E AGORA, PREGUNHO?

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Pregos

E agora, preguinho, que o martelo martelou?

 

 

 

Letra E agora, preguinho,

que o bailareco mixou,

que o tango destoou,

que a mina se mandou?

Como será, Preguinho?

 

 

¡En tono o fuera de tono,
yo siempre bailaré el tango,
hasta que el infierno se congele!

 

 

E agora, preguinho,

que o vinil se quebrou,

que a radiola emperrou,

Como será, Preguinho?

 

E agora, preguinho,

que o inverno quentou,

que a primavera voltou,

que o urso desibernou?

Como será, Preguinho?

 

 

Urso-polar

Urso-polar

 

 

E agora, preguinho,

que a avalanche rolou,

que o tsunami inundou,

que a pororoca assolou?

Como será, Preguinho?

 

E agora, preguinho,

que a negridão toldou,

que a quimera ofuscou,

que a coiseira enganou?

Como será, Preguinho?

 

E agora, preguinho,

que a teologia bispou,

que o dogma ilusionou,

que a promessa enrolou?

Como será, Preguinho?

 

 

 

 

E agora, preguinho,

que o calor globalizou,

que o sarampo acordou,

que você não se vacinou?

Como será, Preguinho?

 

 

 

 

E agora, preguinho,

que o elástico rebentou,

que o andor espatifou,

que o dízimo mamou?

Como será, Preguinho?

 

E agora, preguinho,

que o empadão solou,

que o peru não assou,

que o vinho avinagrou?

Como será, Preguinho?

 

E agora, preguinho,

que o crivo se gastou,

que o fosco não pegou,

que a fumaça fumaçou?

Como será, Preguinho?

 

E agora, preguinho,

que o burro empacou,

que o A. ægypti picou,

que a anaconda apertou?

Como será, Preguinho?

 

E agora, preguinho,

que o trem descarrilou,

que o fonfom trombou,

que o avião despencou?

Como será, Preguinho?

 

E agora, preguinho,

que o motor não pegou,

que o freio estragou,

que o estepe vaziou?

Como será, Preguinho?

 

E agora, preguinho,

que o  Tempo  passou,

que o momento chegou,

que a piroga aportou?

Como será, Preguinho?

 

E agora, preguinho,

que o Caronte convocou,

que o Cérbero ladrou,

que o Hades festejou?

Como será, Preguinho?

 

E agora, preguinho,

que a Lua engrossou,

que o quiróptero chupou,

que a sua fé desabou?

Como será, Preguinho?

 

 

O Quiróptero

 

 

E agora, preguinho,

que o boneco cansou,

que a duração acabou,

que a libitina pintou?

Como será, Preguinho?

 

E agora, preguinho,

que o Fogo apagou,

que a Água secou,

que o karma decretou?

Como será, Preguinho?

 

E agora, preguinho,

que o coração parou,

que a cuca entravou,

que o sangue esfriou?

Como será, Preguinho?

 

E agora, preguinho,

que o verso não rimou,

que a palavra faltou,

que a concordância falhou?

Como será, Preguinho?

 

E agora, preguinho,

que seu Eu se retirou,

que seu Anjo se calou,

que seu Deus chorou?

Como será, Preguinho?

 

E agora, preguinho,

que você nunca ligou,

que você só rosetou,

que você só astralizou?

Como será, Preguinho?

 

E agora, preguinho,

que, delirando, esperou,

que o seu sonho gorou,

que, no fim, lamentou?

Como será, Preguinho?

 

E agora, preguinho,

que aleitou o não-sou,

que à tentação facultou,

que só escolheu o ou?

Como será, Preguinho?

 

E agora, preguinho,

que a chance expirou,

que o check-in findou,

que o check-out iniciou?

Como será, Preguinho?

 

E agora, preguinho,

que o milagre não calhou,

que rogar não adiantou,

que o São Pedro chamou?

Como será, Preguinho?

 

E agora, preguinho,

que o pretérito frustrou,

que o agora murchou,

que o devenir começou?

Como será, Preguinho?

 

 

 

E agora, preguinho, que a bomba estrondou?

 

 

 

Observação:

Para escrever este rascunho meio sem graça, me inspirei no poema José, do poeta, contista e cronista brasileiro Carlos Drummond de Andrade (Itabira, 31 de outubro de 1902 – Rio de Janeiro, 17 de agosto de 1987), e que foi publicado em 1942, na coletânea Poesias.

 

Música de fundo:

Fumando Espero
Composição: Juan Viladomat Masanas (música) & Félix Garzo (letra)
Interpretação: Francisco Lomuto y su Orquesta

Fonte:

https://www.youtube.com/watch?v=zhJcN5C9-j4

 

Páginas da Internet consultadas:

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