A QUESTÃO DA CONTRADIÇÃO
(Todos os Elétrons do Universo são Deuses)

 

 

 

Contradição

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Há contradição, não só exterior, mas, também, interiormente, contradição na forma de violência e de paz, de família e de comunidade, de bem e de mal, de verdadeiro e de falso, de indivíduo e de coletividade, de tirania e de liberdade etc. Mas, se pudermos eliminar de todo, interiormente, e, portanto, também exteriormente, esse estado de contradição, a vida será, então, um movimento unificado, será algo digno de ser vivido, com alegria e com extraordinária atenção e vitalidade. Nossa vida é, pois, uma série infinita de contradições e, por conseguinte, de conflitos, de angústias, de dores e de confusão. A fragmentação da nossa vida como funcionário, chefe de família, político, homem religioso, homem que renuncia ao mundo, homem mundano, homem de negócios, artista é o fator responsável pela contradição. Vivemos em compartimentos separados, estanques, em contradição interior e todos em contradição entre si. Precisamos, portanto, tomar conhecimento de todas estas contradições. Precisamos, enfim, descobrir a ação que nunca seja contraditória, em todo o curso de nossa vida e não ocasionalmente, como em certos momentos em que a ação parece fluir livremente sem encontrar nenhuma resistência ou contradição. Temos de achar aquela ação fecunda, completa, aquele movimento livre de contradição, do começo ao fim. E a base da não-contradição é a atenção, atenção sem resistência de espécie alguma. [In: A Suprema Realização, de autoria de Jiddu Krishnamurti.]

 

 

 

Contradição           Contradição

 

 

 

Umas vezes, eu era tolerante,

outras, eu era inflexível.

Umas vezes, eu era maduro,

outras, eu era verde.

 

 

Velho

 

 

Umas vezes, eu era 'Manipura',

outras, eu era 'Anahata'.

Umas vezes, eu era Calígula,

outras, eu era bat boot.

Umas vezes, eu era Catilina,

outras, eu era Cícero.

Umas vezes, eu era Pilatus,

outras, eu era Jesus.

Umas vezes, eu era Pedro,

outras, eu era Madalena.

Umas vezes, eu era Tiradentes,

outras, eu era Joaquim Silvério dos Reis.

Umas vezes, eu era 'cogito',

outras, eu era ilógico.

Umas vezes, eu era 'Mein Kampf',

outras, eu era Imitação de Cristo.

Umas vezes, eu era 'Malleus Maleficarum',

outras, eu era 'Sacrosanctum Concilium'.

Umas vezes, eu era Protocolos de Sião,

outras, eu era Priorado de Sião.

Umas vezes, eu era Democracia,

outras, eu era Großgermanisches Reich.

Umas vezes, eu era patriota,

outras, eu era apátrida.

Umas vezes, eu era razão,

outras, eu era fé.

Umas vezes, eu era claridade,

outras, eu era caverna.

Umas vezes, eu era Torquemada,

outras, eu era Francisco.

Umas vezes, eu era dr. Mengele,

outras, eu era Dr. Adib Jatene.

Umas vezes, eu era Lula,

outras, eu era Bolsonaro.

Umas vezes, eu era Donald Trump,

outras, eu era Kim Jong-un.

 

 

Donald Trump e Kim Jong-un

 

 

Umas vezes, eu era menos-valia,

outras, eu era mais-valia.

Umas vezes, eu era amoroso,

outras, eu era preconceituoso.

 

 

 

 

Umas vezes, eu era Adolf,

outras, eu era Winston.

Umas vezes, eu era Cosentino,

outras, eu era Dallagnol.

Umas vezes, eu era João de Deus,

outras, eu era Chico Xavier.

Umas vezes, eu era Aton,

outras, eu era Lilith.

Umas vezes, eu era Samballa,

outras, eu era Oitava Esfera.

Umas vezes, eu era Charles Foster Kane,

outras, eu era 'Rosebud'.

Umas vezes, eu era 'nihil obstat',

outras, eu era 'censuram absoluta'.

Umas vezes, eu era William de Baskerville,

outras, eu era Ubertino de Casale.

Umas vezes, eu era Henrique Beaufort,

outras, eu era Joana d'Arc.

 

 

Cardeal Henrique Beaufort e Joana d'Arc

Pintura histórica feita por Paul Delaroche mostrando o
Cardeal Henrique Beaufort interrogando Joana d'Arc na prisão.

 

 

Umas vezes, eu era dignidade,

outras, eu era improbidade.

Umas vezes, eu era liberdade,

outras, eu era tirania.

Umas vezes, eu era 'bellum omnium omnes',

outras, eu era 'pax profundis'.

Umas vezes, eu era 'homo homini lupus',

outras, eu era 'homo homini frater'.

Umas vezes, eu era 'res extensa',

outras, eu era 'res cogitans'.

Umas vezes, eu era neoplatônico,

outras, eu era maniqueísta.

Umas vezes, eu era 'sic',

outras, eu era 'non'.

Umas vezes, eu era paraíso,

outras, eu era inferno.

Umas vezes, eu era um demônio,

outras, eu era um semideus.

Umas vezes, eu era auxílio,

outras, eu era impedimento.

Umas vezes, eu era ódio,

outras, eu era Amor.

Umas vezes, eu era intransigência,

outras, eu era misericórdia.

Umas vezes, eu era feiúme,

outras, eu era Beleza.

Umas vezes, eu era separatividade,

outras, eu era Unimultiplicidade.

Umas vezes, eu era viola,

outras, eu era violeiro.

Umas vezes, eu era Vida,

outras, eu era morte.

 

 

 

 

E assim, como a maioria das pessoas,

eu vivi mil + mil milênios,

inconseqüente e contraditório,

ora à esquerda, ora à direita,

ora horizontalizado, ora verticalizado,

ora diagonalizado, ora coisa nenhuma,

ora querendo ser, ora não sabendo como ser,

ora sendo, ora não-sendo,

ora embaixo, ora em cima,

ora ajudando, ora atrapalhando,

ora infante, ora princesa,

ora princesa, ora infante

sem erguer a mão

e sem encontrar a hera,

sem beber o Vinho

e sem tomar a Água,

sem achar o Lapis

e sem me transmutar em Ouro

ora bruxa, ora fada,

ora traindo, ora esperançando,

ora masmorra, ora Liberdade,

ora ignorância, ora sabedoria,

dicotômico e anânico,

até que, um Dia, já velhinho,

atento e em silêncio,

ouvi a Voz do Silêncio,

que, bem baixinho, me ensinou:

Todos os Elétrons do Universo são Deuses.

 

 

 

Todos os Elétrons do Universo são Deuses

 

 

 

Música de fundo:

Ponteio
Composição: Edu Lobo & José Carlos Capinan
Interpretação: Edu Lobo & Marília Medalha

Fonte:

https://ycapi.org/button/?v=_3X7ZOo49Kc

 

Páginas da Internet consultadas:

https://br.pinterest.com/pin/361836151309057790/

https://gifer.com/en/B1ZO

https://www.youtube.com/watch?v=NRRmm0d7VcA

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https://pt.wikipedia.org/wiki/
Joana_d%27Arc#A_morte_de_Joana_d'Arc

http://hanatemplate.com/

http://bestanimations.com/

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