O
ser-humano-aí-no-mundo aceitou o conflito como parte da existência
diária, porque aceitou a competição, o ciúme,
a avidez, a ganância e a agressão como normas naturais da vida.
Quando aceitamos tais normas de vida, estamos aceitando a estrutura social
tal qual é, e vivendo segundo o padrão da respeitabilidade.
E é nessa rede que está aprisionada a maioria, visto que quase
todos aspiram a ser respeitáveis. [In:
Liberte-se do Passado (Freedom
From the Known), de autoria de Jiddu Krishnamurti.]
—
Vosmecê sabe com quem tá
falando?
— Não.
— Com um coroné porreta e respeitável.
— Óia coroné, eu quero mais é que ocê
se lixe.
— Teje preso, cidadão!
— Num tejo, bobalhão.
Enquanto
estivermos ajustados e agrilhoados aos padrões impostos pela sociedade,
a nossa vida, obrigatoriamente, será um campo de batalha. Mas, se
não os aceitarmos, estaremos, então, completamente livres
da estrutura psicológica da sociedade, que criou em nós a
avidez, a inveja, a cólera, o ódio, o ciúme, a ansiedade,
a religiosidade, o nacionalismo, o preconceito, a separatividade etc., e
de tudo isso somos muito ricos. A verdadeira pobreza é estar completamente
livre da sociedade e dos padrões impostos pela sociedade. Temos de
ser pobres interiormente, porque, então, não há mais
buscar, nem indagar, nem desejar, nem nada! Só esta pobreza interior
poderá ver a verdade existente numa vida completamente sem conflito.
Tal vida é uma bênção não encontrável
em nenhuma igreja ou templo. Enfim, só se vivermos em completa tranqüilidade
interior poderemos viver em completa tranqüilidade exterior. [Ibidem.]
—
Nasci
pobre, muito pobre,
de
clareza e de intuição.
Fiquei rico, muito rico,
de
miragem e de ilusão.
—
Nasci
pobre, muito pobre,
sem
pra comer ter um pão.
Fiquei
rico, muito rico,
de
empáfia e de presunção.
—
Nasci
pobre, muito pobre,
e escravizado ao não-ser.
Fiquei
rico, muito rico,
e
me fiz ver.
—
Nasci
pobre, muito pobre,
na poupança, sem baguines.
Fiquei
rico, muito rico,
e passei a ser o .
—
Nasci
pobre, muito pobre,
mas, do exército fiz meu set.
Fiquei
rico, muito rico,
e me tornei Don .
—
Nasci
pobre, muito pobre,
sem prudência e sem tino.
Fiquei
rico, muito rico,
e me mascarei de .
—
Nasci
pobre, muito pobre,
leso, rebiteso e incoeso.
Fiquei
rico, muito rico,
e, hoje, ,
to preso.
—
Nasci
pobre, muito pobre,
com propensão pro absurdus.
Fiquei
rico, muito rico,
e como o , me
impus.
—
Nasci
pobre, muito pobre,
na Hungria, não em Orós.
Fiquei
rico, muito rico,
e me converti em .
—
Nasci
pobre, muito pobre,
carrapato-das-galinhas.
Fiquei
rico, muito rico,
e, hoje, sou o .
—
Nasci
pobre, muito pobre,
de
liberdade e de universalismo.
Fiquei
rico, muito rico,
de
nacionalismo e de chauvinismo.
—
Nasci
pobre, muito pobre,
de
Res Divina
e de independência.
Fiquei
rico, muito rico,
de
res extensa
e de ambivalência.1
—
Nasci
pobre, muito pobre,
de
largueza e de justiça.
Fiquei rico, muito rico,
de
avareza e de cobiça.
—
Nasci
pobre, muito pobre,
de
irmandade e de amizade.
Fiquei rico, muito rico,
de
cisma e de deformidade.
—
Nasci
pobre, muito pobre,
de
unicidade e de alegria.
Fiquei rico, muito rico,
de
muralhas e de xenofobia.
—
Nasci
pobre, muito pobre,
de
ShOPhIa e de ilustração.
Fiquei rico, muito rico,
de
coisismo e de imperfeição.
—
Nasci
pobre, muito pobre,
de
isenção e de nobreza.
Fiquei rico, muito rico,
de
imprecisão e de rudeza.
—
Nasci
pobre, muito pobre,
de
candura e de singeleza.
Fiquei
rico, muito rico,
de
malícia e de brabeza.
—
Nasci
pobre, muito pobre,
de
piedade e bondade.
Fiquei rico, muito rico,
de
deixa-pra-lá
e de maldade.
—
Nasci
pobre, muito pobre,
de
acerto e de felícia.
Fiquei rico, muito rico,
de
sacanagem e galezia.
—
Nasci
pobre, muito pobre,
de
abio e de abóbora-menina.
Fiquei rico, muito rico,
de
e
de .
—
Nasci
pobre, muito pobre,
de
bom senso e de razão.
Fiquei rico, muito rico,
de
sujeição e de grilhão.
—
Nasci
pobre, muito pobre,
de
Rodolfo e de Pizzinga.
Fiquei
rico, muito rico,
de
crendice e de mandinga.
—
Nasci
pobre, muito pobre,
e retrocedi até o fim.
Fiquei rico, muito rico,
e morri sem falar Sim.
—
Todavia,
eu nada tenho
(como nada tenho contra bulhufas).
Só
sei que elas não abrirão
a
Porta da LLuz e da Beleza.
—
Outra
coisa eu também sei:
ou
mudamos hoje, já, agora,
ou
será infernal e terrível
a
nossa terminativa hora.
Precisamos
abrir esta Porta!
_____
Nota:
1. Para
o filósofo, físico e matemático francês René
Descartes (La Haye en Touraine, 31 de março de 1596 – Estocolmo,
11 de fevereiro de 1650), res
cogitans (coisa pensante) é o sujeito pensante, que encontra
obstáculo para se manifestar em uma res
extensa (coisa extensa), que é o corpo, a realidade deste
mesmo ou a matéria. A característica essencial ou o atributo
dos corpos é a extensão, quer dizer, o estar no espaço,
com suas modificações ou modos, isto é, a quantidade,
a forma e o movimento. Como conseqüência disto, os corpos se
submetem à quantidade e podem ser explicados em termos mecanicistas.
Já os seres-humanos-aí-no-mundo não são
pura extensão, puro corpo, pois, possuem mentes, enquanto os animais
são, para Descartes, pura extensão, puro corpo, como máquinas,
e podem, segundo o filósofo, ser explicados em termos mecanicistas.
Na perspectiva cartesiana, a realidade comporta dois aspectos: o extensivo
e o qualitativo. Um objeto é um corpo que se caracteriza pela extensão,
pelo movimento e também por um complexo de qualidades sensíveis.
Mas, só a extensão e o movimento têm realidade objetiva,
ou seja, existem independentemente do sujeito. As qualidades sensíveis
(som, cor, odor, sabor etc.) são subjetivas, isto é, só
existem na nossa consciência. Estamos perante uma Gnosiologia que
compatibiliza um Realismo Crítico com um Idealismo Moderado. Na verdade,
ao afirmar a prioridade do pensamento e do sujeito na ordem do conhecer,
Descartes não reduz o ser ao pensar, não nega a realidade
do mundo exterior nem a sua total independência em relação
ao sujeito. Não adota, por isto, a posição do Idealismo
Metafísico. Pelo contrário, ao admitir a existência
de qualidades objetivas, assume uma posição de Realismo Crítico,
uma vez que admite que a extensão é, em si mesma, algo diferente
do pensamento. Nesta
ordem de ideias, Descartes admitiu a existência de três substâncias:
1ª)
res cogitans
(espírito): substância pensante, imperfeita, finita e dependente;
2ª) Res Divina
(Deus): substância eterna, perfeita, infinita, que pensa e é
independente; e
3ª) res extensa
(matéria): substância que não pensa, extensa, imperfeita,
finita e dependente.
A questão que
se apresenta é a de saber qual a razão de Descartes ter adotado
esta ordem, que dá a primazia à res
cogitans e não à Res
Divina. Por que razão Descartes – ao contrário
de toda a Tradição Escolástica – não ter
colocado Deus em primeiro lugar? É justamente a audácia desta
ruptura que faz de Descartes o primeiro filósofo moderno. A verdade
inquestionável, indubitável, não é a da existência
de Deus, como foi repetidamente mantido ao longo de todo o pensamento medieval,
mas, a da existência do cogito.
Assim, é a partir da res
cogitans que Descartes se propõe a demonstrar a existência
de Deus (em nós). Por tudo isto, lá no poeminha, a coisa não
está correta, pois, não nascemos pobres,
muito pobres, de Res Divina e de independência. Nascemos,
sim, esquecidos de que somos Deuses, de que somos independentes e de que
somos seres universais. Nossa Pátria Verdadeira não é
algum lugar na Terra; são as Estrelas! Logo, enquanto formos ricos
de res
extensa, seremos
ricos de ambivalência e
de todos os males dela decorrentes.
René
Descartes
Música
de fundo:
Carnevale
di Venezia
Compositor: Niccolò Paganini
Interpretação: Vadim Viktorovich Repin
Fonte:
https://www.youtube.com/watch?v=f4UILyoOC58
Páginas
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