PRISIONEIRO DO PASSADO

 

 

 

Prisioneiro do Passado

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Para podermos Escutar Ilimitadamente, será necessário haver aquela Afeição, aquela Chama que destrói o passado, [as nossas prisões e os nossos grilhões]. O Amor está sempre no presente; não é uma lembrança. [O Amor esteve, está e estará sempre no Eterno Sempre.] [In: A Suprema Realização, de autoria de Jiddu Krishnamurti.]

 

 

 

Eu posso resistir a tudo, menos à tentação. [Oscar Fingal O'Flahertie Wills Wilde].

 

 

 

 

 

 

 

Prisioneiro do presente das coisas passadas,1

eu não resistia às reminiscentes tentações e afundava,

e, surdo como uma porta, não avançava.

Na mesma sempre dancei e sempre dancei na mesma.

 

Prisioneiro do presente das coisas passadas,

eu gemia, choramingava e ajoelhava,

e, surdo como uma porta, não avançava.

Na mesma sempre dancei e sempre dancei na mesma.

 

Prisioneiro de Saramandaia,

na Dona Redonda e no Zico Rosado eu só pensava,

e, surdo como uma porta, não avançava.

Na mesma sempre dancei e sempre dancei na mesma.

 

Prisioneiro das maracutaias,

eu só me corrompia, açambarcava e vantajava,

e, surdo como uma porta, não avançava.

Na mesma sempre dancei e sempre dancei na mesma.

 

Prisioneiro na caverna escura do meu karma,

eu nunca me esforçava nem diligenciava,

e, surdo como uma porta, não avançava.

Na mesma sempre dancei e sempre dancei na mesma.

 

 

 

 

Prisioneiro de um hipotético futuro,

eu esquizofrenizava, sonhava e delirava,

e, surdo como uma porta, não avançava.

Na mesma sempre dancei e sempre dancei na mesma.

 

Prisioneiro da minha fé,

eu discursava, inventava e vociferava,

e, surdo como uma porta, não avançava.

Na mesma sempre dancei e sempre dancei na mesma.

 

Prisioneiro da minha religião,

eu acreditava, orava e rogava,

e, surdo como uma porta, não avançava.

Na mesma sempre dancei e sempre dancei na mesma.

 

Prisioneiro do meu ultramontanismo,2

eu justificava, apologizava e ameaçava,

e, surdo como uma porta, não avançava.

Na mesma sempre dancei e sempre dancei na mesma.

 

Prisioneiro dos meus demônios,

a peido de Varanus komodoensis eu malcheirava,

e, surdo como uma porta, não avançava.

Na mesma sempre dancei e sempre dancei na mesma.

 

 

           

 

 

Prisioneiro das minhas utopias,

eu idealizava e imaginava,

e, surdo como uma porta, não avançava.

Na mesma sempre dancei e sempre dancei na mesma.

 

Prisioneiro das minhas convicções,

eu achava e conjecturava,

e, surdo como uma porta, não avançava.

Na mesma sempre dancei e sempre dancei na mesma.

 

Prisioneiro da minha irresponsabilidade,

eu marianava e brumadinhava,

e, surdo como uma porta, não avançava.

Na mesma sempre dancei e sempre dancei na mesma.

 

 

 

 

Prisioneiro da minha sexualidade,

eu me exaltava, mandava brasa e derramava,

e, surdo como uma porta, não avançava.

Na mesma sempre dancei e sempre dancei na mesma.

 

Prisioneiro do meu ressentimento,

eu remastigava e rancorizava,

e, surdo como uma porta, não avançava.

Na mesma sempre dancei e sempre dancei na mesma.

 

Prisioneiro da minha ignorada ignorância,

igualzinho ao Pererê do Ziraldo, eu claudicava,

e, surdo como uma porta, não avançava.

Na mesma sempre dancei e sempre dancei na mesma.

 

Prisioneiro da meu egoísmo,

igualzinho ao Tio Patinhas, eu só acumulava,

e, surdo como uma porta, não avançava.

Na mesma sempre dancei e sempre dancei na mesma.

 

 

Bufunfa

Bufunfa

 

 

Prisioneiro da autoridade autoritária,

igualzinho a um inocente útil, eu me escravizava,

e, surdo como uma porta, não avançava.

Na mesma sempre dancei e sempre dancei na mesma.

 

Prisioneiro de um affaire esbandalhado,

eu me desesperançava e choramingava,

e, surdo como uma porta, não avançava.

Na mesma sempre dancei e sempre dancei na mesma.

 

Prisioneiro do meu patriotismo,

eu panegiricava, defendia e pugnava,

e, surdo como uma porta, não avançava.

Na mesma sempre dancei e sempre dancei na mesma.

 

 

Patriotismo

 

 

Prisioneiro do meu isolacionismo,

eu me insulava e desirmanava,

e, surdo como uma porta, não avançava.

Na mesma sempre dancei e sempre dancei na mesma.

 

Prisioneiro do Bolivarianismo,3

ao Sr. Nicolás Maduro eu apoiava,

e, surdo como uma porta, não avançava.

Na mesma sempre dancei e sempre dancei na mesma.

 

 

Señor Presidente Nicolás Maduro Moros

Señor Presidente Nicolás Maduro Moros
(Hugo Chávez mirando y disfrutando)

 

 

Prisioneiro da ansiedade e do medo,

eu me encagaçava e todinho me mijava,

e, surdo como uma porta, não avançava.

Na mesma sempre dancei e sempre dancei na mesma.

 

Prisioneiro dos meus preconceitos,

eu acriminava e não perdoava,

e, surdo como uma porta, não avançava.

Na mesma sempre dancei e sempre dancei na mesma.

 

Prisioneiro da minha intolerância,

eu julgava e condenava,

e, surdo como uma porta, não avançava.

Na mesma sempre dancei e sempre dancei na mesma.

 

Prisioneiro da minha ganância,

eu ludibriava e explorava,

e, surdo como uma porta, não avançava.

Na mesma sempre dancei e sempre dancei na mesma.

 

 

Ganância

 

 

Prisioneiro da minha separatividade,

eu amuralhava e distanciava,

e, surdo como uma porta, não avançava.

Na mesma sempre dancei e sempre dancei na mesma.

 

 

Coréias

República Popular Democrática da Coréia
e
República da Coréia

 

 

Prisioneiro do autocídio,

sem saber, eu assassinava,

e, surdo como uma porta, não avançava.

Na mesma sempre dancei e sempre dancei na mesma.

 

Prisioneiro do assassinato,

sem saber, eu me suicidava,

e, surdo como uma porta, não avançava.

Na mesma sempre dancei e sempre dancei na mesma.

 

Prisioneiro do deserto das minhas ilusões,

eu desertificava e fantasiava,

e, surdo como uma porta, não avançava.

Na mesma sempre dancei e sempre dancei na mesma.

 

Prisioneiro da branquinha,

eu sentava a pua e, a vera, eu cafungava,

e, surdo como uma porta, não avançava.

Na mesma sempre dancei e sempre dancei na mesma.

 

 

Cocaína

Cocaína

 

 

Prisioneiro da tirania,

eu atormentava e torturava,

e, surdo como uma porta, não avançava.

Na mesma sempre dancei e sempre dancei na mesma.

 

 

Tirania

 

 

Prisioneiro do canalhismo,

eu mentia e atraiçoava,

e, surdo como uma porta, não avançava.

Na mesma sempre dancei e sempre dancei na mesma.

 

Prisioneiro do meu coisismo,

eu não ascensionava,

e, surdo como uma porta, não avançava.

Na mesma sempre dancei e sempre dancei na mesma.

 

Prisioneiro das trevas,

eu não me Illuminava,

e, surdo como uma porta, não avançava.

Na mesma sempre dancei e sempre dancei na mesma.

 

Prisioneiro do meu ,

eu não mudançava,

e, surdo como uma porta, não avançava.

Na mesma sempre dancei e sempre dancei na mesma.

 

Prisioneiro da Noite Negra,

eu apenas cegava e meia-noitava,

e, surdo como uma porta, não avançava.

Na mesma sempre dancei e sempre dancei na mesma.

 

Prisioneiro da Grande Loja Negra,

como um babaca marca roscofe, eu só acolitava,

e, surdo como uma porta, não avançava.

Na mesma sempre dancei e sempre dancei na mesma.

 

Alforriado da Noite, do meu ego e das tentações,

pude, enfim, matar a fome que me matava:

— Oh!, Liberdade Interior! Bendito seja o Seu Nome.4

Então mudei de dança e ascensionei!

 

Hoje, amorosa e fraternalmente,

divulgo tudinho o que aprendi e o que estou aprendendo,

e digo e repito, repito e digo:

somos responsáveis por tudo.

 

 

 

 

 

 

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Notas:

1. É impróprio afirmar que os tempos são três: passado, presente e futuro. Mas, talvez, fosse próprio dizer que os tempos são três: o presente das coisas passadas..., o presente das coisas presentes... e o presente das coisas futuras... Existem, pois, na minha mente, três tempos que não vejo em outra parte: lembrança presente das coisas passadas, visão presente das coisas presentes e esperança presente das coisas futuras. (Santo Agostinho).

2. O ultramontanismo é um conjunto de doutrinas e de idéias que têm relação com o desempenho da Igreja e com a atuação do (poder do) papa. O termo vem de ultra ou além e mons, montanha, isto é, além das montanhas.

Na Idade Média, os ultramontanos defendiam o papa em face do poder imperial. Mais tarde, na Idade Moderna, eles se tornaram aqueles que no Concílio de Trento interpretaram a Igreja como uma Monarquia. O ultramontanismo combateu as teorias que defendiam o poder dos Estados absolutos frente à Igreja, como o Galicanismo francês (movimento originado na França, que defendia a independência administrativa da Igreja Católica romana de cada país com relação ao controle papal, e que provém do Governo Absolutista de Luís XIV e das idéias de Jacques-Bénigne Bossuet) e o Regalismo espanhol (doutrina que concedia aos reis o direito de interferência em questões religiosas). Tanto um quanto outro, mantendo estritamente a fé católica, sempre consideraram que a Coroa poderia intervir nos assuntos terrenos de suas respectivas Igrejas.

Além disto, o ultramontanismo defendia a autoridade absoluta e a supremacia do papa diante do poder colegial dos bispos, das igrejas nacionais e até das decisões que poderiam ser tomadas nos Conselhos.

Quando as revoluções liberal-burguesas ocorreram, o ultramontanismo adquiriu um forte componente conservador e fundamentalista contra os Estados modernos. Roma não aceitou a nova situação política gerada pelo triunfo do Liberalismo, pelo avanço do Secularismo, pela crescente secularização da sociedade, nem, é claro, o anticlericalismo, cada vez mais difundido. O ultramontanismo foi fomentado pelo Papa Pio IX, nascido Giovanni Maria Mastai-Ferretti (Senigália, 13 de maio de 1792 – Roma, 7 de fevereiro de 1878. O Vaticano, com essa idéia ultramontanista, perseguia libertar o papado da dependência dos poderes civis e dar mais liberdade para a Igreja, especialmente quando os papas se consideravam prisioneiros em Roma, já que a recém-criada Itália lhes havia despojado dos Estados Pontifícios. Além disto, o papado viveu um intenso século XIX, com as pressões de Napoleão e as lutas e os conflitos inerentes ao processo italiano de unificação. Enfim, o ultramontanismo defende o dogma da infalibilidade papal, que se estabeleceu neste mesmo papado (do Papa Pio IX).

Fonte:

https://cadiznoticias.es/ultramontanismo/

 

Papa Pio IX

Papa Pio IX
(Fazendo pose de Papa ultramontano)

 

3. O Bolivarianismo é um conjunto de doutrinas políticas que vigora em partes da América do Sul, especialmente na República Bolivariana da Venezuela. O termo bolivarianismo provém do general venezuelano do século XIX Simón José Antonio de la Santísima Trinidad Bolívar y Palacios Ponte-Andrade y Blanco (Caracas, 24 de julho de 1783 – Santa Marta, 17 de dezembro de 1830), comumente conhecido como Simón Bolívar, libertador que liderou a luta pela independência em grande parte da América do Sul, e especificamente nos países historicamente bolivarianos (Bolívia, Colômbia, Peru, Equador, Panamá e Venezuela). Aqueles que se fazem chamar bolivarianos dizem seguir a ideologia expressa por Simón Bolívar nos documentos da Carta de Jamaica, do Discurso de Angostura e do Manifesto de Cartagena, entre outros documentos. Entre suas idéias estão a promoção da educação pública gratuita e obrigatória e o repúdio à intromissão estrangeira nas nações americanas e à dominação econômica européia. Propõem, principalmente, a união dos países latino-americanos.

 

Simón Bolívar

Simón Bolívar

 

4. Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
— Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome.
[In: Liberdade, Miguel Torga.]

 

Música de fundo:

Prisoner of Love
Composição: Russ Columbo & Clarence Gaskill (música); Leo Robin (letra)
Interpretação: Billy Eckstine

Fonte:

http://tut-audio.ru/music-file/eckstine-billy

 

Páginas da Internet consultadas:

https://www.folha.uol.com.br/

https://theintercept.com/

http://www.afbnb.com.br/

https://media4freedom.wordpress.com/

http://fremont.libnet.info/event/884165

https://www.jccwatch.org/

http://teded.tumblr.com/

https://www.picsbud.com/

https://br.pinterest.com/pin/364580532315947072/

http://www.thesocialist.us/

https://giphy.com/

https://www.amazing-animations.com/

https://gifer.com/en/4GZA

https://gifer.com/en/ZBSL

https://vivimetaliun.wordpress.com/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Galicanismo

https://pt.wikipedia.org/wiki/Papa_Pio_IX

https://tenor.com/search/donkey-gifs

 

Direitos autorais:

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