Rodolfo Domenico Pizzinga


 

 

 

 

Em uma escola, estava ocorrendo um fato curioso e inusitado: diariamente, algumas meninas do turno da tarde beijavam o espelho do banheiro deixando diversas marcas de batom.

No final do dia, o zelador tinha um trabalho enorme para limpar o espelho. Mas, como sempre, no dia seguinte, infalivelmente, lá estavam as mesmas marcas de beijocas batom.

O diretor da escola, ao saber do fato, resolveu juntar as meninas no banheiro, e explicou pacientemente que era muito complicado limpar o espelho e remover todas aquelas marcas que elas faziam.

No dia seguinte, as marcas de beijocas de batom reapareceram no espelho do banheiro. Então, o diretor reuniu no próprio banheiro o grupo de meninas beijoqueiras, e pediu ao zelador para demonstrar a dificuldade em limpar aquelas simpáticas marcas.

O zelador, imediata e pacientemente, pegou um pano de chão imundíssimo, molhou-o em um dos vasos sanitários e passou no espelho.

Nunca mais apareceram marcas de batom no espelho do banheiro!

 

 

 

 

 

 

á uma grande diferença

entre professorar e educar.

O que poderá ser conseguido

com uma brutalidade?

Durante quase toda a Idade Média,

torturar, esfolar e matar

foram as fedorentas palavras de ordem

da santíssima perversidade.

 

A partir do século XIII,

o maledictus officìum1

passou a investigar e julgar

pretensos hereges e feiticeiros,

condenando-os sumariamente

à fòcárìa e ao tórrido inférnum.

Dessa maledicta fúria assassina,

será que escapavam os beijoqueiros?

 

Naquela tenebrosa época,

queimava-se por quase tudo[nada]

e por absolutamente nada[tudo].

No Natal, quem não se dispusesse

a 'paparocar' rabanada

talvez fosse capaz de ser acusado

de heresia contra a fé católica!

 

Hoje, o Padre Papa

acusa, sem pejo, o digno Islamismo

de ser uma religião violenta.

Bolas! Terá esquecido o novo Papa2

da trajetória vilíssima e sangrenta

que ensombreceu e marcou

o passado recentinho da Igreja Católica?

 

 

 

 

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Notas:

1. Inquisição (Inquisitio Hæreticæ Pravitatis Sanctum Officium): instituição medieval que atravessou a era moderna. Foi o legado da histeria e da paranóia da imaginação religiosa e política da Igreja Católica contra as supostas heresias que ameaçavam seus domínios, tendo sido efetivada e oficializada pelo papa Gregório IX com a promulgação da Bula Licet Ad Capiendos em 1233, ainda que sua origem remonte a 1183 no combate aos cátaros de Albi, no sul de França, por parte de delegados pontifícios enviados pelo Papa da época. Inicialmente, o maledictus officìum tinha o intuito de salvar a alma dos hereges. Mais tarde, 15 de maio de 1252, entretanto, passou a empregar a tortura e a fogueira como forma de punição, agora já com autorização do papa Inocêncio IV, com a publicação do documento intitulado Ad Exstirpanda (os hereges devem ser esmagados como serpentes venenosas) que foi fundamental na execução do plano de exterminar os hereges, tendo sido renovado e reforçado por vários papas nos anos seguintes. No auge de seu furor, cerca de 50 mil pessoas foram condenadas à morte no período entre 1570 e 1630, em toda Europa. Através da colonização, essa prática odiosa estendeu–se ao Novo Mundo, sendo aplicada até mesmo pelos reformadores protestantes na América do Norte e por alguns malucos brasileiros. A Inquisição não poupou mulheres, crianças, velhos, santos, cientistas, políticos, doentes mentais e até mesmo gatos, que foram vítimas dos autos-de-fé (cerimônias em que eram proclamadas e executadas as sentenças do Tribunal de Inquisição) promovidos por alguns católicos maníacos! Quem sabe, tudo isso derive da admoestação contida no Livro do Êxodo, XXII, 18: Não deixarás viver os feiticeiros. Quem sabe, ainda, mutatis mutandis, esse tenha sido o lema maldito dos ditadores que pinochetaram a América Latina no século XX: Não deixarás viver os comunistas. Arre, que chatice!

Editado e ampliado da Página da Internet:

http://br.geocities.com/
discursus/archistx/inquihis.html

2. Joseph Ratzinger, que escolheu o nome de Bento XVI para suceder João Paulo II.

Páginas da Internet consultadas:

http://murders.kulichki.com/1_11.html

http://www.jcu.edu/math/vignettes/index.html

http://www.spectrumgothic.com.br/
ocultismo/inquisicao.htm

 

 

Autos-de-fé