Há
contradição, não só exterior, mas, também,
interiormente, contradição na forma de violência e de
paz, de família e de comunidade, de bem e de mal, de verdadeiro e
de falso, de indivíduo e de coletividade, de tirania e de liberdade
etc. Mas, se pudermos eliminar de todo, interiormente, e, portanto, também
exteriormente, esse estado de contradição, a vida será,
então, um movimento unificado, será algo digno de ser vivido,
com alegria e com extraordinária atenção e vitalidade.
Nossa vida é, pois, uma série infinita de contradições
e, por conseguinte, de conflitos, de angústias, de dores e de confusão.
A fragmentação da nossa vida como funcionário, chefe
de família, político, homem religioso, homem que renuncia
ao mundo, homem mundano, homem de negócios, artista é o fator
responsável pela contradição. Vivemos em compartimentos
separados, estanques, em contradição interior e todos em contradição
entre si. Precisamos, portanto, tomar conhecimento de todas estas contradições.
Precisamos, enfim, descobrir a ação que nunca seja contraditória,
em todo o curso de nossa vida e não ocasionalmente, como em certos
momentos em que a ação parece fluir livremente sem encontrar
nenhuma resistência ou contradição. Temos de achar aquela
ação fecunda, completa, aquele movimento livre de contradição,
do começo ao fim. E a base da não-contradição
é a atenção, atenção sem resistência
de espécie alguma. [In:
A Suprema Realização, de autoria de Jiddu Krishnamurti.]
—
Umas vezes, eu era tolerante,
outras,
eu era inflexível.
Umas
vezes, eu era maduro,
outras,
eu era verde.
—
Umas vezes, eu era 'Manipura',
outras,
eu era 'Anahata'.
Umas
vezes, eu era Calígula,
outras,
eu era bat boot.
Umas
vezes, eu era Catilina,
outras,
eu era Cícero.
Umas
vezes, eu era Pilatus,
outras,
eu era Jesus.
Umas
vezes, eu era Pedro,
outras,
eu era Madalena.
Umas
vezes, eu era Tiradentes,
outras,
eu era Joaquim Silvério dos Reis.
Umas
vezes, eu era 'cogito',
outras,
eu era ilógico.
Umas
vezes, eu era 'Mein Kampf',
outras,
eu era Imitação de Cristo.
Umas
vezes, eu era 'Malleus Maleficarum',
outras,
eu era 'Sacrosanctum Concilium'.
Umas
vezes, eu era Protocolos de Sião,
outras,
eu era Priorado de Sião.
Umas
vezes, eu era ,
outras,
eu era Großgermanisches Reich.
Umas
vezes, eu era patriota,
outras,
eu era apátrida.
Umas
vezes, eu era razão,
outras,
eu era fé.
Umas
vezes, eu era claridade,
outras,
eu era caverna.
Umas
vezes, eu era Torquemada,
outras,
eu era Francisco.
Umas
vezes, eu era dr. Mengele,
outras,
eu era Dr. Adib Jatene.
Umas
vezes, eu era Lula,
outras,
eu era Bolsonaro.
Umas
vezes, eu era Donald Trump,
outras,
eu era Kim Jong-un.
—
Umas vezes, eu era menos-valia,
outras,
eu era mais-valia.
Umas
vezes, eu era amoroso,
outras,
eu era preconceituoso.
—
Umas vezes, eu era Adolf,
outras,
eu era Winston.
Umas
vezes, eu era Cosentino,
outras,
eu era Dallagnol.
Umas
vezes, eu era João de Deus,
outras,
eu era Chico Xavier.
Umas
vezes, eu era Aton,
outras,
eu era Lilith.
Umas
vezes, eu era Samballa,
outras,
eu era Oitava Esfera.
Umas
vezes, eu era Charles Foster Kane,
outras,
eu era 'Rosebud'.
Umas
vezes, eu era 'nihil obstat',
outras,
eu era 'censuram absoluta'.
Umas
vezes, eu era William de Baskerville,
outras,
eu era Ubertino de Casale.
Umas
vezes, eu era Henrique Beaufort,
outras,
eu era Joana d'Arc.
Pintura
histórica feita por Paul Delaroche mostrando o
Cardeal Henrique Beaufort interrogando Joana d'Arc na prisão.
—
Umas vezes, eu era dignidade,
outras,
eu era improbidade.
Umas
vezes, eu era liberdade,
outras,
eu era tirania.
Umas
vezes, eu era 'bellum omnium omnes',
outras,
eu era 'pax profundis'.
Umas
vezes, eu era 'homo homini lupus',
outras,
eu era 'homo homini frater'.
Umas
vezes, eu era 'res extensa',
outras,
eu era 'res cogitans'.
Umas
vezes, eu era neoplatônico,
outras,
eu era maniqueísta.
Umas
vezes, eu era 'sic',
outras,
eu era 'non'.
Umas
vezes, eu era paraíso,
outras,
eu era inferno.
Umas
vezes, eu era um demônio,
outras,
eu era um semideus.
Umas
vezes, eu era auxílio,
outras,
eu era impedimento.
Umas
vezes, eu era ódio,
outras,
eu era Amor.
Umas
vezes, eu era intransigência,
outras,
eu era misericórdia.
Umas
vezes, eu era feiúme,
outras,
eu era Beleza.
Umas
vezes, eu era separatividade,
outras,
eu era Unimultiplicidade.
Umas
vezes, eu era viola,
outras,
eu era violeiro.
Umas
vezes, eu era Vida,
outras,
eu era morte.
—
E assim, como a maioria das pessoas,
eu
vivi mil + mil milênios,
inconseqüente
e contraditório,
ora
à esquerda, ora à direita,
ora
horizontalizado, ora verticalizado,
ora
diagonalizado, ora coisa nenhuma,
ora
querendo ser, ora não sabendo como ser,
ora
sendo, ora não-sendo,
ora
embaixo, ora em cima,
ora
ajudando, ora atrapalhando,
ora
infante, ora princesa,
ora
princesa, ora infante
–
sem erguer a mão
e sem encontrar a hera,
sem
beber o Vinho
e
sem tomar a Água,
sem
achar o Lapis
e
sem me transmutar em Ouro –
ora
bruxa, ora fada,
ora
traindo, ora esperançando,
ora
masmorra, ora Liberdade,
ora
ignorância, ora sabedoria,
dicotômico
e anânico,
até
que, um Dia, já velhinho,
atento
e em silêncio,
ouvi
a Voz do Silêncio,
que,
bem baixinho, me ensinou:
—
Todos os Elétrons do Universo são Deuses.
Todos
os Elétrons do Universo são Deuses
Música
de fundo:
Ponteio
Composição: Edu Lobo & José Carlos Capinan
Interpretação: Edu Lobo & Marília Medalha
Fonte:
https://ycapi.org/button/?v=_3X7ZOo49Kc
Páginas
da Internet consultadas:
https://br.pinterest.com/pin/361836151309057790/
https://gifer.com/en/B1ZO
https://www.youtube.com/watch?v=NRRmm0d7VcA
https://giphy.com/explore/aok
https://pt.wikipedia.org/wiki/
Joana_d%27Arc#A_morte_de_Joana_d'Arc
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