PRA LEMBRAR E RIR
(Coisas que nossas mães diziam e faziam)

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Cuide bem da sua trombinha, Maximus.
Eu já lhe ensinei: é uma trombinha só.
Filhinho, outra, só na próxima encarnação!

 

 

 

Pois é. Fazer o quê? As mães de antigamente tinham uma forma de educar hoje condenada pelos professores e pelos psicólogos, mas funcionou muito bem com a gente, e, por isto, não saímos por aí estuprando, roubando, prevaricando, corrompendo, seqüestrando, matando e sei lá mais o quê. Seja como tiver sido, deixou saudades e foi ótimo. E nós vencemos!

 

Comigo (que estou com sessenta e quatro anos bem vividos) e com muita gente foi mais ou menos assim. E com você?

 

Minha mãe me ensinou a valorizar o sorriso: — Me responde de novo e eu te arrebento os dentes!

 

Minha mãe me ensinou Economia: — Você tá pensando que eu sou sócia da Light? Apague essa luz.

 

Minha mãe, em outra aula Economia: — Quanto tempo você vai demorar nesse banho? Tá pensando que eu sou sócia da CEG? Saia já daí.

 

Minha mãe, em uma terceira aula Economia: — Desligue já esse telefone. Tá pensando que eu sou sócia da CTB?

 

Minha mãe me ensinou a ter amor pelos animais: — Atire pedra no gato de novo e eu faço você comer essa pedra inteirinha.

 

Minha mãe me ensinou a ser limpo: — Quantos dias você vai usar a mesma cueca? Nesta altura dos acontecimentos, ela já deve estar podre!

 

Minha mãe me ensinou a pensar no futuro:Se você não tirar boas notas em português, você nunca vai arranjar um bom emprego.

 

Minha mãe me ensinou retidão: — Eu ajeito você, nem que seja na pancada!

 

Minha mãe me ensinou a importância da reflexão: — Já de cara pra parede. Vá pensando direitinho na malcriação que você fez pra sua mãe!

 

Minha mãe me ensinou a dar valor ao trabalho dos outros: — Se você e seu irmão querem se matar, vão lá pra fora. Acabei de limpar a casa!

 

Minha mãe me ensinou lógica e hierarquia: — Porque eu estou dizendo que é assim! Ponto final! Quem é que manda aqui?

 

Minha mãe me ensinou a não discutir em vão: — Não discuta comigo! Eu sou sua mãe e sei o que é melhor pra você.

 

Minha mãe me ensinou o que é motivação: — Continue chorando, que eu vou lhe dar uma boa razão para você chorar de verdade!

 

Minha mãe me ensinou a cuidar da saúde: — Aonde você pensa que vai dessa maneira? Está frio e chovendo. Vista o casaco, ponha a capa e calce as galochas.

 

Minha mãe em outra aula sobre a saúde — Você quer me aborrecer? Se você não comer, vai acabar ficando tuberculoso.

 

Minha mãe me ensinou a entender o que é contradição: — Feche a boca e coma!

 

Minha mãe me ensinou a entender o que é antecipação: — Espere só até seu pai chegar em casa!

 

Minha mãe me ensinou a comer devagar: — Coma devagar, menino, senão você vai ficar todo entupido e o cocô vira pedra!

 

Minha mãe me ensinou Meteorologia: — Pode ir tirando o cavalinho da chuva. Já disse que é não; e acabou-se!

 

Minha mãe me ensinou a ter paciência: — Calma! Quando chegarmos em casa você vai ver só.

 

Minha mãe me ensinou a ser educado: — Arrote no banheiro, seu porco. Eu não sou obrigada a ouvir os seus arrotos!

 

Minha mãe me ensinou a ter esperança: — Não há mal que sempre dure nem bem que nunca se acabe. Eu ainda aprumo você direitinho!

 

Minha mãe introduziu um novo bicho na fauna: — Vê se pára quieto, garoto, parece que tem 'bicho carpinteiro' no corpo!

 

Minha mãe inventou um novo tipo de mármore: — Você é 'cuspido e escarrado' o seu pai!

 

Minha mãe me ensinou a não fazer fofoca: — Deixa de ser fofoqueiro, garoto; cada um sabe de si e Deus sabe de todos!

 

Minha mãe me ensinou a enfrentar os desafios: — Olhe para mim! Me responda quando eu fizer uma pergunta!

 

Minha mãe me ensinou a melhor qualidade magia: — Eu sei que você está mentindo; estou vendo nos seus olhos!

 

Minha mãe me ensinou raciocínio lógico: — Se você cair dessa árvore, vai quebrar o pescoço; e eu vou lhe dar uma surra!

 

Minha mãe me ensinou a ciência dos explosivos: — Que cheiro horrível é esse! Você comeu o quê? Você quer explodir a casa! Porcalhão. Vá peidar lá no quintal.

Desta vez, não resisiti e respondi: Porcalhão é o cacete. Ora, eu só como o que você me dá; se eu to peidando assim, a culpa é sua.

 

 

Animação editada da fonte:
http://www.sodahead.com/
(Aponte o mouse para a animação)

 

Minha mãe me ensinou cirurgia: — Porcalhão! Pare já de comer meleca, senão corto seu dedo e seu nariz!

 

Minha mãe me ensinou Medicina: — Pare de ficar vesgo menino! Pode bater um vento e você vai ficar assim pra sempre.

 

Minha mãe me ensinou a cumprir horários: — Nem mais um minutinho. Já pra cama que amanhã você tem aula.

 

Minha mãe me ensinou sobre o reino animal: — Se você não comer essas verduras, os bichos da sua barriga vão comer você!

 

Minha mãe me ensinou a escolher bem minhas companhias: — Se você se juntar aos bons, será como eles; se você se juntar aos maus, será mil vezes pior do que eles! Eu não estou educando você pra virar bandido.

 

Minha mãe me ensinou a sofrer em silêncio: — Se o corta-relva cortar os seus dedos dos pés, não venha chorando que eu não vou dar a menor bola!

 

Minha mãe me ensinou Genética Molecular: — Parece que você e sua irmã são duas moléculas que vieram do mesmo saco de farinha! Um horror!

 

Minha mãe me ensinou a conversar com Deus: — Ajoelhe e peça perdão a Deus pelo que você fez comigo!

 

Minha mãe me ensinou sobre minhas raízes: — Tá pensando que nasceu em família rica é?

 

Minha mãe me ensinou sobre a eternidade: — Não minta pra mim, que sua mão vai ficar amarela. E é pra sempre!

 

Minha mãe me ensinou sobre a sabedoria de idade: — Quando você tiver a minha idade você vai entender.

 

Minha mãe me ensinou a amar as formigas: — Pode ir comendo o pudim com formiga; formiga faz muito bem pros olhos!

 

Minha mãe me ensinou a lex talionis: — Um dia, você terá seus filhos. Eu espero que eles façam com você o mesmo que você faz comigo! Aí você vai ver o que é bom pra tosse!

 

Minha mãe me ensinou a não desperdiçar comida: — Ou come tudo ou não tem sobremesa!

 

Minha mãe me ensinou religião: — Melhor rezar pra essa mancha sair do tapete!

 

Minha mãe me ensinou a ter horror de chá: — Ou você come legumes e verduras ou vai entrar num chá-de-bico não demora muito!

 

Minha mãe me ensinou o beijo de esquimó: — Se rabiscar de novo, eu esfrego seu nariz na parede!

 

Minha mãe me ensinou contorcionismo: — Olha só essa orelha! Que nojo!

 

Minha mãe me ensinou adivinhação: — Trate de ir contando direitinho o que aconteceu, senão...

 

Minha mãe me ensinou determinação: — Vai ficar aí sentadinho até comer toda comida. Se levantar, já sabe.

 

Minha mãe me ensinou a dizer uma coisa em lugar de outra: — Estás à procura da rolha?

 

Minha mãe me ensinou latim: — Pode ir esperando até ad kalendas græcas!

 

Minha mãe me ensinou ventriloquia: — Não resmungue! Cale já essa boca e me diga por que você fez isso?

 

Minha mãe me ensinou a ser objetivo: — Eu ajeito você numa pancada só!

 

Minha mãe me ensinou a ter educação: — Pare de empurrar a comida com o dedo, senão eu vou aí e corto esse dedo!

 

Minha mãe ainda me educando: Coma de boca fechada, senão eu vou aí e costuro a sua boca!

 

Minha mãe me ensinou a escutar: — Se você não abaixar o volume, eu vou aí e quebro esse rádio na sua cabeça!

 

 

(Aponte o mouse para a animação)

 

Minha mãe me ensinou a ter gosto pelos estudos: — Se eu for aí e você não tiver terminado essa lição, você já sabe!

 

Minha mãe me ensinou o significado do repeteco: — Não quer comer, não come. Agora, já sabe: no jantar vai comer essa mesma comida!

 

Minha mãe me ajudou na coordenação motora: — Junta agora esses brinquedos! Pega um por um!

 

Minha mãe me ensinou calorimetria: — Bote já o casaco, que está frio. Quer apanhar um resfriado!

 

Minha mãe me ensinou os números: — Vou contar até dez. Se a minha 'nécessaire' não aparecer, você leva uma surra!

 

 

 

 

Mãe, quanta saudade, quanta saudade! Penso em você todos os dias. Toquei nisto, e agora estou chorando. Bem, viu só? Eu não virei bandido e acabei Rosacruz. Quem diria!? Sou eternamente grato por tudo. A gente se vê.

 

 

 

 

 

 

Música de fundo:

Mamma
Música: Cesare Andrea Bixio
Letra: Bruno Cherubini

Interpretação: Beniamino Gigli

Fonte:

http://mp3skull.com/
mp3/mamma_beniamino_gigli.html

 

Se você quiser:

Ver o Luciano Pavarotti cantando Mamma, por favor, dirija-se a:

http://www.youtube.com/
watch?v=xMfpiIkBacc&feature=related

 

Páginas da Internet consultadas:

http://subjudicepf.vilabol.uol.com.br/

http://www.border.k12.nd.us/Deneille2.htm