Se
é verdade que por trás de um grande homem sempre há
uma grande mulher, por trás de qualquer místico há
sempre um Grande Místico ou um Grande Mestre. Tomando como exemplo
a Ordem
Rosacruz AMORC,
dos neófitos aos altos oficiais da Ordem, todos, sem exceção,
são tributários do Frater Harvey Spencer Lewis –
Sâr Alden (25 de novembro de 1883 – 2 de agosto de 1939), 1º
Imperator da Ordem, que por sua vez, foi tributário do Amorcus, o
Mestre Cósmico Multimental que o instruiu no trabalho de organizar
e de instalar a AMORC.1 Depois
da Grande Iniciação de Sâr Alden, seu filho —
Frater Ralph Maxwell Lewis – Sâr Validivar (14 de fevereiro
de 1904 – 12 de janeiro de 1987), 2º Imperator da Ordem —
deu seqüência ao trabalho, de 1939 à 1987, deixando a
AMORC estruturada em todo o mundo. Atualmente o Imperator da AMORC é
o Frater Christian Bernard – Sâr Fenix, nascido em
30 de novembro de 1951, tendo sido eleito para o cargo pelo Supremo Grande
Conselho da AMORC em 12 de abril de 1990.
Nós
brasileiros, entretanto, não poderemos jamais esquecer da Soror
Maria A. Moura (30 de janeiro de 1917 – 4 de abril de 2001). Sem o
seu supremo esforço e trabalho pioneiro e abnegado, talvez a Jurisdição
de Língua Portuguesa não existisse ou tivesse sido instalada
bem mais tarde. Creio, por outro lado, que a AMORC não teria chegado
ao nível em que hoje se encontra, tão rapidamente no Brasil,
sem o concurso fraterno, competente e leal do Frater José
de Oliveira Paulo (19 de dezembro de 1908 – 30 de maio de 1989). Particularmente
seu conhecimento de inglês não só facilitou os contatos
com a Suprema Grande Loja, como permitiu que as monografias fossem traduzidas
e preparadas sob a sua cuidadosa supervisão direta.
Cabe,
assim, a quem aprende divulgar o que aprendeu. Particularmente Maria A.
Moura e José de Oliveira Paulo se saíram Suma Cum Laudæ
nesta empreitada extraordinária. Quem, pelo motivo que for, não
transmite generosamente o que aprendeu comete um pecado de lesa-humanidade
e responderá por seu egoísmo (mesmo que bem-intencionado),
pois nada justifica levar ao extremo o preceito de que quem
sabe não fala; fala quem não sabe.
Apenas uma coisa precisa ser observada: falar o que pode ser falado e quando
deve ser falado. E mesmo o que não pode ou não deve ser falado
pode ser enunciado sem que haja comprometimento ou traição
da parte de quem fala; quando for o caso, basta que sejam usados os recursos
da alegoria ou do simbolismo. Há alguns membros em minha amada Ordem
Rosacruz – pelo menos, há alguns anos, era assim – que
têm o péssimo hábito de, quando alguém lhes pergunta
alguma coisa, eles devolvem a pergunta com outra pergunta: — Qual
é o seu grau? Ora bolas! Não interessa o grau de ninguém.
Qual era o grau de Jesus aos doze anos? Se alguém tem alguma dúvida
a respeito de uma passagem qualquer precisa ser esclarecido, e é,
portanto, obrigação do frater, da soror
ou de quem quer que seja, se souberem, dar a explicação conveniente.
Guardar em uma redoma os ensinamentos místicos é uma deturpação
dos propósitos do Misticismo, e a própria AMORC recomenda
que se ensine e se transmita tudo que puder ser ensinado e transmitido.
Então, nada realmente justifica ou ampara o silêncio nestas
circunstâncias, transformando-o mesmo em uma espécie de misticomania
egoísta. O oposto disto que acabei de refletir é, por exemplo,
o trabalho digno e meritório desenvolvido pela Ordo
Svmmvm Bonvm
e suas diversas divisões, no sentido de esclarecer sistematicamente
a Humanidade. Mas zilhões de vezes pior é quem comercializa
ensinamentos universais, negociando as coisas sagradas na base cavilosa
do toma-lá-dá-cá. Então, se eu tivesse
que escolher entre estes dois equívocos, eu, a contragosto, ficaria
com o primeiro: é melhor ser um egoísta bem-intencionado e
não ensinar do que ser um barganhista descarado, cínico e
atrevido do que é sagrado. E por que é melhor não ensinar
bem-intencionadamente do que vender descaradamente? Porque na venda descarada,
cínica e atrevida vale tudo o que não presta, principalmente
mentiras, fantasias e invenções que vampirizem extorsivamente
o pancrácio desinformado e dêem lucro. E mentiras, fantasias
e invenções podem adoentar e até matar. No mínimo,
fazem retrogradar; e retrogradam tanto o come-em-vão que vende quanto
o pancrácio mal informado que compra. Desta vida, para o lado
de lá, só se leva, positivamente, o bem praticado, e,
mesmo assim, tanto quanto o mal, este bem haverá de passar por uma
espécie de purgação compreensivo-educativa, pois, algumas
vezes, ao praticar o bem estamos desintencionalmente atordoando e obstaculizando
o funcionamento da Lei da Retribuição. É mais ou menos
como alguém que está com frio e quer porque quer que o outro
se agasalhe. Ora, quem está com frio não pode obrigar o outro
a se agasalhar, pois o desconforto térmico – como tudo! –
é uma sensação pessoal. Contraditoriamente, algumas
vezes, há bens que são males e males que são bens.
Daí o ditado: De bem-intencionados
o inferno está cheio!
Entretanto,
no caso de serem feitas vulgarizações despretensiosas, humildes
e magnânimas de coisas místicas, é necessário
que se tenha muito cuidado. E a divulgação deve estar muito
bem explicada para não causar dúvidas no leitor ou no ouvidor.
Uma informação nebulenta ou um experimento místico
adulterado poderão causar males irreparáveis. Bem, é
claro que o que é propagado via Internet – quando é
propagado com seriedade – representa uma ínfima parte do que
efetivamente é ensinado e aprendido nas ordens fraternais iniciáticas.
E, também, o bom senso impõe que só seja divulgado
o que pode ser divulgado. Dar um lança-chamas de presente a um incendiário
é uma irresponsabilidade sem paralelo. E como é impossível
que seja feita uma triagem mística concertada dos leitores, penso
que jamais na World Wide Web poderá ser feita uma divulgação
mais profunda, e mesmo integral, do Misticismo Iniciático. Mas, alguma
coisa é bem melhor e mais do que coisa nenhuma! Antes do advento
da Internet, as coisas místicas só eram aprendidas, muito
lentamente, no âmbito dos Colégios Iniciáticos. Por
isto, o Frater Velado, com quem concordo, se refere à Internet
como a Pedra Filosofal Virtual do Terceiro Milênio.
Mas,
o fato é que, de uma forma ou de outra, todos nós, somos,
em certa medida, vencedores. E por que isto? Por que somos todos relativamente
vencedores? Preste bastante atenção neste excerto (editado)
de autoria de Max Heindel, fundador da The Rosicrucian Fellowship,
que além de reforçar o que foi dito acima, fornece o gancho
para que eu possa discutir a questão de como programar, efetiva e
concertadamente, a próxima encarnação:
Enquanto
não aprendermos tudo o que nos cumpre aprender neste mundo, deveremos
voltar. Não podemos permanecer e aprender nos Mundos Superiores
enquanto não tenhamos dominado as lições da vida
terrena... A Grande Lei que trabalha para o Bem traz o homem de volta
ao mundo com os tesouros que adquiriu, para benefício dele mesmo
e dos demais, ao invés de permitir que tais tesouros se desperdicem
onde ninguém deles necessita... Até certo ponto, podemos
modificar, e até frustrar, certas causas já postas em movimento,
mas, uma vez começadas, se outras medidas não forem tomadas,
ficarão fora do nosso controle. Chama-se a isso destino 'maduro'.
Assim, estamos sujeitos ao passado em grande extensão, mas, quanto
ao futuro, temos plena iniciativa dos nossos atos, salvo naquilo em que
estejamos limitados por nossas ações anteriores... A Doutrina
do Renascimento postula um processo de lento desenvolvimento efetuado
persistentemente através de repetidos renascimentos e em formas
de crescente eficiência... É, pois, necessário à
vida evoluinte tomar o caminho de três dimensões –
a espiral que segue continuamente para frente e para o alto. Por toda
a parte encontra-se a espiral: para frente, para o alto, para sempre!
A Teoria ou Doutrina do Renascimento, que ensina a necessidade de repetidas
incorporações em veículos de crescente perfeição,
está em perfeito acordo com a evolução e com os fenômenos
da Natureza... O que somos, o que temos e todas as boas [e
más] qualidades são o resultado [educativo
e compensatório] das nossas próprias ações
passadas. Estamos criando presentemente as condições de
nossas futuras vidas. Ao invés de nos lamentarmos pela falta desta
ou daquela cobiçada faculdade, devemos nos esforçar para
adquiri-la... As Leis gêmeas – de Renascimento e de Conseqüência
– resolvem de forma razoável todos os problemas incidentais
à vida humana conforme o homem avança firmemente para o
seu próximo estágio evolutivo – o de Super-homem...
Cada Ego nasce duas vezes durante o tempo em que o Sol, por precessão,
passa através de um signo do Zodíaco, e como a alma é
necessariamente bissexual renasce, alternadamente, em corpos masculinos
e femininos, a fim de adquirir toda espécie de experiências,
posto que a experiência de um sexo difere amplamente da do outro...
A evolução na Terra é dividida em períodos
chamados 'Épocas'. Até agora se passaram quatro Épocas,
que são denominadas respectivamente: Polar, Hiperbórea,
Lemúrica e Atlante. Na primeira ou Época Polar, o que hoje
é Humanidade possuía apenas Corpo Denso [ou
Físico], tal como atualmente os minerais. Daí
ter sido semelhante ao mineral. Na segunda ou Época Hiperbórea,
um Corpo Vital [ou Etérico]
foi-lhe acrescentado, de modo que o homem em formação
passou a um estado semelhante ao das plantas. Não era uma planta,
mas análogo a ela. Na terceira ou Época Lemúrica,
o homem obteve seu Corpo de Desejos [ou
Astral], ficando constituído analogamente ao animal
– um homem-animal. Na quarta ou Época Atlante, recebeu a
Mente [ou Eu Interior],
e agora no que concerne aos seus princípios, sobe ao palco da vida
física como Homem. (Noé simboliza os remanescentes da Época
Atlante – núcleo da Quinta Raça e, portanto, nossos
progenitores.). Na presente, a quinta Época ou Época Ária,
o homem desenvolverá, até certo ponto, o terceiro ou mais
inferior aspecto de seu Tríplice Espírito — o Ego...
O esquema evolutivo é efetuado através de cinco Mundos em
Sete Grandes Períodos de Manifestação, durante os
quais o Espírito Virginal ou Vida Evolucionante se converte primeiramente
em homem e depois em Deus... Os Sete Grandes Períodos, segundo
a terminologia Rosacruz – que nada têm a ver com os planetas
que se movem em suas órbitas em torno do Sol juntamente com a Terra,
e que, em realidade, são simplesmente encarnações
passadas, presentes ou futuras da nossa Terra, 'condições'
através das quais passou, está passando ou passará
no futuro – são: 1º - Período de Saturno; 2º
- Período Solar (Sol); 3º - Período Lunar (Lua); 4º
- Período Terrestre (Terra); 5º - Período de Júpiter;
6º - Período de Vênus; e 7º - Período de
Vulcano. Os três primeiros mencionados (Períodos de Saturno,
Solar e Lunar) pertencem ao passado. Estamos atualmente no quarto, ou
Período Terrestre. Quando este Período do nosso Globo se
completar, a Terra e nós passaremos, sucessivamente, às
condições de Júpiter, de Vênus e de Vulcano,
até que finde o Grande Dia Setenário de Manifestação.
Então, tudo o que agora existe imergirá mais uma vez no
Absoluto para um período de descanso e assimilação
dos frutos da evolução, e reemergirá, para ulterior
e mais elevado desenvolvimento, na aurora de outro Grande Dia... A partir
do momento em que o Ego individualizado manifesta consciência própria,
deve ele prosseguir expandindo essa consciência sem ajuda externa.
A experiência e o pensamento devem, então, tomar o lugar
dos Mestres externos. E a glória, o poder e o esplendor que pode
alcançar são ilimitados...
O
que se pode depreender de tudo isto? 1º) tudo, sem exceção,
depende de nós; 2º) somos, sem exceção, responsáveis
por tudo; e 3º) no Cósmico, não há castigo ou
prêmio; tudo, sem exceção, está sujeito ao trabalho
e ao mérito pessoais. Foi
por isto que, mais acima, eu afirmei que, de
uma forma ou de outra, todos nós, somos, em certa medida, vencedores.
Ora, meritoriamente vencemos os Períodos Saturnal, Solar e Lunar,
e estamos ultrapassando o Período Terrestre.
Se isto não é
uma grande vitória, o que é? Mas é uma grande
vitória que
nos enche de responsabilidade, pois temos que contar basicamente conosco.
Quem vive a esperar por um milagre ou por uma interveniência divina
qualquer poderá, figurativamente, acordar no meio de um buraco negro.
É
por isto também que não podemos dormir sobre os louros conquistados,
até porque não
há qualquer garantia a priori de que alcançaremos
ou de
que conquistaremos
o Privilégio Místico de conhecer Vulcano. Isto vale para todos
nós e não há exceção. E não poderá
haver nada mais triste do que ficar para trás e ser impedido de prosseguir.
A coisa é meio que como um carro em que acabou a gasolina: ele engasga,
pára e morre. Então é possível programar a próxima
encarnação? Sim, é possível. Como? Ininterruptamente
abastecendo o carro com Bem, Beleza e Amor. Em uma palavra: concertamento!