Preconceito
O
preconceito é filho da ignorância.
William
Hazlitt
Foge,
por um instante, do homem irado, mas, foge sempre do hipócrita.
Confúcio
Sobre
o Falso: Somos falsos de maneiras diferentes. Há homens falsos
que querem parecer sempre o que não são. Outros há
de melhor fé, que nasceram falsos, se enganam a si próprios
e nunca vêem as coisas tal como são. Há alguns
cujo espírito é estreito e o gosto falso. Outros têm
o espírito falso, mas, alguma correção no gosto.
E ainda há outros que não têm nada de falso,
nem no gosto nem no espírito. Estes são muito raros,
já que, em geral, não há quase ninguém
que não tenha alguma falsidade algures, no espírito
ou no gosto. O que torna esta falsidade tão universal, é
que as nossas qualidades são incertas e confusas e a nossa
visão também: não vemos as coisas tal como
são, pois, as avaliamos aquém ou além do que
elas valem, e não as relacionamos conosco da forma que lhes
convém e que convém ao nosso estado e às nossas
qualidades. Este erro de cálculo traz consigo um número
infinito de falsidades no gosto e no espírito: o nosso amor-próprio
se lisonjeia como tudo que se nos apresenta sob a aparência
de bem; mas, como há várias formas de bem que sensibilizam
a nossa vaidade ou o nosso temperamento, seguimo-las muitas vezes
por hábito ou por comodidade; seguimo-las porque os outros
as seguem, sem considerar que um mesmo sentimento não deve
ser igualmente adotado por toda a espécie de pessoas, e que
devemos nos apegar a ele, mais ou menos profundamente, consoante
convém, mais ou menos, àqueles que o seguem. Em geral,
receamos, ainda, mais nos mostrar falsos pelo gosto do que pelo
espírito. As pessoas de bem devem aprovar sem prevenções
o que merece ser aprovado, seguir o que merece se seguido e não
se melindrar com coisa alguma. Todavia, nisto é necessário
um grande equilíbrio e uma grande justeza; é necessário
saber discernir o que é bom em geral e o que nos é
próprio, e seguir, então, a inclinação
natural que nos leva ao encontro das coisas que nos agradam. Se
os homens se contentassem em ser grandes pelo seu talento e pelo
cumprimento dos seus deveres, não haveria nada de falso no
seu gosto nem na sua conduta. Mostrar-se-iam tal qual são;
julgariam as coisas com a inteligência e a elas se apegariam
pela razão; haveria equilíbrio nos seus pontos de
vista e nos seus sentimentos; o seu gosto seria verdadeiro, viria
de si mesmos, não dos outros, e segui-lo-iam por opção,
não por costume ou por acaso. Se somos falsos ao aprovar
o que não deve ser aprovado, não o somos menos ao
pretender nos fazer valer com qualidades que são boas, mas,
que não nos convêm. Por exemplo: um magistrado é
falso quando se gaba de ser valente, embora possa ser ousado em
determinadas situações; deve aparentar firmeza e segurança
durante uma sedição que lhe compete acalmar, sem recear
ser falso, mas, se tornaria falso e ridículo se se batesse
em duelo. Uma mulher pode gostar de ciências, mas, nem todas
lhe convêm; obstinar-se em estudar algumas nunca lhe convém
e é sempre falso. É necessário que a razão
e o bom senso saibam dar o justo valor às coisas, e que elas
determinem o nosso gosto a lhes dar o lugar que merecem e que nos
convém lhes dar. Mas, quase todos os homens se enganam sobre
esse valor e essa importância, e há sempre falsidade
nessa avaliação.
François
de La Rochefoucauld
Si
non cogito, non sum.
Eric
Roman
O
medo é pai da crença.
Medramos.
Então, acreditamos. Daí, cedemos. Por fim, nos escravizamos.
E assim, jogamos no lixo a experiência educativa da encarnação.
Haverá circo dos horrores mais circense e horrorífico
do que este?
Rodolfo
Pizzinga
Janet
Leigh – Psycho
À
medida que nos libertamos do nosso próprio medo, a nossa
presença liberta automaticamente outros.
Nelson
Mandela