Introdução
abíndranáth
Thákhur, ocidentalizado Tagore, (6 de maio de 1861, Calcutá
– 7 de agosto de 1941, Calcutá) foi escritor, contista, dramaturgo,
poeta e músico indiano. Em 1913, Tagore recebeu o Prêmio Nobel
da Literatura. Dois anos depois, recebeu o título de Cavaleiro Britânico.
Nasceu em Calcutá, na Índia, então sob domínio
britânico, e estudou Direito na Inglaterra de 1878 a 1880. Em 1880,
retornou à Índia para administrar propriedades agrícolas
da família, dedicando-se ao desenvolvimento da agricultura e a projetos
de saúde e educacionais. Com formação filosófica,
chegou a criar uma instituição educativa, em Santiniketan,
denominada A Voz Universal, na qual combinava elementos da cultura hindu
e ocidental. Em clima de liberdade, com aulas ao ar livre, a escola logo
se converteu em centro de difusão do panteísmo espiritualista
(relacionado com as doutrinas védicas) e dos ideais de solidariedade
humana preconizados pelo fundador. Mais tarde, com a venda de uma casa e
das jóias da esposa, fundou uma escola superior de Filosofia em Santiniketan
(que depois foi transformada em Universidade, em 1921).
Sua
obra poética compreende uma coleção de três mil
poemas sobre temas religiosos, políticos e sociais, obra que estimulou
a renovação da literatura em língua bengali. A obra
em prosa, orientada por preocupações humanistas, é
extensa. Inclui oito novelas, 50 ensaios e contos. Com oito anos de idade,
já fazia versos. Aos doze, teve a satisfação de ver
a sua poesia aprovada pelo seu venerando pai, que exclamou: — Se
o rei conhecesse a língua da nossa Terra e pudesse apreciar-lhe a
literatura, recompensaria por certo o poeta. Como músico, compôs
duas mil canções. O volume de poesias mais conhecido é
Oferenda Poética (1913-1915). Seus últimos trabalhos,
entre eles, Cantos Musicais (1910), são classificados dentro
do simbolismo.
Renunciou,
em 1919, ao título de Sir por não concordar com a
política britânica em relação ao Punjabe, mais
exatamente em protesto contra o massacre de Amritsar, cidade do estado do
Punjabe localizada ao noroeste da Índia. A atuação
pública de Tagore foi um fator fundamental para a aproximação
da cultura ocidental com a oriental. Entretanto, as preocupações
sociais do escritor o levaram a defender a independência da Índia
em diversos ensaios, embora sempre tenha considerado que a mudança
individual deve preceder a social.
Rabíndranáth
Tagore chegou a ser aclamado por Mohandas Karamchand Gandhi (1869 - 1948)
como Grande Mestre e foi reconhecido por todos os indianos como
o Sol da Índia. Foi Tagore quem, pela primeira vez, em 1919,
se referiu a Gandhi como Mahatma (do sânscrito A Grande Alma),
quando este o visitou também pela primeira vez. O Mahatma Gandhi
foi um dos idealizadores e fundadores do moderno estado indiano e um influente
defensor do Satyagraha (princípio da não-agressão,
forma não-violenta de protesto) como um meio de revolução
pacífica. O Princípio do Satyagraha – freqüentemente
traduzido como o Caminho da Verdade ou a Busca da Verdade
– também inspirou gerações de ativistas democráticos
e anti-racistas, incluindo Martin Luther King (1929 – 1968) e Nelson
Mandela (1918 -). Freqüentemente, Gandhi afirmava a simplicidade de
seus valores derivados da crença tradicional hindu: verdade (satya)
e não-violência (ahimsa).
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Rabíndranáth
e o Mahatma Gandhi |
Cronologia
1861
– Nascimento em Calcutá. Décimo quarto filho de uma
família que, por tradição, se consagrava à renovação
espiritual do Bengala.
1869
– Rabindranath ingressa na escola. Mostra-se cedo refratário
à coação escolar.
1873
– Seu pai, o mharsi (o santo), encarregado da sua educação,
leva-o ao retiro de Santiniketan e ao Himalaia.
1874
– Publicação de poemas e de críticas na revista
O Saber em Botão. Lê Paulo e Virgínia,
em tradução.
1875 – Morte da sua mãe. Compõe Flores Selvagens,
Lamentações e as suas primeiras obras musicais.
1877 – Publica Ensaios Sobre Dante e Petrarca, História
de um Poeta e os poemas pastiche assinados Bhanu Singha, publicados
na revista Bharati, fundada por dois dos seus irmãos.
1878
– Parte para a Inglaterra para estudar Direito.
1880
– Regresso à Índia. Escreve e publica O Coração
Destroçado.
1881
– Interpreta o papel de Valmiki na sua ópera.
1882
– Publica Os Cantos da Noite.
1883
– Casamento com Mrinalini Devi, de dezoito anos. Publicação
dos Cantos da Aurora e de A Feira da Rainha Nova Desposada.
1884
– Retiro em Gazipur. Ensaios sobre Râm Mohun Roy. lmagens
e Canções.
1886
– Nascimento da sua filha Madhurilata. Publica Dieses e Bemóis.
1888
– Nascimento do seu filho Rathindranath.
1889
– Publica O rei e a Rainha, um drama em verso.
1890
– Tagore empreende a sua segunda viagem à Europa. Percorre
a Itália, a França e a Inglaterra. Na Índia, encarregado
da gestão do domínio familiar, instala-se em Shileida.
Publica A Musa.
1891
– Aos trinta anos é escolhido para o cargo de vice-presidente
da Academia das Letras de Bengala. Publica O Barco de Ouro e Chitra.
1893
– Em Calcutá, representa no seu drama: O Sacrifício.
1894
– Publica Kacha e Devayani.
1896
– Publica A Colheita Invernal.
1900 – Publica Efêmeros.
1901
– Funda a sua escola em Santiniketan. Publica Oferendas.
1902
– Morte da sua mulher. Publica Smaran (in memoriam).
1903
– Participa das manifestações contra a partilha do Bengala
e compõe cantos patrióticos. Morte da sua filha. Escreve para
ela A Lua Jovem.
1904
– Morte do seu discípulo, o jovem poeta Satish Chandra Roy.
No seu ensaio político O Movimento Nacional pronuncia-se
a favor da independência da Índia.
1905
– Morte do seu pai. Ergue-se contra o desmembramento da Índia
pelos Ingleses. Depois
da partilha do Bengala, abandona toda a atividade política. Publica
A Travessia.
1907
– Morte do seu filho mais velho.
1910
– Aparecem Gôra e Gitanjali, publicados em
Londres em tradução inglesa (1912), e que, posteriormente,
André Paul Guillaume Gide (1869 – 1951) traduziu para o francês
sob o título de Oferenda Lírica (1914).
1911
– Festa nacional pelo seu qüinquagésimo aniversário.
1912-13
– Conferências na Inglaterra e nos EEUU.
1913
– Prêmio Nobel. Aparecem: O Jardineiro de Amor e A
Casa e o Mundo. A sua peça Amal e a Carta do Rei é
representada em Londres.
1914 – Publica Cisne.
1915
– É nomeado Cavaleiro (Sir), título que ele
devolve ao Vice-Rei, em 1919. Encontro com o Mahatma Gandhi.
1916
– Publicação em inglês do Fruit-Gathering
(A Cesta de Frutos), título factício que reúne
poemas aparecidos em bengali de 1886 a 1916. Viagem ao Japão. Na
Índia, interpreta o trovador cego na sua peça O Ciclo
da Primavera.
1917
– Abre o Congresso Nacional recitando o seu Índia's Prayer.
1918
– Cria, em Santiniketan, a universidade internacional Visva-Bharati.
Publica A Fugitiva, recolha de histórias em verso.
1919
– Morte da sua filha mais velha.
1920
– Viaja à Europa e aos EEUU para falar da sua universidade
e recolher fundos.
1921
– Encontra Henri-Louis Bergson (1859 – 1941) e Romain Rolland.
Regressa à Índia.
1922
– Aparece A Máquina.
1923
– Lançamento da revista de arte, de literatura e de filosofia
– o Visva-Bharati Quaterly.
1924
– Viagens à Malásia, à China, ao Japão,
à França e à Argentina.
1925
– Preside o Congresso de Filosofia das Índias.
1926
– Percorre a Europa. Encontra-se com Albert Einstein (1879 –
1955).
1927
– Novas viagens: Malásia, Java, Bali e Sião.
1928
– Descobre o desenho e a pintura. Estuda na Escola Governamental de
Calcutá.
1929
– Desloca-se à China, ao Japão, ao Canadá e à
Indochina.
1930
– As suas pinturas são expostas em Paris, Londres, Berlim,
Munique, Genebra, Moscou, Nova lorque e Filadélfia. Faz várias
conferências em Oxford sobre a Religião do Homem.
Aparece Pirilampos.
1931
– Regresso à Índia. Entregam-lhe, pelo seu septuagésimo
aniversário, um Livro de Ouro composto pelos intelectuais do mundo
inteiro. Publica Cartas a um Amigo.
1932
– Visita a Gandhi na prisão. Publicação de Mohua.
1933
– Viagem triunfal ao Ceilão. Não deixará mais
a Índia.
1934
– Recebe Jawaharlal Nehru (1889 – 1964) em Santiniketan.
1939
– Rimas humorísticas: Aquela que Sorri.
1940
– Recebe o Mahatma Gandhi em Santiniketan. Publicação
das suas recordações de infância: Naquele Tempo.
1941
– Para o seu octogésimo aniversário, escreve uma mensagem
ao mundo: A Crise da Civilização. Morre,
em Calcutá, na casa que o viu nascer.
Objetivo
do Trabalho
Este
trabalho tem por objetivo despretensiosamente oferecer um momento de reflexão
sobre alguns pensamentos e poemas do Sol da Índia –
Rabíndranáth Tagore – que, com sua obra monumental e
suas lucubrações originais, abriu, inclusive, novos caminhos
para a interpretação, sob um novo olhar, do Misticismo, procurando
atualizar as antigas doutrinas religiosas nacionais. Dos pensamentos que
selecionei, o que mais me tocou foi: Dormia...
Dormia e sonhava que a vida não era mais do que alegria. Despertei
e vi que a vida não era mais do que servir... E o servir era alegria.
Mas,
talvez, você vá preferir este: Levo dentro de mim mesmo
um peso angustiante: o peso das riquezas que não partilhei com os
demais.
Todos
as Páginas da Internet e Websites consultados
estão referenciados ao final.
Pensamentos
e Poemas
Roubo
do hoje a força
Fazendo nascer o amanhã.
Da janela, acompanho com o olhar
As nuvens do céu.
De novo a sombra sinistra
Tolda tristemente meus sonhos.
Tua
imagem me acompanha
Por todos os lugares por onde ando.
E em todos os momentos
É a tua presença que espanta
As brumas do desconhecido.
Não
faço perguntas.
Tenho medo das respostas que já sei.
Liberta do invólucro físico,
Devolverei a matéria ao pó de que fora feito.
Vivi
meus três caminhos na Terra.
Purgatório. Inferno. Céu.
Tudo de acordo com meus projetos,
Minhas atitudes,
Procurando não reincidir nos mesmos erros.
Agora,
vago e espero,
Entre ápodos e flagelos,
O ressurgir da verdade.
Compreendemos
mal o mundo e depois dizemos que ele nos decepciona.
Como
o mar, ao redor da ilha solitária da vida, a morte canta noite e
dia sua canção sem-fim.
Um
livro aberto é um cérebro que fala; fechado, um amigo que
espera; esquecido, uma alma que perdoa; e destruído, um coração
que chora.
Deixe
a noite perdoar os enganos do dia e assim conseguirá paz para você
mesmo.
Não
existe mais do que uma história: a história do homem. Todas
as histórias nacionais não são mais do que capítulos
de uma maior.
A
borboleta conta momentos e não meses, e tem tempo de sobra.
A
verdadeira amizade á como a fosforescência; resplandece melhor
quando tudo está obscurecido.
Onde
o espírito não teme, a fronte não se curva.
Acho
graça quando ouço dizer que os peixes dentro d'água
estão com sede. Você vaga inquieto, de floresta em floresta,
enquanto a realidade está dentro da sua morada. A verdade está
aqui! Vá aonde quiser, Benzeras ou Mathura, até que você
tenha encontrado Deus em sua alma, todo o mundo lhe parecerá inexpressivo.
Cada
criatura, ao nascer, nos traz a mensagem de que Deus, apesar de tudo, não
perde a esperança nos homens.
Há
triunfos que só se obtêm pelo preço da alma; mas a alma
é mais preciosa do que qualquer triunfo.
Quando
eu estiver contigo, no fim do dia, poderás ver as minhas cicatrizes,
e, então, saberás que eu também me feri, mas me curei.
Aos
que me são queridos, deixo as coisas pequenas. As grandes são
para todos.
O homem é pior que a fera,
quando nele domina a fera.
Não
podes ver o que és. O que vês é a tua sombra.
Se
fechares a porta a todos os erros, a verdade ficará lá fora.
A
fé engana os homens, mas dá a eles um brilho no olhar.
Quanto
maiores somos em humildade, tanto mais próximos estamos da grandeza.
O eco zomba de sua origem para provar
sua originalidade.
Dormia...
Dormia e sonhava que a vida não era mais do que alegria. Despertei
e vi que a vida não era mais do que servir... E o servir era alegria.
O
meu poema é a resposta da minha alma ao apelo do Universo.
O
prazer é tão pouco consistente como a gota do orvalho: brilha
e morre.
—
Perdi minha gotinha de orvalho! — diz
a flor ao céu do amanhecer, que perdeu todas suas estrelas.
Nem
por crescer em poder chegará o falso a ser verdadeiro.
É
fácil falar claramente quando não se vai dizer toda a verdade.
Para os homens, aceitar é
dar; para as mulheres, dar é receber.
O homem, em sua essência, não
deve ser escravo nem de si mesmo nem dos outros...
O
trabalho só nos cansa se não nos dedicarmos a ele com alegria.
Se
de noite chorares pelo Sol não verás as estrelas.
Levo
dentro de mim mesmo um peso angustiante: o peso das riquezas que não
partilhei com os demais.
O
maior vai de boa mente com o mais pequeno. O medíocre vai sozinho.
O
poder infinito de Deus não está na tempestade, mas na brisa.
Aquele
que se ocupa demais em fazer o bem não tem tempo de ser bom.
Os
homens são cruéis, mas o Homem é bom.
Deixa
a cantilena, o cântico e a recitação de contas de rosário!
A quem veneras neste recanto solitário e escuro de um templo de portas
fechadas?
Abre teus olhos e vê que teu Deus não está diante de
ti!
Ele está onde o agricultor está lavrando o chão duro
e onde o pedreiro está rachando pedras.
Ele está com eles no sol e na chuva, e Sua roupa está coberta
de poeira.
Remove teu manto sagrado e, como Ele, desce para o chão empoeirado!
Libertação? Onde se encontra esta libertação?
Nosso Mestre assumiu pessoalmente com alegria os vínculos da criação;
Ele está vinculado a nós para sempre.
Sai de tuas meditações e deixa de lado tuas flores e o incenso!
Que mal há se tuas roupas ficarem gastas e manchadas?
Encontra-O e fica com Ele na faina e no suor de tua face.
A
inteligência aguda e sem grandeza tudo fura e nada move.
A
pátria não é a Terra. No entanto, os homens que a Terra
nutre são a pátria.
A
Terra é insultada e oferece suas flores como resposta.
O
homem que precisa mendigar amor é o mais mísero de todos os
mendigos.
Que
eu reze, não para ser preservado dos perigos, mas, para olhá-los
de frente.
O amor é o significado final
de tudo o que nos rodeia. Não é um simples sentimento; é
a verdade, é a alegria que está na origem de toda a criação.
O
benfeitor bate na porta, mas aquele que ama a encontra aberta.
Quando me ordenas cantar, parece
que o meu coração vai se arrebentar de orgulho. Então,
contemplo a tua face e as lágrimas me vêm aos olhos.
A
poesia é o eco da melodia do Universo no Coração dos
seres humanos.
Embriagado
pela alegria de cantar, esqueço de mim mesmo e Te chamo amigo –
Tu que és o meu Senhor.
No
dia em que a flor de lótus desabrochou
A minha mente vagava, e eu não a percebi.
Minha cesta estava vazia e a flor ficou esquecida.
Somente agora, e novamente, uma tristeza caiu sobre mim.
Acordei do meu sonho sentindo o doce rastro
De um perfume no vento sul.
Essa vaga doçura fez o meu coração doer de saudade.
Pareceu-me ser o sopro ardente no verão,
procurando
completar-se.
Eu não sabia, então, que a flor estava tão perto de
mim!
Que ela era minha...
E que essa perfeita doçura
Tinha desabrochado no fundo do meu Coração.
Em
nome da liberdade exterior, é tão fácil esmagar a liberdade
interior.
Se não tens apetite, não
culpes o teu alimento.
Não é tarefa fácil
dirigir os homens; empurrá-los, por sua vez, é muito fácil.
O
bosque seria muito triste somente com os cantos dos pássaros que
cantam bem.
Levo
em meu mundo que floresce todos os mundos que fracassaram.
O
homem adentra na multidão para sufocar o grito de seu próprio
silêncio.
O
silêncio saberá proteger-te a voz, como o ninho protege as
aves adormecidas.
Formosura
procura encontrar-te no amor, não na adulação do espelho.
É
hora de partir, meus irmãos, minhas irmãs.
Eu já devolvi as chaves da minha porta
E desisto de qualquer direito à minha casa.
Fomos vizinhos durante muito tempo,
E recebi mais do que pude dar.
Agora, vai raiando o dia,
E a lâmpada que iluminava o meu canto escuro
Apagou-se.
Veio a intimação e estou pronto para a minha jornada.
Não indaguem sobre o que levo comigo.
Sigo de mãos vazias e o Coração confiante.
A
falta de amor é um grau de imbecilidade, porque o amor é a
perfeição da consciência.
Nós
não atravessaremos o oceano apenas fitando a água.
Que
eu nunca mendigue paz para a minha dor, mas Coração forte
para dominá-la.
Sou
como um caminho noturno que escuta em silêncio os passos de suas recordações.
Acende
a lâmpada do amor com a tua vida!
Nós
conseguimos engolir carne apenas porque não pensamos na coisa cruel
e pecaminosa que fazemos.
A
noite abre as flores em segredo e deixa que o dia receba os agradecimentos.
Quando
minha voz se calar com a morte, meu Coração seguirá
te falando.
Se
não falas, vou encher o meu coração
Com o teu silêncio, e agüentá-lo.
Ficarei quieto, esperando, como a noite
Em sua vigília estrelada,
Com a cabeça pacientemente inclinada.
A
manhã certamente virá,
A escuridão se dissipará, e a tua voz
Se derramará em torrentes douradas por todo o céu.
Então
as tuas palavras voarão
Em canções de cada ninho dos meus pássaros,
E as tuas melodias brotarão
Em flores por todos os recantos da minha floresta.
A
música é a mais pura forma de arte; por esse motivo, os verdadeiros
poetas procuram expressar o Universo em termos de música.
Ao
converteres uma árvore em lenha ela arderá para ti; porém,
já não produzirá nem flores nem frutos.
Quatro
Palavrinhas Finais
Primeira
palavrinha: a propósito do pensamento de Rabíndranáth
– Dormia... Dormia e sonhava que a vida não era mais do
que alegria. Despertei e vi que a vida não era mais do que servir...
E o servir era alegria. – escrevi e publiquei o seguinte poema:
Eu
acordava, cantava, dançava... E dormia...
Pensava
que a vida era apenas alegria.
De
noite, lambamba; de dia, dava que falar.
Minha
vida era trivialmente fanfarronar.
O
tempo passou... A velhice chegou...
Em
meu Coração, a Voz Silente falou:
Segunda
palavrinha: também inspirado no pensamento de Rabíndranáth
– Levo dentro de mim mesmo um peso angustiante: o peso das riquezas
que não partilhei com os demais. – escrevi e publiquei
o poema abaixo:
Por
que? Por que? Por que?
Por
que não compartilhei um pouco mais?
Por
que não partilhei com os demais?
Por
que? Por que? Por que?
Por
que? Por que? Por que?
Por
que fui um super ás da egolatria?
Por
que fui um super ás da sobrevalia?
Por
que? Por que? Por que?
Por
que? Por que? Por que?
Por
que tanta ensurdecência... Tanta parvulez?
Por
que tanta ambição... Tanta cupidez?
Por
que? Por que? Por que?
Por
que? Por que? Por que?
Esqueci,
fui entropizado e morri.
Por
que não convergi, unifiquei e Vivi?
Terceira
palavrinha: Localizado em Agra, na Índia, o Taj Mahal é atualmente
considerado uma das Sete Maravilhas e o Símbolo do Amor. As Sete
Maravilhas da Antigüidade (Ta Hepta Thaemata) eram: as Pirâmides
do Egito, os Jardins Suspensos da Babilônia, a Estátua de Zeus,
o Mausoléu em Halicarnassus, o Templo de Artemis, o Colosso de Rhodes
e o Farol de Alexandria. Na modernidade, o Taj Mahal, inegavelmente, é
uma das obras-primas da arquitetura indo-muçulmana. O monumento é,
na realidade, um mausoléu construído em mármore branco
com detalhes esculpidos em mármore colorido encravado de pedras semipreciosas,
contendo, também, inscrições relativas a textos do
Alcorão – Livro Sagrado que contém o código
religioso, moral e político dos muçulmanos – mandado
construir pelo Imperador Shah Jahan, entre 1632 e 1652 (estas datas não
coincidem entre os autores), em homenagem à Arjumand Banu Begun,
que, mais tarde, se tornaria sua esposa e seria imortalizada com o nome
de Mumtaz Mahal (que significa a Eleita do Palácio). Shah Jahan convidou
os mais famosos arquitetos e artistas dos impérios persa e mongol,
e mandou comprar os mais perfeitos e belos mármores, jades e rubis
para decorar o mais esplendoroso túmulo que alguém poderia
imaginar em vida poder ter. Mumtaz Mahal morreu ao dar à luz o 14º
filho do casal. Shah Jahan, então, sofrendo desesperadamente, ordenou
que fosse construído um túmulo ímpar (quer dizer, que
não tem par, único) para a sua bem-amada esposa, segundo a
orientação: – Que não seja fúnebre,
pois deverá celebrar a curta vida de um amor. A sua beleza e a sua
graça hão de recordar eternamente a mulher, sem jamais envelhecer.
Será um sonho de mármore edificado na fronteira delicada entre
o real e o irreal, como a própria paixão. Realmente muito
lindo. Rabindranath Tagore poetificou: O Taj Mahal é uma lágrima
de amor na face da eternidade. Se soubesse que Shah Jahan, depois de
a obra pronta, mandou cortar todos os dedos das mãos de todos os
operários da obra (mais ou menos 20.000), para que ninguém
reproduzisse a beleza e a imponência que havia construído,
e que, também, mandou confinar seu pai em um dos quartos da torre
principal até que ele morresse, talvez tivesse se abstido de ter
feito aquele comentário poético sobre o Taj
Mahal. Ora, se o Taj é uma lágrima de amor na na
face da eternidade (que não tem face e nem chora), o
que poderiam representar para um imperador apaixonado 200.000 dedos [20.000
x 10 dedos (5 de cada mão) é igual a 200.000
dedos]. Matemática elementar! O pai... Bem, o pai deve ter merecido
a maldadezinha irrelevante de ter sido confinado
em um dos quartos da torre principal até que morresse. Afinal,
ele não ficou encarcerado em nenhum presídio brasileiro. Bolas!
Eu não entendo nada disto.
Última
palavrinha: Quanto ao título-honraria de Cavaleiro (Sir),
como se viu, Rabíndranáth acabou, tão honradamente
como recebeu, renunciando a ele por causa do massacre-matança de
Amritsar de 13 de abril de 1919, quando as tropas britânicas trucidaram
400 manifestantes indianos. Para concluir, reflitam no que Tagore escreveu:
Disse
o Poder
ao Mundo... Sois meu!
E o mundo o aprisionou em seu trono.
Disse o Amor ao Mundo... Sou teu!
E o Mundo lhe abriu todas as suas portas...
Páginas
da Internet consultadas:
http://www.frasesfamosas.com.br/
de/rabindranath-tagore.html
http://antmes.planetaclix.pt/Tagore-Obra.htm
http://www.beatrix.pro.br/literatura/tagore.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mahatma_Gandhi
http://picasaweb.google.com/hildegard.kittel
/Hinduismo/photo#5104072617954463090
http://agora.qc.ca/mot.nsf/
Dossiers/Rabindranath_Tagore
http://www.ponteiro.com.br/vf.php?p4=8416
http://www.netsaber.com.br/
biografias/ver_biografia_c_1097.html
http://pt.wikiquote.org/
wiki/Rabindranath_Tagore
http://amediavoz.com/tagore.htm
http://www.epdlp.com/
escritor.php?id=2347
http://www.proverbia.net/
citasautor.asp?autor=962
http://www.geocities.com/
toshiko.geo/index.htm
http://www.cuidardoser.com.br/
coletanea-tagore.htm
http://www.cuidardoser.com.br/
verdades.htm
http://pt.wikipedia.org/
wiki/Rabindranath_Tagore
Fonte
do fundo musical:
http://peperonity.com/