Este
estudo tem por objetivo divulgar alguns ensinamentos de Ramana
Maharshi – Mestre de Advaita
Vedanta e Homem Santo do sul da Índia.
Breve
Biografia
Bhagavan
Shri Ramana Maharshi (30 de dezembro de 1878 – 14 de abril de 1950)
foi um Mestre de Advaita Vedanta e homem santo do sul da Índia. Considerado
um dos maiores sábios de todos os tempos, tornou-se conhecido no
Ocidente, especialmente através do livro A Índia Secreta,
do jornalista e escritor inglês Paul Brunton, que retratou os ensinamentos
de Ramana, transmitidos, na maioria das vezes, em silêncio absoluto
aos seus discípulos. Outro autor famoso que deu destaque à
Ramana Maharshi foi Paramahansa Yogananda, na Autobiografia de um Iogue,
ao visitá-lo durante seu regresso à India em 1935. Outro famoso
espiritualista que foi ao ashram
receber o darshan
de Ramana foi Mahatma Ghandi, em busca de apoio para seu movimento de libertação
da Índia.
Shri
Ramana Maharshi foi o grande representante da Sabedoria milenar da Índia
no século XX. Isto não significa que ele foi um acadêmico
que sabia de cor e salteado os textos sagrados da religião, mas,
sim, que viveu e mesmo personificou à perfeição tal
Sabedoria. Na verdade, ele não escreveu nenhum livro. Ensinava o
jnâna
– ‘via do conhecimento espiritual’ mais puro. Ao mesmo
tempo, ressaltava que as outras duas outras grandes vias espirituais, a
do karma
(das ações) e da bhakti
(devoção), estavam contidas no jnâna.
Na
Índia, buscar a companhia de sábios e santos é algo
muito importante, para aprender com os preceitos e exemplos concretos, e
para obter suas bênçãos. Tal atividade se chama satsanga
(literalmente, ‘associação com a verdade’). Outro
conceito importante é o de darshan,
que é a bênção conferida pela mera visão
de um santo, como explica William Stoddart na sua excelente introdução
ao tema O Hinduísmo (Ibrasa, 2005), o melhor livro sobre
o assunto publicado em português até o momento.
Afirma-se
que, no momento em que Shri Ramana fez a Grande Iniciação
e passou pela transição, um magnífico astro, majestosa
e lentamente, cruzou os céus da Índia, sendo visto em grande
parte do País por inúmeras pessoas, que espontaneamente compreenderam
o evento que ele anunciava.
Ensinamentos
de Ramana Maharshi
Onde
o ego não surge, ali somos Aquilo. Mas, como pode esta perfeita ausência
do ego ser alcançada, se a mente não imergir em sua Fonte?
E se o ego não se extinguir, como poderemos alcançar o Estado
Natural, no qual somos Aquilo?
Auto-realização
Remoção da Ignorância.
Aquieta-te
e sabe que tu és Deus.
Eu-sou
o Eu-sou.
O
mundo das representações, das construções mentais,
é o mundo daquilo que não é.
Somos
a própria Vida, o Ser Infinito, a Fonte de todas as coisas. Nada
há para ser adquirido; há, apenas, ignorância a ser
removida.
O
que adianta conhecermos o que se passa fora de nós, se ficamos na
ignorância do que se passa dentro de nós?
Eu
sou o Espírito que transcende o corpo. O corpo morre, mas o Espírito
que o transcende não pode ser tocado pela morte. Isto significa que
Eu sou o Espírito Imortal.
O
Ser é o manifestador imanifestado. Quem lhe disse que ele está
manifestado? Os seus olhos não se podem ver. Mas, coloque-se diante
de um espelho, e eles poderão se enxergar. Acontece o mesmo com a
criação. Veja a si-mesmo primeiramente e, em seguida, você
verá que não existe nada além do Ser Supremo.
Que
outro meio há senão puxar a mente de volta ao interior toda
a vez que ela vaguear ou se voltar para fora?
'Quem
Sou Eu?' significa tentar encontrar a fonte do Eu ou o Pensamento-eu.
Tudo
o que se precisa fazer é encontrar a Fonte do Eu, e permanecer lá.
O
método é: fique em silêncio.
A
liberação, que é bem-aventurança, é natural
a todos. A
ignorância é uma ilusão da mente, uma falsa sensação.
Apenas
o ego é prisão, e a sua própria natureza, livre do
contágio do ego, é liberação. Não há
engano maior do que acreditar que a liberação, que
está sempre presente como a sua verdadeira natureza, será
alcançada em um tempo futuro. Até
mesmo o desejo pela liberação é fruto da ilusão.
Portanto,
permaneça em silêncio.
O
destino da alma é determinado segundo seu 'prarabdha-karma'. O que
não deve acontecer não acontecerá, não importa
o quanto você deseje. O que deve acontecer acontecerá, não
importa tudo o que você faça para evitar. Quanto a isto, não
resta dúvida. Portanto, o melhor caminho é permanecer em silêncio.
Conheça-te
a ti mesmo. Tudo além [e
aquém] será conhecido por sua própria harmonia.
Discerne entre o eterno, imutável, todo interpenetrante e infinito
Atman e o sempre mutante, fenomênico e perecível universo do
corpo. Inquira: 'Quem sou eu?'. Faz a mente calma. Liberta-te a ti mesmo
de todos os pensamentos outros do que o simples pensamento do Ser ou Atman.
Mergulha profundamente dentro do quarto fechado do teu Coração.
Encontra-te no real e ilimitado Eu. Descansa Nele, pacificamente, para sempre,
e te torna idêntico com o Ser Supremo.
O
mundo é infeliz por causa da sua ignorância do verdadeiro Ser.
A verdadeira natureza humana é a felicidade. A felicidade é
inata no verdadeiro Ser. A procura da felicidade pelo homem é uma
procura inconsciente pelo verdadeiro Ser. O verdadeiro Ser é imperecível;
portanto, quando alguém O encontra, encontra a felicidade, a qual
não tem fim. No interior do Coração, o Ser Supremo
Uno está sempre emitindo a emanação da autoconsciência:
“Eu” ... “Eu”... Para realizá-lo, entre no
seu Coração – através da busca interna ou do
profundo mergulho ou controle da respiração –
e permaneça
no Ser do Ser.
Somente
o 'Eu' Supremo é. Pensar outra coisa é se iludir.
Acima...
Abaixo... O que significa isto?
O
objetivo mais elevado da experiência espiritual é a compreensão
do Eu Superior.
A
meditação profunda é a linguagem eterna. O silêncio
é a linguagem eterna.
O
buscador deve investigar a sua verdadeira natureza, que é sempre
destituída de corpo, e deve permanecer nela.
O
vegetarianismo é absolutamente necessário.
Todos
podem ser aprendizes. O alimento espiritual é comum a todos e nunca
é negado a ninguém.
A
verdade de si-mesmo é a única que vale a pena ser buscada
e conhecida. Realização não é nada a ser adquirido.
Ela está sempre aí, mas, obstruída por uma teia de
pensamentos. Realização é simplesmente a perda do ego.
Destrua o ego pela procura da sua identidade. Uma vez que o ego não
é nenhuma entidade, ele automaticamente desaparecerá, e a
realidade irá brilhar por si mesma. Este é o método
direto, enquanto todos os outros se concretizam somente através da
retenção do ego.
É
evidente que, se o estado perfeito de 'Ahimsa'1
prevalecer, não poderá haver mais nenhuma guerra. Se um homem
insulta seu próximo ou o injuria, o remédio não consiste
em revidar ou resistir, mas, em permanecer tranqüilo, simplesmente.
Esta tranqüilidade provocará a paz nele próprio e deixará
quem o ofendeu pouco à vontade, até o momento em que este
admita seu erro. Mahatma Gandhi se entregou completamente ao Ser Supremo
e cumpre sua missão sem nenhum interesse pessoal. Ele não
se preocupa com os resultados de suas atividades, e os aceita como eles
se apresentam. Sua atitude deveria servir de exemplo a todos os que trabalham
pela nação.
Cuide
primeiro de si mesmo e tudo o mais se seguirá naturalmente.
Submeta-se,
primeiramente, à Vontade Divina, e espere. Você perceberá
que o ambiente que o cerca melhorará à medida que você
se fortificar espiritualmente.
Você
não tem necessidade de se deter em todas as diferenças. A
diversidade é a lei do mundo. Mas, uma corrente única une
todas elas. O Ser é o mesmo em todos os homens. Ele não conhece
nenhuma diferença. As diferenças são superficiais,
exteriores, e provêm da mente pensante. Você deve apenas descobrir
a Unidade Suprema através da meditação.
Existem
diferenças entre os diversos membros do seu corpo. Cada um deles
cumpre sua função. Por que você quer suprimir as diferenças?
Como
você pode esperar reformar o mundo? Mesmo que se esforce intensamente
para isto, não conseguirá.
Por
que você se preocupa tanto em fazer reformas? A conscientização
do Ser provoca automaticamente a reforma social. Contente-se com sua própria
reforma, e a reforma social cuidará dela mesma.
A
paz está sempre presente. Você deve apenas eliminar os obstáculos
que a perturbam. Esta paz é o Ser Eterno.
A
paz é a ausência de perturbação. A perturbação
é provocada pelo surgimento dos pensamentos no homem. Conseqüentemente,
assegurar a paz significa estar livre de todo pensamento e permanecer em
estado de pura consciência. Se um homem obtiver a paz suprema do Ser,
esta se espalhará ao seu redor, sem nenhum esforço da parte
dele. Quando o homem não encontra a paz nele mesmo, como pode sonhar
em espalhá-la fora dele?
Eliminar
a mente pensante e o ego profano através da constante meditação
é uma boa prática para se viver a suprema paz. As pessoas
têm a tendência de não compreender a verdade simples,
a verdade de sua experiência de cada dia, sempre atual e eterna. Esta
verdade é o Ser. Mas, as pessoas não querem ouvir falar disto.
Preferem saber o que se passa no além, no paraíso imaginário,
no inferno... Querem saber sobre a reencarnação. Preferem
o mistério à verdade simples – mistério que as
religiões utilizam para atrair os homens por vias tortuosas. Mas,
é inútil ir por tais caminhos. É necessário
se conscientizar do Ser. Por que, então, não se estabelecer
imediatamente Nele?
O
mundo é apenas uma projeção mental.
As
pessoas conscientes da Verdade Suprema não ignoram que as guerras
assolam o mundo, mas, não são afetadas por elas, assim como
a tela do cinema não é perturbada por cenas de incêndio
ou de inundação. Cuide de você e deixe o mundo cuidar
de si mesmo. Se a autoconscientização é taxada de egoísmo,
este egoísmo deve, então, englobar o mundo inteiro. Não
há nisto nada de desprezível. O mundo é bom assim como
está. Se aparentemente existem problemas, é em virtude do
modo errado como as pessoas se posicionam. O que se deve fazer é
aniquilar o erro inicial, que é a mente pensante. Então, tudo
ficará bem.
Descubra
quem você é em essência, e chegarão ao fim todas
as suas dúvidas.
O
Divino é a perfeição. Mas, você vê o mundo
como imperfeito por causa de sua identificação incorreta.
Sem
a autocompreensão, a compreensão do mundo se torna sem significado.
Mergulhe profundamente em você mesmo... e veja o mundo através
dos olhos do Ser Supremo.
Se
você se dedicar sinceramente a prática da meditação
e da devoção, seus sofrimentos acabarão.
É
inútil desejar medir o Universo e estudar os diversos fenômenos,
pois, os objetos são apenas criações mentais. Querer
medi-los é comparável à tentativa de alguém
que coloca o pé sobre sua própria sombra para bloqueá-la.
Aquele
que deseja os bens deste mundo é semelhante ao sonhador que procura
satisfazer em sonho seus desejos oníricos. No mundo do sonho, você
encontra igualmente os desejos, os objetos desejados e a satisfação.
A criação onírica preenche uma função
tão importante para o sonhador quanto o mundo objetivo para o homem
em estado de vigília. E, no entanto, o sonho não é
considerado real.
Chega-se
[assintoticamente] à
Verdade conscientizando-se do fato fundamental de que todos somos eternos,
e não simplesmente acreditando que o mundo é efêmero.
O
verdadeiro sentido da neutralidade é se conscientizar do Ser.
Materialismo?
Espiritualismo? Tudo depende do ângulo pelo qual os fatos são
observados.
Grandes
homens se mostraram incapazes de resolver o problema da miséria no
mundo porque eram egocêntricos, daí seu insucesso. Se eles
permanecessem no Ser, o resultado seria outro.
Discursos
públicos, atividades físicas e ajuda material são todos
de menor valor do que o silêncio dos Avatares.
Não
confunda a transmissão de Ensinamentos feita por um Mestre com as
palavras proferidas por um erudito.
Se
você permanecer livre da dor, não haverá dor.
Silêncio
significa ser livre de pensamentos.
O
mundo [Universo],
como todas as coisas da manifestação, é sempre o mesmo,
seja hoje, seja amanhã.
Quando
você dorme, sente a presença do tempo e do espaço?
Enquanto
houver a mais leve percepção de individualidade surgirão
dúvidas, indagações intermináveis e jamais haverá
uma resposta plenamente satisfatória. Quando desaparecer o conceito
de dualidade entre si-próprio e o Ser, não haverá mais
confusões nem sofrimentos.
O
Coração
é a única Realidade. A mente é apenas uma fase transitória.
Eles
dizem que estou morrendo, mas, eu não vou embora. Para onde eu poderia
ir? Eu estou aqui.
A
Realidade é, ao mesmo tempo, Ser e Consciência. Conhecê-La
é ser Um com Ela.
Destruir
o ego através da auto-investigação é a verdadeira
renúncia.
'Mouna'
(silêncio) é aquele estado que transcende a fala e o pensamento;
é meditação sem atividade mental. Submissão
da mente é meditação: a meditação profunda
é uma eterna conversa. O silêncio está sempre falando;
ele é o eterno surgir da “Linguagem”. As palavras interrompem
esta muda “conversa”. As leituras podem distrair o indivíduo
por horas sem melhorá-lo; o silêncio, entretanto, é
permanente e beneficia toda a Humanidade. A eloqüência se exprime
pelo silêncio. O silêncio é incessante eloqüência...
Ele é a melhor Linguagem. Há um estado em que todas as palavras
cessam e o silêncio prevalece.
Somente
aquele que deixa sua mente morrer verdadeiramente renasce.2
Não
há engano maior do que acreditar que a libertação,
que é sempre presente por ser a nossa própria essência,
será alcançada em um momento posterior.3
O
Ser é a única Realidade, e é através da Luz
do Ser que tudo o mais é visto.
A
Consciência Pura, completamente desligada do Corpo Físico e
transcendental à mente, é uma questão de experiência
direta [pessoal].4
O sábio conhece sua existência imaterial e eterna, assim como
o leigo conhece a sua existência física. Mas, a experiência
pode ser alcançada, quer se esteja consciente do corpo, quer não.
Na existência imaterial da Consciência Pura, o Sábio
[Iniciado] está
além do tempo e do espaço, e nenhuma pergunta surge sobre
a posição do Coração. Entretanto,
desde que o Corpo
Físico
não pode subsistir à parte da Consciência, a percepção
do Corpo é sempre sustentada pela Consciência Pura. O Corpo,
pela sua natureza, é limitado, e não pode nunca ser eterno
como a Consciência Pura, que é ilimitada. O reflexo da consciência
[objetiva]
no Corpo é simplesmente uma espécie de mônada, reflexo-miniatura
da Consciência Pura, com a qual o Sábio realizou a sua identidade.
Para ele, a consciência do Corpo é somente um raio refletido
da Autoluminosa e Ilimitada Consciência – que é Ele
próprio. É somente neste sentido que o Sábio está
consciente da sua existência física. Desde que, durante a experiência
imaterial do Coração como Consciência Pura, o Sábio
não está apercebido do seu Corpo, aquela experiência
absoluta é localizada por Ele dentro dos limites do Corpo Físico,
como por uma espécie de recordação dos sentidos, deixada
enquanto Ele esteve com a percepção do Corpo. (Grifo
meu).
Nascimento,
morte e toda mudança pertencem apenas aos indivíduos. Mas,
não há individualismo em Brahman que é somente Um,
sem outros. Alcançar Brahman é o objetivo da vida.5
Dois
dedos à direita do centro do peito, está localizado o Centro
da Experiência Espiritual, de acordo com o testemunho dos Sábios.
Este Coração–Centro Espiritual é completamente
diferente do órgão muscular propulsor de sangue, conhecido
pelo mesmo nome. O Coração–Centro
Espiritual
não é um órgão do Corpo Físico. Tudo
o que se pode dizer deste Coração é que Ele é,
em nós,
a própria Essência do Ser. Aquele com o qual estamos perfeitamente
identificados, quer estejamos acordados, dormindo ou sonhando, quer estejamos
trabalhando ou imersos em 'Samadhi' (absorção no Ser).
'Samadhi'
é o nosso estado real.
É
perfeitamente
irrelevante para o 'jnani' (sábio) ou para o 'ajnani' (ignorante)
se o mundo é percebido ou não. O mundo é visto por
ambos, mas, seus pontos de vista diferem.
Deus
é sempre a primeira pessoa – o Eu –
sempre estabelecido
antes do tu. Como você dá preferência às coisas
do mundo, Deus parece haver passado para o segundo plano. Se você
desiste de tudo e procura somente a Ele, Ele apenas permanecerá como
o Eu-Eu – o Ser.
A
Força Espiritual da auto-realização é mais poderosa
do que o uso de todos os poderes ocultos. Visto que não há
ego no Sábio, não há "outros" para ele.
Você
pensa que é o Corpo Físico, e, por isto, confunde a si-mesmo
com o nascimento e a morte dele. Mas, você não é o Corpo
Físico, e, por isto, não tem nascimento nem morte.
Os
obstáculos mentais estarão sempre presentes. A solução
não é mudar de ambiente: se o único obstáculo
é a mente, ela é que precisa ser silenciada, tanto na floresta
quanto no ambiente do lar. Se você pode fazê-lo na floresta,
por que não no lar? Além disto, por que mudar de ambiente?
Seus esforços podem ser feitos mesmo agora, qualquer que seja o lugar
onde você esteja.6
No
permita que sua mente seja distraída pelas coisas objetivas e pelos
pensamentos. Excetuando atender às tarefas que lhe foram adjudicadas
na vida, o restante do seu tempo deve ser passado em 'atma nishta' [permanência
no Eu]; não desperdice nem mesmo um segundo em desatenção
ou letargia.
Para
praticar Atma Vichara7
todo dia é auspicioso e todo momento é bom – nenhuma
disciplina é prescrita em absoluto. A qualquer hora e em qualquer
lugar ela pode ser feita, sem que os outros notem que você a está
fazendo. Todos os outros sadhanas requerem objetos externos e ambiente adequado,
mas para Atma Vichara não se requer nada externo a si mesmo. Voltar
a mente para dentro é tudo o que é necessário. Enquanto
a pessoa está ocupada com Atma Vichara, ela pode facilmente realizar
outras atividades também. Além disto, sendo Atma Vichara um
movimento puramente interno, a pessoa também não atrapalha
outros que estão em volta, enquanto que em 'sadhanas', como 'puja',
os outros notam você. Só a perseverança unidirecionada
é essencial na Atma Vichara, e isto é feito puramente
no interior. Apenas sua atenção no Eu Interior é essencial.
Quanto
mais você se torna humilde, melhor é para você, em tudo.
Conservando
a mente concentrada no interior, você pode viver em qualquer lugar
e sob quaisquer circunstâncias.
Considere
o mundo como se fosse apenas um sonho.
Não
cause o menor problema ou a menor perturbação aos outros.
Além disto, faça você mesmo todo seu trabalho.
Atrações
e aversões devem ser descartadas e evitadas.
Seja
fiel a si mesmo.
Oh,
Senhor, obedeço ao Teu chamado.
Aqui estou eu, abandonando tudo.
Não Te peço nada; não perco nem lamento.
Pegue-me e me faça Teu.
epresentações:
sempre
incompletas.
Sempre
repletas
de ilusões.
epresentações:
sempre
equivocadas.
Sempre
estribadas
em fabulações.
epresentações:
sempre
acinzadas.
Sempre
pintadas
por feios
dragões.
epresentações:
cobiças,
desejos,
paixões,
malfazejos...
Zil
sombrações!
epresentações!
Entra
dia, sai dia:
dor e
malencolia!
São
as nossas prisões!
epresentações!
______
Notas:
1. Ahimsa
é um princípio ético-religioso adotado principalmente
pelo Jainismo, e presente no Hinduísmo e no Budismo, que consiste
na rejeição constante da violência e no respeito absoluto
de toda forma de vida. No Ocidente, a sua notoriedade se deve à prática
da Ahimsa
na conduta coerente de Mahatma Gandhi (1869 – 1948). O Mahatma Gandhi
fez de Ahimsa
o báculo de sua doutrina política. Gandhi definiu a manifestação
de Ahimsa
assim: A não-violência
não consiste em renunciar a toda luta real contra o mal. A não-violência,
tal como eu a concebo, empreende uma campanha mais ativa contra o mal que
a lei de talião, cuja natureza mesma traz como resultado o desenvolvimento
da perversidade. Eu levanto, frente ao imoral, uma oposição
mental e, por conseguinte, moral. Trato de amolecer a espada do tirano,
não cruzando-a com um aço mais afiado, mas, despojando sua
esperança ao não oferecer resistência física
alguma. Ele encontrará em mim uma resistência da alma, que
escapará de seu assalto. Esta resistência primeiramente o cegará,
e, em seguida, o obrigará a se dobrar. E o fato de se dobrar não
humilhará o agressor, mas, o dignificará.
2. Na
verdade, a mente não morre, porque não pode morrer. Ramana
Maharshi sabia disto. O que ele quis dizer com morte da mente é aprender
a dominar os desejos, as cobiças e as paixões, ilusões
que têm origem no Corpo Astral. Então, em última análise,
quem tiver domínio sobre o seu Corpo Astral – o que é
muito difícil – terá dominado a sua mente. E a primeira
etapa desta labuta é dominar os pensamentos, que, geralmente, fazem
o que querem. Quem domina seus pensamentos facilmente conseguirá
dominar suas palavras e suas ações.
3. Ir adiando as coisas,
em um certo sentido, é meio que ir morrendo devagar. Isto não
quer dizer que as coisas possam ser aceleradas. Na verdade, o que é
a aceleração, senão uma ilusão de que as coisas
(particularmente, o tempo que inventamos) estão andando mais rápido?
Quando vai se ficando velho, como eu, tem-se esta impressão.
4. Realmente,
toda experiência é direta, pessoal e intransferível.
O mesmo não poderá viver a experiência do outro, e o
outro não apre(e)nderá nada com a experiência do mesmo.
Orientação, instrução, ensinamento, sim, quando
isto é possível; vivência pelo outro, jamais, porque
isto é impossível. Por isto, qualquer forma de coerção
é infrutífera. Apesar de, em termos metafísicos, o
tempo inexistir, cada um, digamos assim, tem o seu
tempo próprio
de compreensão, de maturação e de realização.
Por isto, são necessárias sei lá quantas encarnações
para... E bota encarnação nisto!
5. Quando,
em textos anteriores, afirmei que o Universo é caracterizado por
mudança e movimento, não fiz a dupla pergunta, que faço
agora: 1ª) Mudança de que em quê? 2ª) Movimento de
onde para onde? Segundo Aristóteles, como recorda Auro José
da Silva Rafael no texto O Primeiro Motor no Livro XII da 'Metafísica'
de Aristóteles, o Primeiro Motor é a causa do movimento.
O Primeiro Motor existe de um único modo e não pode ser de
outro; é eterno, incorruptível e imóvel, sendo impossível
que Ele tenha sido gerado ou que venha a se corromper. Ele deve ter existido
sempre. O Motor Imóvel, que é um Ser Necessário, move
sem ser movido, é eterno, sendo, desde sempre, essência pura
e ato puro. O que Aristóteles nunca explicou é como o Motor
Imóvel move sem ser movido nem o porquê de mover as coisas.
Se você refletir sobre este tema, talvez, venha a concluir que a Unidade
Cósmica é uma permanência-em-si que muda e se movimenta
sem mudar e sem se mover. E assim, o que muda sem mudar e se movimenta sem
se mover só pode ser eternamente Um.
6. Por
isto, certa vez, escrevi que não existem propriamente lugares sagrados
ou especiais, no sentido de serem abençoados. Se fosse assim, a Palestina
seria um pedaço do céu! O lugar se torna vibratoriamente consagrado
ou excelente pelos nossos pensamentos e pelas nossas ações
(condutas, atitudes). Ou seja: somos nós que santificamos os lugares
e as coisas. Em minha casa, talvez, o lugar mais sagrado seja a cadeira
em que me sento para digitar no computador os textos que divulgo. Aqui,
onde estou sentado agora, jamais tive um pensamento dissonante ou elaborei
um descuido indolente. Quem se disponibiliza para Servir, mesmo que não
seja um santo, que é o meu caso, santifica qualquer lugar em que
esteja, e, se este lugar for o próprio inferno, ele ficará
doce e se tornará aprazível, e os demônios acabarão
cantando o Pange
Lingua. Poderão até desafinar, mas, que cantarão,
cantarão. O que poderá resistir ao bem ou a uma boa intenção?
Até o que aconteceu no Gólgota, misticamente, foi uma excelência
vaticinada, que a Humanidade ainda não compreendeu.
7. Questionamento
sobre a natureza real da personalidade-alma.
Páginas
da Internet consultadas:
http://archival.sriramanamaharshi.org/bhagvan.html
http://artie.com/credits.htm
http://www.animated-gifs.eu/kitchen
-sausages/index.php?page=8
http://devotosderamana.blogspot.com.br/
https://pt-br.facebook.com/pages/Sri-Ramana-Maharshi
-A-Luz-no-Caminho/328792243858277
http://www.ufsj.edu.br/
http://giphy.com/gifs/6aI8ZFaoe89y0
http://www.universomistico.org/s/
o-mundo-ramana-maharshi.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ainsa
http://www.humaniversidade.com.br/iluminacao.htm
http://www.curaeascensao.com.br/curaquantica
_arquivos/curaquantica/curaquantica378.html
http://ramanamaharshi-arunachala
-shiva.blogspot.com.br/
http://advaita.com.br/ramana-maharshi/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ramana_Maharshi
http://advaita.com.br/2014/03/10/a-busca/
Música
de fundo:
Arunachala
Shiva
Interpretação: Bhajan Group
Fonte:
http://www.mp3olimp.net/arunachala-shiva/
Direitos
autorais:
As animações,
as fotografias digitais e as mídias digitais que reproduzo (por empréstimo)
neste texto têm exclusivamente a finalidade de ilustrar e embelezar
o trabalho. Neste sentido, os direitos de copyright
são exclusivos de seus autores. Entretanto, como nem sempre sei a
quem me dirigir para pedir autorização para utilizá-las,
se você encontrar algo aqui postado que lhe pertença e desejar
que seja removido, por favor, entre em contato e me avise, que retirarei
do ar imediatamente.