A QUESTÃO DA MORTE
(Que Não Existe)

 

 

 

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Esqueletos

 

 

 

Como [ainda] não somos capazes de compreender a questão da morte, tratamos de inventar teorias que nos pareçam satisfatórias e nos proporcionem segurança, conforto e consolação. Entretanto, quando se compreende o que é falso, esse falso deixa de existir. [Mas, se raciocinarmos falsamente, o falso continuará falso, porque a Verdade não poderá surgir do que é fictício, quimérico e imaginário.] E, a menos que compreendamos a questão da morte, que entremos em direto contato com esta questão, este problema e a nossa vida serão e permanecerão sempre muito superficiais, e a nossa existência não terá nenhum significado efetivo. Assim, para compreendermos esta questão da morte, deveremos nos libertar do medo, que inventou várias teorias sobre vida futura. E esta compreensão significa entender o que é morrer e o que é Viver, e que não é simplesmente pugnar dia-a-dia, que não é estar em conflito, que não é se deixar torturar ou pior: se torturar a si próprio a fim de achar Deus. O ser humano que se tortura e que se cilicia para encontrar Deus não é digno de achá-Lo. Nunca achará Deus! Pela deformação, não se encontra a Verdade. Necessitamos de uma mente lúcida, sã, racional e vigorosa, e não de uma mente torturada, deformada, ilógica e medrosa. E, para entrarmos em contato com a Verdadeira Vida, precisaremos nos livrar do medo, da nossa própria vida comezinha, de nossas ansiedades, de nossos conflitos, de nossa avareza, avidez e inveja, seja por causa de dinheiro, seja por causa de Deus. De tudo isto deveremos nos libertar, pois, só assim entraremos em contato direto com a Verdadeira Vida. Então, compreenderemos que o Viver está relacionado e amalgamado com o morrer, pois, teremos ultrapassado a nossa mente pequenina, mesquinha e trivial com suas tribulações, aflições e imprecisões. E quando soubermos o que é Viver, saberemos também o que é morrer [pois, na verdade, Viver é Morrer.] [In: A Suprema Realização, de autoria de Jiddu Krishnamurti.]

 

 

 

Esqueletos

 

 

 

Uns crêem em um Jardim das Delícias.

Muitos confiam que encontrarão Deus.

Outros aceitam a reencarnação.

Alguns admitem a ressurreição.

Diversos acreditam na imortalidade.

Há os que pensam que serão arrebatados.

Por isto, muitos se cagam todinhos ao ouvir:

Lasciate ogni speranza, voi ch'entrate.1

Ma, speranza di cosa? Entrate dove? Come? Perché?

 

 

Diabo     Diabo    Diabo    

 

 

E há quem, 'ipsissima verba', despreze tudo isto.

Mas, o fato é que ninguém quer morrer,

e, se pudesse, viveria ad æternum,

mesmo tendo ficado gagá e brochorowisky,

já mais para múmia paralítica empacotada

do que para qualquer outra coisa que preste.

 

 

Agildo Aquiles Arquelau Ribeiro

 

 

Entretanto, o ad æternum foi ontem,

o ad æternum é hoje, já, agora,

e o ad æternum será amanhã.

Ontem + Hoje + Amanhã = 1.

Portanto, o ad æternum é o ad æternum,

sem começo, sem meio, sem fim.

Para o Ser, nunca houve começo nem haverá fim,

pois, o lhufas não pode dar origem à xongas,

e xongas jamais poderá se transformar em lhufas.

Gostou desta Vetusta Philo-SOPhIa?

 

 

 

 

Pois é. Desde a mais remota Antigüidade,

os Iniciados sempre souberam disto.

Enfim, para que o que quer que seja

pudesse se transformar em lhufas,

o lhufas precisaria existir,

mas, o lhufas não existe,

nem aqui nem em Maracangalha,

nem em Pasárgada nem em Saramandaia,

nem em Neverland nem na casa do caramba.

Então, se o ad æternum é o ad æternum,

sem começo, sem meio, sem fim,

como poderá existir um arremate chuleado?

Como poderá existir a morte?

Como a Vida poderá deixar de ser Vida?

Como a continuidade poderá se tornar descontínua?

Como o movimento perpétuo poderá estacionar?

Como o ininterrupto poderá se tornar interrupto?

Como a eternidade poderá se tornar transeunte?

Como a existência poderá se tornar inexistente?

Como a LLuz, de repente, poderá se apagar?

É devido às nossas incertezas e barafundas,

sentimentos de culpa e agonias

porque queremos duração e permanência,

eternidade, certeza, esperança e renovação

que separamos o Viver do morrer,

e concebemos e continuamos a conceber

passado, presente e futuro,

ainda agorinha, já e daqui a pouquinho,

purgatório, céu e inferno,

filosofias, deuses e demônios,

gurus para obedecer,

líderes para seguir

e santos para pedinchar,

religiões, dogmas e paraísos,

rezarias, orações e mandingas,

promessas, procissões e romarias,

dízimos, óbolos e doações,

terços, rosários e japamalas,

bentinhos, escapulários e patuás,

templos, clausuras e ermitágios,

pecados, punições e suplícios,

perdões, prêmios e esperanças,

Peter Pan, Superman e Spider-Man,

Capitão Gancho, Lex Luthor e Duende Verde,

tudo em um Espaço-tempo que inventamos,

em uma dimensão inexistente,

em um tempo que não é Tempo.

Haverá fantasmagorias maiores do que estas?

Acho que nem o Béla Lugosi,

com toda a sua capacidade artística,

teria sido capaz de bolar coisas como estas.

Mas, contudo, porém, entretanto, todavia,

nós as criamos, as recriamos e as veneramos.

E o mais dantesco nisto tudo

é que ensinamos estas barbaridades

aos nossos filhos e aos nossos netos,

e queremos que everybody macacada acredite!

 

 

 

Velhinho

 

 

 

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Nota:

1. Lasciate ogni speranza, voi ch'entrate. Abandonai toda esperança, vós que entrastes. In: A Divina Comédia, Canto III, Inferno, 9º verso, Dante Alighieri.

 

Música de fundo:

Following the Leader (do filme Peter Pan)
Composição: Oliver Wallace

Fonte:

https://axia-audio.ru/?artist=Disney+-+Peter+Pan

 

Páginas da internet consultadas:

http://notasverbais.blogspot.com/

https://observatoriodatelevisao.bol.uol.com.br/

https://www.fotosearch.com.br/

https://www.123rf.com/

http://titanoutletstore.com/rest-in-peace/

https://weheartit.com/

https://giphy.com/

https://tenor.com/search/old-man-birthday-gifs

 

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