Nicolaus
Maclavellus ou Niccolo Machiavelli (1469-1527), escritor, historiador,
estadista e filósofo florentino da Renascença Italiana,
ao escrever De Principatibus (Il Principe) –
sua obra mais conhecida e mais estudada – fê-lo com o objetivo
de ensinar como se processava a ascensão ao principado e a manutenção
desse poder com vistas, particularmente, à unificação
da Itália. O livro (um manual de política para os tempos
que corriam, mas que continua a ser aplicado até hoje) examina
a sociedade de sua época de forma direta, fria e calculista,
e não está limitado por padrões morais ou religiosos
no que concerne aos meios de como conquistar o poder e de como mantê-lo.
O Autor Florentino analisa diversos exemplos da história do seu
tempo e do passado, comentando erros e acertos de vários tiranos,
para subsidiar suas idéias. E nessa fiada de guerras, conspirações,
matanças e sangue vale tudo que justifique a conquista da glória.
O negócio da hora é subjugar a qualquer preço e
manter o que foi subjugado também a qualquer preço. No
fundo, e isso hoje é de domínio público, o que
Machiavelli propôs foi a conquista e a manutenção
dos Estados necessários para promover a unificação
da Itália. Na verdade, Machiavelli foi mais um psicólogo
político que conhecia profundamente a estupidez, a vaidade e
as fraquezas dos homens. Il Principe mostra isso até
a medula. Mas, Machiavelli faleceu sem ter podido ver realizados os
ideais pelos quais lutou a vida inteira, como também não
chegou a ver a sua Itália forte e unificada. O saco de gatos
miando e se unhando só foi desfeito muito mais tarde. Há
tempo para plantar, tempo para colher o que se plantou, tempo para chorar,
tempo para sorrir, tempo para esperar, tempo para dormir, tempo para
acordar... E há tempo para morrer. Mas também há
tempo para não morrer! O Eclesiastes adverte sobre praticamente
todas essas coisas.
Concordando ou discordando de seu pensamento, é indubitável
que Niccolo Machiavelli é um dos mais importantes personagens
da história da literatura. Este pequeno texto recenseará
esta obra heterodoxa (bem entendido, heterodoxa para um místico
sincero, não para um Lorenzo de Medici, não para um 'coalizador'
e não para um político oportunista e cruel) sob a forma
de excertos. Penso que seja importante refletir sobre esses pensamentos,
porque, ainda hoje, é o livro de cabeceira de muitos políticos
e de muitos nobres áulicos da corte das trevas. Volto ao tema
de sempre que tanto me horroriza: houve na história recente da
Humanidade atitude mais 'malevovélica' do que as duas
bombas que foram lançadas sobre Hiroshima e Nagazaki? Vou ficar
velhinho e não vou me conformar com isso. Mas, é praticamente
impossível, por outro lado, que um político consiga se
projetar na vida pública se não puser em operação
algumas das recomendações de Machiavelli. De vez em quando
eles quebram a cara, pois pensam que são profissionais mas terminam
agindo como amadores, o que acaba sendo bom para a sociedade. Mas, pôr
em prática as recomendações de Machiavelli, de
certa forma, é fácil; responder por isso na hora própria
é que serão elas. Será penoso e muito difícil.
Como é possível, por exemplo, se conceber que alguém
possa fomentar
astuciosamente certas inimizades contra si próprio, para que
com a vitória sobre os inimigos mais se engrandeça, como
apregoou o Florentino? Isso é muito cruel. Como é
possível, por
outro lado, se admitir o lamaçal em que estão metidos
o Partido dos Trabalhadores e outros partidos que representam o povo
brasileiro? A dupla Marcos Valério/Delúbio Soares (que
recentemente confessaram publicamente as trapalhadas em que se meteram)
é apenas a pontinha de uma grande massa flutuante
de matérias fecais que se desprendeu dos gabinetes do poder,
e está sendo levada pela torrente gigantesca de denúncias
e de apurações. Se esses senhores leram o Niccolo, leram
muito mal e não aprenderam nada. Ainda bem. Quem sabe alguma
coisa boa surja desse lodo e dessa lama. Se Demóstenes (Atenas,
384 a.C. - 322 a.C.) estiver certo (e admito que esteja)... Não
é possível, ó atenienses, que a injustiça,
o perjúrio e a mentira adquiram uma potência duradoura.
Esses artifícios podem, durante um certo tempo, criar uma ilusão,
mas não tardarão em desnudar-se.
Continuando.
Segundo o Pensador Florentino, Fortuna (oportunidade) não
é suficiente para se alcançar a glória. É
preciso mais; é necessário Virtù, isto
é, saber como atuar de acordo com a necessidade do momento.
Ou seja: de acordo com cada circunstância, o príncipe
deve discernir perfeitamente as formas de ação que
deverá pôr em prática — uma mistura
equilibrada de força e inteligência, de capacidade operacional
e de energia para efetivar essa mesma capacidade operacional. Para Machiavelli
o Estado está além do bem e do mal – o Estado é
o Estado. O Estado é o fim, e pode-se disso depreender que os
fins justificam os meios (é exatamente com essa maquiavelice
maquiavélica que abrirei a seguir o rol de fragmentos). Portanto
— acrescenta Machiavelli — é preciso ser
raposa, para conhecer as armadilhas, e leão, para aterrorizar
os lobos. O terceiro elemento é a necessidade (Necessitá)
pois, segundo Machiavelli, o Homem jamais fará o bem a não
ser quando é pressionado pela necessidade. Literalmente escreveu
o Pensador Italiano: ... os homens sempre serão maus se por
uma necessidade não forem tornados bons. Os místicos,
obviamente, não concordam com isso.
Enfim,
estou convencido de que só sabendo ou tendo uma idéia
aproximada de como pensam e funcionam os maquiavélicos é
que poderemos nos defender e lutar contra os seus estratagemas. O que
não devemos é ficar paralisados ou chocados com essa aula
de política maquiavélica. Ela é extremamente útil.
E um místico precisa conhecer as entranhas do mal para poder
combatê-las, pois não se combate o que não se conhece.
Da sabedoria árabe: Quem não sabe e não sabe
que não sabe, é um imbecil: deve ser internado. Quem
não sabe e sabe que não sabe, é um ignorante: deve
ser instruído. Quem
sabe e não sabe que sabe, é um sonhador: deve ser acordado.
Quem
sabe e sabe que sabe [ainda
que saiba que nada sabe] é um sábio: deve ser imitado.
ALGUNS
FRAGMENTOS
Isso decorre de se ver que os homens, naquilo que os conduz ao fim
que cada um tem por objetivo, isto é, glórias e riquezas,
procedem por formas diversas: um com cautela, o outro com ímpeto,
um com violência, o outro com astúcia, um com paciência
e o outro por forma contrária; e cada um, por esses diversos
meios, pode alcançar o objetivo.
É
mister que o Príncipe tenha um espírito preparado para
se adaptar às variações das circunstâncias
e da fortuna, e manter-se, tanto quanto possível, no caminho
do bem, mas pronto igualmente a enveredar-se pelo mal quando for necessário.
Teus inimigos são todos os que se julgam ofendidos com o
fato de estares ocupando o principado; e, do mesmo modo, não
podes ter por amigos os que ali te colocaram, porque estes não
podem ser satisfeitos como desejavam. Não poderás usar
de remédios violentos contra eles, comprometido como estás
com eles, pois, ainda que fortíssimo sejas nos exércitos,
precisas das boas graças dos habitantes para entrar numa província.
O conquistador, para conservar os principados, deve ter em mente duas
regras: primeira, extinguir a linhagem do antigo príncipe; segunda,
não modificar leis e impostos. Desse modo, em prazo brevíssimo,
estará feita a união ao antigo Estado.
Os homens devem ser mimados ou destruídos, pois podem vingar-se
das ofensas leves, porém não o podem das graves. Deste
modo, a ofensa que se faça deve ser tal que não se precise
temer a vingança.
Sou de parecer de que é melhor ser ousado do que prudente, pois
a fortuna (oportunidade) é mulher e, para conservá-la
submissa, é necessário ... contrariá-la. Vê-se,
que prefere, não raramente, deixar-se vender pelos ousados do
que pelos que agem friamente. Por isso, é sempre amiga dos jovens,
visto terem eles menos respeito e mais ferocidade e subjugarem-na com
mais audácia.
Não se pode chamar de 'valor' assassinar seus cidadãos,
trair seus amigos, faltar à palavra dada, ser desapiedado, não
ter religião. Essas atitudes podem levar à conquista de
um império, mas não à glória.
Homens ofendem por medo ou por ódio.
Assegurar-se contra os inimigos, ganhar amigos, vencer por força
ou por fraude, faze-se amar e temer pelo povo, ser seguido e respeitado
pelos soldados, destruir os que podem ou devem causar dano, inovar com
propostas novas as instituições antigas, ser severo e
agradável, magnânimo e liberal, destruir a milícia
infiel e criar uma nova, manter as amizades de reis e príncipes,
de modo que lhe devam beneficiar com cortesia ou combater com respeito,
não encontrará exemplos mais atuais do que as ações
do duque.
Um príncipe sábio deve observar modos similares e nunca,
em tempo de paz, ficar ocioso.
Pois o homem que queira professar o bem por toda parte é natural
que se arruíne entre tantos que não são bons.
Vindo a necessidade com os tempos adversos, não se tem tempo
para fazer o mal, e o bem que se faz não traz benefícios,
pois julga-se feito à força, e não traz reconhecimento.
Tendo o príncipe necessidade de saber usar bem a natureza do
animal, deve escolher a raposa e o leão, pois o leão não
sabe se defender das armadilhas e a raposa não sabe se defender
da força bruta dos lobos. Portanto, é preciso ser raposa,
para conhecer as armadilhas, e leão, para aterrorizar os lobos.
[Volte a observar a tela de Werner Horvath — Niccolo Machiavelli
- The Prince — que abre este trabalho. Abaixo reproduzo outro
quadro do pintor].
|
Werner
Horvath
Niccolo Machiavelli - The Prince
Color pencils on paper
32 x 24 cm, 1999 |
Os homens ou são aliciados ou são aniquilados.
Em província diferente em língua, costumes e leis arrogue-se
o príncipe em chefe e defensor dos mais fracos, e procure enfraquecer
os poderosos da própria província, além de se precaver
contra a entrada de algum estrangeiro tão poderoso quanto ele.
Não se deve consentir em um mal para se evitar uma guerra, pois
ela não pode ser evitada, sendo apenas adiada para desvantagem
própria.
Erra quem julga que os benefícios novos levam ao esquecimento
de antigas injúrias.
Devem se fazer todas as ofensas de uma vez, a fim de que, tomando-se-lhes
menos o gosto, ofendam menos. Os benefícios precisam ser ofertados
pouco a pouco para serem melhores saboreados.
É mais sábio ter a fama de miserável, que dá
origem a uma infâmia sem ódio, do que, por querer o conceito
de liberal, ver-se na necessidade de incorrer no julgamento de rapace,
que cria uma má fama com ódio.
O príncipe, contudo, deve ser lento no crer e no agir, não
se alarmar por si mesmo e proceder por forma equilibrada, com prudência
e humanidade, buscando evitar que a excessiva confiança o torne
incauto e a demasiada desconfiança o faça intolerável.
Muito mais seguro é ser temido do que amado, quando se seja obrigado
a falhar em uma das duas.
As amizades que se conquistam por interesse e não por nobreza
ou grandeza de caráter são compradas, não se podendo
contar com as mesmas no momento preciso.
O príncipe deve abster-se de se aproveitar dos bens alheios,
pois os homens esquecem mais rapidamente a morte do pai do que a perda
de seu patrimônio.
Não deve o príncipe guardar a palavra empenhada quando
isso lhe é prejudicial e quando os motivos que o determinaram
deixarem de existir.
Contra quem goza de boa reputação dificilmente se conspira.
Contentar o povo é uma das questões mais importantes que
um príncipe deve ter em mente.
Um príncipe deve estimar os poderosos, porém não
se tornar odiado pelo povo.
Um príncipe sábio, quando tiver oportunidade, deve fomentar
astuciosamente certas inimizades contra si próprio, para que
com a vitória sobre os inimigos mais se engrandeça.
Quando alguém fizer algo extraordinário, de bem ou de
mal na vida civil, para premiá-lo ou puni-lo, deverá o
príncipe proceder de modo tal que deixe margem a grandes comentários.
Um príncipe deverá sempre agir no sentido de conquistar
reputação de grande homem.
A prudência está exatamente em saber conhecer a natureza
dos inconvenientes e adotar o que for menos prejudicial como sendo bom.
O príncipe, para garantir a lealdade de um ministro, deve honrá-lo
e fazê-lo rico, fazendo com que ele contraia obrigações
para consigo.
Um príncipe deve aconselhar-se sempre, mas apenas quando ele
julgar conveniente, e não quando os outros desejarem; antes,
deve tirar a todos a vontade de aconselhar algo sem que ele o peça.
Os bons conselhos, venham de onde vierem, nascem da prudência
do príncipe, e não a prudência do príncipe
dos bons conselhos.
Quem é causa do poderio de alguém arruina-se, por que
esse poder resulta ou da astúcia ou da força e ambas são
suspeitas para aquele que se tornou poderoso.
Quando aqueles Estados que se conquistam estão habituados a viver
com suas próprias leis e em liberdade, existem três modos
de conservá-los: o primeiro, arruiná-los; o outro, ir
habitá-los pessoalmente; o terceiro, deixá-los viver com
suas leis, arrecadando um tributo e criando em seu interior um governo
de poucos, que se conservam amigos, porque, sendo esse governo criado
por aquele príncipe, sabe que não pode permanecer sem
sua amizade e seu poder, e há que fazer tudo por conservá-los.
Quem se torne senhor de uma cidade acostumada a viver livre e não
a destrua, espere ser destruído por ela, porque a mesma sempre
encontra, para apoio de sua rebelião, o nome da liberdade e o
de suas antigas instituições, jamais esquecidas seja pelo
decurso do tempo, seja por benefícios recebidos.
Deve o príncipe não desviar um momento sequer o seu pensamento
do exercício da guerra...
Um príncipe inteligente nunca deve ficar ocioso nos tempos de
paz, mas sim, com habilidade, procurar formar cabedal para poder utilizá-lo
na adversidade, a fim de que, quando mudar a fortuna, se encontre preparado
para resistir.
O temor é mantido pelo receio de castigo.
Deve o príncipe, não obstante, fazer-se temer de forma
que, se não conquistar o amor, fuja ao ódio, mesmo porque
podem muito bem coexistir o ser temido e o não ser odiado: isso
conseguirá sempre que se abstenha de tomar os bens e as mulheres
de seus cidadãos e de seus súditos e, em se lhe tornando
necessário derramar o sangue de alguém, faça-o
quando existir conveniente justificativa e causa manifesta.
Um príncipe sábio, amando os homens como a eles agrada
e sendo por eles temido como deseja, deve apoiar-se naquilo que é
seu e não no que é dos outros.
Um príncipe deve dar pouca importância às conspirações
se o povo lhe é benévolo; mas quando este lhe seja adverso
e o tenha em ódio, deve temer tudo e a todos. Os Estados bem
organizados e os príncipes hábeis têm com toda a
diligência procurado não desesperar os grandes e satisfazer
o povo conservando-o contente, mesmo porque este é um dos mais
importantes assuntos de que um príncipe tenha de tratar.
Um príncipe deve ter a cautela de jamais fazer aliança
com um mais poderoso que ele para atacar os outros, senão quando
a necessidade o compelir porque, vencendo, torna-se seu prisioneiro;
e os príncipes devem fugir o quanto possam de ficar à
discrição dos outros.
Deve, ainda, um príncipe mostrar-se amante das virtudes, dando
oportunidade aos homens virtuosos e honrando os melhores numa arte.
Um príncipe prudente deve escolher em seu Estado homens sábios
e somente a eles deve dar a liberdade de falar-lhe a verdade daquilo
que ele pergunte e nada mais.
____________
RÁPIDOS
COMENTÁRIOS
Santa
Teresa de Jesus, uma carmelita espanhola do século XVI (1515-1582),
em sua autobiografia escreveu: Para fazer o bem, por maior
que fose, não haveria de fazer nem um pequeno mal. Ora,
esta reflexão contradiz com justeza a maioria dos ensinamentos
de Niccolo Machiavelli (pois algumas de suas reflexões são
coerentes e justas). Mas eu acrescento: não há mal que
justifique um bem. Ou se faz o bem com os instrumentos do bem, ou nada
se faz. Usar o mal para fazer um presumido bem, é praticar o
mal colorindo-o de um falso bem. A propósito: qual é o
bem que auferirão a Humanidade e o próprio povo iraquiano
com a devastação do Iraque? Acho que nem Nero nem Niccolo
Machiavelli chegariam a tanto! Hermann Goedsche chegou. Abriu as portas
do inferno com seu plágio das trevas. Mas, antes de prosseguir,
transcrevo aquela que é conhecida como a oração
mais famosa atribuída à Santa Teresa de Jesus:
NADA
TE PERTURBE,
NADA
TE ASSUSTE,
TUDO
PASSA.
DEUS,
PORÉM, NÃO MUDA;
COM
PACIÊNCIA TUDO SE ALCANÇA.
QUEM
A DEUS POSSUI,
NADA
LHE FALTARÁ.
SÓ
DEUS BASTA.
Então,
não
posso concluir este texto sem fazer uma breve referência aos Protocolos
dos Sábios do Sião — uma falsificação
criada na Rússia pela Okhrana (polícia secreta), que culpava
os judeus pelas mazelas do País. Foi impressa pela primeira vez
privativamente em 1897, e tornada pública em 1905. Foi copiada
de uma novela do século XIX (Biarritz, 1868) e escrita por Hermann
Goedsche1 (novelista e anti-semita
alemão, que usava o pseudônimo de Sir John Retcliffe) e
alega que uma conspiração judaica planejava assumir o
controle do Mundo. Hermann Goedsche roubou a história
principal de outro escritor, Maurice Joly, cujos 'Diálogos no
Inferno Entre Maquiavel e Montesquieu' (1864) tratavam de um complô
no inferno com o objetivo de se opor a Napoleão III. O que Goedsche
contribui de original consiste primordialmente na introdução
dos judeus como conspiradores para conquistar o Mundo. Em um certo
sentido, a pregação dos Protocolos é medonhamente
pior do que Il Principe, e os três fragmentos que reproduzirei
abaixo são suficientes para demonstrar isso. Quem não
conhece esse livro do inferno poderá lê-lo on-line
em português em:
http://www.radioislam.org/protocols/indexpo.htm
Os
três fragmentos:
1º)
É preciso ter em vista que os homens de maus instintos são
mais numerosos do que os de bons instintos. Por isso, se obtêm
melhores resultados governando os homens pela violência e pelo
terror do que com discussões acadêmicas.
2º)
O governo que se deixa guiar pela moral não é político,
e, portanto, seu poder é frágil. Aquele que quer reinar
deve recorrer à astúcia e à hipocrisia. As grandes
qualidades populares - franqueza e honestidade - são vícios
na política, porque derrubam mais os reis dos tronos do que o
mais poderoso inimigo. Essas qualidades devem ser os atributos do reino
cristão e não nos devemos deixar absolutamente guiar por
elas. Nosso fim é possuir a força. A palavra 'direito'
é uma idéia abstrata que nada justifica. Essa palavra
significa simplesmente isto: 'Dai-me o que eu quero a fim de que eu
possa provar que sou mais forte do que vós'.
3º)
Nossas palavras de ordem são: Força e Hipocrisia. Somente
a força poderá triunfar na política, sobretudo
se estiver escondida nos talentos necessários aos homens de Estado.
A violência deve ser um princípio; a astúcia e a
hipocrisia uma regra para os governos que não queiram entregar
sua coroa aos agentes de uma nova força. Esse mal é o
único meio de chegar ao fim – o bem. Por isso, não
nos devemos deter diante da corrupção, da velhacada e
da traição, todas as vezes que possam servir às
nossas finalidades. Em política, é preciso saber tomar
a propriedade de outrem sem hesitar, se por esse meio temos de alcançar
o poder.
E
vai por aí. Observe que esses três excertos estão
contidos no início do capítulo I da obra. O que vem depois
é simplesmente medonho! Mas, basta conhecer um pouco da história
da Humanidade para concluir que a base de todas as maldades sempre foi
(mais ou menos) o que está contido nos Protocolos.
Il Principe, comparado aos Protocolos dos Sábios do
Sião, é um livrinho ingênuo. Como a maioria
das pessoas desconhece os Protocolos, fixa-se em comentar (e
seguir, quando se harmoniza e concorda com aquelas idéias) o
que está preconizado no Príncipe. Meno male!
Será isso? Ou será que conhecem os Protocolos
e não comentam? Para os que não conhecem este livro, o
resumo dos Protocolos é o que segue:
Fonte:
http://www.libreopinion.com/revision5/jude666.htm
1º
- Corromper a mocidade pelo ensino subversivo.
2º
- Destruir a vida de família.
3º
- Dominar as pessoas pelos seus vícios.
4º
- Envilecer as artes e prostituir a literatura.
5º
- Minar o respeito pela religião: desacreditar, tanto quanto
possível, os padres, espalhando contra eles histórias
escandalosas; encorajar a alta crítica a fim de corroer a base
das crianças e de provocar cismas e disputas no seio da Igreja.
6º
- Propagar o luxo desenfreado, as modas fantásticas e as despesas
loucas, eliminando gradualmente a faculdade de gozar as coisas simples
e sãs.
7º
- Distrair a atenção das massas pelas diversões
populares, jogos, competições esportivas etc; divertir
o povo para impedi-lo de pensar.
8º
- Envenenar os espíritos com teorias nefastas; arruinar o sistema
nervoso com barulheira incessante e enfraquecer os corpos pela inoculação
do vírus de várias enfermidades.
9º
- Criar o descontentamento universal e provocar o ódio e a desconfiança
entre as classes sociais.
10º
- Despojar a aristocracia das velhas tradições e de suas
terras, gravando-as com impostos formidáveis, de modo a forçá-la
a contrair dívidas, substituir as pessoas de sangue nobre pelos
homens de negócios e estabelecer por toda parte o culto do Bezerro
de Ouro.
11º
- Empeçonhar as relações entre patrões e
operários pelas greves e lock-outs, eliminando, assim,
qualquer possibilidade de acordo que daria como resultado uma colaboração
frutuosa.
12º
- Desmoralizar as classes superiores por todos os meios e provocar o
furor das massas pela visão das torpezas estupidamente cometidas
pelos ricos.
13º
- Permitir à indústria que esgote a agricultura e, gradualmente,
transformá-la em especulação louca.
14º
- Apoiar todas as utopias de maneira a meter o povo num labirinto de
idéias impraticáveis.
15º
- Aumentar os salários sem vantagem alguma para o operário,
pois que o preço da vida será majorado.
16º
- Fazer surgir incidentes que provoquem suspeitas internacionais; envenenar
os antagonismos entre os povos; despertar ódios e multiplicar
os armamentos ruinosos.
17º
- Conceder o sufrágio universal, a fim de que os destinos das
nações sejam confiados a gente sem cultura e sem educação.
18º
- Derrubar todas as monarquias e por toda parte estabelecer repúblicas;
intrigar para que os cargos mais importantes sejam confiados a pessoas
que tenham segredos que se não possam revelar, a fim de poder
dominá-las pelo pavor do escândalo.
19º
- Abolir gradualmente todas as formas de constituição
a fim de implantar o despotismo absoluto do bolchevismo.
20º
- Organizar vastos monopólios nos quais só sobrem todas
as fortunas, quando soar a hora da crise política.
21º
- Destruir toda estabilidade financeira: multiplicar as crises econômicas
e preparar a bancarrota universal; parar as engrenagens da indústria;
fazer ir por água abaixo todos os valores; concentrar todo o
ouro do mundo em certas mãos; deixar capitais enormes em absoluta
estagnação; em um momento dado, suspender todos os créditos
e provocar o pânico.
22º
- Preparar a agonia dos estados; esgotar a Humanidade pelos sofrimentos,
angústias e privações, porque A FOME CRIA ESCRAVOS.
Para
encerrar, em virtude do conteúdo do terceiro fragmento dos Protocolos
(Esse mal é o único meio de chegar ao fim –
o bem.), reescrevo: não
há mal que justifique um bem. Ou se faz o bem com os instrumentos
do bem, ou nada se faz. Usar o mal para fazer um presumido bem, é
praticar o mal colorindo-o de um falso bem.
Só o belo, o bom e o bem produzirão a Paz. O
contrário disso é o inferno na Terra. O Iraque
de hoje é um exemplo. Mas não é o único.
Também repito: um
místico precisa conhecer as entranhas do mal para poder combatê-las,
pois não se combate o que não se conhece.
______
Nota
1.
Ilana Goldstein, contudo, afirma: Os 'Protocolos dos Sábios
do Sião', por exemplo, foram na verdade escritos por um não-judeu,
Sergei Nulis, na Rússia do início do século. Seu
objetivo era bem prosaico: desprestigiar o Conde Witte, judeu e um dos
mais poderosos ministros do Czar. O que importa é que esse
livro maldito existe.
Obras
de Referência
MACHIAVELLI,
Niccolo. O príncipe. São Paulo: Hemus, 1974,
96 p. il.
OS
PROTOCOLOS DOS SÁBIOS DO SIÃO. São Paulo: Edições
Jupiter, s. d.
Websites
Consultados.
http://www.culturabrasil.pro.br/maquiavel.htm
http://biografieonline.it/biografia.htm?
BioID=140&biografia=Niccolo%F2+Machiavelli
http://members.telering.at/pat/philoso.htm
http://cafecomletras.blogs.sapo.pt/arquivo/2004_10.html
http://brazil.skepdic.com/protocolos_siao.html
http://members.tripod.com/~AntonioSilvio
/paroquia/paroquia.htm
http://www.libreopinion.com/revision5/manif1.htm