Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Rabíndranáth Tagore

 

 

 

 

Disse o Poder ao Mundo... Sois meu!

E o mundo o aprisionou em seu trono.

Disse o Amor ao Mundo... Sou teu!

E o Mundo lhe abriu todas as suas portas...

 

Rabíndranáth Tagore

 

 

 

 

 

Introdução

 

 

 

abíndranáth Thákhur, ocidentalizado Tagore, (6 de maio de 1861, Calcutá – 7 de agosto de 1941, Calcutá) foi escritor, contista, dramaturgo, poeta e músico indiano. Em 1913, Tagore recebeu o Prêmio Nobel da Literatura. Dois anos depois, recebeu o título de Cavaleiro Britânico. Nasceu em Calcutá, na Índia, então sob domínio britânico, e estudou Direito na Inglaterra de 1878 a 1880. Em 1880, retornou à Índia para administrar propriedades agrícolas da família, dedicando-se ao desenvolvimento da agricultura e a projetos de saúde e educacionais. Com formação filosófica, chegou a criar uma instituição educativa, em Santiniketan, denominada A Voz Universal, na qual combinava elementos da cultura hindu e ocidental. Em clima de liberdade, com aulas ao ar livre, a escola logo se converteu em centro de difusão do panteísmo espiritualista (relacionado com as doutrinas védicas) e dos ideais de solidariedade humana preconizados pelo fundador. Mais tarde, com a venda de uma casa e das jóias da esposa, fundou uma escola superior de Filosofia em Santiniketan (que depois foi transformada em Universidade, em 1921).

 

Sua obra poética compreende uma coleção de três mil poemas sobre temas religiosos, políticos e sociais, obra que estimulou a renovação da literatura em língua bengali. A obra em prosa, orientada por preocupações humanistas, é extensa. Inclui oito novelas, 50 ensaios e contos. Com oito anos de idade, já fazia versos. Aos doze, teve a satisfação de ver a sua poesia aprovada pelo seu venerando pai, que exclamou: — Se o rei conhecesse a língua da nossa Terra e pudesse apreciar-lhe a literatura, recompensaria por certo o poeta. Como músico, compôs duas mil canções. O volume de poesias mais conhecido é Oferenda Poética (1913-1915). Seus últimos trabalhos, entre eles, Cantos Musicais (1910), são classificados dentro do simbolismo.

 

Renunciou, em 1919, ao título de Sir por não concordar com a política britânica em relação ao Punjabe, mais exatamente em protesto contra o massacre de Amritsar, cidade do estado do Punjabe localizada ao noroeste da Índia. A atuação pública de Tagore foi um fator fundamental para a aproximação da cultura ocidental com a oriental. Entretanto, as preocupações sociais do escritor o levaram a defender a independência da Índia em diversos ensaios, embora sempre tenha considerado que a mudança individual deve preceder a social.

 

Rabíndranáth Tagore chegou a ser aclamado por Mohandas Karamchand Gandhi (1869 - 1948) como Grande Mestre e foi reconhecido por todos os indianos como o Sol da Índia. Foi Tagore quem, pela primeira vez, em 1919, se referiu a Gandhi como Mahatma (do sânscrito A Grande Alma), quando este o visitou também pela primeira vez. O Mahatma Gandhi foi um dos idealizadores e fundadores do moderno estado indiano e um influente defensor do Satyagraha (princípio da não-agressão, forma não-violenta de protesto) como um meio de revolução pacífica. O Princípio do Satyagraha – freqüentemente traduzido como o Caminho da Verdade ou a Busca da Verdade – também inspirou gerações de ativistas democráticos e anti-racistas, incluindo Martin Luther King (1929 – 1968) e Nelson Mandela (1918 -). Freqüentemente, Gandhi afirmava a simplicidade de seus valores derivados da crença tradicional hindu: verdade (satya) e não-violência (ahimsa).

 

 

Rabíndranáth Tagore e o Mahatma Gandhi
Rabíndranáth e o Mahatma Gandhi

 

 


Cronologia

 

 

 

1861 – Nascimento em Calcutá. Décimo quarto filho de uma família que, por tradição, se consagrava à renovação espiritual do Bengala.

1869 – Rabindranath ingressa na escola. Mostra-se cedo refratário à coação escolar.

1873 – Seu pai, o mharsi (o santo), encarregado da sua educação, leva-o ao retiro de Santiniketan e ao Himalaia.

1874 – Publicação de poemas e de críticas na revista O Saber em Botão. Lê Paulo e Virgínia, em tradução.

1875 – Morte da sua mãe. Compõe Flores Selvagens, Lamentações e as suas primeiras obras musicais.

1877 – Publica Ensaios Sobre Dante e Petrarca, História de um Poeta e os poemas pastiche assinados Bhanu Singha, publicados na revista Bharati, fundada por dois dos seus irmãos.

1878 – Parte para a Inglaterra para estudar Direito.

1880 – Regresso à Índia. Escreve e publica O Coração Destroçado.

1881 – Interpreta o papel de Valmiki na sua ópera.

1882 – Publica Os Cantos da Noite.

1883 – Casamento com Mrinalini Devi, de dezoito anos. Publicação dos Cantos da Aurora e de A Feira da Rainha Nova Desposada.

1884 – Retiro em Gazipur. Ensaios sobre Râm Mohun Roy. lmagens e Canções.

1886 – Nascimento da sua filha Madhurilata. Publica Dieses e Bemóis.

1888 – Nascimento do seu filho Rathindranath.

1889 – Publica O rei e a Rainha, um drama em verso.

1890 – Tagore empreende a sua segunda viagem à Europa. Percorre a Itália, a França e a Inglaterra. Na Índia, encarregado da gestão do domínio familiar, instala-se em Shileida. Publica A Musa.

1891 – Aos trinta anos é escolhido para o cargo de vice-presidente da Academia das Letras de Bengala. Publica O Barco de Ouro e Chitra.

1893 – Em Calcutá, representa no seu drama: O Sacrifício.

1894 – Publica Kacha e Devayani.

1896 – Publica A Colheita Invernal.

1900 – Publica Efêmeros.

1901 – Funda a sua escola em Santiniketan. Publica Oferendas.

1902 – Morte da sua mulher. Publica Smaran (in memoriam).

1903 – Participa das manifestações contra a partilha do Bengala e compõe cantos patrióticos. Morte da sua filha. Escreve para ela A Lua Jovem.

1904 – Morte do seu discípulo, o jovem poeta Satish Chandra Roy. No seu ensaio político O Movimento Nacional pronuncia-se a favor da independência da Índia.

1905 – Morte do seu pai. Ergue-se contra o desmembramento da Índia pelos Ingleses. Depois da partilha do Bengala, abandona toda a atividade política. Publica A Travessia.

1907 – Morte do seu filho mais velho.

1910 – Aparecem Gôra e Gitanjali, publicados em Londres em tradução inglesa (1912), e que, posteriormente, André Paul Guillaume Gide (1869 – 1951) traduziu para o francês sob o título de Oferenda Lírica (1914).

1911 – Festa nacional pelo seu qüinquagésimo aniversário.

1912-13 – Conferências na Inglaterra e nos EEUU.

1913 – Prêmio Nobel. Aparecem: O Jardineiro de Amor e A Casa e o Mundo. A sua peça Amal e a Carta do Rei é representada em Londres.

1914 – Publica Cisne.

1915 – É nomeado Cavaleiro (Sir), título que ele devolve ao Vice-Rei, em 1919. Encontro com o Mahatma Gandhi.

1916 – Publicação em inglês do Fruit-Gathering (A Cesta de Frutos), título factício que reúne poemas aparecidos em bengali de 1886 a 1916. Viagem ao Japão. Na Índia, interpreta o trovador cego na sua peça O Ciclo da Primavera.

1917 – Abre o Congresso Nacional recitando o seu Índia's Prayer.

1918 – Cria, em Santiniketan, a universidade internacional Visva-Bharati. Publica A Fugitiva, recolha de histórias em verso.

1919 – Morte da sua filha mais velha.

1920 – Viaja à Europa e aos EEUU para falar da sua universidade e recolher fundos.

1921 – Encontra Henri-Louis Bergson (1859 – 1941) e Romain Rolland. Regressa à Índia.

1922 – Aparece A Máquina.

1923 – Lançamento da revista de arte, de literatura e de filosofia – o Visva-Bharati Quaterly.

1924 – Viagens à Malásia, à China, ao Japão, à França e à Argentina.

1925 – Preside o Congresso de Filosofia das Índias.

1926 – Percorre a Europa. Encontra-se com Albert Einstein (1879 – 1955).

1927 – Novas viagens: Malásia, Java, Bali e Sião.

1928 – Descobre o desenho e a pintura. Estuda na Escola Governamental de Calcutá.

1929 – Desloca-se à China, ao Japão, ao Canadá e à Indochina.

1930 – As suas pinturas são expostas em Paris, Londres, Berlim, Munique, Genebra, Moscou, Nova lorque e Filadélfia. Faz várias conferências em Oxford sobre a Religião do Homem. Aparece Pirilampos.

1931 – Regresso à Índia. Entregam-lhe, pelo seu septuagésimo aniversário, um Livro de Ouro composto pelos intelectuais do mundo inteiro. Publica Cartas a um Amigo.

1932 – Visita a Gandhi na prisão. Publicação de Mohua.

1933 – Viagem triunfal ao Ceilão. Não deixará mais a Índia.

1934 – Recebe Jawaharlal Nehru (1889 – 1964) em Santiniketan.

1939 – Rimas humorísticas: Aquela que Sorri.

1940 – Recebe o Mahatma Gandhi em Santiniketan. Publicação das suas recordações de infância: Naquele Tempo.

1941 – Para o seu octogésimo aniversário, escreve uma mensagem ao mundo: A Crise da Civilização. Morre, em Calcutá, na casa que o viu nascer.

 

 

 

 

Objetivo do Trabalho

 

 

 

 

Este trabalho tem por objetivo despretensiosamente oferecer um momento de reflexão sobre alguns pensamentos e poemas do Sol da Índia – Rabíndranáth Tagore – que, com sua obra monumental e suas lucubrações originais, abriu, inclusive, novos caminhos para a interpretação, sob um novo olhar, do Misticismo, procurando atualizar as antigas doutrinas religiosas nacionais. Dos pensamentos que selecionei, o que mais me tocou foi: Dormia... Dormia e sonhava que a vida não era mais do que alegria. Despertei e vi que a vida não era mais do que servir... E o servir era alegria. Mas, talvez, você vá preferir este: Levo dentro de mim mesmo um peso angustiante: o peso das riquezas que não partilhei com os demais.

 

Todos as Páginas da Internet e Websites consultados estão referenciados ao final.

 

 

 

 

Pensamentos e Poemas

 

 

 

 

Roubo do hoje a força
Fazendo nascer o amanhã.
Da janela, acompanho com o olhar
As nuvens do céu.
De novo a sombra sinistra
Tolda tristemente meus sonhos.

Tua imagem me acompanha
Por todos os lugares por onde ando.
E em todos os momentos
É a tua presença que espanta
As brumas do desconhecido.

Não faço perguntas.
Tenho medo das respostas que já sei.
Liberta do invólucro físico,
Devolverei a matéria ao pó de que fora feito.

Vivi meus três caminhos na Terra.
Purgatório. Inferno. Céu.
Tudo de acordo com meus projetos,
Minhas atitudes,
Procurando não reincidir nos mesmos erros.

Agora, vago e espero,
Entre ápodos e flagelos,
O ressurgir da verdade.

 

Compreendemos mal o mundo e depois dizemos que ele nos decepciona.

 

Como o mar, ao redor da ilha solitária da vida, a morte canta noite e dia sua canção sem-fim.

 

Um livro aberto é um cérebro que fala; fechado, um amigo que espera; esquecido, uma alma que perdoa; e destruído, um coração que chora.

 

Deixe a noite perdoar os enganos do dia e assim conseguirá paz para você mesmo.

 

Não existe mais do que uma história: a história do homem. Todas as histórias nacionais não são mais do que capítulos de uma maior.

 

A borboleta conta momentos e não meses, e tem tempo de sobra.

 

 

 

 

A verdadeira amizade á como a fosforescência; resplandece melhor quando tudo está obscurecido.

 

Onde o espírito não teme, a fronte não se curva.

 

Acho graça quando ouço dizer que os peixes dentro d'água estão com sede. Você vaga inquieto, de floresta em floresta, enquanto a realidade está dentro da sua morada. A verdade está aqui! Vá aonde quiser, Benzeras ou Mathura, até que você tenha encontrado Deus em sua alma, todo o mundo lhe parecerá inexpressivo.

 

Cada criatura, ao nascer, nos traz a mensagem de que Deus, apesar de tudo, não perde a esperança nos homens.

 

Há triunfos que só se obtêm pelo preço da alma; mas a alma é mais preciosa do que qualquer triunfo.

 

Quando eu estiver contigo, no fim do dia, poderás ver as minhas cicatrizes, e, então, saberás que eu também me feri, mas me curei.

 

Aos que me são queridos, deixo as coisas pequenas. As grandes são para todos.

 

O homem é pior que a fera, quando nele domina a fera.

 

Não podes ver o que és. O que vês é a tua sombra.

 

Se fechares a porta a todos os erros, a verdade ficará lá fora.

 

A fé engana os homens, mas dá a eles um brilho no olhar.

 

Quanto maiores somos em humildade, tanto mais próximos estamos da grandeza.

 

O eco zomba de sua origem para provar sua originalidade.

 

Dormia... Dormia e sonhava que a vida não era mais do que alegria. Despertei e vi que a vida não era mais do que servir... E o servir era alegria.

 

O meu poema é a resposta da minha alma ao apelo do Universo.

 

O prazer é tão pouco consistente como a gota do orvalho: brilha e morre.

 

Perdi minha gotinha de orvalho! — diz a flor ao céu do amanhecer, que perdeu todas suas estrelas.

 

Nem por crescer em poder chegará o falso a ser verdadeiro.

 

É fácil falar claramente quando não se vai dizer toda a verdade.

 

Para os homens, aceitar é dar; para as mulheres, dar é receber.

 

O homem, em sua essência, não deve ser escravo nem de si mesmo nem dos outros...

 

O trabalho só nos cansa se não nos dedicarmos a ele com alegria.

 

Se de noite chorares pelo Sol não verás as estrelas.

 

Levo dentro de mim mesmo um peso angustiante: o peso das riquezas que não partilhei com os demais.

 

O maior vai de boa mente com o mais pequeno. O medíocre vai sozinho.

 

O poder infinito de Deus não está na tempestade, mas na brisa.

 

Aquele que se ocupa demais em fazer o bem não tem tempo de ser bom.

 

Os homens são cruéis, mas o Homem é bom.

 

Deixa a cantilena, o cântico e a recitação de contas de rosário!
A quem veneras neste recanto solitário e escuro de um templo de portas fechadas?
Abre teus olhos e vê que teu Deus não está diante de ti!
Ele está onde o agricultor está lavrando o chão duro e onde o pedreiro está rachando pedras.
Ele está com eles no sol e na chuva, e Sua roupa está coberta de poeira.
Remove teu manto sagrado e, como Ele, desce para o chão empoeirado!
Libertação? Onde se encontra esta libertação?
Nosso Mestre assumiu pessoalmente com alegria os vínculos da criação;
Ele está vinculado a nós para sempre.
Sai de tuas meditações e deixa de lado tuas flores e o incenso!
Que mal há se tuas roupas ficarem gastas e manchadas?
Encontra-O e fica com Ele na faina e no suor de tua face.

 

A inteligência aguda e sem grandeza tudo fura e nada move.

 

A pátria não é a Terra. No entanto, os homens que a Terra nutre são a pátria.

 

A Terra é insultada e oferece suas flores como resposta.

 

O homem que precisa mendigar amor é o mais mísero de todos os mendigos.

 

Que eu reze, não para ser preservado dos perigos, mas, para olhá-los de frente.

 

O amor é o significado final de tudo o que nos rodeia. Não é um simples sentimento; é a verdade, é a alegria que está na origem de toda a criação.

 

O benfeitor bate na porta, mas aquele que ama a encontra aberta.

 

Quando me ordenas cantar, parece que o meu coração vai se arrebentar de orgulho. Então, contemplo a tua face e as lágrimas me vêm aos olhos.

 

A poesia é o eco da melodia do Universo no Coração dos seres humanos.

 

Embriagado pela alegria de cantar, esqueço de mim mesmo e Te chamo amigo – Tu que és o meu Senhor.

 

No dia em que a flor de lótus desabrochou
A minha mente vagava, e eu não a percebi.
Minha cesta estava vazia e a flor ficou esquecida.
Somente agora, e novamente, uma tristeza caiu sobre mim.
Acordei do meu sonho sentindo o doce rastro
De um perfume no vento sul.
Essa vaga doçura fez o meu coração doer de saudade.
Pareceu-me ser o sopro ardente no verão,
procurando completar-se.
Eu não sabia, então, que a flor estava tão perto de mim!
Que ela era minha...
E que essa perfeita doçura
Tinha desabrochado no fundo do meu Coração.

 

Em nome da liberdade exterior, é tão fácil esmagar a liberdade interior.

 

Se não tens apetite, não culpes o teu alimento.

 

Não é tarefa fácil dirigir os homens; empurrá-los, por sua vez, é muito fácil.

 

O bosque seria muito triste somente com os cantos dos pássaros que cantam bem.

 

Levo em meu mundo que floresce todos os mundos que fracassaram.

 

O homem adentra na multidão para sufocar o grito de seu próprio silêncio.

 

O silêncio saberá proteger-te a voz, como o ninho protege as aves adormecidas.

 

Formosura procura encontrar-te no amor, não na adulação do espelho.

 

É hora de partir, meus irmãos, minhas irmãs.
Eu já devolvi as chaves da minha porta
E desisto de qualquer direito à minha casa.
Fomos vizinhos durante muito tempo,
E recebi mais do que pude dar.
Agora, vai raiando o dia,
E a lâmpada que iluminava o meu canto escuro
Apagou-se.
Veio a intimação e estou pronto para a minha jornada.
Não indaguem sobre o que levo comigo.
Sigo de mãos vazias e o Coração confiante.

 

A falta de amor é um grau de imbecilidade, porque o amor é a perfeição da consciência.

 

Nós não atravessaremos o oceano apenas fitando a água.

 

Que eu nunca mendigue paz para a minha dor, mas Coração forte para dominá-la.

 

Sou como um caminho noturno que escuta em silêncio os passos de suas recordações.

 

Acende a lâmpada do amor com a tua vida!

 

Nós conseguimos engolir carne apenas porque não pensamos na coisa cruel e pecaminosa que fazemos.

 

A noite abre as flores em segredo e deixa que o dia receba os agradecimentos.

 

Quando minha voz se calar com a morte, meu Coração seguirá te falando.

 

Se não falas, vou encher o meu coração
Com o teu silêncio, e agüentá-lo.
Ficarei quieto, esperando, como a noite
Em sua vigília estrelada,
Com a cabeça pacientemente inclinada.

A manhã certamente virá,
A escuridão se dissipará, e a tua voz
Se derramará em torrentes douradas por todo o céu.

Então as tuas palavras voarão
Em canções de cada ninho dos meus pássaros,
E as tuas melodias brotarão
Em flores por todos os recantos da minha floresta.

 

A música é a mais pura forma de arte; por esse motivo, os verdadeiros poetas procuram expressar o Universo em termos de música.

 

Ao converteres uma árvore em lenha ela arderá para ti; porém, já não produzirá nem flores nem frutos.





 

 

 

 

Quatro Palavrinhas Finais

 

 

 

Primeira palavrinha: a propósito do pensamento de Rabíndranáth – Dormia... Dormia e sonhava que a vida não era mais do que alegria. Despertei e vi que a vida não era mais do que servir... E o servir era alegria. – escrevi e publiquei o seguinte poema:

 

Eu acordava, cantava, dançava... E dormia...

Pensava que a vida era apenas alegria.

De noite, lambamba; de dia, dava que falar.

Minha vida era trivialmente fanfarronar.

 

 

O tempo passou... A velhice chegou...

Em meu Coração, a Voz Silente falou:

 

 

Segunda palavrinha: também inspirado no pensamento de Rabíndranáth – Levo dentro de mim mesmo um peso angustiante: o peso das riquezas que não partilhei com os demais. – escrevi e publiquei o poema abaixo:

 

Por que? Por que? Por que?

Por que não compartilhei um pouco mais?

Por que não partilhei com os demais?

Por que? Por que? Por que?

 

 

Por que? Por que? Por que?

Por que fui um super ás da egolatria?

Por que fui um super ás da sobrevalia?

Por que? Por que? Por que?

 

 

Por que? Por que? Por que?

Por que tanta ensurdecência... Tanta parvulez?

Por que tanta ambição... Tanta cupidez?

Por que? Por que? Por que?

 

 

Por que? Por que? Por que?

Esqueci, fui entropizado e morri.

Por que não convergi, unifiquei e Vivi?


 

 

Terceira palavrinha: Localizado em Agra, na Índia, o Taj Mahal é atualmente considerado uma das Sete Maravilhas e o Símbolo do Amor. As Sete Maravilhas da Antigüidade (Ta Hepta Thaemata) eram: as Pirâmides do Egito, os Jardins Suspensos da Babilônia, a Estátua de Zeus, o Mausoléu em Halicarnassus, o Templo de Artemis, o Colosso de Rhodes e o Farol de Alexandria. Na modernidade, o Taj Mahal, inegavelmente, é uma das obras-primas da arquitetura indo-muçulmana. O monumento é, na realidade, um mausoléu construído em mármore branco com detalhes esculpidos em mármore colorido encravado de pedras semipreciosas, contendo, também, inscrições relativas a textos do Alcorão – Livro Sagrado que contém o código religioso, moral e político dos muçulmanos – mandado construir pelo Imperador Shah Jahan, entre 1632 e 1652 (estas datas não coincidem entre os autores), em homenagem à Arjumand Banu Begun, que, mais tarde, se tornaria sua esposa e seria imortalizada com o nome de Mumtaz Mahal (que significa a Eleita do Palácio). Shah Jahan convidou os mais famosos arquitetos e artistas dos impérios persa e mongol, e mandou comprar os mais perfeitos e belos mármores, jades e rubis para decorar o mais esplendoroso túmulo que alguém poderia imaginar em vida poder ter. Mumtaz Mahal morreu ao dar à luz o 14º filho do casal. Shah Jahan, então, sofrendo desesperadamente, ordenou que fosse construído um túmulo ímpar (quer dizer, que não tem par, único) para a sua bem-amada esposa, segundo a orientação: – Que não seja fúnebre, pois deverá celebrar a curta vida de um amor. A sua beleza e a sua graça hão de recordar eternamente a mulher, sem jamais envelhecer. Será um sonho de mármore edificado na fronteira delicada entre o real e o irreal, como a própria paixão. Realmente muito lindo. Rabindranath Tagore poetificou: O Taj Mahal é uma lágrima de amor na face da eternidade. Se soubesse que Shah Jahan, depois de a obra pronta, mandou cortar todos os dedos das mãos de todos os operários da obra (mais ou menos 20.000), para que ninguém reproduzisse a beleza e a imponência que havia construído, e que, também, mandou confinar seu pai em um dos quartos da torre principal até que ele morresse, talvez tivesse se abstido de ter feito aquele comentário poético sobre o Taj Mahal. Ora, se o Taj é uma lágrima de amor na na face da eternidade (que não tem face e nem chora), o que poderiam representar para um imperador apaixonado 200.000 dedos [20.000 x 10 dedos (5 de cada mão) é igual a 200.000 dedos]. Matemática elementar! O pai... Bem, o pai deve ter merecido a maldadezinha irrelevante de ter sido confinado em um dos quartos da torre principal até que morresse. Afinal, ele não ficou encarcerado em nenhum presídio brasileiro. Bolas! Eu não entendo nada disto.

 

Última palavrinha: Quanto ao título-honraria de Cavaleiro (Sir), como se viu, Rabíndranáth acabou, tão honradamente como recebeu, renunciando a ele por causa do massacre-matança de Amritsar de 13 de abril de 1919, quando as tropas britânicas trucidaram 400 manifestantes indianos. Para concluir, reflitam no que Tagore escreveu:

 

Disse o Poder ao Mundo... Sois meu!

E o mundo o aprisionou em seu trono.

Disse o Amor ao Mundo... Sou teu!

E o Mundo lhe abriu todas as suas portas...

 

 

 

 

 

 

 

 

Páginas da Internet consultadas:

 

http://www.frasesfamosas.com.br/
de/rabindranath-tagore.html

http://antmes.planetaclix.pt/Tagore-Obra.htm

http://www.beatrix.pro.br/literatura/tagore.htm

http://pt.wikipedia.org/wiki/Mahatma_Gandhi

http://picasaweb.google.com/hildegard.kittel
/Hinduismo/photo#5104072617954463090

http://agora.qc.ca/mot.nsf/
Dossiers/Rabindranath_Tagore

http://www.ponteiro.com.br/vf.php?p4=8416

http://www.netsaber.com.br/
biografias/ver_biografia_c_1097.html

http://pt.wikiquote.org/
wiki/Rabindranath_Tagore

http://amediavoz.com/tagore.htm

http://www.epdlp.com/
escritor.php?id=2347

http://www.proverbia.net/
citasautor.asp?autor=962

http://www.geocities.com/
toshiko.geo/index.htm

http://www.cuidardoser.com.br/
coletanea-tagore.htm

http://www.cuidardoser.com.br/
verdades.htm

http://pt.wikipedia.org/
wiki/Rabindranath_Tagore

 

Fonte do fundo musical:

http://peperonity.com/