IMPORTANTE
Este
texto não é de minha autoria. Gostaria de ter tido a
inspiração para escrevê-lo, mas, eu o recebi de
uma pessoa querida em um e-mail. Entretanto, cacoete de professor,
introduzi algumas pequenas modificações no original.
Realmente, contudo, apenas os comentários (verídicos)
que apresentarei ao final são meus. O fato que relatarei já
já, aconteceu recentemente em uma madrugada chuvosa e fria
da minha muito querida Cidade do Rio de Janeiro. As águas de
Março virão em breve, que eu prefiro ao invés
do frio. Espero que não causem nem inundações,
nem desabriguem os irmãos com-poucas-posses.
UM
GESTO DE AMOR
(Quantas vezes isto já não aconteceu?)
Um
garoto pobre, com cerca de doze anos de idade, vestido e calçado
de forma humilde, entra em uma loja, escolhe um sabonete comum, e
pede ao proprietário que o embrulhe para presente.
— É
para minha mãe — diz com orgulho o garoto.
O
dono da loja ficou muito comovido diante da singeleza da escolha daquele
presente. Olhou com piedade para o seu jovem freguês e, sentindo
uma grande compaixão, teve vontade de ajudá-lo. Pensou
que poderia embrulhar, junto com o sabonete escolhido, algum artigo
mais significativo. Entretanto, ficou indeciso: ora olhava para o
garoto, ora para os artigos que tinha em sua loja. Deveria ou não
fazer? O coração dizia sim, a mente dizia não.
O
garoto, notando a indecisão do homem, pensou que ele estivesse
duvidando de sua capacidade de pagar. Colocou
a mão no bolso, retirou as moedinhas que dispunha e as colocou
sobre o balcão.
O
homem ficou ainda mais comovido quando viu as moedinhas de valor tão
insignificante. Continuava experimentando um enorme conflito mental.
Em sua intimidade concluíra que, se o garoto pudesse, compraria
algo bem melhor para sua mãe. Lembrou
de sua própria mãe. Fora pobre, e, muitas vezes, em
sua infância e adolescência, também desejara presentear
sua mãe. Quando conseguiu um emprego, ela já havia partido
deste mundo. O garoto, com aquele gesto, estava involuntariamente
mexendo nas profundezas dos seus sentimentos.
Do
outro lado do balcão, o menino começou a ficar ansioso.
Alguma coisa parecia estar errada. Por que o homem não embrulhava
logo o sabonete? Ele
já o escolhera, pedira para embrulhar e até tinha mostrado
as moedas para o pagamento. Por que a demora? Qual seria o problema?
No
campo da emoção, dois sentimentos se entreolhavam: a
compaixão do lado do homem e a desconfiança por parte
do garoto.
Impaciente,
o menino perguntou: — Moço, está faltando
alguma coisa?
— Não
— respondeu o proprietário da loja. — É
que de repente me lembrei de minha mãe. Ela morreu quando eu
ainda era muito jovem. Sempre quis dar um presente para ela, mas,
desempregado, nunca consegui comprar nada.
Na
espontaneidade de seus doze anos, o menino perguntou: — Nem
um sabonete?
O
homem sentiu um calafrio e se calou. Refletiu um pouco, e desistiu
da idéia de melhorar o presente do garoto. Embrulhou o sabonete
com o melhor papel que havia na loja, colocou uma fita colorida e
despachou educadamente o jovem freguês sem responder mais nada.
A
sós, pôs-se a refletir. Como é que nunca pensara
em dar algo pequeno e simples para sua mãe? Sempre entendera
que presente tinha que ser alguma coisa significativa, cara, tanto
assim que, minutos antes, sentira piedade da singela compra, e pensara
em melhorar o presente que o pobre menino comprara.
Comovido,
entendeu que naquele dia havia recebido uma fantástica lição.
Junto com o sabonete do menino, seguia algo muito mais importante
e grandioso. O melhor de todos os presentes: um gesto de amor!
Invista
no amor. Esta é a lição que este episódio
ensina. O amor é o mais poderoso meio de tornar as pessoas
felizes. Em qualquer circunstância, em qualquer data especial,
em quaisquer comemorações, o mais importante não
é o que se dá, mas como se dá.
Todo
presente deve se revestir de sentimento, e não deve haver quaisquer
diferenças entre homenagens a uma pessoa pobre ou a uma pessoa
rica. Uma homenagem, vinda do coração, é uma
HOMENAGEM.
A
expressão deve ser sempre do afeto. O que se deve dar é
o coração a vibrar em puro e pleno amor.
O
valor do presente não está no quanto ele vai aumentar
o conteúdo das caixas registradoras de quem o vende, mas, sim,
o quanto ele somará na contabilidade emocional do coração
de quem o recebe.
COMENTÁRIOS
Rio
de Janeiro
A Cidade que eu moro e que amo demais.
Se você passar o mouse sobre o Rio à noite...
Fontes das Fotografias Digitais:
http://www.worldhistory.com/wiki/R/Rio-de-Janeiro.htm
http://www.fisiculturismo.com.br
Hoje,
11 de Dezembro de 2004, por volta de 1 hora da madrugada, depois de
vivenciar na noite de sexta-feira passada, em um local do Campo de
São Cristóvão, no Rio de Janeiro, um dos episódios
mais emocionantes e importantes de minha vida, voltando para casa
de táxi, entabulei uma conversa com o taxista que me trouxe,
conversa essa que procurarei reproduzir em seguida da maneira mais
fidedigna.
O
homem era muito simpático e dono de um gigantesco bigodão.
Para mim, o bigode daquele quase senhor já entrado nos "enta",
era absolutamente monumental. Talvez, pensei – começando
a mergulhar nos delírios de sempre – se ele resolvesse
vendê-lo, daria para fazer uma meia peruca para alguém,
e ele ganharia uma boa grana. Quem sabe, com o dinheiro apurado na
venda, pudesse dar de entrada em um carro mais novo do que aquela
charanga que ele tinha. Aquela caranguejola sacudia tanto e fazia
tanto barulho, que mais parecia um liqüidificador velho. Mas,
como o meu próprio carro não está muito melhor
do que o dele, e como não dou a mínima para essas coisas,
me esqueci do calhambeque e resolvi estabelecer um diálogo
com o taxista.
—
E aí meu amigo. Como vão as coisas. —
Falei para puxar um papinho. Para mim é impossível estar
junto a um ser humano qualquer, sem tentar ter uma conversinha amigável.
Converso com todo mundo. Porteiros, faxineiros, pipoqueiros, malandros,
ladrões, ascensoristas, descuidistas, pivetes, prostitutas,
lésbicas, garçons, garçonetes, traficantes, mentirosos,
homossexuais, sem-nada, e, quando calha, com doutores. Mas, os taxistas
são meus preferidos. Com eles, aprendo verdadeiras lições
de vida. Às vezes, tenho a oportunidade de, disfarçadamente
e muito de leve, meter um rosacrucianismozinho na prosa, em uma linguagem
exotérica. Foi exatamente o que aconteceu mais uma vez
nesta fria e fantástica madrugada. Eu, realmente, não
perco uma chance de ser solidário. Essa coisa besta de dizer,
de recomendar ou de escrever uma coisa e de praticar outra, é
uma putíssima hipocrisia. Não se envolver com os problemas
dos outros? Pára com isso, fariseu. Ostentar virtude e misericórdia
sem tê-las é farisaísmo da melhor qualidade. Tô
fora. Rosacruzes, maçons, teósofos, antroposósofos,
religiosos, agnósticos, todos, têm que fazer a sua parte.
Jamais hipoteticamente. Sempre categoricamente. Não participar
e silenciar quando o momento pede ação e discurso, é
entrar por omissão para o clube das trevas farisaicas. E desse
clube eu nunca fui, não sou e não serei sócio.
—
A barra não tá fácil. — Respondeu
o taxista. E continuou o papo explicando: — Tem muito táxi
na praça. Por causo disso resolvi trabalhar de noite. Também
é melhor, porque tem menos trânsito e menas confusão.
E o tempo passa mais rápido.
—
Compreendo. — Respondi. — Mas, não
é meio perigoso trabalhar à noite?
—
É e não é, né. A gente precisa ter
cuidado — disse o taxista-bigodão. O bigode dele
era tão grande que, sem querer, eu só olhava para aquele
bidode descomunal. Não conseguia mesmo desgrudar o olho daquela
montanha de pelos. Nessas horas, não sei o porquê, eu
deliro e começo sempre a pensar nas coisas mais engraçadas,
ainda que verossímeis. Primeiro tentei construir mentalmente
uma cena dele tirando meleca. Desisti. Achei que o bigode atrapalharia.
Depois, fiquei imaginando aquele homem tomando sopa. Seria possível
ele tomar sopa sem molhar o bigodão? Concluí que não.
Quando ia emendar outro devaneio, ele continuou as explicações:
— Mas, de dia também é um perigo.
—
Sempre
pensei que de dia era mais seguro. — Respondi, esquecendo
dos delírios em que estava me metendo.
—
De certa maneira, é, né. — Concordou
o profissional do super-bigode, bigodaço que não me
saía nem da cabeça nem dos olhos. — Mas, às
vezes, de dia também a gente pode quebrar a cara. —
Arrematou o homem me olhando de soslaio, como se estivesse me examinando.
Por
que? — Perguntei
— Você já passou por alguma situação
difícil?
—
Vou contar pro o senhor. — disse
o taxista muito sério. — Eu tenho vinte e cinco anos
de praça e só fui assaltado uma vez. Tem mais ou menos
dois anos. Por um garoto de quinze anos. Eu acho que ele devia ter
mesmo uns quinze anos. O garoto fez sinal pra mim na Rua Doutor Satamini,
lá na Tijuca, e me pediu para levá-lo na Jorge Rudge.
Era, mais ou menos, duas da tarde. Pleno dia. Foi conversando comigo
numa boa. Assim como o senhor. Quando cheguei lá, ele encostou
um revólver na minha barriga, e disse: — Perdeu
cara. Passa a féria toda, se não vai dançar.
Manda logo a grana que eu num tô brincando.
Penalizado,
comentei: — Mas nada de grave aconteceu, pois não?
Continuando
a relatar o infausto ocorrido, o taxista contou-me: — Depois
que ele me tomou os R$ 180,00 da féria, mandou eu sair do carro
e me mandar. Não tive alternativa. O garoto estava nervosíssimo
e eu não queria que ele perdesse a cabeça. Tenho família,
né. Tratei de sair logo do carro e correr. Já há
alguns metros do carro ouvi um barulho de metal. Então parei
de correr e olhei pra trás. O garoto não estava mais
por lá. Resolvi voltar e vi que as chaves do carro estavam
jogadas sobre o capô. Peguei as chaves pra dar o fora dali o
mais rápido possível. Mas, não é que o
filho da puta do garoto arrancou os fios da caixa de fusível?
Tive, então, que chamar um reboque. Foi mais R$ 200,00 que
gastei. Se eu pego esse filho da puta eu mato ele.
—
Meu irmão — interrompi
o desabafo do homem com todo o cuidado. — Não vale
a pena.
—
Vale sim. — Disse
o bigodão, arfando e destilando mágoa e ódio
ao mesmo tempo. —
Eu já vi esse filho da puta duas vezes, mas não
tive oportunidade de pegá-lo. Mas, quando eu puder, vou passar
com o carro por cima dele.
— Não
faça isso, meu irmão. — Disse eu consternado.
— Não vale a pena. E já se passaram dois anos.
Já pensou se você mata esse garoto em um acesso de fúria?
Ele poderia ser seu filho. Quem sabe foi mal educado pelos pais. É
possível que nem saiba a diferença entre estar vivo
e não estar. Você sabe. Não é, meu irmão?
Se você tivesse um filho que fizesse uma besteira dessas, e
depois alguém o matasse, como você ficaria? Mas, há
algo muito pior do que isso. Se você matar esse menino,
você assume um compromisso para o resto de sua existência
com as forças do mal. Não vai passar um dia sem que
você não se lembre do que fez. Assassinar uma pessoa
é gravíssimo. Pior quando há premeditação.
Se você o tivesse matado no momento do roubo, era outra coisa.
Ainda que também não seja cosmicamente lícito,
há fortes atenuantes. Isso eu lhe digo como espiritualista.
Ou você não se importa com a sua própria vida? Acho
que ela vale mais do que R$ 180,00. E até mais do que os outros
R$ 200,00 que você gastou para rebocar e consertar o carro.
Ou não? Bem, eu não estou lhe dando uma lição
de moral, porque acho que lições de moral não
adiantam nada. Apenas estou expressando minha opinião porque
você me contou o fato.
O
homem me olhou por uns instantes, silenciou e acabou dizendo: —
O senhor tem razão. Não vale mesmo a pena.
Eu
não disse mais uma palavra até o homem estacionar em
frente ao prédio em que moro. A corrida marcava R$ 12,50. Dei
uma nota de R$ 50,00 e pedi que ele me desse de troco R$ 35,00. Quando
comecei a abrir a porta para sair, virei-me para ele, olhei fixamente
o centro de sua testa, e disse: — Lembre-se: não
vale a pena. Desejo-lhe paz ao seu coração, meu irmão,
fique com Deus e tenha uma boa noite de trabalho.
O
homem, absolutamente calmo, respondeu: — Boa noite para
o senhor também.
PRESENTES
Geralmente,
quando as pessoas pensam em presentes, pensam apenas em coisas materiais.
Pedir desculpas, um conselho, uma opinião sincera, um muito
obrigado, um por favor, um abraço, um sorriso, um beijo, um
envolvimento em um problema que não é nosso, são
presentaços que oferecemos, pois brotam de nosso ser mais recôndito.
Valem muito mais do que ouro em pó, ou esses presentes de araque
que as pessoas dão para fazer média. São momentos
racionais-emocionais nos quais quem 'fala', geralmente, não
é o eu objetivo, mas, o Eu Maior que cada um de nós
tem dentro de si. Não podemos, portanto, deixar de oferecer
nossos melhores préstimos em situações como essa
desse taxista.
Uma
frase, uma simples palavra, um gesto, podem mudar a vida de um ser
humano. Temos sempre que encontar tempo e, de coração
aberto, com disponibilidade categórica, ouvir os problemas
dos outros, e auxiliá-los a encontrar soluções
para seus fardos e desencantos. O Judaísmo ensina que 'quem
salva uma vida, salva a Humanidade'. Mas, essa Lei
é muito mais ampla e muito mais profunda: Quem salva uma vida
— qualquer vida — está muito mais do que apenas
salvando uma vida. Está salvando todos os universos e todos
os seres de todos os universos. Está, mesmo, presenteando todo
o Kósmos.
Mais
tarde, já em casa, mentalizei e imprimi na consciência
daquele homem a idéia para que esquecesse o ocorrido, e que
não pensasse mais em qualquer forra ou em qualquer revanche.
Como não tive a oportunidade de perguntar seu nome, minha mentalização
foi dirigida para a imagem mental que consegui reter do homem, e o
nome que usei para comandar meus pensamentos até ele pelo Cósmico
foi: Taxista Bigodão.
TRÊS
SUGESTÕES PARA REFLEXÃO
A
seguir, apresento três imagens em flash para reflexão.
Foram feitas por mim — para todos, pois bolei essas imagens
para quem vier a ler este texto — com o auxílio, é
claro, do meu professor-tio-hippão de trancinhas de
Web Design. Quase fiquei louco para fazer essas imagens. E já
esqueci como são feitas. E o meu professor-tio-hippão
de trancinhas só ficava dizendo: — Presta atenção,
Rodolfo. Você não está prestando atenção
no que o tio está ensinando.
Bem,
sugiro que, ao visualizar cada uma das imagens abaixo, o leitor tente
afastar da mente todos os pensamentos, e permita que as imagens interajam
com seu subconsciente por apenas um minuto em cada imagem. Certamente
uma nova idéia surgirá. Logo que surgir um pensamento
ou uma idéia, não olhe mais para as imagens. Elas poderão
provocar e superpor novas idéias ou novos pensamentos, e, assim,
de certa maneira, 'contaminar' a primeira intuição
que veio à mente. Medite sobre o que seu Eu Interno transferiu,
em primeira-mão, para sua Mente Objetiva. Se desejar, anote
suas reflexões para futuras consultas. Por último, lembre-se:
ninguém poderá explicar qualquer uma de suas sensações.
Experiências internas pessoais são, por um lado, intransferíveis:
e, por outro, impossíveis de ser analisadas por quem quer que
seja, que não o próprio experimentador. O que é
sagrado não deve ser profanado. Quem profana o que é
sagrado está fechando uma porta. Sugestão: tecle F11
para poder visualizar melhor as imagens em flash. Para retornar,
tecle novamente F11.
DADOS
SOBRE O AUTOR
Mestre
em Educação, UFRJ, 1980. Doutor em Filosofia, UGF, 1988.
Professor Adjunto IV (aposentado) do CEFET-RJ. Consultor em Administração
Escolar. Presidente do Comitê Editorial da Revista Tecnologia
& Cultura do CEFET-RJ. Professor de Metodologia da Ciência
e da Pesquisa Científica e Coordenador Acadêmico do Instituto
de Desenvolvimento Humano - IDHGE.
PAZ
PROFUNDA
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