QUESTIONAR SEMPRE

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

TEMPERANÇA


The Rider Tarot Deck
Desenho original de
Pamela Colman Smith (1878-1951)

 

 

 

Deus é um Espírito perfeitíssimo,

criador do Céu e da Terra.

Em meu descuido imperfeitíssimo,

já admiti este terra-a-terra.

 

 

O 'pecado mortal'1 mata o espírito

e faz perder a graça divina.

Em meu abobalhamento congênito,

já cri nesta coisa ingenuína.

 

 

Sofri desesperadamente por anos

com estes chorrilhos vaticanos.

Aprendi: É preciso questionar sempre!

 

 

Entretanto, por mais que se saiba,

e que, aparentemente, não mais caiba...

É preciso [sempre] questionar sempre!

 

 

 

Os meus 'pecados' são teus;
Os teus 'pecados' são meus!

 

 

 

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Nota:

1. O que é 'pecado mortal'? Para o pior dos 'pecados', um pensamento sincero de arrependimento, nem que seja no último momento, é o salvo-conduto para o prosseguimento. Nada é definitivo; nada é imudável. O talionato divino é uma tolice. O começo do meu lento desencanto com a religião católica – ainda que, depois, eu quase tenha me tornado padre! – se deu em uma aula de catecismo, preparatória para a Primeira Comunhão, na altura dos meus sete ou oito anos, quando o padre que expunha as instruções sobre os princípios, dogmas e preceitos da doutrina católica resolveu ensinar a diferença entre pecado mortal e pecado venial. E, como exemplo bestial, disse que quem roubasse (ou furtasse) menos do que cem cruzeiros cometia um pecado venial (reduzindo a graça divina, sem, contudo, eliminá-la), e que quem roubasse (ou furtasse) mais do que cem cruzeiros cometia um pecado mortal (perdendo a graça divina e matando o espírito). Aquilo, para mim, nos meus sete ou oito anos, foi uma asneira mais do que estupidificadora e muito mais do que sesquipedal. Levantei meu braço e perguntei: — Padre, e quem rouba cem cruzeiros, que tipo de pecado comete? O padre não soube (ou não quis) responder, e eu, com fervor insuperável, fiz minha Primeira Comunhão, sem saber o que acontecia com que roubava (ou furtava) exatamente cem cruzeiros! Hoje eu sei: depende!

 

Observação:

Este poema foi inspirado na lição eterna de Arthur E. Waite (1857-1942): É preciso questionar sempre. Para conhecer um pouco da vida deste Ilustre Rosa+Cruz, leia o texto Uma Vida Rosacruz em Busca do Sagrado, de autoria do Frater Rosæ Crucis, OS+B, no endereço:

http://svmmvmbonvm.org/historc/mwaite.htm

 

 

 

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Agora, divirta-se!

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