimbr%C3%A3
http://pt.wikipedia.org/wiki/
Gera%C3%A7%C3%A3o_de_70
http://www.g-sat.net/biblioteca-i-268/
jose-duarte-ramalho-ortigao-126383.html
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Baudelaire
http://talvezpensar.bloguepessoal.com/286195/
Meditando-com-Ramalho-Ortigao-e-Eca-de-Queiroz/
http://cerena.ist.utl.pt/
hgp/artigos/Ramalho.pdf
http://pt.wikipedia.org/
wiki/Pa%C3%A7o_de_Arcos
http://pt.wikipedia.org/
wiki/Bento_de_Espinoza
http://citador.pt/pensar.php?pensamentos
=Ramalho_Ortigao&op=7&author=1266
http://entreaspas.org/
autores/ramalho-ortigao
http://pt.wikipedia.org/
wiki/Augusto_de_Castro_Sampaio_Corte-Real
http://www.angelfire.com/pq/unica/monumenta
_1914_carta_ramalho_amaral.htm
http://pt.wikipedia.org/
wiki/Gustave_Le_Bon