Pedro
e o Lobo
A
poesia é mais filosófica e de caráter mais elevado
do que a história, porque a poesia permanece no universal e a história
estuda apenas o particular. O universal é o que tal categoria de
homens diz ou faz em determinadas circunstâncias, segundo o verossímil
ou o necessário. Outra não é a finalidade da poesia,
embora dê nomes particulares aos indivíduos...
A
missão do poeta consiste mais em fabricar fábulas do que fazer
versos, visto que ele é poeta pela imitação, e porque
imita as ações.
O reconhecimento, como o nome indica,
faz passar da ignorância ao conhecimento, mudando o ódio em
amizade ou inversamente nas pessoas votadas à infelicidade ou ao
infortúnio.
A
mais bela tragédia é aquela cuja composição
deve ser, não simples, mas complexa; aquela cujos fatos, por ela
imitados, são capazes de excitar o temor e a compaixão (pois
é esta a característica deste gênero de imitação).
Em primeiro lugar, é óbvio não ser conveniente mostrar
pessoas de bem passar da felicidade ao infortúnio (pois tal figura
produz, não temor e compaixão, mas uma impressão desagradável);
nem convém representar homens maus passando do crime à prosperidade
(de todos os resultados, este é o mais oposto ao trágico,
pois, faltando-lhe todos os requisitos para tal efeito, não inspira
nenhum dos sentimentos naturais ao homem – nem compaixão, nem
temor); nem um homem completamente perverso deve tombar da felicidade no
infortúnio (tal situação pode suscitar em nós
um sentimento de humanidade, mas também sem provocar compaixão
nem temor). Outro caso diz respeito ao que não merece se tornar infortunado;
neste caso, o temor nasce do homem nosso semelhante, de sorte que o acontecimento
não inspira igualmente nem compaixão nem temor.
Mesmo
a mulher, do mesmo modo que o escravo, pode possuir boas qualidades, embora
a mulher seja um ente relativamente inferior e o escravo um ser totalmente
vil.1
Quando
o poeta organiza as fábulas e completa sua obra compondo a elocução
das personagens, deve, na medida do possível, proceder como se ela
decorresse diante de seus olhos, pois, vendo as coisas plenamente iluminadas,
como se estivesse presente, encontrará o que convém, e não
lhe escapará nenhum pormenor contrário ao efeito que pretende
produzir.2
O
poeta deve dialogar com o leitor o menos possível...3
O
maravilhoso agrada...
É
preferível escolher o impossível verossímil do que
o possível incrível... Se o poeta se propõe imitar
o impossível, a falta é dele. Mas se o erro provém
de uma escolha mal feita, se ele representou um cavalo movendo ao mesmo
tempo as duas patas do lado direito, ou se a falta se refere a algum conhecimento
particular, como a medicina ou qualquer outra ciência, ou se de qualquer
modo ele admitiu a existência de coisas impossíveis, então,
o erro não é intrínseco à própria poesia.
No
que diz respeito à poesia, deve-se preferir o impossível crível
ao possível incrível.4
O
Impossível
Hulkrível!
(Aponte o mouse para o Hulkrível
aí
em cima)
______
Notas:
1.
Sempre me perguntei o porquê de Aristóteles ter pensado desta
maneira, e nunca consegui obter uma resposta que me satisfizesse. No caso
do escravo, talvez, seja por ele ter sido presumidamente um bárbaro
que foi vencido em batalha; mas, nem assim, isto justifica que se o considere
vil. Não há escravidão por natureza, o escravo não
é uma máquina sem alma e também não é
aquele que, escravizado, deva realizar o projeto do escravizador. Escravizador,
hoje; amanhã – nunca se sabe! – escravo. No caso da mulher...
Bem, no caso da mulher, quando eu morrer, vou perguntar pessoalmente ao
Senhor Estagirita por que ele a considerava um
ente relativamente inferior.
Mas, de antemão já vou avisando; nada do que ele apresente
como argumento irá me convencer. E com licença da má
palavra: mulher-ente-relativamente-inferior
é o caralho!
2.
De maneira geral, isto não vale só para as fábulas;
na realidade, vale para tudo.
3.
Não!!! O poeta
deve dialogar com o leitor o mais possível. Ora, para quem escreve
o poeta?
4.
Será? E aí me lembrei de Luís Vaz de Camões
(c. 1524 – 1580), o Grande Poeta Português que tinha um olho
só, mas enxergava tudo!
Sôbolos
rios que vão
por Babilónia, me achei,
onde sentado chorei
as lembranças de Sião
e quanto nela passei.
Ali, o rio corrente
de meus olhos foi manado,
e, tudo bem comparado,
Babilónia ao mal presente,
Sião ao tempo passado.
Fundo
musical:
Pireotissa
Fonte:
http://www.faliraki-info.com/greek-midi-music/
Páginas
da Internet consultadas:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Arist%C3%B3teles
http://kamilacarla.wordpress.com/
2010/01/21/verde/
http://media.photobucket.com/
http://books.google.com.br/
http://topicos.estadao.com.br
http://recantodasletras.uol.com.br/
resenhasdelivros/1550163
http://queenmadonna51.blogspot.com/
2009/10/decoracao-de-halloween.html
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/
DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2235