O
que é um ideal? Um ideal é uma criação [fantasiosa]
da
nossa mente na sua busca por segurança, por respeitabilidade, por
aceitação, por bem-estar e por conforto. Mas, os ideais, de
maneira geral, são desunidores e destrutivos, porque são catalisadores
de separação. Eles são a projeção dos
nossos próprios desejos, e acendem o conflito entre o que sou, o
que é a Realidade e o que desejo ser. Todo idealista é um
ente que está lutando entre o que é e o que deveria ser [ou
o que ele gostaria que fosse].
A questão é: por que dar atenção ao que deveria
ser? O grande problema humano é o medo, porque nos impede de compreender
o-que-é. Os problemas, portanto, só existem
porque a nossa mente resiste. Agora, preste atenção
nisto: quando a mente não tem nenhum ideal, quando não está
tentando se tornar algo, há um “estado de ser”, em que
não existe o tempo. Criar uma antítese, para, depois, lutar
contra a antítese, para produzir uma síntese não adianta
nada e não leva a nada. [In:
Viver Sem Temor,
de autoria de Jiddu Krishnamurti.]
—
Eu queria saber como a Coisa é,
então, criei o coisismo.
—
Eu queria divulgar como a Coisa é,
então, criei o rodolfismo.
—
Eu queria que cressem em como a Coisa
é,
então, criei o achismo.
—
Eu queria que a Coisa fosse ininteligível,
então, criei um busílis sesquipedalérrimo.
—
Eu queria que a Coisa fosse idolatrada,
então, criei o comportamento de manada.
—
Eu queria me salvar,
então, criei um Jardim do Éden.
Jardim do Éden
—
Eu queria não pecar,
então, criei a autocastração.1
— Eu queria pôr a culpa
alguém,
então, amaldiçoei a pobre da serpente.
Sr.
Adão, D. Eva e D. Cobra
—
A
história da maçã
é uma big baboseira.
Maçãzinha igual àquela
eu sempre compro na feira!
—
A
lengalenga da maçã
foi inventada por teólogos,
que pariram essa besteira
e outros dislates antólogos!
—
Quem
tá morto de fome
não rejeita uma maçã.
Quando ronca o pandulho,
entra tudo, até açã!
—
Por
isto, meu bom amigo,
por favor, não entre nessa.
Não aceite essa chorumela,
nem para pagar promessa.
—
Eu queria exemplificar,
então, criei a história de Caim e Abel.
—
Eu queria acusar qualquer um,
então, criei a cobra paradisíaca.
—
Come...
Come... Come...
Come essa maçãzinha!
Come... Come... Come...
Ouça a sua amiguinha!
— Eu queria evitar o inferno,
então, criei o sacrifício.
— Eu queria não ter
cagaço,
então, criei a persignação.
— Eu queria festejar e recordar,
então, criei a procissão.
—
Eu queria rezar e honrar,
então, criei o rosário.
—
Eu queria ser perdoado,
então, criei (mais) um Zeus.
— Eu queria aterrar os religiosos,
então, criei o pecado mortal.
—
Eu queria zerar o Pecado Original,
então, criei o Batismo.
—
Eu queria castigar as feiticeiras,
então, criei o Malleus
Maleficarum.
—
Eu queria alcançar a iluminação,
então, criei a montanha.
—
Eu queria inspirar a Humanidade,
então, criei a Sarça Ardente.
—
Eu queria dar um fim na escravidão,
então, criei as Dez Pragas do Egito.
—
Eu queria embaraçar as mentes,
então, criei o sentimento de culpa.
—
Eu queria execrar a traição,
então, criei as trinta moedas de prata.
—
Eu queria incriminar alguém,
então, criei o lavabo
manus meas.
—
Eu queria acabar com a pouca-vergonha,
então, criei o mito da exterminação.
—
Eu queria enquadrar os escravizadores,
então, criei o abrimento do Yam
Suf.
—
Eu queria queimar todas as bruxas,
então, criei a fogueira.
—
Ai...
Ai... Ai...
Esse fogo tá quentinho!
Ai... Ai... Ai...
Vai torrar o meu furinho!
Ai... Ai... Ai...
Vê se apaga esse foguinho!
Ai... Ai... Ai...
Ajude-me Santantoninho!
—
Eu queria punir os anticonformistas,
então, criei a excomunhão.
O Sinal da Excomunhão
(Éliphas Lèvi)
—
Eu queria dominar e submeter,
então, criei a absolvição dos pecados.
—
Eu queria ligar e desligar,
então, criei o poder sacerdotal.
—
Eu queria mandar e contramandar,
então, criei o Direito Canônico.
—
Eu queria arrecadar,
então, criei a venda de cargos eclesiásticos.
—
Eu queria comercializar indultos,
então, criei a venda de indulgências.
—
Eu queria gozar a vida,
então, criei inadequação eclesial nababesca.
—
Eu queria saber o que estava acontecendo,
então, criei a confissão auricular.
—
Eu queria impingir a credulidade,
então, criei os prodígios e os milagres.
—
Eu queria impor e expandir a demonologia,
então, criei o exorcismo.
—
Eu queria fortalecer o mito,
então, criei o Santo Sudário.
—
Eu queria expiar os erros cometidos,
então, criei o Sacrifício Vicário.
—
Eu queria avultar o respeito,
então, criei a infalibilidade ex
catedra,
(que até 18 de julho de 1870
não existia no Catolicismo).
—
Eu queria proteger o Catolicismo,
então, criei as concordatas.
—
Eu queria impingir a obediência,
então, criei a pena eterna (+ 6 meses).
— Eu queria zerar a heresia,
então, criei a inquisição.
—
Eu queria infligir a maior dor possível,
então, criei a empalação.
A
Insânia da Inquisição
— Eu queria anular a heterodoxia,
então, criei as guerras santas.
— Eu queria estar protegido,
então, criei o escapulário.
— Eu queria manter o compromisso
assumido,
então, criei a fé cega e fanática.
—
Eu queria obter um milagre,
então, criei a pedinchice ajoelhada.
—
Eu queria semear a onipotência
de Jesus,
então, criei a Sua filiação divina.
—
Eu queria exaltar o monoteísmo,
então, criei o credo
in unum deum.
—
Eu queria o ouro dos Cavaleiros Templários,
então, criei calúnias para os arrasar.
—
Eu queria divulgar a Promessa,
então, criei a devoção.
—
Eu queria alardear a minha devoção,
então, criei uma baita chaga em cada mão.
— Eu queria me justificar,
então, criei o tentador.
—
Eu queria me privar,
então, criei o jejum.
—
Eu queria me estimular,
então, criei esperança.
— Eu queria ser arrebatado,
então, criei o Dia do Juízo.
— Eu queria negociar com o
Senhor,
então, criei o dízimo.
Chico
Tim Tones
Anysio
— Eu queria me punir,
então, criei o cilício.
— Eu queria me purificar,
então, criei o celibato.
— Eu queria me isolar dos
pecantes,
então, criei o eremitismo.
— Eu queria não transar,
então, criei o cinto de castidade.
—
Eu queria ser feliz,
então, criei uma Terra Prometida.
— Eu queria sei-lá-o-quê,
então, criei um monstro de sete cabeças.
Monstro
de Sete Cabeças
— Eu queria, queria, queria...
Então, inventei, criei e coisei.
— E na mesma, na mesma, na
mesma...
Eu fiquei, delirei e empacotei.
O Saxofonista Delirante
_____
Nota:
1. Um
exemplo desta maluquice esquizofrênica foi o triste caso do teólogo
cristão, filósofo neoplatônico patrístico e padre
grego bem-intencionado, mas, meio lelé, Orígenes de Alexandria
ou Orígenes de Cesaréia ou ainda Orígenes, o Cristão,
[Alexandria, Egito, cerca de 185 – Cesaréia (ou, mais provavelmente,
Tiro), 253], que praticou a autocastração, ao tomar literalmente
o conteúdo do versículo 12, do capítulo 19, do Evangelho
de Mateus: Alguns são
eunucos porque nasceram assim; outros foram feitos assim pelos homens; outros
ainda se fizeram eunucos por causa do Reino dos Céus. Quem puder
aceitar isto, então, aceite. Eu vou morrer e renascer
um milhão de vezes e não aceitarei a literalidade deste versículo
nunca. Nem bêbado! Nem cheirado! Optar pela nulidade sexual eu até
compreendo e, com muitas reservas, aceito, porém, se automutilar
jamais. Se o ser-humano-aí-no-mundo masculino devesse nascer
sem pirulito (que bate-bate ou que-não-bate ou que-já-bateu),
a Natureza teria providenciado isto. Logo, qualquer tipo de automutilação
é, como eu disse, uma maluquice esquizofrênica, que só
tem paralelo no eunuquismo alheio e na mutilação genital feminina,
que são crueldades sem paralelo. A mutilação genital
feminina (MGF) é geralmente executada por um circuncisador tradicional
com a utilização de uma lâmina de corte, com ou sem
anestesia, e se concentra em 27 países africanos, Indonésia,
Iêmen e no Curdistão iraquiano, sendo também praticada
em vários outros locais na Ásia, no Médio Oriente e
em comunidades expatriadas em todo o mundo. Mais da metade dos casos documentados
pela UNICEF se concentram em apenas 3 países (Indonésia, Egito
e Etiópia). A idade em que a MGF é realizada varia entre alguns
dias após o nascimento e a puberdade. Em metade dos países
com dados disponíveis, a maior parte das jovens é mutilada
antes dos cinco anos de idade.
Orígenes
de Alexandria
Música
de fundo:
Get
Happy
Composição: Harold Arlen (música) & Ted Koehler
(letra)
Interpretação: Frank Sinatra
Fonte:
https://slivkimp3.biz/song/frank_sinatra_get_happy/
Páginas
da Internet consultadas:
http://www.lifeofleo.in/
https://www.lcm.com.br/site/
https://ottoassistente.com.br/
https://www.netclipart.com/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mutilação_genital_feminina
https://tenor.com
http://caricaturistavinicius.blogspot.com
https://uiip.com.br
http://clipart-library.com
www.animatedimages.org/
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https://pt.wikipedia.org/wiki/Inquisição
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