Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Um cardiologista muito conhecido teve um infarto fulminante e... morreu. Seu funeral foi muito pomposo e muitos dos seus colegas médicos compareceram.

Durante o velório, um enorme coração vermelho rodeado de coroas de flores permaneceu imóvel atrás do caixão.

Quando o padre terminou de benzer o defunto uma música heróica começou a tocar, o enorme coração (que até então permanecia dignamente imóvel como uma sentinela vigilante) iluminou-se, estremeceu e se abriu, e o caixão entrou automática e lentamente dentro dele emocionando todos os presentes até as lágrimas. O coração então se fechou levando no seu interior o famoso médico para a eternidade...

Seguiu-se um silêncio sepulcral. Literalmente sepulcral e comovente. Até os dípteros esquizóforos da subordem dos ciclórrafos pararam de zunir e os ortópteros da família dos blatídeos (gigantescos e muito comuns em velórios) se enterneceram. A cena era realmente enternecedora. Um pouco macabra, talvez, mas comovente. Nesse momento, nesse exato momento, um dos presentes explodiu em gargalhadas causando surpresa e uma certa indignação nos presentes. Questionado por que estava rindo tanto, ele, constrangido, explicou:

Desculpem-me. Por favor não me levem a mal. É que eu estava imaginando o meu funeral... Sou ginecologista.

Aí, o proctologista desmaiou.

 

 

 

 

Não há profissão menos digna

nem tarefa que seja indigna.

Indignidade, sim, é lucrar

e dos outros se aproveitar.

 

Indignidade, também, é defraudar

e viver a enganar.

Indignidade inominável é matar

para poder enfartar.

 

 

 

Há um rosário de indignidades,

de perversidades e de maldades.

Fazer a guerra por patriotismo

é um exemplo de maldade-cinismo.

 

Toda guerra é demagógica.

Há coisa mais ilógica,

insana e malevolente

do que descarregar um pente?

 

 

 

 

 

Música de fundo:

Star Wars Theme (John Williams)

Fonte:

http://members.aol.com/goodren/midimvnz.html

 

Há coisa mais ilógica,
insana e malevolente
do que descarregar um pente?