Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

A Grande Lei que trabalha para o Bem traz o homem de volta ao mundo com os tesouros que adquiriu, para benefício dele mesmo e dos demais, ao invés de permitir que tais tesouros se desperdicem onde ninguém deles necessita... As Leis gêmeas – de Renascimento e de Conseqüência – resolvem de forma razoável todos os problemas incidentais à vida humana conforme o homem avança firmemente para o seu próximo estágio evolutivo – o de Super-Homem... O esquema evolutivo é efetuado através de cinco Mundos em Sete Grandes Períodos de Manifestação, durante os quais o Espírito Virginal ou Vida Evolucionante se converte primeiramente em homem e depois em Deus... (Grifos meus).

 

Max Heindel (23 de julho de 1865 – 6 de janeiro de 1919)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Se é verdade que por trás de um grande homem sempre há uma grande mulher, por trás de qualquer místico há sempre um Grande Místico ou um Grande Mestre. Tomando como exemplo a Ordem Rosacruz AMORC, dos neófitos aos altos oficiais da Ordem, todos, sem exceção, são tributários do Frater Harvey Spencer Lewis – Sâr Alden (25 de novembro de 1883 – 2 de agosto de 1939), 1º Imperator da Ordem, que por sua vez, foi tributário do Amorcus, o Mestre Cósmico Multimental que o instruiu no trabalho de organizar e de instalar a AMORC.1 Depois da Grande Iniciação de Sâr Alden, seu filho — Frater Ralph Maxwell Lewis – Sâr Validivar (14 de fevereiro de 1904 – 12 de janeiro de 1987), 2º Imperator da Ordem — deu seqüência ao trabalho, de 1939 à 1987, deixando a AMORC estruturada em todo o mundo. Atualmente o Imperator da AMORC é o Frater Christian Bernard – Sâr Fenix, nascido em 30 de novembro de 1951, tendo sido eleito para o cargo pelo Supremo Grande Conselho da AMORC em 12 de abril de 1990.

 

Nós brasileiros, entretanto, não poderemos jamais esquecer da Soror Maria A. Moura (30 de janeiro de 1917 – 4 de abril de 2001). Sem o seu supremo esforço e trabalho pioneiro e abnegado, talvez a Jurisdição de Língua Portuguesa não existisse ou tivesse sido instalada bem mais tarde. Creio, por outro lado, que a AMORC não teria chegado ao nível em que hoje se encontra, tão rapidamente no Brasil, sem o concurso fraterno, competente e leal do Frater José de Oliveira Paulo (19 de dezembro de 1908 – 30 de maio de 1989). Particularmente seu conhecimento de inglês não só facilitou os contatos com a Suprema Grande Loja, como permitiu que as monografias fossem traduzidas e preparadas sob a sua cuidadosa supervisão direta.

 

Cabe, assim, a quem aprende divulgar o que aprendeu. Particularmente Maria A. Moura e José de Oliveira Paulo se saíram Suma Cum Laudæ nesta empreitada extraordinária. Quem, pelo motivo que for, não transmite generosamente o que aprendeu comete um pecado de lesa-humanidade e responderá por seu egoísmo (mesmo que bem-intencionado), pois nada justifica levar ao extremo o preceito de que quem sabe não fala; fala quem não sabe. Apenas uma coisa precisa ser observada: falar o que pode ser falado e quando deve ser falado. E mesmo o que não pode ou não deve ser falado pode ser enunciado sem que haja comprometimento ou traição da parte de quem fala; quando for o caso, basta que sejam usados os recursos da alegoria ou do simbolismo. Há alguns membros em minha amada Ordem Rosacruz – pelo menos, há alguns anos, era assim – que têm o péssimo hábito de, quando alguém lhes pergunta alguma coisa, eles devolvem a pergunta com outra pergunta: — Qual é o seu grau? Ora bolas! Não interessa o grau de ninguém. Qual era o grau de Jesus aos doze anos? Se alguém tem alguma dúvida a respeito de uma passagem qualquer precisa ser esclarecido, e é, portanto, obrigação do frater, da soror ou de quem quer que seja, se souberem, dar a explicação conveniente. Guardar em uma redoma os ensinamentos místicos é uma deturpação dos propósitos do Misticismo, e a própria AMORC recomenda que se ensine e se transmita tudo que puder ser ensinado e transmitido. Então, nada realmente justifica ou ampara o silêncio nestas circunstâncias, transformando-o mesmo em uma espécie de misticomania egoísta. O oposto disto que acabei de refletir é, por exemplo, o trabalho digno e meritório desenvolvido pela Ordo Svmmvm Bonvm e suas diversas divisões, no sentido de esclarecer sistematicamente a Humanidade. Mas zilhões de vezes pior é quem comercializa ensinamentos universais, negociando as coisas sagradas na base cavilosa do toma-lá-dá-cá. Então, se eu tivesse que escolher entre estes dois equívocos, eu, a contragosto, ficaria com o primeiro: é melhor ser um egoísta bem-intencionado e não ensinar do que ser um barganhista descarado, cínico e atrevido do que é sagrado. E por que é melhor não ensinar bem-intencionadamente do que vender descaradamente? Porque na venda descarada, cínica e atrevida vale tudo o que não presta, principalmente mentiras, fantasias e invenções que vampirizem extorsivamente o pancrácio desinformado e dêem lucro. E mentiras, fantasias e invenções podem adoentar e até matar. No mínimo, fazem retrogradar; e retrogradam tanto o come-em-vão que vende quanto o pancrácio mal informado que compra. Desta vida, para o lado de lá, só se leva, positivamente, o bem praticado, e, mesmo assim, tanto quanto o mal, este bem haverá de passar por uma espécie de purgação compreensivo-educativa, pois, algumas vezes, ao praticar o bem estamos desintencionalmente atordoando e obstaculizando o funcionamento da Lei da Retribuição. É mais ou menos como alguém que está com frio e quer porque quer que o outro se agasalhe. Ora, quem está com frio não pode obrigar o outro a se agasalhar, pois o desconforto térmico – como tudo! – é uma sensação pessoal. Contraditoriamente, algumas vezes, há bens que são males e males que são bens. Daí o ditado: De bem-intencionados o inferno está cheio!

 

 

 

 

 

 

 

Entretanto, no caso de serem feitas vulgarizações despretensiosas, humildes e magnânimas de coisas místicas, é necessário que se tenha muito cuidado. E a divulgação deve estar muito bem explicada para não causar dúvidas no leitor ou no ouvidor. Uma informação nebulenta ou um experimento místico adulterado poderão causar males irreparáveis. Bem, é claro que o que é propagado via Internet – quando é propagado com seriedade – representa uma ínfima parte do que efetivamente é ensinado e aprendido nas ordens fraternais iniciáticas. E, também, o bom senso impõe que só seja divulgado o que pode ser divulgado. Dar um lança-chamas de presente a um incendiário é uma irresponsabilidade sem paralelo. E como é impossível que seja feita uma triagem mística concertada dos leitores, penso que jamais na World Wide Web poderá ser feita uma divulgação mais profunda, e mesmo integral, do Misticismo Iniciático. Mas, alguma coisa é bem melhor e mais do que coisa nenhuma! Antes do advento da Internet, as coisas místicas só eram aprendidas, muito lentamente, no âmbito dos Colégios Iniciáticos. Por isto, o Frater Velado, com quem concordo, se refere à Internet como a Pedra Filosofal Virtual do Terceiro Milênio.

 

 

 

 

 

 

 

 

Mas, o fato é que, de uma forma ou de outra, todos nós, somos, em certa medida, vencedores. E por que isto? Por que somos todos relativamente vencedores? Preste bastante atenção neste excerto (editado) de autoria de Max Heindel, fundador da The Rosicrucian Fellowship, que além de reforçar o que foi dito acima, fornece o gancho para que eu possa discutir a questão de como programar, efetiva e concertadamente, a próxima encarnação:

 

Enquanto não aprendermos tudo o que nos cumpre aprender neste mundo, deveremos voltar. Não podemos permanecer e aprender nos Mundos Superiores enquanto não tenhamos dominado as lições da vida terrena... A Grande Lei que trabalha para o Bem traz o homem de volta ao mundo com os tesouros que adquiriu, para benefício dele mesmo e dos demais, ao invés de permitir que tais tesouros se desperdicem onde ninguém deles necessita... Até certo ponto, podemos modificar, e até frustrar, certas causas já postas em movimento, mas, uma vez começadas, se outras medidas não forem tomadas, ficarão fora do nosso controle. Chama-se a isso destino 'maduro'. Assim, estamos sujeitos ao passado em grande extensão, mas, quanto ao futuro, temos plena iniciativa dos nossos atos, salvo naquilo em que estejamos limitados por nossas ações anteriores... A Doutrina do Renascimento postula um processo de lento desenvolvimento efetuado persistentemente através de repetidos renascimentos e em formas de crescente eficiência... É, pois, necessário à vida evoluinte tomar o caminho de três dimensões – a espiral que segue continuamente para frente e para o alto. Por toda a parte encontra-se a espiral: para frente, para o alto, para sempre! A Teoria ou Doutrina do Renascimento, que ensina a necessidade de repetidas incorporações em veículos de crescente perfeição, está em perfeito acordo com a evolução e com os fenômenos da Natureza... O que somos, o que temos e todas as boas [e más] qualidades são o resultado [educativo e compensatório] das nossas próprias ações passadas. Estamos criando presentemente as condições de nossas futuras vidas. Ao invés de nos lamentarmos pela falta desta ou daquela cobiçada faculdade, devemos nos esforçar para adquiri-la... As Leis gêmeas – de Renascimento e de Conseqüência – resolvem de forma razoável todos os problemas incidentais à vida humana conforme o homem avança firmemente para o seu próximo estágio evolutivo – o de Super-homem... Cada Ego nasce duas vezes durante o tempo em que o Sol, por precessão, passa através de um signo do Zodíaco, e como a alma é necessariamente bissexual renasce, alternadamente, em corpos masculinos e femininos, a fim de adquirir toda espécie de experiências, posto que a experiência de um sexo difere amplamente da do outro... A evolução na Terra é dividida em períodos chamados 'Épocas'. Até agora se passaram quatro Épocas, que são denominadas respectivamente: Polar, Hiperbórea, Lemúrica e Atlante. Na primeira ou Época Polar, o que hoje é Humanidade possuía apenas Corpo Denso [ou Físico], tal como atualmente os minerais. Daí ter sido semelhante ao mineral. Na segunda ou Época Hiperbórea, um Corpo Vital [ou Etérico] foi-lhe acrescentado, de modo que o homem em formação passou a um estado semelhante ao das plantas. Não era uma planta, mas análogo a ela. Na terceira ou Época Lemúrica, o homem obteve seu Corpo de Desejos [ou Astral], ficando constituído analogamente ao animal – um homem-animal. Na quarta ou Época Atlante, recebeu a Mente [ou Eu Interior], e agora no que concerne aos seus princípios, sobe ao palco da vida física como Homem. (Noé simboliza os remanescentes da Época Atlante – núcleo da Quinta Raça e, portanto, nossos progenitores.). Na presente, a quinta Época ou Época Ária, o homem desenvolverá, até certo ponto, o terceiro ou mais inferior aspecto de seu Tríplice Espírito — o Ego... O esquema evolutivo é efetuado através de cinco Mundos em Sete Grandes Períodos de Manifestação, durante os quais o Espírito Virginal ou Vida Evolucionante se converte primeiramente em homem e depois em Deus... Os Sete Grandes Períodos, segundo a terminologia Rosacruz – que nada têm a ver com os planetas que se movem em suas órbitas em torno do Sol juntamente com a Terra, e que, em realidade, são simplesmente encarnações passadas, presentes ou futuras da nossa Terra, 'condições' através das quais passou, está passando ou passará no futuro – são: 1º - Período de Saturno; 2º - Período Solar (Sol); 3º - Período Lunar (Lua); 4º - Período Terrestre (Terra); 5º - Período de Júpiter; 6º - Período de Vênus; e 7º - Período de Vulcano. Os três primeiros mencionados (Períodos de Saturno, Solar e Lunar) pertencem ao passado. Estamos atualmente no quarto, ou Período Terrestre. Quando este Período do nosso Globo se completar, a Terra e nós passaremos, sucessivamente, às condições de Júpiter, de Vênus e de Vulcano, até que finde o Grande Dia Setenário de Manifestação. Então, tudo o que agora existe imergirá mais uma vez no Absoluto para um período de descanso e assimilação dos frutos da evolução, e reemergirá, para ulterior e mais elevado desenvolvimento, na aurora de outro Grande Dia... A partir do momento em que o Ego individualizado manifesta consciência própria, deve ele prosseguir expandindo essa consciência sem ajuda externa. A experiência e o pensamento devem, então, tomar o lugar dos Mestres externos. E a glória, o poder e o esplendor que pode alcançar são ilimitados...

 

A animação em flash abaixo, ainda que incorreta, pois o Quadrado Inferior e o Triângulo Superior não se fundem de repente, dá uma idéia apenas pictórica destes ensinamentos e da conquista final pelo já então Super-homem, mesmo que muito lenta.

 

 

 

 

 

 

O que se pode depreender de tudo isto? 1º) tudo, sem exceção, depende de nós; 2º) somos, sem exceção, responsáveis por tudo; e 3º) no Cósmico, não há castigo ou prêmio; tudo, sem exceção, está sujeito ao trabalho e ao mérito pessoais. Foi por isto que, mais acima, eu afirmei que, de uma forma ou de outra, todos nós, somos, em certa medida, vencedores. Ora, meritoriamente vencemos os Períodos Saturnal, Solar e Lunar, e estamos ultrapassando o Período Terrestre. Se isto não é uma grande vitória, o que é? Mas é uma grande vitória que nos enche de responsabilidade, pois temos que contar basicamente conosco. Quem vive a esperar por um milagre ou por uma interveniência divina qualquer poderá, figurativamente, acordar no meio de um buraco negro.

 

 

 

 

 

 

É por isto também que não podemos dormir sobre os louros conquistados, até porque não há qualquer garantia a priori de que alcançaremos ou de que conquistaremos o Privilégio Místico de conhecer Vulcano. Isto vale para todos nós e não há exceção. E não poderá haver nada mais triste do que ficar para trás e ser impedido de prosseguir. A coisa é meio que como um carro em que acabou a gasolina: ele engasga, pára e morre. Então é possível programar a próxima encarnação? Sim, é possível. Como? Ininterruptamente abastecendo o carro com Bem, Beleza e Amor. Em uma palavra: concertamento!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Mas, programar a próxima encarnação em cima de quê? De desejos estigmatizantes, de cobiças aprisionadoras e de paixões retrogressivas? Isto seria o caos. Ora, para se pensar em programar uma encarnação, deve-se, primeiro, corrigir as ilusões desta vida. É necessário ter coragem para olhar para os próprios defeitos e admiti-los. Então, a programação reencarnativa começa exatamente por um defeito que foi eliminado, por uma desarmonia que foi vencida, por uma violação que foi compreendida e dominada. Reencarnar com os mesmos defeitos da encarnação anterior (ou com parte deles) poderá levar o ente a sucumbir. Todos os casos extremos que conhecemos não são nada mais nada menos do que repercussões, reverberações, de vidas anteriores. Contudo, mesmo que nos livremos de uma má conduta, isto não significa que ela não possa rebrotar no futuro. Portanto, as más condutas precisam ser misticamente calcinadas e transmutadas. A música A Volta do Boêmio, de Adelino Moreira e interpretação inesquecível de Nelson Gonçalves, exemplifica isto muito bem:

 

 

 

Boemia,
Aqui me tens de regresso,
E suplicante te peço
A minha nova inscrição...

 

 


 

 

Portanto, se estivermos absolutamente cientes e conscientes de que conseguimos vencer definitivamente um hábito dissonante, é por ele que deveremos começar nossa programação. Eu, por exemplo, jamais voltarei a me alimentar da carne dos meus irmãos animais. Se você deseja vir em sua próxima encarnação definitivamente livre de um peso qualquer, de uma carga pesada difícil de suportar, faça o seguinte:

 

1º) Escolha um dia em que você não tenha se aborrecido, um dia, enfim, que, como se diz, esteja de bem com a vida;

 

2º) Tome um banho, beba um copo de água, faça um breve exercício respiratório, vocalize o seu mantra preferido e relaxe por alguns instantes; e então...

 

3º) Pinte em sua tela mental – a cores e com o maior número de pormenores que você puder – seu Eu Interior ou sua Personalidade-alma absolutamente e definitivamente libertos do desvio de comportamento que tanto o afligiu no passado, e que você sinceramente admite que o dominou ou transmutou. Determine que isto será para toda a eternidade de sua existência como ente universal, isto é: a partir de sua próxima encarnação você não será mais presa deste descaminho ou desregramento já ultrapassado nesta vida. Libere a pintura de sua mente no Cosmos, e não pense mais no assunto. Você deu a ordem e seu Eu Interior haverá de obedecer. Aqui vale a pena reproduzir o ensinamento de Max Heindel: O esquema evolutivo é efetuado através de cinco Mundos em Sete Grandes Períodos de Manifestação, durante os quais o Espírito Virginal ou Vida Evolucionante se converte primeiramente em homem depois em Deus... Mas, tudo depende de nós, pois somos responsáveis por tudo. Logo, o depois em Deus depende tão-somente de nós.

 

 

 

 

 

 

 

 

Adicionalmente, se quiser, poderá reforçar este comando místico-iniciático: escreva o comando-determinação em uma folha de papel e, depois, leia em voz alta o que escreveu. Então, exerça plenamente sua vontade, determine, comande: ESTÁ SELADO. Queime o papel e jogue fora as cinzas. O fogo, aqui, não tem função destrutiva; ao contrário, funciona carimbando holograficamente a sua vontade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Nota:

1. Para saber mais sobre o Mestre Multimental Amorcus, consulte o livro digital AMORCUS - Light From Ancient Egypt, de autoria do Frater Velado, e que roda no link da OS+B citado abaixo:

http://svmmvmbonvm.org/amorcus/amorcus.htm

 

Fundo musical:

Quinta Sinfonia (Ludwig van Beethoven)

Fonte:

http://62.131.235.156/midiweb/
C/classical/beethoven/right.html