De Principatibus

 


Niccolo Machiavelli

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

Música de fundo:
California Dreaming (The Mamas and the Papas)
Fonte:
http://www.the-cipher.net/midi.htm

 

Werner Horvath
Niccolo Machiavelli - The Prince
Oil on canvas
50 x 40 cm, 2002

Observe o leão e a raposa.

 

 

Nicolaus Maclavellus ou Niccolo Machiavelli (1469-1527), escritor, historiador, estadista e filósofo florentino da Renascença Italiana, ao escrever De Principatibus (Il Principe) – sua obra mais conhecida e mais estudada – fê-lo com o objetivo de ensinar como se processava a ascensão ao principado e a manutenção desse poder com vistas, particularmente, à unificação da Itália. O livro (um manual de política para os tempos que corriam, mas que continua a ser aplicado até hoje) examina a sociedade de sua época de forma direta, fria e calculista, e não está limitado por padrões morais ou religiosos no que concerne aos meios de como conquistar o poder e de como mantê-lo. O Autor Florentino analisa diversos exemplos da história do seu tempo e do passado, comentando erros e acertos de vários tiranos, para subsidiar suas idéias. E nessa fiada de guerras, conspirações, matanças e sangue vale tudo que justifique a conquista da glória. O negócio da hora é subjugar a qualquer preço e manter o que foi subjugado também a qualquer preço. No fundo, e isso hoje é de domínio público, o que Machiavelli propôs foi a conquista e a manutenção dos Estados necessários para promover a unificação da Itália. Na verdade, Machiavelli foi mais um psicólogo político que conhecia profundamente a estupidez, a vaidade e as fraquezas dos homens. Il Principe mostra isso até a medula. Mas, Machiavelli faleceu sem ter podido ver realizados os ideais pelos quais lutou a vida inteira, como também não chegou a ver a sua Itália forte e unificada. O saco de gatos miando e se unhando só foi desfeito muito mais tarde. Há tempo para plantar, tempo para colher o que se plantou, tempo para chorar, tempo para sorrir, tempo para esperar, tempo para dormir, tempo para acordar... E há tempo para morrer. Mas também há tempo para não morrer! O Eclesiastes adverte sobre praticamente todas essas coisas.

Concordando ou discordando de seu pensamento, é indubitável que Niccolo Machiavelli é um dos mais importantes personagens da história da literatura. Este pequeno texto recenseará esta obra heterodoxa (bem entendido, heterodoxa para um místico sincero, não para um Lorenzo de Medici, não para um 'coalizador' e não para um político oportunista e cruel) sob a forma de excertos. Penso que seja importante refletir sobre esses pensamentos, porque, ainda hoje, é o livro de cabeceira de muitos políticos e de muitos nobres áulicos da corte das trevas. Volto ao tema de sempre que tanto me horroriza: houve na história recente da Humanidade atitude mais 'malevovélica' do que as duas bombas que foram lançadas sobre Hiroshima e Nagazaki? Vou ficar velhinho e não vou me conformar com isso. Mas, é praticamente impossível, por outro lado, que um político consiga se projetar na vida pública se não puser em operação algumas das recomendações de Machiavelli. De vez em quando eles quebram a cara, pois pensam que são profissionais mas terminam agindo como amadores, o que acaba sendo bom para a sociedade. Mas, pôr em prática as recomendações de Machiavelli, de certa forma, é fácil; responder por isso na hora própria é que serão elas. Será penoso e muito difícil. Como é possível, por exemplo, se conceber que alguém possa fomentar astuciosamente certas inimizades contra si próprio, para que com a vitória sobre os inimigos mais se engrandeça, como apregoou o Florentino? Isso é muito cruel. Como é possível, por outro lado, se admitir o lamaçal em que estão metidos o Partido dos Trabalhadores e outros partidos que representam o povo brasileiro? A dupla Marcos Valério/Delúbio Soares (que recentemente confessaram publicamente as trapalhadas em que se meteram) é apenas a pontinha de uma grande massa flutuante de matérias fecais que se desprendeu dos gabinetes do poder, e está sendo levada pela torrente gigantesca de denúncias e de apurações. Se esses senhores leram o Niccolo, leram muito mal e não aprenderam nada. Ainda bem. Quem sabe alguma coisa boa surja desse lodo e dessa lama. Se Demóstenes (Atenas, 384 a.C. - 322 a.C.) estiver certo (e admito que esteja)... Não é possível, ó atenienses, que a injustiça, o perjúrio e a mentira adquiram uma potência duradoura. Esses artifícios podem, durante um certo tempo, criar uma ilusão, mas não tardarão em desnudar-se.

Continuando. Segundo o Pensador Florentino, Fortuna (oportunidade) não é suficiente para se alcançar a glória. É preciso mais; é necessário Virtù, isto é, saber como atuar de acordo com a necessidade do momento. Ou seja: de acordo com cada circunstância, o príncipe deve discernir perfeitamente as formas de ação que deverá pôr em prática uma mistura equilibrada de força e inteligência, de capacidade operacional e de energia para efetivar essa mesma capacidade operacional. Para Machiavelli o Estado está além do bem e do mal – o Estado é o Estado. O Estado é o fim, e pode-se disso depreender que os fins justificam os meios (é exatamente com essa maquiavelice maquiavélica que abrirei a seguir o rol de fragmentos). Portanto — acrescenta Machiavelli — é preciso ser raposa, para conhecer as armadilhas, e leão, para aterrorizar os lobos. O terceiro elemento é a necessidade (Necessitá) pois, segundo Machiavelli, o Homem jamais fará o bem a não ser quando é pressionado pela necessidade. Literalmente escreveu o Pensador Italiano: ... os homens sempre serão maus se por uma necessidade não forem tornados bons. Os místicos, obviamente, não concordam com isso.

Enfim, estou convencido de que só sabendo ou tendo uma idéia aproximada de como pensam e funcionam os maquiavélicos é que poderemos nos defender e lutar contra os seus estratagemas. O que não devemos é ficar paralisados ou chocados com essa aula de política maquiavélica. Ela é extremamente útil. E um místico precisa conhecer as entranhas do mal para poder combatê-las, pois não se combate o que não se conhece. Da sabedoria árabe: Quem não sabe e não sabe que não sabe, é um imbecil: deve ser internado. Quem não sabe e sabe que não sabe, é um ignorante: deve ser instruído. Quem sabe e não sabe que sabe, é um sonhador: deve ser acordado. Quem sabe e sabe que sabe [ainda que saiba que nada sabe] é um sábio: deve ser imitado.

 

 

ALGUNS FRAGMENTOS

 

 

Isso decorre de se ver que os homens, naquilo que os conduz ao fim que cada um tem por objetivo, isto é, glórias e riquezas, procedem por formas diversas: um com cautela, o outro com ímpeto, um com violência, o outro com astúcia, um com paciência e o outro por forma contrária; e cada um, por esses diversos meios, pode alcançar o objetivo.

É mister que o Príncipe tenha um espírito preparado para se adaptar às variações das circunstâncias e da fortuna, e manter-se, tanto quanto possível, no caminho do bem, mas pronto igualmente a enveredar-se pelo mal quando for necessário.

Teus inimigos são todos os que se julgam ofendidos com o fato de estares ocupando o principado; e, do mesmo modo, não podes ter por amigos os que ali te colocaram, porque estes não podem ser satisfeitos como desejavam. Não poderás usar de remédios violentos contra eles, comprometido como estás com eles, pois, ainda que fortíssimo sejas nos exércitos, precisas das boas graças dos habitantes para entrar numa província.

O conquistador, para conservar os principados, deve ter em mente duas regras: primeira, extinguir a linhagem do antigo príncipe; segunda, não modificar leis e impostos. Desse modo, em prazo brevíssimo, estará feita a união ao antigo Estado.

Os homens devem ser mimados ou destruídos, pois podem vingar-se das ofensas leves, porém não o podem das graves. Deste modo, a ofensa que se faça deve ser tal que não se precise temer a vingança.

Sou de parecer de que é melhor ser ousado do que prudente, pois a fortuna (oportunidade) é mulher e, para conservá-la submissa, é necessário ... contrariá-la. Vê-se, que prefere, não raramente, deixar-se vender pelos ousados do que pelos que agem friamente. Por isso, é sempre amiga dos jovens, visto terem eles menos respeito e mais ferocidade e subjugarem-na com mais audácia.

Não se pode chamar de 'valor' assassinar seus cidadãos, trair seus amigos, faltar à palavra dada, ser desapiedado, não ter religião. Essas atitudes podem levar à conquista de um império, mas não à glória.

Homens ofendem por medo ou por ódio.

Assegurar-se contra os inimigos, ganhar amigos, vencer por força ou por fraude, faze-se amar e temer pelo povo, ser seguido e respeitado pelos soldados, destruir os que podem ou devem causar dano, inovar com propostas novas as instituições antigas, ser severo e agradável, magnânimo e liberal, destruir a milícia infiel e criar uma nova, manter as amizades de reis e príncipes, de modo que lhe devam beneficiar com cortesia ou combater com respeito, não encontrará exemplos mais atuais do que as ações do duque.

Um príncipe sábio deve observar modos similares e nunca, em tempo de paz, ficar ocioso.

Pois o homem que queira professar o bem por toda parte é natural que se arruíne entre tantos que não são bons.

Vindo a necessidade com os tempos adversos, não se tem tempo para fazer o mal, e o bem que se faz não traz benefícios, pois julga-se feito à força, e não traz reconhecimento.

Tendo o príncipe necessidade de saber usar bem a natureza do animal, deve escolher a raposa e o leão, pois o leão não sabe se defender das armadilhas e a raposa não sabe se defender da força bruta dos lobos. Portanto, é preciso ser raposa, para conhecer as armadilhas, e leão, para aterrorizar os lobos. [Volte a observar a tela de Werner Horvath — Niccolo Machiavelli - The Prince — que abre este trabalho. Abaixo reproduzo outro quadro do pintor].

 

Werner Horvath
Niccolo Machiavelli - The Prince
Color pencils on paper
32 x 24 cm, 1999

 

Os homens ou são aliciados ou são aniquilados.

Em província diferente em língua, costumes e leis arrogue-se o príncipe em chefe e defensor dos mais fracos, e procure enfraquecer os poderosos da própria província, além de se precaver contra a entrada de algum estrangeiro tão poderoso quanto ele.

Não se deve consentir em um mal para se evitar uma guerra, pois ela não pode ser evitada, sendo apenas adiada para desvantagem própria.

Erra quem julga que os benefícios novos levam ao esquecimento de antigas injúrias.

Devem se fazer todas as ofensas de uma vez, a fim de que, tomando-se-lhes menos o gosto, ofendam menos. Os benefícios precisam ser ofertados pouco a pouco para serem melhores saboreados.

É mais sábio ter a fama de miserável, que dá origem a uma infâmia sem ódio, do que, por querer o conceito de liberal, ver-se na necessidade de incorrer no julgamento de rapace, que cria uma má fama com ódio.

O príncipe, contudo, deve ser lento no crer e no agir, não se alarmar por si mesmo e proceder por forma equilibrada, com prudência e humanidade, buscando evitar que a excessiva confiança o torne incauto e a demasiada desconfiança o faça intolerável.

Muito mais seguro é ser temido do que amado, quando se seja obrigado a falhar em uma das duas.

As amizades que se conquistam por interesse e não por nobreza ou grandeza de caráter são compradas, não se podendo contar com as mesmas no momento preciso.

O príncipe deve abster-se de se aproveitar dos bens alheios, pois os homens esquecem mais rapidamente a morte do pai do que a perda de seu patrimônio.

Não deve o príncipe guardar a palavra empenhada quando isso lhe é prejudicial e quando os motivos que o determinaram deixarem de existir.

Contra quem goza de boa reputação dificilmente se conspira.

Contentar o povo é uma das questões mais importantes que um príncipe deve ter em mente.

Um príncipe deve estimar os poderosos, porém não se tornar odiado pelo povo.

Um príncipe sábio, quando tiver oportunidade, deve fomentar astuciosamente certas inimizades contra si próprio, para que com a vitória sobre os inimigos mais se engrandeça.

Quando alguém fizer algo extraordinário, de bem ou de mal na vida civil, para premiá-lo ou puni-lo, deverá o príncipe proceder de modo tal que deixe margem a grandes comentários. Um príncipe deverá sempre agir no sentido de conquistar reputação de grande homem.

A prudência está exatamente em saber conhecer a natureza dos inconvenientes e adotar o que for menos prejudicial como sendo bom.

O príncipe, para garantir a lealdade de um ministro, deve honrá-lo e fazê-lo rico, fazendo com que ele contraia obrigações para consigo.

Um príncipe deve aconselhar-se sempre, mas apenas quando ele julgar conveniente, e não quando os outros desejarem; antes, deve tirar a todos a vontade de aconselhar algo sem que ele o peça.

Os bons conselhos, venham de onde vierem, nascem da prudência do príncipe, e não a prudência do príncipe dos bons conselhos.

Quem é causa do poderio de alguém arruina-se, por que esse poder resulta ou da astúcia ou da força e ambas são suspeitas para aquele que se tornou poderoso.

Quando aqueles Estados que se conquistam estão habituados a viver com suas próprias leis e em liberdade, existem três modos de conservá-los: o primeiro, arruiná-los; o outro, ir habitá-los pessoalmente; o terceiro, deixá-los viver com suas leis, arrecadando um tributo e criando em seu interior um governo de poucos, que se conservam amigos, porque, sendo esse governo criado por aquele príncipe, sabe que não pode permanecer sem sua amizade e seu poder, e há que fazer tudo por conservá-los.

Quem se torne senhor de uma cidade acostumada a viver livre e não a destrua, espere ser destruído por ela, porque a mesma sempre encontra, para apoio de sua rebelião, o nome da liberdade e o de suas antigas instituições, jamais esquecidas seja pelo decurso do tempo, seja por benefícios recebidos.

Deve o príncipe não desviar um momento sequer o seu pensamento do exercício da guerra...

Um príncipe inteligente nunca deve ficar ocioso nos tempos de paz, mas sim, com habilidade, procurar formar cabedal para poder utilizá-lo na adversidade, a fim de que, quando mudar a fortuna, se encontre preparado para resistir.

O temor é mantido pelo receio de castigo.

Deve o príncipe, não obstante, fazer-se temer de forma que, se não conquistar o amor, fuja ao ódio, mesmo porque podem muito bem coexistir o ser temido e o não ser odiado: isso conseguirá sempre que se abstenha de tomar os bens e as mulheres de seus cidadãos e de seus súditos e, em se lhe tornando necessário derramar o sangue de alguém, faça-o quando existir conveniente justificativa e causa manifesta.

Um príncipe sábio, amando os homens como a eles agrada e sendo por eles temido como deseja, deve apoiar-se naquilo que é seu e não no que é dos outros.

Um príncipe deve dar pouca importância às conspirações se o povo lhe é benévolo; mas quando este lhe seja adverso e o tenha em ódio, deve temer tudo e a todos. Os Estados bem organizados e os príncipes hábeis têm com toda a diligência procurado não desesperar os grandes e satisfazer o povo conservando-o contente, mesmo porque este é um dos mais importantes assuntos de que um príncipe tenha de tratar.

Um príncipe deve ter a cautela de jamais fazer aliança com um mais poderoso que ele para atacar os outros, senão quando a necessidade o compelir porque, vencendo, torna-se seu prisioneiro; e os príncipes devem fugir o quanto possam de ficar à discrição dos outros.

Deve, ainda, um príncipe mostrar-se amante das virtudes, dando oportunidade aos homens virtuosos e honrando os melhores numa arte.

Um príncipe prudente deve escolher em seu Estado homens sábios e somente a eles deve dar a liberdade de falar-lhe a verdade daquilo que ele pergunte e nada mais.

 

 

 

 

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RÁPIDOS  COMENTÁRIOS

 

Santa Teresa de Jesus, uma carmelita espanhola do século XVI (1515-1582), em sua autobiografia escreveu: Para fazer o bem, por maior que fose, não haveria de fazer nem um pequeno mal. Ora, esta reflexão contradiz com justeza a maioria dos ensinamentos de Niccolo Machiavelli (pois algumas de suas reflexões são coerentes e justas). Mas eu acrescento: não há mal que justifique um bem. Ou se faz o bem com os instrumentos do bem, ou nada se faz. Usar o mal para fazer um presumido bem, é praticar o mal colorindo-o de um falso bem. A propósito: qual é o bem que auferirão a Humanidade e o próprio povo iraquiano com a devastação do Iraque? Acho que nem Nero nem Niccolo Machiavelli chegariam a tanto! Hermann Goedsche chegou. Abriu as portas do inferno com seu plágio das trevas. Mas, antes de prosseguir, transcrevo aquela que é conhecida como a oração mais famosa atribuída à Santa Teresa de Jesus:

 

NADA TE PERTURBE,

NADA TE ASSUSTE,

TUDO PASSA.

DEUS, PORÉM, NÃO MUDA;

COM PACIÊNCIA TUDO SE ALCANÇA.

QUEM A DEUS POSSUI,

NADA LHE FALTARÁ.

SÓ DEUS BASTA.

 

Então, não posso concluir este texto sem fazer uma breve referência aos Protocolos dos Sábios do Sião uma falsificação criada na Rússia pela Okhrana (polícia secreta), que culpava os judeus pelas mazelas do País. Foi impressa pela primeira vez privativamente em 1897, e tornada pública em 1905. Foi copiada de uma novela do século XIX (Biarritz, 1868) e escrita por Hermann Goedsche1 (novelista e anti-semita alemão, que usava o pseudônimo de Sir John Retcliffe) e alega que uma conspiração judaica planejava assumir o controle do Mundo. Hermann Goedsche roubou a história principal de outro escritor, Maurice Joly, cujos 'Diálogos no Inferno Entre Maquiavel e Montesquieu' (1864) tratavam de um complô no inferno com o objetivo de se opor a Napoleão III. O que Goedsche contribui de original consiste primordialmente na introdução dos judeus como conspiradores para conquistar o Mundo. Em um certo sentido, a pregação dos Protocolos é medonhamente pior do que Il Principe, e os três fragmentos que reproduzirei abaixo são suficientes para demonstrar isso. Quem não conhece esse livro do inferno poderá lê-lo on-line em português em:

http://www.radioislam.org/protocols/indexpo.htm

 

 

Os três fragmentos:

1º) É preciso ter em vista que os homens de maus instintos são mais numerosos do que os de bons instintos. Por isso, se obtêm melhores resultados governando os homens pela violência e pelo terror do que com discussões acadêmicas.

2º) O governo que se deixa guiar pela moral não é político, e, portanto, seu poder é frágil. Aquele que quer reinar deve recorrer à astúcia e à hipocrisia. As grandes qualidades populares - franqueza e honestidade - são vícios na política, porque derrubam mais os reis dos tronos do que o mais poderoso inimigo. Essas qualidades devem ser os atributos do reino cristão e não nos devemos deixar absolutamente guiar por elas. Nosso fim é possuir a força. A palavra 'direito' é uma idéia abstrata que nada justifica. Essa palavra significa simplesmente isto: 'Dai-me o que eu quero a fim de que eu possa provar que sou mais forte do que vós'.

3º) Nossas palavras de ordem são: Força e Hipocrisia. Somente a força poderá triunfar na política, sobretudo se estiver escondida nos talentos necessários aos homens de Estado. A violência deve ser um princípio; a astúcia e a hipocrisia uma regra para os governos que não queiram entregar sua coroa aos agentes de uma nova força. Esse mal é o único meio de chegar ao fim – o bem. Por isso, não nos devemos deter diante da corrupção, da velhacada e da traição, todas as vezes que possam servir às nossas finalidades. Em política, é preciso saber tomar a propriedade de outrem sem hesitar, se por esse meio temos de alcançar o poder.

E vai por aí. Observe que esses três excertos estão contidos no início do capítulo I da obra. O que vem depois é simplesmente medonho! Mas, basta conhecer um pouco da história da Humanidade para concluir que a base de todas as maldades sempre foi (mais ou menos) o que está contido nos Protocolos. Il Principe, comparado aos Protocolos dos Sábios do Sião, é um livrinho ingênuo. Como a maioria das pessoas desconhece os Protocolos, fixa-se em comentar (e seguir, quando se harmoniza e concorda com aquelas idéias) o que está preconizado no Príncipe. Meno male! Será isso? Ou será que conhecem os Protocolos e não comentam? Para os que não conhecem este livro, o resumo dos Protocolos é o que segue:

Fonte: http://www.libreopinion.com/revision5/jude666.htm

 

1º - Corromper a mocidade pelo ensino subversivo.

2º - Destruir a vida de família.

3º - Dominar as pessoas pelos seus vícios.

4º - Envilecer as artes e prostituir a literatura.

5º - Minar o respeito pela religião: desacreditar, tanto quanto possível, os padres, espalhando contra eles histórias escandalosas; encorajar a alta crítica a fim de corroer a base das crianças e de provocar cismas e disputas no seio da Igreja.

6º - Propagar o luxo desenfreado, as modas fantásticas e as despesas loucas, eliminando gradualmente a faculdade de gozar as coisas simples e sãs.

7º - Distrair a atenção das massas pelas diversões populares, jogos, competições esportivas etc; divertir o povo para impedi-lo de pensar.

8º - Envenenar os espíritos com teorias nefastas; arruinar o sistema nervoso com barulheira incessante e enfraquecer os corpos pela inoculação do vírus de várias enfermidades.

9º - Criar o descontentamento universal e provocar o ódio e a desconfiança entre as classes sociais.

10º - Despojar a aristocracia das velhas tradições e de suas terras, gravando-as com impostos formidáveis, de modo a forçá-la a contrair dívidas, substituir as pessoas de sangue nobre pelos homens de negócios e estabelecer por toda parte o culto do Bezerro de Ouro.

11º - Empeçonhar as relações entre patrões e operários pelas greves e lock-outs, eliminando, assim, qualquer possibilidade de acordo que daria como resultado uma colaboração frutuosa.

12º - Desmoralizar as classes superiores por todos os meios e provocar o furor das massas pela visão das torpezas estupidamente cometidas pelos ricos.

13º - Permitir à indústria que esgote a agricultura e, gradualmente, transformá-la em especulação louca.

14º - Apoiar todas as utopias de maneira a meter o povo num labirinto de idéias impraticáveis.

15º - Aumentar os salários sem vantagem alguma para o operário, pois que o preço da vida será majorado.

16º - Fazer surgir incidentes que provoquem suspeitas internacionais; envenenar os antagonismos entre os povos; despertar ódios e multiplicar os armamentos ruinosos.

17º - Conceder o sufrágio universal, a fim de que os destinos das nações sejam confiados a gente sem cultura e sem educação.

18º - Derrubar todas as monarquias e por toda parte estabelecer repúblicas; intrigar para que os cargos mais importantes sejam confiados a pessoas que tenham segredos que se não possam revelar, a fim de poder dominá-las pelo pavor do escândalo.

19º - Abolir gradualmente todas as formas de constituição a fim de implantar o despotismo absoluto do bolchevismo.

20º - Organizar vastos monopólios nos quais só sobrem todas as fortunas, quando soar a hora da crise política.

21º - Destruir toda estabilidade financeira: multiplicar as crises econômicas e preparar a bancarrota universal; parar as engrenagens da indústria; fazer ir por água abaixo todos os valores; concentrar todo o ouro do mundo em certas mãos; deixar capitais enormes em absoluta estagnação; em um momento dado, suspender todos os créditos e provocar o pânico.

22º - Preparar a agonia dos estados; esgotar a Humanidade pelos sofrimentos, angústias e privações, porque A FOME CRIA ESCRAVOS.

Para encerrar, em virtude do conteúdo do terceiro fragmento dos Protocolos (Esse mal é o único meio de chegar ao fim – o bem.), reescrevo: não há mal que justifique um bem. Ou se faz o bem com os instrumentos do bem, ou nada se faz. Usar o mal para fazer um presumido bem, é praticar o mal colorindo-o de um falso bem. Só o belo, o bom e o bem produzirão a Paz. O contrário disso é o inferno na Terra. O Iraque de hoje é um exemplo. Mas não é o único. Também repito: um místico precisa conhecer as entranhas do mal para poder combatê-las, pois não se combate o que não se conhece.

 


 

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Nota

1. Ilana Goldstein, contudo, afirma: Os 'Protocolos dos Sábios do Sião', por exemplo, foram na verdade escritos por um não-judeu, Sergei Nulis, na Rússia do início do século. Seu objetivo era bem prosaico: desprestigiar o Conde Witte, judeu e um dos mais poderosos ministros do Czar. O que importa é que esse livro maldito existe.

Obras de Referência

MACHIAVELLI, Niccolo. O príncipe. São Paulo: Hemus, 1974, 96 p. il.

OS PROTOCOLOS DOS SÁBIOS DO SIÃO. São Paulo: Edições Jupiter, s. d.

 

Websites Consultados.

http://www.culturabrasil.pro.br/maquiavel.htm

http://biografieonline.it/biografia.htm?
BioID=140&biografia=Niccolo%F2+Machiavelli

http://members.telering.at/pat/philoso.htm

http://cafecomletras.blogs.sapo.pt/arquivo/2004_10.html

http://brazil.skepdic.com/protocolos_siao.html

http://members.tripod.com/~AntonioSilvio
/paroquia/paroquia.htm

http://www.libreopinion.com/revision5/manif1.htm