QUODCUMQUE  OSTENDIS  MIHI1

 

 


 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

Compre e coma os meus feijões mágicos, meu bom doutor,
que eu agaranto que o Coronavírus não pegará o senhor.
Quodcumque ostendis mihi sic, incredulus odi.

 

 

 

 

Compre e beba a minha H2O (des)consagrada, meu bom doutor,
que eu agaranto que o Coronavírus fugirá do senhor.
Quodcumque ostendis mihi sic, incredulus odi.

 

 

 

 

Não precisa cumprir as medidas não-farmacológicas, meu bom doutor,
que eu agaranto uma superproteção pro senhor.
Quodcumque ostendis mihi sic, incredulus odi.

Machuque a cabeludinha, sente a pua e mande brasa, meu bom doutor,
que eu agaranto uma vida longa, feliz e abençoada pro senhor.
Quodcumque ostendis mihi sic, incredulus odi.

Não precisa se vacinar contra a COVID, meu bom doutor,
que eu agaranto que nenhum jacaré chegará perto do senhor.
Quodcumque ostendis mihi sic, incredulus odi.

 

 

 

 

Creia na minha glossolalia espiritual, meu bom doutor,
que eu agaranto que afasto o fogo do inferno do senhor.
Quodcumque ostendis mihi sic, incredulus odi.

 

 

 

 

Ajude, colabore, dê já o trízimo, meu bom doutor,
que, 'in the future', eu agaranto o 'divine paradise' pro senhor.
Quodcumque ostendis mihi sic, incredulus odi.

 

 

Tim Chico Anysio Tones

 

 

Ajude-me a comprar um    zerinho, meu bom doutor,
que, aos domingos, eu agaranto uma carona pro senhor.
Quodcumque ostendis mihi sic, incredulus odi.

Seja um dos nossos patrocinadores, meu bom doutor,
que eu agaranto que o diabo não sussurrará na orelha do senhor.
Quodcumque ostendis mihi sic, incredulus odi.

Não deixe jamais de freqüentar a minha igreja, meu bom doutor,
que eu agaranto que deus abençoará o senhor.
Quodcumque ostendis mihi sic, incredulus odi.

Suba o monte comigo, meu bom doutor,
que eu agaranto que darei um jeitinho nos pecados do senhor.
Quodcumque ostendis mihi sic, incredulus odi.

Encaminhe os desgraçados para a igreja, meu bom doutor,
que eu agaranto um milagrinho maneiro pro senhor.
Quodcumque ostendis mihi sic, incredulus odi.

Divulgue a palavra que eu ensino, meu bom doutor,
que eu agaranto sempre uma prosperidade crescente pro senhor.
Quodcumque ostendis mihi sic, incredulus odi.

Compre os livros que eu escrevo, meu bom doutor,
que eu agaranto salvação e vida eterna pro senhor.
Quodcumque ostendis mihi sic, incredulus odi.

Dê os livros que eu escrevo de presente, meu bom doutor,
que eu agaranto que amarro bem amarradinho a tentação do senhor.
Quodcumque ostendis mihi sic, incredulus odi.

 

 

 

 

Decore os ensinamentos dos livros que eu escrevo, meu bom doutor,
que eu agaranto que a burrice nunca tomará conta do senhor.
Quodcumque ostendis mihi sic, incredulus odi.

 

 

 

 

Diga por aí que eu sou bonito e poderoso, meu bom doutor,
que eu agaranto que nunquinha me esquecerei do senhor.
Quodcumque ostendis mihi sic, incredulus odi.

Diga por aí que eu sou o cara, meu bom doutor,
que eu agaranto que a perereca da vizinha dará a maior bola pro senhor.
Quodcumque ostendis mihi sic, incredulus odi.

 

 

 

 

 

 

Seja sempre fiel e fique ao meu lado, meu bom doutor,
que eu agaranto que a pobreza não aporrinhará o senhor.
Quodcumque ostendis mihi sic, incredulus odi.

Nunca perca a fé em mim, meu bom doutor,
que eu agaranto que a fome não emagrecerá o senhor.
Quodcumque ostendis mihi sic, incredulus odi.

Nunca se afaste de mim, meu bom doutor,
que eu agaranto que a doença e a febre não abochornarão o senhor.
Quodcumque ostendis mihi sic, incredulus odi.

Eu me chamo Nullus Diabolìcus Fálsus, meu bom doutor,
e eu agaranto que não minto nem um tico pro senhor.
Quodcumque ostendis mihi sic, incredulus odi.

 

 

Nullus Diabolìcus Fálsus

 

 

 

 

_____

Nota:

1. Quodcumque ostendis mihi sic, incredulus odi. O que me mostras não o creio e me é detestável. Máxima do poeta lírico e satírico romano, além de filósofo, Quintus Horatius Flaccus, (Venúsia, 8 de dezembro de 65 a.C. – Roma, 27 de novembro de 8 a.C.), que é conhecido por ser um dos maiores poetas da Roma Antiga.

 

Música de fundo:

Fever
Composição: Eddie Cooley & John Davenport
Interpretação: Peggy Lee

Fonte:

https://kissvk.org/playlist147295144_80936819_14e996a0d97d41b6d7

 

Páginas da Internet consultadas:

https://www.clipartmax.com/

https://vectorstate.com/search/old%20ugly%20man.html

http://clipart.usscouts.org/

https://www.gettyimages.com.br/ilustra%C3%A7%C3%B5es/burro

https://www.suamusica.com.br/

https://www.youtube.com/watch?app=desktop&v=KvWCVpfT2lA

https://blogdonelio.com.br/news/quermesse-vamos-rodar-a-sacolinha/

https://dribbble.com/shots/7561977-Meanwhile-in-Hell

https://dribbble.com/shots/1729962-Old-man-has-an-itch

https://giphy.com/

https://tenor.com/pt-BR/view/azuki-bean-red-bean-azuki-gif-24090281

https://wifflegif.com/tags/395961-water-in-glass-gifs?page=0

https://br.pinterest.com/pin/723812971340969845/

https://br.pinterest.com/pin/653796070907185500/

https://gifer.com/en/gifs/priest

https://br.pinterest.com/pin/818177457292302558/

 

Direitos autorais:

As animações, as fotografias digitais e as mídias digitais que reproduzo (por empréstimo) neste texto têm exclusivamente a finalidade de ilustrar e embelezar o trabalho. Neste sentido, os direitos de copyright são exclusivos de seus autores. Entretanto, como nem sempre sei a quem me dirigir para pedir autorização para utilizá-las, se você encontrar algo aqui postado que lhe pertença e desejar que seja removido, por favor, entre em contato e me avise, que retirarei do ar imediatamente.