Astronomia
é a ciência que trata dos movimentos dos corpos celestes, que
são regulares, imutáveis e perfeitos. Astrologia é
a ciência que trata das mudanças que os movimentos dos corpos
celestes provocam nas coisas terrenas.
A
causa da maioria das coisas e da totalidade dos eventos é esclarecida
a partir do ambiente.
O
poder ativo da natureza essencial do Sol é aquecer e, em algum grau,
secar. Isto se torna ainda mais fácil de perceber no caso do Sol
do que para qualquer outro corpo celeste, devido a seu tamanho e à
obviedade de suas mudanças sazonais, pois quanto mais ele se aproxima
do zênite mais ele nos afeta desta forma. O poder da Lua consiste
principalmente em umedecer, claramente porque ela está perto da Terra
e por causa das exalações úmidas que vêm daí.
Sua ação, desta forma, é precisamente esta: na maior
parte, amolecer e causar putrefação em corpos, mas ela também
tem, moderadamente, a sua parte no poder de aquecer por causa da luz que
ela recebe do Sol. A qualidade de Saturno é principalmente de esfriar
e, mais raramente, secar, provavelmente porque ele está mais afastado
tanto do calor do Sol como das exalações úmidas da
Terra. Tanto no caso de Saturno quanto no caso dos outros planetas existem
poderes, também, que aparecem através da observação
de seus aspectos com o Sol e com a Lua, porque alguns deles parecem modificar
as condições do ambiente de uma forma, alguns de outra, por
aumento ou diminuição. A natureza de Marte é principalmente
secar e queimar, em conformidade com sua coloração abrasiva
e em razão da sua proximidade com o Sol, pois a esfera do Sol está
localizada logo abaixo dele. Júpiter possui uma força ativa
temperada porque seu movimento ocorre entre a influência fria de Saturno
e o poder incinerador de Marte. Ele aquece e também umedece, e porque
seu poder de cura é o maior em razão das esferas subjacentes,
ele produz ventos fertilizantes. Vênus tem os mesmos poderes e a mesma
natureza temperada de Júpiter, mas age de forma oposta, pois aquece
moderadamente por causa da sua proximidade do Sol, mas umedece principalmente,
do mesmo modo como a Lua, por causa da quantidade da sua própria
luz e porque se apropria das exalações da atmosfera úmida
que envolve a Terra. Mercúrio, em geral, em alguns momentos, seca
e absorve a umidade porque ele nunca está muito longe, em longitude,
do calor do Sol, e, então, umedece, porque está próximo,
logo acima, da esfera da Lua, que está mais próxima da Terra;
e muda rapidamente de uma ação para a outra, inspirado, por
assim dizer, pela velocidade de seu movimento nas proximidades do próprio
Sol.
Se
o domínio da morte se deve a Saturno, ele produzirá morte
por excesso de frio. Júpiter causa a morte por angina, inflamação
dos pulmões, apoplexia, espasmos, dores de cabeça, desempenho
patológico do coração e por todas as doenças
derivadas do excesso de ar, de respiração imoderada e impura.
Marte causa a morte por meio de febres constantes, ferimentos súbitos
e espontâneos, males dos rins, expectoração de sangue
e hemorragias de várias espécies; por aborto, por parto, por
erisipelas, e, em suma, por males que procedem de calor abundante e imoderado.
Vênus produz morte por desordens do estômago e do fígado,
por escorbuto e disenteria; também por consumpção ou
debilidade, por fístulas e venenos e por todas as doenças
que incidam em excesso ou escassez de umidade e sua corrupção.
Finalmente, Mercúrio causa morte por fúria, loucura, melancolia,
epilepsia, síncopes, tosses e obstruções e por todas
as doenças que derivem de excesso ou falta de secura. Se Saturno
estiver em signos fixos e em quadratura ou oposição ao Sol,
e em condição adversa, produzirá morte por sufocamento,
ocasionado tanto por multidões quanto por enforcamento ou estrangulamento.
Se ele (Saturno) estiver situado em lugares ou signos de forma bestial,
o nativo será destruído por animais selvagens e, se Júpiter
também der testemunho, estando ao mesmo tempo seriamente afligido,
a morte terá lugar em público, e de dia; por exemplo, sendo
lançado ao combate contra feras. Se Saturno estiver situado em oposição
a algum dos astros no ascendente, causará morte na prisão;
já se estiver configurado por Mercúrio, especialmente na proximidade
da constelação da Serpente na esfera, e em signos terrestres
do zodíaco produzirá morte por picadas ou mordidas venenosas
e por feras e répteis. E, caso Vênus também se ligue
a Saturno e a Mercúrio assim combinados, a morte se seguirá
por envenenamento ou traição feminina. Se Saturno estiver
em Virgem ou Peixes ou signos de água, configurado com a Lua, ele
trará morte por meio da água, por afogamento ou sufocamento,
e, se estiver perto de Argo,1
por naufrágio. Se Marte estiver em signos de forma humana e posicionamento
em quadratura ou oposição ao Sol ou à Lua, e em condição
adversa, trará morte por chacina, em guerra civil ou externa, ou
por suicídio. Já se Vênus estiver presente, a morte
será produzida por mulheres, e caso Mercúrio também
esteja com eles configurado, a morte ocorrerá através de ladrões,
assaltantes ou salteadores.
O
Sol, junto com o ambiente, está sempre da mesma forma afetando tudo
na Terra, não só pelas mudanças que acompanham as estações
do ano para produzir a geração dos animais, a produtividade
das plantas, o fluxo das águas e as mudanças nos corpos, mas
também por suas revoluções diárias, que levam
calor, umidade, secura e frio em ordem regular e em correspondência
com as posições relativas ao zênite. A Lua, também,
uma vez que é o corpo celeste mais próximo da Terra, exerce
sua influência da forma mais abundante sobre as coisas mundanas, pois
elas, em sua maioria, animadas ou inanimadas, são simpáticas
a ela e com ela mudam conjuntamente; os rios aumentam e diminuem seu volume
de acordo com sua luz, os mares geram suas próprias marés
de acordo com seu nascer e seu poente, e as plantas e os animais, no todo
ou em uma mesma parte, crescem e minguam com ela. Já as passagens
das estrelas fixas e dos planetas pelo céu muitas vezes significam
que as condições do ar serão de calor, de vento ou
de neve, e as coisas mundanas são afetadas da mesma forma.
Embora
o poder do Sol prevaleça no ordenamento geral da qualidade, os outros
corpos celestes ajudam ou se opõem a ele em detalhes particulares.
A Lua de forma mais óbvia e contínua, como, por exemplo, quando
está nova, crescente ou cheia, e as estrelas a intervalos maiores
e de forma mais obscura, como quando de seus aparecimentos, ocultações
e aproximações.
Por
um lado, um tipo de ambiente é proporcional a um tipo de mistura
e pode contribuir para a saúde; por outro, outro tipo de ambiente
é desproporcional e contribui para a adversidade.
A Astrologia deve ser abordada de
maneira indutiva, conjectural e qualitativa. Há muitos que, não
sendo bem instruídos na Astrologia, provocam a opinião de
que até mesmo os que são bem-sucedidos o são por acaso;
mas isto é incorreto. Tal argumento não é sobre a ciência,
mas sobre a incapacidade dos que a praticam. Muitos, entretanto, tiram proveito
e enganam as pessoas em nome da Astrologia, quando, na verdade, estão
usando outras técnicas preditivas. A maioria dos que, para ter lucro,
julgam digno confiar em outra técnica usando o nome da Astrologia,
por um lado, enganam os leigos, porque parecem prever muitas coisas, até
mesmo aquelas que por natureza não podem ser objeto de prognóstico.
Por outro lado, por causa disto, dão oportunidade aos mais esclarecidos
de criticar até aquelas coisas que podem ser previstas por natureza.
Mas, isto não é necessário. Nem se deve desprezar a
Filosofia desta forma porque alguns indignos parecem praticá-la.
Mesmo
observadores que não usem meios científicos, como agricultores
e marinheiros, perceberão as conseqüências de configurações
mais óbvias, como as do Sol e as da Lua.
A
educação e os hábitos contribuem para o curso da vida.
O prognóstico pelo emprego
da Astronomia é bom para a alma, pois fornece uma visão geral
das coisas humanas e divinas. Para o corpo é igualmente bom porque
informa sobre o que é apropriado para cada temperamento.
São
dois os prognósticos pela Astronomia:
o primeiro, equivalente em ordem e poder, leva ao conhecimento dos posicionamentos
do Sol, da Lua, das estrelas, dos seus aspectos relativos uns aos outros
e da Terra; o outro, leva em consideração as mudanças
que estes aspectos criam, por meio de suas propriedades naturais, nos objetos
sob sua influência.
Pareceria,
à primeira vista, que aqueles que criticam a inutilidade do prognóstico
não têm nenhuma consideração pelos assuntos mais
importantes, mas apenas por este: que o conhecimento adiantado dos acontecimentos
que vão acontecer de qualquer modo é supérfluo; fazem-no
também sem qualquer reserva e sem a devida discriminação.
Pois, em primeiro lugar, deveríamos considerar que até com
acontecimentos que terão necessariamente lugar, o fato de serem inesperados
pode muito bem causar pânico excessivo e alegria delirante, enquanto
o conhecimento prévio acostuma e acalma a alma através da
experiência dos acontecimentos distantes como se fossem presentes,
e a prepara para aceitar com calma e serenidade o que quer que aconteça.
Nas
coisas terrenas, há interferências de outras causas, além
das celestiais (causas primárias), como o acaso, o ambiente e a seqüência
natural (decorrente da causa primária), que podem servir de forças
de resistência.
Se
os acontecimentos futuros dos homens não forem conhecidos ou se forem
conhecidos e os remédios não forem aplicados, eles seguirão,
sem dúvida, o curso da natureza primária. Mas, se forem reconhecidos
antes do tempo e os remédios forem fornecidos, novamente de acordo
com a natureza e o destino, ou eles não ocorrerão ou serão
menos graves.
Absolutamente
todos os eventos futuros são inevitáveis e inescapáveis,
mas a possibilidade de uma prática defensiva deve ser bem-vinda,
apreciada e considerada vantajosa.
A
Medicina é uma das principais aplicações da Astrologia,
podendo principalmente explicitar o caráter prognóstico, diagnóstico,
terapêutico e preventivo.
Não
é a estrela ou signo que produzem um certo efeito, mas a qualidade
da estrela ou do signo, já que uma determinada qualidade sempre produzirá
o mesmo efeito.
Tal
é, pois, a doutrina sucinta dos acidentes do corpo. Mas as qualidades
da alma, que pertencem à inteligência e ao raciocínio,
dependem, em cada um, da condição de Mercúrio. Aquela
que diz respeito aos costumes e às tendências inferiores derivam
dos astros cujas configurações são mais grosseiras,
quer dizer da Lua e daqueles que se lhe assemelham, quer por conjunção,
quer pelo aspecto. E visto que a diversidade das tendências e dos
movimentos da alma é muito grande, esta consideração
não é simples e não deve ser feita temerariamente sem
distinção, mas necessita de muitas e diversas conjecturas.
Com
efeito, os signos nos quais Mercúrio e a Lua se encontram contribuem
muito para as qualidades da alma assim como os aspectos dos astros em relação
ao Sol e aos ângulos e a natureza de qualquer planeta, pela relação
que têm com certas inclinações da alma.2
Nos
lugares favoráveis, se o Sol tem familiaridade com o Senhor das condições
do Espírito, faz os homens mais justos, mais destros, mais religiosos
e mais graves. Todavia, nos lugares desfavoráveis e que não
se harmonizam já com o dominador, imprime-lhes menos brilho, compromete-os
em negócios mais difíceis, torna-os menos notáveis,
obstinados, rudes, cruéis, intratáveis e, em geral, obtendo
menos sucesso.
O
Zodíaco é um círculo e, portanto, não tem um
começo natural.
Em
condições parecidas, a qualidade dos astros é mais
pura e sua potência é mais forte; em condições
opostas, seu poder é adulterado e mais fraco.
Estações |
Características |
Idades
da vida |
Primavera |
Umidade |
Primeira
(delicadeza e viço) |
Verão |
Calor
|
Segunda
(até plenitude) |
Outono |
Secura |
Terceira
(após plenitude) |
Inverno |
Frialdade |
Quarta
(declínio, dissolução) |
A
posição da Lua é de grande alcance, pois se se afasta
da latitude meridional ou setentrional, gera a variedade dos costumes, a
propriedade nos conselhos e a inconstância. Nos modos, agudiza o espírito
e ajuda à prontidão na invenção, à destreza
e torna os homens mais avisados. Quando a Lua nasce ou aumenta em capacidade
luminosa, torna os homens mais generosos, mais abertos, mais afoitos e mais
livres. Todavia, na conjunção ou quando é ocultada
pelo Sol fá-los mais covardes, mais idiotas, desistir mais facilmente
do que se haviam proposto realizar, mais tímidos e mais desprezíveis.
Cada estação do ano
corresponde a três signos, sendo que cada um deles representa uma
fase da estação: o início, o meio e o fim. As estações
começam sempre com os signos cardinais (Áries, Câncer,
Libra e Capricórnio), aos quais se seguem os signos fixos (Touro,
Leão, Escorpião e Aquário). O fim das estações
equivale aos signos mutáveis (Gêmeos, Virgem, Sagitário
e Peixes).
Os signos são masculinos e
femininos. A ordem é alternada porque o dia está sempre ligado
à noite e próximo dela, como o feminino e o masculino. Áries
e Libra, tomados como base, são considerados masculinos e diurnos,
pois o círculo equinocial que passa por eles realiza o primeiro e
mais poderoso movimento de todo o Universo.
Signos |
Características |
Áries
e Libra |
Masculino |
Touro
e Escorpião |
Feminino |
Gêmeos
e Sagitário |
Masculino |
Câncer
e Capricórnio |
Feminino |
Leão
e Aquário |
Masculino |
Virgem
e Peixes |
Feminino |
Quando
apenas Mercúrio possui o governo do Espírito nos lugares favoráveis,
faz os homens inteligentes, prudentes, dóceis, informados sobre muitas
coisas, sutis em inventar, fazendo várias experiências, raciocinando
sobre tudo, conjecturando bem, procurando a natureza das coisas, hábeis,
imitadores, bondosos, calculistas, especulativos, matemáticos, interessados
por diversos mistérios, não compreendendo nada em vão.
Pelo contrário, em lugares desfavoráveis, fá-los manhosos,
precipitados, esquecidos, tendo impulsos rápidos, superficiais, volúveis,
mudando de opinião, fúteis, desejosos de prejudicar, loucos,
fáceis de serem enganados, mentirosos, menosprezando as diferenças
das coisas e das pessoas, instáveis, infiéis, fraudulentos,
injustos e, por fim, planejadores de conselhos perigosos e praticando maldades
de forma ousada e temerariamente.
Quem
vive mais ao sul (do equador ao trópico de verão) tem pele
negra, cabelo crespo, hábitos selvagens, estatura baixa e natureza
sangüínea; quem vive entre o trópico de verão
e as Ursas tem cor e estatura medianas, natureza uniforme e hábitos
civilizados. Em cada região surgem traços especiais de caráter
e costumes, decorrentes de seus climas, que também variam segundo
a situação, altitude ou adjacências, mas que guardam
familiaridade natural com as estrelas nos signos.
Nos eclipses, deve-se observar as
cores dos luminares, dos raios de luz, auréolas e semelhantes. Se
a cor cobrir o luminar todo ou a região que o circunda, a maioria
das partes dos países será afetada; caso contrário,
será afetada apenas a parte para a qual o fenômeno se inclina.
Os
cometas pressagiam guerras, tempo quente, condições perturbadas
e diversas outras conseqüências. No Zodíaco, a posição
da cabeça e a direção da cauda do cometa mostram as
regiões afetadas: a cabeça aponta o tipo de acontecimento
e a classe sobre a qual terá efeito; o tempo de duração
do cometa equivale ao tempo de duração do acontecimento; e
a posição relativa ao Sol indica o início do acontecimento
(no oriente, acontecimentos que chegam rapidamente, no Ocidente, vagarosamente).
Estes
sinais atmosféricos devem ser considerados para se fazer um prognóstico
específico, a saber: 1º) Nascer ou pôr do Sol claro, firme
e sem nuvens —›
bom tempo; 2º) Disco variado ou avermelhado, com raios rubros, presença
de nuvens paraélicas, formações amareladas de nuvens
ou emissão de longos raios —›
ventos fortes e que vêm dos ângulos para os quais os sinais
apontam; 3º) Nascer ou pôr do Sol escuro ou lívido, com
nuvens ou auréolas à sua volta ou nuvens paraélicas,
emissão de raios lívidos ou escuros —›
tempestades e chuvas; 4º) Lua fina e clara sem nada ao redor —›
tempo claro; 5º) Lua fina e vermelha, com disco da parte não
iluminada visível e perturbado —›
ventos na direção da sua inclinação; 6º)
Lua escura ou pálida e espessa —›
tempestades e chuvas; 7º) Lua com uma auréola clara desvanecendo-se
gradualmente —›
bom tempo; 8º) Lua com duas ou três auréolas —›
tempestades (quanto mais auréolas, mais severas as tempestades);
9º) Lua com auréolas amarelas e quebradas —›
tempestades com vento forte; 10º) Lua com auréolas pálidas
ou escuras e quebradas —›
tempestades com vento e neve; 11º) Auréolas em torno de
estrelas e planetas —›
o que é próprio de suas cores e das naturezas dos astros
que circundam; 12º) Estrelas fixas muito juntas, que parecem mais brilhantes
e maiores do que o normal —›
ventos que sopram de sua própria região; 13º) nebulosas
opacas, espessas, invisíveis —›
chuva torrencial; 14º) nebulosas claras e cintilantes —›
ventos fortes;15º) Estrelas Asnos ao norte da Praesepe invisível
—› vento
norte; 16º) Estrelas Asnos ao sul da Praesepe invisível —›
vento sul; 17º) Cometas —›
secas ou ventos (quanto maior, mais severos os ventos); 18º) Estrelas
cadentes num ângulo —›
vento daquela direção; 19º) Estrelas cadentes
de ângulos opostos —›
confusão de ventos; 20º) Estrelas cadentes dos quatro ângulos
—› tempestades
de todo tipo, com trovões, relâmpagos e semelhantes; e 21º)
Arco-íris —›
tempestade depois de tempo limpo e tempo limpo depois de tempestade.
A
teoria dos acontecimentos universais controla o prognóstico particular,
pois suas condições são maiores e independentes. No
entanto, a causa tanto do universal quanto do particular é o movimento
dos planetas, do Sol e da Lua, ou seja, o prognóstico baseia-se na
observação das alterações nas naturezas próprias
que correspondem aos movimentos dos corpos celestes, partindo do cálculo
da disposição e dos aspectos dos mesmos. Contudo, não
há um único ponto de partida para os universais. Para os indivíduos,
entretanto, o ponto de vista principal é o singular, ou seja, o mapa
natal, e os outros surgirão em momentos da vida específicos,
variando de grau conforme as idades da vida e os sucessivos significados
dos ambientes em relação a este momento inicial. A semente
recebe suas qualidades do ambiente, e, ao crescer, suas modificações
implicam sempre misturas com matéria que lhe é afim, assemelhando-se
cada vez mais com a sua qualidade inicial.
Se o momento da concepção
for conhecido, deve-se tomá-lo como ponto de partida, pois com ele
também se conhecem previamente acontecimentos anteriores ao nascimento.
Caso contrário, deve-se usar o momento do nascimento para determinar
a natureza específica do corpo e da alma. No nascimento, que se dá
debaixo de uma conformação dos céus semelhante à
que governou sua concepção e formação, a criança
adquire atributos adicionais, tipicamente da natureza humana. Ou seja, a
causa primária é a configuração no momento da
concepção. O momento do nascimento tem necessária e
naturalmente potencialidade muito semelhante. Enfim, cabe ao astrólogo
ser hábil para aplicar as descrições gerais aos casos
particulares.
Das
ciências que fornecem prognóstico pelo emprego da Astronomia,
ó Syros, duas têm mais importância e autoridade. Por
meio de uma delas, primeira em ordem e poder, compreendemos as configurações
usuais dos movimentos do Sol, da Lua e dos astros em relação
uns com os outros e com a Terra. Por meio da segunda, usando a natureza
dessas configurações, investigamos as particularidades que
concretizam as transformações no ambiente à sua volta.
O
Sol exalta-se em Áries porque é aí
que a duração do dia e o poder de aquecimento do Sol começam
a aumentar. A depressão em Libra se dá pelas razões
opostas. Saturno, em uma posição oposta à do Sol, como
nas regências dos signos, exalta-se em Libra e deprime-se em Áries.
Onde o calor aumenta, diminui o frio e vice-versa. A Lua exalta-se em Touro,
pois é o primeiro signo do seu próprio triângulo e também
porque é onde, após uma conjunção em Áries
(exaltação do Sol), começa a aumentar a sua luz e altura.
Escorpião, signo oposto, é a sua depressão. Júpiter,
que produz os ventos do norte, alcança o ponto mais setentrional
em Câncer, levando seu poder ao apogeu. Exaltação em
Câncer e depressão em Capricórnio. Marte é fogoso
e fica ainda mais em Capricórnio, na culminação sul.
Em contraste com Júpiter, Marte recebeu Capricórnio como exaltação
e Câncer como depressão. Vênus é úmida
e aumenta seu poder em Peixes, anunciando a úmida primavera. Exaltação
em Peixes e depressão em Virgem. Mercúrio é mais seco,
logo, por contraste, exalta-se em Virgem e deprime-se em Peixes.
A Lua influencia a primeira infância
(0 – 4 anos), fixando a alma no corpo e promovendo rápido crescimento.
Mercúrio influencia a segunda infância (5 – 14 anos),
favorecendo o início do desenvolvimento intelectual e a parte lógica
da alma. Vênus influencia a juventude (15 – 23 anos), estimulando
a inspiração e o impulso para o amor. Neste período,
um tipo de frenesi entra na alma: incontinência, desejo por gratificação
sexual, paixão fulminante, astúcia e amor impetuoso. O Sol
influencia a maturidade (24 – 43 anos), implantando na alma maestria
e direção nas ações. Tem início o desejo
de posses, poder, glória e boa posição; muda a ingenuidade
para a seriedade com decoro e ambição. Marte influencia a
meia-idade (44 – 59 anos), surgindo a preocupação com
a idade, exigindo cuidados com o corpo e com a alma. Júpiter influencia
a velhice (60 – 72 anos). Vêm a fadiga, a renúncia ao
trabalho manual, ao tumulto e à atividades perigosas. Em seu lugar,
entra o decoro, a previdência, o retraimento, junto com a cautela,
a admoestação e a consolação. É o tempo
em que o ser busca a honra. Enfim, Saturno tem influência sobre o
fim da vida (73 anos em diante). Aqui, os movimentos do corpo e da alma
estão 'esfriados' e impedidos em seus impulsos, prazeres, desejos
e velocidade. Perde-se a vontade; vem a fraqueza.
Quando
apenas Vênus domina nos lugares importantes faz homens afáveis,
bons, amando os prazeres, destinados a adquirir a afeição
dos outros, eloqüentes, dados à elegância e às
assembléias, ciosos, alegres, não conseguindo suportar o sofrimento,
com jeito para as artes, de gestos agradáveis, religiosos, com uma
boa constituição física, tendo sonhos realistas, usando
de uma natureza benevolente para com o seu próximo, bondosos, misericordiosos,
fáceis de reconciliar, não fazendo nada em vão e, por
fim, dados às volúpias sensuais. Em lugares desfavoráveis,
fá-los preguiçosos, apaixonados, efeminados, tímidos,
indiferentes nas suas ações, inclinados à lascívia,
indiferentes à infâmia e leva-os a viver sem brilho.
Corpos
Celestes |
Qualidades |
Influência |
Características |
Sol |
Quente
e seco |
Benéfica/Maléfica |
Masculino |
Lua |
Quente
e úmida |
Benéfica |
Feminina |
Mercúrio |
Depende
do Sol e da Lua |
Benéfica/Maléfica |
Feminino |
Vênus |
Quente
e úmido |
Benéfica |
Feminino |
Marte |
Quente
e seco |
Maléfica |
Masculino |
Júpiter |
Quente
e úmido |
Benéfica |
Masculino |
Saturno |
Frio
e seco |
Maléfica |
Masculino |
Não
devemos acreditar que eventos separados ocorram para a Humanidade como resultado
de una causa celestial, como se eles tivessem sido ordenados originalmente
para cada pessoa por um comando divino irrevogável e destinados a
acontecer sem a possibilidade de nenhuma outra causa, qualquer que seja,
intervir.
Algumas
coisas acontecem à Humanidade através de circunstâncias
gerais e não como resultado das propensões naturais do indivíduo
– por exemplo, quando os homens perecem em multidões devido
à conflagração de uma peste ou cataclismo, por mudanças
monstruosas e inescapáveis no ambiente, pois a causa subordinada
sempre deve dar lugar à maior e mais forte. Outras ocorrências,
no entanto, estão de acordo com o próprio temperamento individual,
através de antipatias menores e fortuitas do ambiente.
Tanto
no geral quanto em particular, quaisquer que sejam os eventos que dependam
de uma primeira causa, que seja irresistível e mais poderosa que
qualquer uma que se oponha a ela, estes devem acontecer de qualquer modo.
Por outro lado, dos eventos que não têm esta característica,
aqueles que possuem forças que lhe resistam são facilmente
evitados, enquanto aqueles que não possuem estas forças não
seguem as causas primárias naturais, é claro, mas isto é
devido à ignorância e não à necessidade de um
poder superior.
Algumas
coisas, porque suas causas eficientes são numerosas e poderosas,
são inevitáveis; mas outras, pelas razões contrárias,
podem ser evitadas.
Um
certo Poder que emana da Substância Etérea Eterna
se espalha e permeia toda a região em torno da Terra, que está
completamente sujeita à mudanças, pois, dos elementos sublunares
primários, o Fogo e o Ar são envolvidos e alterados pelos
movimentos do Éter, e eles, por sua vez, envolvem e mudam todo o
resto, a Terra e a Água, as plantas e os animais.
Eu
sei que sou mortal e criatura de um só dia; mas, quando perscruto
o conjunto dos círculos giratórios das estrelas, os meus pés
deixam de tocar a Terra e, lado a lado com o próprio Zeus, sacio-me
de ambrosia, o alimento dos deuses.