A
Sinfonia n.º 5, em Dó menor, Op. 67, de Ludwig van Beethoven
(1770 – 1827), escrita entre 1804 e 1808, é uma das composições
mais populares e mais conhecidas em todo o repertório da música
erudita européia, assim como é também uma das sinfonias
mais executadas hoje em dia. Foi, pela primeira vez, exibida ao público
em 22 de dezembro de 1808, no Theater an der Wien, em Viena, sendo
a orquestra conduzida pelo próprio Beethoven. O escritor, jurista,
pintor, e tenor Ernest Theodor Amadeus Hoffmann (1776 – 1822), descreveu
a sinfonia como uma
das obras mais importantes de todos os tempos.
Ludwig
van Beethoven
(Capa da Sinfonia n.º 5 em Dó menor)
Os
quatro andamentos constituem a particularidade de uma homogeneidade orquestral,
sendo, ao mesmo tempo, um exemplo de alternância. O primeiro andamento
(allegro con brio),
revela uma grande tensão, tensão esta denunciada pelas cordas,
que alcança um dramatismo extremo. O segundo andamento (andante
con moto, più moto) revela solenidade – uma marcha
fúnebre que se eleva pela sua emoção e beleza. O terceiro
andamento (allegro)
é uma crispação. O quarto andamento (allegro,
presto)
é uma magnificência.
A
Sinfonia começa com o distintivo motivo de quatro notas curta-curta-curta-longa
(pam-pam-pam-PAM),
repetido duas vezes:
A
Sinfonia é mundialmente conhecida, aparecendo freqüentemente
com novas interpretações em filmes e na televisão.
Mesmo
quem não costuma escutar música clássica, já
ouviu numerosas vezes o primeiro andamento da Quinta
Sinfonia de Ludwig van Beethoven. Descobriu-se agora, em testes
de laboratório, que o pam-pam-pam-PAM
que abre uma das mais famosas composições da História
seria capaz de matar células tumorais. Uma pesquisa do Programa de
Oncobiologia da UFRJ expôs uma cultura de células MCF-7 (representativas
do tumor mamário) à meia hora da obra beethoveniana. Uma em
cada cinco das células do câncer de mama humano morreu. Esta
experiência abre uma nova frente contra a doença, por meio
de timbres e freqüências.
A
estratégia, que parece estranha à primeira vista, busca encontrar
formas mais efetivas e menos tóxicas de combater o câncer,
ou seja: um dia, em vez de radioterapia ou quimioterapia (antineoplásica
ou antiblástica), seria possível pensar no uso de freqüências
sonoras. O estudo inovou ao usar a musicoterapia fora do tratamento de distúrbios
emocionais.
—
Esta
terapia costuma ser adotada em doenças ligadas a problemas psicológicos,
situações que envolvam um componente emocional. Mostramos
que, além disso, a música produz um efeito direto sobre as
células do nosso organismo
— ressalta Márcia Capella, do Instituto de Biofísica
Carlos Chagas Filho, coordenadora do estudo.
Como
as células MCF-7 se duplicam a cada 30 horas, Márcia esperou
dois dias entre a sessão musical e o teste dos seus efeitos. Neste
entretempo, observou que 20% das células morreram. Entre as células
sobreviventes, muitas perderam tamanho e granulosidade.
O
resultado da pesquisa é enigmático, até mesmo para
Márcia. A composição Atmosphères,
do compositor húngaro György Sándor Ligeti (1923 –
2006), provocou efeitos semelhantes àqueles registrados com Beethoven.
Mas a Sonata Para
Dois Pianos em Ré Maior, de Wolfgang Amadeus Mozart (1756
– 1791), uma das mais populares em musicoterapia, não produziu
o efeito esperado.
—
Foi
estranho porque esta sonata provoca algo conhecido como o 'Efeito Mozart',
isto é, um aumento temporário do raciocínio espaço-temporal.
Mas ficamos felizes
com o resultado. Acreditávamos que as sinfonias provocariam apenas
alterações metabólicas, não a morte de células
cancerígenas —
ponderou
a pesquisadora.
Atmosphères,
diferentemente da Quinta
Sinfonia, é uma composição contemporânea,
caracterizada pela ausência de uma linha melódica. Por que,
então, duas músicas tão diferentes provocaram o mesmo
efeito? Aliada
a uma equipe que inclui um professor da Escola de Música Villa-Lobos,
Márcia, agora, procura esta resposta dividindo as músicas
em partes. Pode ser que o efeito tenha vindo não do conjunto da obra,
mas especificamente de um ritmo, um timbre ou uma intensidade.
Quando
conseguir identificar o que matou as células, o passo seguinte será
a construção de uma seqüência sonora especial para
o tratamento de tumores. O caminho até esta melodia passará
por outros gêneros musicais. A partir do mês que vem, os pesquisadores
testarão o efeito do samba e do funk sobre as células
tumorais.
—
Ainda
não sabemos que música e qual compositor vamos usar. A quantidade
de combinações sonoras que podemos estudar é imensa
— diz a pesquisadora.
Outra
via de pesquisa é investigar se as sinfonias (e a música em
geral) podem provocar outros tipos de efeitos no organismo humano. Por enquanto,
apenas células renais e tumorais foram expostas à música.
Só no segundo grupo foi registrada alguma alteração.
A
pesquisa também possibilitou uma conclusão alheia às
culturas de células. Como ficou provado que o efeito das músicas
extrapola o componente emocional, é possível que haja uma
diferença entre ouvi-la com som ambiente ou fone de ouvido.
—
Os
resultados parciais sugerem que com o fone de ouvido estamos nos beneficiando
dos efeitos emocionais e desprezando as conseqüências diretas,
como estas observadas com o experimento
— revela Márcia.
Além
de Marcia Capella, compõem o grupo de pesquisadores deste projeto
o professor Marcos Teixeira, da Escola de Música Villa-Lobos, Raphael
Valente, aluno de pós-doutorado do Instituto de Bioquímica
Médica da UFRJ, e Nathalia Lestard e Carolina Villela, alunas de
iniciação científica da UFRJ.
Eu
só vou acrescentar o seguinte: para os místicos (particularmente
para os Rosacruzes), não é novidade o poder curativo que certas
músicas e os sons vocálicos possuem. Então, se os cientistas
estão comprovando que a Sinfonia n.º 5, em Dó menor,
Op. 67, de Ludwig van Beethoven, tem o poder de (in
vitro) destruir células tumorais, o que se pode pensar,
por exemplo, dos mantras em geral, e, muito especialmente, do mantra AUM
MANI PADME HUM, in vivo? Nada
pode ser mais benéfico para a saúde do que tirar três
ou cinco minutos por dia para fazer emissão de mantras ou de
sons vocálicos. E
a música clássica e os cantos gregorianos são excepcionais
para harmonizar o organismo. Agora, não esqueça: beba muita
água, pois água é vida.
AUM MANI PADME HUM