Como
[ainda] não
somos capazes de compreender a questão da morte, tratamos de inventar
teorias que nos pareçam satisfatórias e nos proporcionem segurança,
conforto e consolação. Entretanto, quando se compreende o
que é falso, esse falso deixa de existir. [Mas,
se raciocinarmos falsamente, o falso continuará falso, porque a Verdade
não poderá surgir do que é fictício, quimérico
e imaginário.] E, a menos que compreendamos a questão
da morte, que entremos em direto contato com esta questão, este problema
e a nossa vida serão e permanecerão sempre muito superficiais,
e a nossa existência não terá nenhum significado efetivo.
Assim, para compreendermos esta questão da morte, deveremos nos libertar
do medo, que inventou várias teorias sobre vida futura. E esta compreensão
significa entender o que é morrer e o que é Viver,
e que não é simplesmente pugnar dia-a-dia, que não
é estar em conflito, que não é se deixar torturar ou
pior: se torturar a si próprio a fim de achar Deus. O ser humano
que se tortura e que se cilicia para encontrar Deus não é
digno de achá-Lo. Nunca achará Deus! Pela deformação,
não se encontra a Verdade. Necessitamos de uma mente lúcida,
sã, racional e vigorosa, e não de uma mente torturada, deformada,
ilógica e medrosa. E, para entrarmos em contato com a Verdadeira
Vida, precisaremos nos livrar do medo, da nossa própria vida comezinha,
de nossas ansiedades, de nossos conflitos, de nossa avareza, avidez e inveja,
seja por causa de dinheiro, seja por causa de Deus. De tudo isto deveremos
nos libertar, pois, só assim entraremos em contato direto com a Verdadeira
Vida. Então, compreenderemos que o Viver
está relacionado e amalgamado com o morrer, pois, teremos ultrapassado
a nossa mente pequenina, mesquinha e trivial com suas tribulações,
aflições e imprecisões. E quando soubermos o que é
Viver, saberemos também o que é morrer
[pois, na verdade, Viver
é Morrer.] [In: A Suprema Realização,
de autoria de Jiddu Krishnamurti.]
—
Uns crêem em um Jardim das Delícias.
Muitos
confiam que encontrarão Deus.
Outros aceitam a reencarnação.
Alguns admitem a ressurreição.
Diversos acreditam na imortalidade.
Há
os que pensam que serão arrebatados.
Por
isto, muitos se cagam todinhos ao ouvir:
Lasciate ogni speranza, voi ch'entrate.1
Ma, speranza
di cosa? Entrate
dove? Come? Perché?
—
E há quem, 'ipsissima verba',
despreze tudo isto.
Mas, o fato é que ninguém quer morrer,
e, se pudesse, viveria ad æternum,
mesmo tendo ficado gagá e brochorowisky,
já mais para múmia paralítica empacotada
do que para qualquer outra coisa que preste.
Agildo
Aquiles Arquelau
Ribeiro
— Entretanto, o ad æternum
foi ontem,
o ad æternum é hoje, já, agora,
e o ad æternum será amanhã.
Ontem
+
Hoje +
Amanhã =
1.
Portanto, o ad æternum é o ad æternum,
sem começo, sem meio, sem fim.
Para o Ser, nunca houve começo nem haverá fim,
pois, o lhufas não pode dar origem à xongas,
e xongas jamais poderá se transformar em lhufas.
Gostou
desta Vetusta Philo-SOPhIa?
—
Pois é. Desde a mais remota
Antigüidade,
os
Iniciados sempre souberam disto.
Enfim,
para que o que quer que seja
pudesse
se transformar em lhufas,
o
lhufas precisaria existir,
mas,
o lhufas não existe,
nem
aqui nem em Maracangalha,
nem
em Pasárgada nem em Saramandaia,
nem
em Neverland nem na casa do caramba.
Então, se o ad æternum é o ad æternum,
sem começo, sem meio, sem fim,
como poderá existir um arremate chuleado?
Como
poderá existir a morte?
Como a Vida poderá deixar de ser Vida?
Como a continuidade poderá se tornar descontínua?
Como
o movimento perpétuo poderá estacionar?
Como o ininterrupto poderá se tornar interrupto?
Como a eternidade poderá se tornar transeunte?
Como
a existência poderá se tornar inexistente?
Como
a LLuz, de repente,
poderá se apagar?
É devido às nossas incertezas e barafundas,
sentimentos de culpa e agonias
–
porque queremos duração e permanência,
eternidade, certeza, esperança e renovação –
que separamos o Viver do morrer,
e concebemos e continuamos a conceber
passado,
presente e futuro,
ainda agorinha, já e daqui a pouquinho,
purgatório,
céu e inferno,
filosofias,
deuses e demônios,
gurus
para obedecer,
líderes
para seguir
e
santos para pedinchar,
religiões, dogmas e paraísos,
rezarias,
orações e mandingas,
promessas,
procissões e romarias,
dízimos,
óbolos e doações,
terços,
rosários e japamalas,
bentinhos,
escapulários e patuás,
templos,
clausuras e ermitágios,
pecados,
punições e suplícios,
perdões,
prêmios e esperanças,
Peter
Pan, Superman e Spider-Man,
Capitão
Gancho, Lex Luthor e Duende Verde,
tudo em um
que inventamos,
em uma dimensão inexistente,
em
um tempo que não é Tempo.
Haverá
fantasmagorias maiores do que estas?
Acho
que nem o Béla Lugosi,
com
toda a sua capacidade artística,
teria sido capaz de bolar coisas como estas.
Mas,
contudo, porém, entretanto, todavia,
nós
as criamos, as recriamos e as veneramos.
E
o mais dantesco nisto tudo
é
que ensinamos estas barbaridades
aos nossos filhos e aos nossos netos,
e
queremos que everybody macacada acredite!
_____
Nota:
1. Lasciate
ogni speranza, voi ch'entrate. Abandonai toda esperança,
vós que entrastes. In: A
Divina Comédia, Canto
III, Inferno,
9º verso, Dante Alighieri.
Música
de fundo:
Following
the Leader (do filme Peter Pan)
Composição: Oliver Wallace
Fonte:
https://axia-audio.ru/?artist=Disney+-+Peter+Pan
Páginas
da internet consultadas:
http://notasverbais.blogspot.com/
https://observatoriodatelevisao.bol.uol.com.br/
https://www.fotosearch.com.br/
https://www.123rf.com/
http://titanoutletstore.com/rest-in-peace/
https://weheartit.com/
https://giphy.com/
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