PRENDA

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

 

 

Peregrinando pelas vidas,

fui regenerando as feridas.

Depois de cada desemperro,

compreendi queda e erro.

 

 

Foi dissipada a volúpia

e fiquei curado da rupia.

Já não vulgarizo a prenda

na orgia da minha tenda.

 

 

Derrubei o velho muro

e já não temo pelo futuro.

A Morte foi a Iniciadora

que abriu a Pandora.1

 

 

Hoje, oro pelos desvalidos,

cegos, afebriados e perdidos.

Quantas incúrias indecentes!

Quantas dores nocentes!2

 

 

 

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Notas:

1. Dentre os vários significados atribuídos à Ânfora de Pandora, prefiro aquele que registra a possibilidade de o homem se conhecer e de se aperfeiçoar através das provas, das adversidades e da compreensão. Nesse sentido, a Ânfora (interior) catalisa a Força para enfrentar os deslizes da personalidade com Sabedoria e Esperança. Na antiga Filosofia Pagã, Pandora não era a fonte do mal; ela, ao contrário, era a fonte da Força, da Dignidade e da Beleza, significando que sem as (necessárias?) desventuras da necessária encarnação o ser humano não poderia melhorar nem ascensionar.

2. A libertação se faz por Três Degraus: dor, amor, compreensão. Então, a bem da verdade, a dor é uma etapa necessária da ignorância, ainda que certas dores sejam meio que desnecessárias.

 

 

 

Fundo musical:

Prenda Minha

Fonte:

http://openpirate.com/midi/minh