REFLEXÕES E COMENTÁRIOS ACERCA DA
POSITIO FRATERNITATIS ROSÆ CRUCIS
(MANIFESTO PROMANADO
DO CONSELHO SUPREMO DA
FRATERNIDADE ROSACRUZ)

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

http://www.rdpizzinga.pro.br

Música de fundo: My Way
Fonte:
http://www.musicasmaq.com.br/

 

 


INTRODUÇÃO


       Este trabalho-pensamento foi iniciado na madrugada de 25 de Fevereiro de 2004. Foi revisto em 7 de abril de 2004 e atualizado em 22 de Outubro de 2004. É escrito por um postulante à LUZ MAIOR, que teve o incomparável e o insuperável privilégio de ser aceito, de ser admitido e de ser iniciado na Antiga e Mística Ordem Rosæ Crucis - AMORC, em Fevereiro de 1969. Com tropeços e soerguimentos em busca da Luz Maior e perseguindo ininterruptamente construir o Mestre-Deus de meu Coração, venho, ao longo desta encarnação, procurando me tornar mais digno a cada dia, mas fazendo as coisas do meu jeito.

       Acredito, de qualquer maneira, que refletir sobre o conteúdo da POSITIO é uma obrigação formal de todos os Rosacruzes. Particularmente, tomei essa providência logo que recebi o Documento. Contudo, ao completar trinta e cinco anos de Rosacrucianismo, impus a mim unilateralmente (e por isso sou o único responsável pelo conteúdo das reflexões que se seguirão) um dever e uma responsabilidade inadiáveis: examinar e discutir graficamente seu conteúdo e divulgar minhas reflexões em meu próprio site. Para aqueles que tiverem o cuidado e a atenção de meditar sobre os diversos pontos escolhidos e ressaltados pelos Deputados do Conselho Supremo da Fraternidade Rosacruz, tenho certeza de que se unirão a Eles (e a mim, que concordei integralmente com o teor do Manifesto) em um só pensamento: Pouco importam as idéias políticas, as crenças religiosas e as convicções filosóficas de cada um. Os tempos não estão mais para divisão, qualquer que seja sua forma, mas para a união; para a união das diferenças, a serviço do bem comum. (Excerto da POSITIO).


.'. AD ROSAM PER CRUCEM .'.

.'. AD CRUCEM PER ROSAM .'.

 

Rosa

 


MISSÃO da AMORC
 

       A Ordem Rosacruz - AMORC é uma organização internacional de caráter místico-filosófico, que tem por missão despertar o potencial interior do Ser Humano, auxiliando-o em seu desenvolvimento, em espírito de fraternidade, respeitando a liberdade individual, dentro da Tradição e da Cultura Rosacruz. O site oficial da Grande Loja da Jurisdição de Língua Portuguesa é:

 

AMORC



MANIFESTO
POSITIO FRATERNITATIS ROSÆ CRUCIS


Salutem Punctis Trianguli!


       Neste primeiro ano do terceiro milênio, sob o olhar do Deus, de todos os homens e de toda a vida, nós, Deputados do Conselho Supremo da Fraternidade Rosacruz, julgamos que era chegada a hora de acender a quarta Chama R+C, a fim de revelar nossa posição quanto à situação atual da Humanidade e trazer à luz as ameaças que pesam sobre ela, mas também as esperanças que nela depositamos.


Assim Seja!


.'.  Ad Rosam per Crucem  .'.
.'.  Ad Crucem per Rosam  .'.


Antiquus Mysticusque Ordo Rosae Crucis

 

Cruz Rosacruz - AMORC


MANIFESTO


POSITIO FRATERNITATIS ROSÆ CRUCIS
© agosto 2001, Ordem Rosacruz, AMORC



       Esta obra é a continuidade dos Manifestos Rosacruzes publicados no século XVII, em que a Ordem Rosacruz torna pública sua posição diante do estado atual do mundo, e constitui um elo de ligação entre os Rosacruzes do passado, do presente e do futuro. Assim sendo, este Manifesto não é destinado unicamente aos Rosacruzes, mas deve ser difundido amplamente para que sua mensagem seja conhecida pelo maior número possível de pessoas. Por isso, a Ordem Rosacruz – AMORC autoriza a sua reprodução e divulgação pedindo apenas que lhe seja creditada a autoria.

       Este PRONUNCIAMENTO INTERNACIONAL, publicado pela Suprema Grande Loja da Ordem Rosacruz – AMORC, foi traduzido e editado na:

Grande Loja da Jurisdição de Língua Portuguesa

Rua Nicarágua, 2620 – Bacacheri – 82515-260 – Curitiba – Paraná – Brasil
Caixa Postal 4450 – 82501-970
Fone (0**41)351-3000
FAX (0**41)351-3065

http://www.amorc.org.br



PRÓLOGO


Caro leitor:


       Por não podermos nos dirigir diretamente a você, fazemo-lo por meio deste Manifesto. Esperamos que tome conhecimento dele sem preconceito e que ele suscite em você ao menos uma reflexão. Não queremos convencê-lo da legitimidade desta POSITIO, mas partilhá-la livremente com você. Naturalmente, esperamos que ela encontre um eco favorável em sua alma. Caso contrário, apelamos à sua tolerância…


* * *


       Em 1623, os Rosacruzes afixaram nos muros de Paris cartazes ao mesmo tempo misteriosos e intrigantes. Eis o seu texto:


       Nós, Deputados do Colégio Principal da Rosa+Cruz, demoramo-nos, visível e invisivelmente, nesta Cidade pela graça do Altíssimo, para O Qual se volta o coração dos Justos. Mostramos e ensinamos a falar sem livros nem sinais, a falar todas as espécies de línguas dos países em que desejamos estar, para tirar os homens, nossos semelhantes, de erro de morte.


       Se alguém quiser nos ver somente por curiosidade, jamais se comunicará conosco, mas, se a vontade o levar realmente a se inscrever no registro de nossa Confraternidade, nós, que julgamos pensamentos, faremos com que ele veja a verdade de nossas promessas; tanto é assim, que não estabelecemos o local de nossa morada nesta Cidade, visto que os pensamentos unidos à real vontade do leitor serão capazes de nos fazer conhecê-lo, e ele a nós.

 

       Alguns anos antes, os Rosacruzes já se haviam dado a conhecer publicando Três Manifestos, deste então célebres: Fama Fraternitatis, Confessio Fraternitatis e O Casamento Alquímico de Christian Rosenkreutz, que apareceram, respectivamente, em 1614, 1615 e 1616. Na época, esses Três Manifestos suscitaram numerosas reações, não somente da parte dos meios intelectuais, mas, também, das autoridades políticas e religiosas. Entre 1614 e 1620, cerca de 400 panfletos, manuscritos e livros foram publicados, alguns para elogiá-los, outros para os denegrir. De qualquer forma, seu aparecimento constituiu um evento histórico muito importante, especialmente no mundo do esoterismo.

       Fama Fraternitatis foi dirigido às autoridades políticas e religiosas, bem como aos cientistas da época. Ao mesmo tempo em que fazia um balanço, talvez negativo, da situação geral na Europa, revelou a existência da Ordem Rosa+Cruz através da história alegórica de Christian Rosenkreutz (1378-1484), desde o périplo que o levara pelo mundo inteiro, antes de dar vida à Fraternidade Rosacruz, até à descoberta de seu túmulo. Esse Manifesto já fazia apelo a uma Reforma Universal.

       Confessio Fraternitatis completou o primeiro Manifesto, por um lado insistindo na necessidade de o Ser Humano e a sociedade se regenerarem e, por outro, indicando que a Fraternidade dos Rosacruzes possuía uma ciência filosófica que permitia realizar essa REGENERAÇÃO. Nisso, ela se dirigia, antes de tudo, aos buscadores desejosos de participar nos trabalhos da Ordem e promover a felicidade da Humanidade. O aspecto profético desse texto intrigou muito os eruditos da época.

       O Casamento Alquímico de Christian Rosenkreutz, em um estilo bastante diferente dos dois primeiros Manifestos, relatou uma viagem iniciática que representava a busca da ILUMINAÇÃO. Essa viagem de sete dias se desenrolava em grande parte em um misterioso castelo, no qual deveriam ser celebradas as bodas de um Rei e de uma Rainha. Em termos simbólicos, o Casamento Alquímico descrevia a jornada espiritual que leva todo INICIADO a realizar a união entre sua alma (a esposa) e DEUS (o esposo).

       Como sublinharam historiadores, pensadores e filósofos contemporâneos, a publicação desses Três Manifestos não foi nem insignificante nem inoportuna. Ocorreu em uma época em que a Europa atravessava uma crise existencial muito importante: estava dividida no plano político e se dilacerava em conflitos de interesses econômicos; as guerras de religiões semeavam desgraça e desolação, mesmo no seio das famílias; a ciência tomava impulso e já assumia uma orientação materialista; as condições de vida eram miseráveis para a maioria das pessoas; a sociedade da época estava em plena mutação, mas faltavam-lhe referências para evoluir no sentido do interesse geral...

       A História se repete e põe regularmente em cena os mesmos eventos, mas em uma escala geralmente mais vasta. Assim, perto de quatro séculos após a publicação dos Três Primeiros Manifestos, constatamos que o mundo inteiro, mais estritamente a Europa, enfrenta uma crise existencial sem precedentes, em todos os campos de sua atividade: política, econômica, científica, tecnológica, religiosa, moral, artística etc. Por outro lado, nosso Planeta, isto é, nosso campo de vida e de evolução, está gravemente ameaçado, o que justifica a importância de uma ciência relativamente recente, qual seja, a Ecologia. Seguramente, a Humanidade atual não está bem. Por isso, fiéis à nossa Tradição e ao nosso Ideal, nós, Rosacruzes dos tempos atuais, julgamos que seria útil darmos testemunho disso através desta Positio.

       Positio Fraternitatis Rosæ Crucis não é um ensaio escatológico. De maneira nenhuma é apocalíptico. Como vimos de dizer, seu objetivo é transmitir nossa posição quanto ao estado do mundo atual e pôr em evidência o que nos parece preocupante para o seu futuro. Como já o fizeram em sua época nossos irmãos do passado, desejamos também apelar para mais humanismo e para mais espiritualidade, pois temos a convicção de que o individualismo e o materialismo que prevalecem atualmente nas sociedades modernas não podem trazer aos homens a felicidade a que eles legitimamente aspiram. Esta Positio, sem dúvida, parecerá alarmista para alguns, mas 'não há surdo pior do que aquele que não quer ouvir e cego pior do que aquele que não quer ver.'

       A Humanidade atual está ao mesmo tempo perturbada e desamparada. Os imensos progressos que realizou no plano material não lhe trouxeram verdadeiramente felicidade e não lhe permitem entrever o futuro com serenidade: guerras, fome, epidemias, catástrofes ecológicas, crises sociais, atentados contra as liberdades fundamentais, são outros tantos flagelos que contradizem a esperança que o Ser Humano depositara em seu futuro. Por isso, dirigimos esta mensagem a quem a queira de bom grado ouvir. Ela segue a linha daquela que os Rosacruzes do século XVII exprimiram através dos Três Primeiros Manifestos, mas, para compreendê-la, é preciso ler o grande livro da História com realismo e dirigir um olhar lúcido para a Humanidade, este edifício feito de homens e de mulheres em via de evolução.


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POSITIO R+C


       O Ser Humano evolui através do Tempo, como o faz, aliás, tudo aquilo que participa no seu campo de vida, bem como o próprio Universo. Aí está uma característica de tudo o que existe no mundo manifesto. Mas consideramos que a evolução do Ser Humano não se limita aos aspectos materiais de sua existência, convictos que estamos de que ele tem uma alma, ou seja, uma dimensão espiritual. Conforme pensamos, é ela que dele faz um ser consciente, capaz de refletir sobre a sua origem e o seu destino. Por isso, consideramos a evolução da Humanidade como um fim, a Espiritualidade como um meio e o Tempo como um revelador.

       A História não é tão inteligível pelos eventos que a geram, ou que ela gera, quanto pelos elos que os unem. Por outro lado, ela tem um sentido, o que a maioria dos historiadores atuais de bom grado admite. Para compreendê-la, é preciso, então, levar em consideração os eventos, é verdade que como elementos isolados, mas, também e sobretudo, como elementos de um todo. Com efeito, consideramos que um fato só é verdadeiramente histórico com relação ao conjunto a que pertence. Dissociar os dois, ou fazer de sua dissociação uma moral da História, constitui uma fraude intelectual. Assim é que, há proximidades, justaposições, coincidências ou concomitâncias que nada devem ao acaso.

       Como dissemos no Prólogo, vemos uma similitude entre a situação atual do mundo e a da Europa no século XVII. Aquilo que alguns já qualificam como pós-modernidade, acarretou efeitos comparáveis em numerosos campos e, infelizmente, provocou certa degenerescência da Humanidade. Mas, pensamos que essa degenerescência é apenas temporária, e que acabará em uma Regeneração individual e coletiva, na condição, não obstante, de que os homens dêem uma direção humanista e espiritualista ao seu futuro. Se não o fizerem, estarão de fato se expondo a problemas muito mais graves do que aqueles que estão enfrentando atualmente.

       Com base na nossa Ontologia, consideramos que o Ser Humano é a criatura mais evoluída dentre as que vivem na Terra, mesmo se às vezes se comporta de maneira indigna no tocante a esse status. Ele ocupa essa situação privilegiada porque é dotado de autoconsciência e de livre-arbítrio. É então capaz de pensar e de orientar sua existência por suas próprias escolhas. Acreditamos, também, que todo Ser Humano é uma célula elementar de um único e mesmo corpo, o corpo da Humanidade inteira. Em virtude deste princípio, nossa concepção do Humanismo consiste em afirmar que todos os homens deveriam ter os mesmos direitos, gozar do mesmo respeito e desfrutar a mesma liberdade, independentemente do país onde nascessem e daquele onde vivessem.

       Quanto à nossa concepção da Espiritualidade, está fundada, por um lado, na convicção de que Deus existe como Inteligência Absoluta que criou o Universo e tudo o que ele contém e, por outro lado, na certeza de que o Ser Humano tem uma alma que Dele emana. Melhor ainda, consideramos que Deus Se manifesta em toda a Criação através das leis que o Ser Humano deve estudar, compreender e respeitar para sua maior felicidade. De fato, consideramos que a Humanidade evolui para a compreensão do Plano Divino e está destinada a criar na Terra uma Sociedade Ideal. Esse humanismo espiritualista pode parecer utópico, mas unimo-nos a Platão, que declarou em A República: 'A Utopia é a forma de Sociedade ideal. Talvez seja impossível de realizar na Terra, mas é nela que um sábio deve depositar todas as suas esperanças'.

       Neste período de transição da História, a Regeneração da Humanidade nos parece, mais do que nunca, possível, em virtude da convergência das consciências, da generalização das trocas internacionais, da expansão da mestiçagem cultural, da universalização da informação, bem como da interdisciplinaridade que existe, desde já, entre os diferentes ramos do saber. Mas, consideramos que essa Regeneração, que deve funcionar tanto no plano individual quanto no coletivo, só se poderá fazer privilegiando-se o ecletismo e seu corolário, a tolerância. Com efeito, nenhuma instituição política, nenhuma religião, nenhuma filosofia, nenhuma ciência detém o monopólio da Verdade. Isto posto, podemos nos aproximar dessa Regeneração colocando em comum o que essas instituições têm de mais nobre a oferecer aos Seres Humanos, o que redunda em buscar a unidade através da diversidade.

       Cedo ou tarde, as vicissitudes da existência levam o Ser Humano a se interrogar quanto à razão de sua presença na Terra. Essa busca de uma justificativa é natural, pois é parte Integrante da alma humana e constitui o fundamento de sua evolução. Por outro lado, os eventos que balizam a História não se justificam somente pelo fato de que existem; eles postulam uma razão que lhes é exterior. Pensamos que essa própria razão se integra a um processo espiritual que incita o Ser Humano a se questionar quanto aos mistérios da vida, donde o interesse que ele algum dia atribui ao misticismo e à busca da Verdade. Se essa busca é natural, acrescentamos que o Ser Humano é impelido à esperança e ao otimismo por uma injunção de sua natureza divina e por um instinto biológico de sobrevivência. Nisso, a aspiração à Transcendência aparece como uma exigência vital da espécie humana.


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       No que tange à política, consideramos que é imperativo que ela se renove. Dentre os grandes modelos do século XX, o marxismo-leninismo e o nacional-socialismo, baseados em postulados sociais pretensamente definitivos, levaram a uma regressão da razão e, finalmente, à barbárie. Os determinismos correlatos com essas duas ideologias totalitárias contrastaram fatalmente com a necessidade de autodeterminação do Ser Humano, traindo assim seu direito à liberdade e escrevendo, no mesmo golpe, algumas das páginas mais negras da História. E a História desqualificou a ambas, esperemos que para todo o sempre. Seja o que for que se pense disso, os sistemas políticos baseados em um monologismo, isto é, em um pensamento único, têm, com freqüência, em comum o fato de imporem ao Ser Humano uma doutrina da salvação que se presume libertá-lo de sua condição imperfeita e elevá-lo a um status paradisíaco. Por outro lado, a maioria deles não pede ao cidadão que reflita e sim que creia, o que os assemelha, na realidade, a religiões laicas.

       Ao contrário, correntes de pensamento como o Rosacrucianismo não são monológicas e sim dialógicas e pluralistas. Em outras palavras, encorajam o diálogo com outrem e favorecem as relações humanas. Paralelamente, aceitam a pluralidade de opiniões e a diversidade dos comportamentos. Tais correntes se nutrem, portanto, de trocas, de interações e mesmo de contradições, coisas que as ideologias totalitárias proíbem e se proíbem. É, aliás, por esta razão que o Pensamento Rosacruz sempre foi rejeitado pelos totalitarismos, qualquer que fosse a sua natureza. Desde suas origens, nossa Fraternidade preconiza o direito individual de forjar suas idéias e de expressá-las de maneira totalmente livre. Nisso, os Rosacruzes não são necessariamente livres-pensadores, mas todos são pensadores livres.

       No estado atual do mundo, parece-nos que a Democracia continua a ser a melhor forma de governo, o que não exclui certas fraquezas. Com efeito, sendo toda verdadeira Democracia baseada na liberdade de opinião e de expressão, nela se encontram, geralmente, uma pluralidade de tendências, tanto entre os governantes como entre os governados. Infelizmente, essa pluralidade, com freqüência, gera divisão, com todos os conflitos que disso resultam. Assim é que, a maioria dos Estados democráticos manifesta facções que se opõem continuamente e de maneira quase sistemática. Essas facções políticas, gravitando, o mais das vezes, em torno de uma maioria e de uma oposição, não nos parecem mais adaptadas às sociedades modernas, e desaceleram a Regeneração da Humanidade. O ideal nessa matéria seria que cada nação favorecesse a emergência de um governo que reunisse todas as tendências amalgamadas e as personalidades mais aptas a dirigir os negócios do Estado. Por extensão, fazemos votos de que um dia exista um Governo mundial representativo de todas as nações, do qual a ONU é apenas um embrião.

 

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       No tocante à Economia, consideramos que ela está completamente à deriva. Qualquer pessoa pode constatar que ela condiciona cada vez mais a atividade humana e é cada vez mais normativa. Hoje em dia, ela assume a forma de redes estruturadas muito influentes e, portanto, dirigistas, quaisquer que sejam suas aparências. Por outro lado, mais do que nunca, ela funciona a partir de valores determinados que se pretendem quantificáveis: custo de produção, limiar de rentabilidade, avaliação do lucro, duração do trabalho etc. Esses valores são consubstanciais com o sistema econômico atual e lhe fornecem os meios de alcançar os fins que persegue. Infelizmente, esses fins são fundamentalmente materialistas porque estão baseados no lucro e no enriquecimento excessivo. Assim é que se chegou a colocar o Ser Humano a serviço da Economia, quando essa Economia é que deveria ser colocada a serviço do Ser Humano.

 
    Em nossos dias, todas as nações são tributárias de uma Economia mundial que se pode qualificar como totalitária. Esse totalitarismo econômico não corresponde às mais elementares necessidades de centenas de milhões de pessoas, ao passo que as massas monetárias nunca foram tão colossais no plano mundial. Isto significa que as riquezas produzidas pelos homens só beneficiam uma minoria deles, o que deploramos. De fato, constatamos que a defasagem não cessa de se ampliar entre os países mais ricos e os países mais pobres. Pode-se observar o mesmo fenômeno em cada país, entre os mais desprovidos e os mais favorecidos. Consideramos que assim é porque a Economia se tornou especulativa demais e porque ela alimenta mercados e interesses que são mais virtuais do que reais.

       Evidentemente, a Economia só cumprirá seu papel quando for colocada a serviço de todos os Seres Humanos. Isto supõe que se venha a considerar o dinheiro pelo que ele deve ser, a saber, um meio de troca e uma energia destinada a proporcionar a cada um aquilo de que ele precisa para viver feliz no plano material. Nisso estamos convictos de que o Ser Humano não está destinado a ser pobre e, menos ainda, miserável, mas, ao contrário, a dispor de tudo o que possa contribuir para o seu bem-estar, a fim de que possa elevar sua alma, com toda quietude, a planos superiores de consciência. A rigor, a Economia deveria ser empregada de tal maneira que não houvesse mais pobres e que toda pessoa vivesse em boas condições materiais, pois isso é a base da dignidade humana. A pobreza não é uma fatalidade; não é tampouco o efeito de um Decreto divino. De maneira geral, resulta do egoísmo dos homens. Esperamos, então, que chegue o dia em que a Economia esteja fundamentada na partilha e na consideração do bem comum. Não obstante, os recursos da Terra não são inesgotáveis e não podem ser partilhados ao infinito, de modo que, certamente, há de ser necessário regular os nascimentos, principalmente nos países superpovoados.

 

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       Quanto à ciência, consideramos que ela chegou a uma fase particularmente crítica. É verdade que não se pode negar que ela evoluiu muito e permitiu à Humanidade realizar progressos consideráveis. Sem ela, os homens ainda estariam na Idade da Pedra. Mas, enquanto os gregos haviam elaborado uma concepção qualitativa da pesquisa científica, o século XVII provocou um verdadeiro sismo, instaurando a supremacia do quantitativo, o que não deixa de guardar relação com a evolução da Economia. O Mecanicismo, o Racionalismo, o Positivismo etc., fizeram da consciência e da matéria dois campos bem distintos, e reduziram o fenômeno a uma entidade mensurável e desprovida de subjetividade. O como eliminou o porquê. Se é um fato que as pesquisas realizadas ao longo das últimas décadas resultaram em descobertas importantes, o ganho financeiro parece ter primado sobre o resto. E chegamos hoje ao ápice do Materialismo Científico.

       Tornamo-nos escravos da ciência, tanto mais que não a submetemos à nossa vontade. Simples falhas tecnológicas podem hoje colocar em perigo as mais avançadas sociedades, o que prova que o Ser Humano criou um desequilíbrio entre o qualitativo e o quantitativo, mas também entre ele próprio e aquilo que criou. Os objetivos materialistas que ele persegue hoje em dia através da pesquisa científica acabaram extraviando seu espírito. Paralelamente, eles o afastaram de sua alma e do que nele há de mais divino. Essa excessiva racionalização da ciência é um perigo real que ameaça a Humanidade a médio e, talvez mesmo, em curto prazo. Com efeito, toda sociedade em que a matéria domina a consciência desenvolve o que há de menos nobre na natureza humana. Em virtude disso, ela se condena a desaparecer prematuramente e em circunstâncias, o mais das vezes, trágicas.

       Em certa medida, a ciência tornou-se uma religião, mas uma religião materialista, o que é paradoxal. Fundada em uma abordagem mecanicista do Universo, da Natureza e do próprio Ser Humano, ela tem seu próprio credo ('Só acreditar naquilo que veja') e seu próprio dogma ('Nenhuma verdade fora dela'). Isto posto, observamos, no entanto, que as pesquisas que ela realiza sobre o como das coisas levam-na, cada vez mais, a se interrogar sobre o seu porquê, de modo que ela, pouco a pouco, toma consciência de seus limites, e nisso começa a se juntar ao misticismo. Certos cientistas, ainda raros, é verdade, chegaram mesmo a propor a existência de Deus como postulado. É de se notar que a ciência e o misticismo estavam muito ligados na Antiguidade, a tal ponto que os cientistas eram místicos, e vice-versa. É precisamente a reunificação desses dois meios de conhecimento que urge ser realizada no decorrer das próximas décadas.

       Tornou-se necessário repensar a questão do saber. Por exemplo, qual é o sentido real da reprodutibilidade de uma experiência? Uma proposição que não se confirme em todos os casos, será ela necessariamente falsa? Parece-nos urgente superarmos o dualismo racional estabelecido no século XVII, pois é nessa superação que reside o verdadeiro conhecimento. Nesta linha de pensamento, o fato de não se poder provar a existência de Deus não é suficiente para se afirmar que Ele não existe. A verdade pode ter várias faces; manter somente uma, em nome da racionalidade, é um insulto à razão. Além disso, pode-se verdadeiramente falar em racional e irracional? É a própria ciência racional, ela que crê no acaso? Parece-nos, com efeito, muito mais irracional acreditar Nele do que não acreditar. Neste particular, devemos dizer que nossa Fraternidade sempre se opôs à noção comum do acaso, que ela considera uma solução de facilidade e uma fuga ante o real. Nele vemos o que a seu respeito disse Albert Einstein, a saber: 'A Senda que Deus adota quando quer permanecer anônimo.'

       A evolução da ciência coloca também novos problemas nos planos ético e metafísico. Embora seja inegável que as pesquisas em genética permitiram fazer grandes progressos no tratamento de doenças a priori incuráveis, elas abriram caminho a manipulações que permitem criar Seres Humanos por clonagem. Este gênero de procriação só pode levar a um empobrecimento genético da espécie humana e à sua degenerescência. Além disso, ela supõe critérios de seleção inevitavelmente marcados pela subjetividade e apresenta, por conseguinte, riscos em matéria de eugenia [teoria que busca produzir uma seleção nas coletividades humanas baseada em leis genéticas; aperfeiçoamento da espécie via seleção genética e controle da reprodução]. Por outro lado, a reprodução por clonagem só leva em conta a parte física e material do Ser Humano, sem atentar para o espírito e para a alma. Por isso, consideramos que essa manipulação genética fere, não somente sua dignidade, mas, também, sua integridade mental, psíquica e espiritual. Nisso aderimos ao adágio, 'ciência sem consciência é a ruína da alma.' Na História, a apropriação do Ser Humano pelo Ser Humano só deixou tristes lembranças. Parece-nos, então, perigoso permitir livre curso às experiências relativas à clonagem reprodutora do Ser Humano em particular e dos seres vivos em geral. Temos os mesmos receios a propósito das manipulações que tangem tanto ao patrimônio genético dos animais como ao dos vegetais.


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       Quanto à tecnologia, constatamos que ela também está em plena mutação. Os homens sempre procuraram fabricar ferramentas e máquinas para melhorar suas condições de vida e para serem mais eficazes e mais eficientes em seu trabalho. Em seu aspecto mais positivo, esse desejo tinha originariamente três objetivos principais: permitir-lhes realizar coisas que não podiam fazer usando somente suas mãos; poupá-los do sofrimento e da fadiga; e ganhar tempo. É preciso notar também que, durante séculos, para não dizer milênios, a tecnologia só foi empregada para ajudar o Ser Humano em trabalhos manuais e atividades físicas, ao passo que, em nossos dias, ela o assiste ainda no plano intelectual. Por outro lado, por muito tempo, ela se limitou a procedimentos mecânicos que requeriam a intervenção direta do Ser Humano, e não ameaçava ou pouco ameaçava o ambiente. Desde então, a tecnologia se fez onipresente e constitui o coração das sociedades modernas, a ponto de ter se tornado quase indispensável. Suas aplicações são múltiplas e ela passou a integrar procedimentos tanto mecânicos quanto elétricos, eletrônicos, de informática etc. Infelizmente, toda medalha tem seu verso e as máquinas se tornaram um perigo para o próprio Ser Humano. Indubitavelmente, embora elas fossem idealmente destinadas a ajudá-lo e a poupá-lo do sofrimento, chegaram a ponto de substituí-lo. Por outro lado, não se pode negar que o desenvolvimento progressivo do maquinismo provocou certa desumanização da sociedade, no sentido de que reduziu consideravelmente os contatos humanos, entendendo-se aqui os contatos físicos e diretos. A isso se acrescentam todas as formas de poluição que a industrialização gerou em muitos campos.

       O problema colocado atualmente pela tecnologia provém do fato de que ela evoluiu muito mais rápido do que a consciência humana. Consideramos, também, que é urgente que ela rompa com o modernismo atual e se torne um agente de humanismo. Para isso, é imperativo recolocar o Ser Humano no centro da vida social, o que, em conformidade com o que dissemos a respeito da Economia, implica repor a máquina a seu serviço. Essa perspectiva requer total reconsideração dos valores materialistas que condicionam a sociedade atual. Isso supõe, por conseguinte, que todos os homens voltem a se centrar em si mesmos, e, enfim, compreendam que é preciso privilegiar a qualidade de vida e cessar essa corrida desenfreada contra o Tempo. Ora, isso só será possível se eles reaprenderem a viver em harmonia, não somente com a Natureza, mas também com eles próprios. O ideal seria que a tecnologia evoluísse de tal maneira que libertasse o Ser Humano das tarefas mais penosas e ao mesmo tempo lhe permitisse desabrochar harmoniosamente em contato com os outros.


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       Quanto às grandes religiões, consideramos que elas manifestam atualmente dois movimentos contrários: um, centrípeto, e o outro, centrífugo. O primeiro, consiste em uma prática radical que se pode observar sob forma de integrismos no seio do Cristianismo, do Judaísmo, do Islamismo ou do Hinduísmo, entre outros. O segundo, se traduz por um abandono de seu credo em geral e de seus dogmas em particular. O indivíduo não mais aceita manter-se na periferia de um sistema de crenças, mesmo que se trate de uma religião dita revelada. Doravante, ele quer se colocar no centro de um sistema de pensamento resultante de sua própria experiência. Nisso, a aceitação dos dogmas religiosos não é mais automática. Os crentes adquiriram certo senso crítico a respeito das questões religiosas, e a validade de suas convicções corresponde, cada vez mais, a uma validação pessoal. Onde a necessidade de Espiritualidade produziu outrora algumas religiões com forma arborescente (a forma de uma árvore bem enraizada em seu solo sócio-cultural, que elas, aliás, contribuíram para enriquecer), hoje ela toma a forma de uma estrutura em rizoma, feita de arbustos múltiplos e variados. Mas, o Espírito não sopra onde quer?

       Assim é que aparecem, hoje em dia, à margem ou no lugar das grandes religiões, grupos de afinidades, comunidades de idéias ou movimentos de pensamento, no seio dos quais as doutrinas, mais propostas do que impostas, são admitidas por uma adesão voluntária. Independentemente da natureza intrínseca dessas comunidades, desses grupos ou desses movimentos, sua multiplicação traduz uma diversificação da busca espiritual. De maneira geral, consideramos que essa diversificação se deve ao fato de que as grandes religiões – que respeitamos como tais – não detêm mais o monopólio da fé. E assim é porque elas respondem cada vez menos ao questionamento do Ser Humano e não mais o satisfazem no plano interior. É talvez, também, porque elas se afastaram da Espiritualidade. Ora, esta, embora imutável em essência, procura constantemente se expressar através de veículos cada vez mais adaptados à evolução da Humanidade.

       A sobrevivência das grandes religiões depende, mais do que nunca, de sua aptidão para renunciar às crenças e às posições mais dogmáticas que elas adotaram com o passar dos séculos, tanto no plano moral quanto no doutrinário. Para que elas perdurem, devem imperiosamente se adaptar à sociedade. Se não se derem conta, nem da evolução das consciências nem do progresso da ciência, elas se condenarão a desaparecer em um prazo mais ou menos longo, não sem provocar ainda mais conflitos étnico-sócio-religiosos. Mas, na realidade, presumimos que seu desaparecimento é inevitável, e que, sob o efeito da globalização das consciências, elas darão nascimento a uma Religião Universal que integrará o que elas tinham de melhor a oferecer à Humanidade para a sua Regeneração. Por outro lado, pensamos que o desejo de conhecer as Leis Divinas, isto é, as Leis Naturais, Universais e Espirituais, há de, cedo ou tarde, ser suplantado pela necessidade exclusiva de crer em Deus. Nisso, postulamos que a crença um dia dará lugar ao Conhecimento.
 

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       No que concerne à moral, no sentido que damos a esta palavra que se tornou tão ambígua, consideramos que ela está cada vez mais injuriada. Para nós, ela não designa obediência cega a regras (para não dizer a dogmas) sociais, religiosas, políticas ou outras. Ora, é assim que muitos de nossos concidadãos percebem a moral dos nossos dias e daí vem sua atual rejeição. Consideramos, antes, que ela se relaciona com o respeito que todo indivíduo deveria ter para com ele próprio, com os outros e com o ambiente. O respeito a si mesmo consiste em viver segundo suas próprias idéias e não em se fundamentar nos comportamentos que se reprova nos outros. O respeito aos outros consiste, simplesmente, em não fazermos ao nosso semelhante o que não gostaríamos que ele nos fizesse — o que todos os sábios do passado ensinaram. Quanto ao respeito ao ambiente, ousamos dizer que ele vem naturalmente: respeitar a Natureza e preservá-la para as gerações futuras. Vista sob esse ângulo, a moral implica em um equilíbrio entre os direitos e os deveres de cada um, o que lhe dá uma dimensão humanística que nada tem de moralizadora.

 
    A moral, no sentido que vimos de definir, envolve todo o problema da educação. Ora, esta nos parece perdida. A maioria dos pais já desistiu nesse campo ou não tem mais as referências necessárias para educar corretamente seus filhos. Muitos deles descarregam sua responsabilidade nos professores para dissimular essa carência. Todavia, o papel de um professor não é, antes de tudo, instruir, ou seja, transmitir conhecimentos? Quanto à educação, consiste antes em inculcar valores cívicos e éticos. Nisso compartilhamos da idéia de Sócrates, que via nela 'a arte de despertar as virtudes da alma', tais como a humildade, a generosidade, a honestidade, a tolerância, a benevolência etc. Independentemente de toda consideração de natureza espiritual, consideramos que são essas virtudes que os pais, e os adultos em geral, deveriam inculcar nas crianças. Naturalmente, isso implica, se não que eles próprios as tenham adquirido, ao menos que tenham consciência da necessidade de adquiri-las.

       Com certeza, o leitor sabe que os Rosacruzes do passado praticavam a alquimia material, que consistia em transmutar metais inferiores em ouro, principalmente o estanho e o chumbo. O que freqüentemente se ignora é que eles também se dedicavam à ALQUIMIA ESPIRITUAL. Nós, Rosacruzes dos tempos atuais, damos prioridade a essa forma de ALQUIMIA, pois é dela que, mais do que nunca, o mundo necessita. Essa ALQUIMIA consiste, para todo Ser Humano, em transmutar cada um de seus defeitos em sua qualidade oposta, a fim de, precisamente, adquirir as virtudes a que já nos referimos. Pensamos, com efeito, que são essas virtudes que fazem a dignidade humana, pois o Ser Humano só é digno do seu status se as expressa através do que pensa, diz e faz. Não há dúvida de que se todos os indivíduos, sejam quais forem suas crenças religiosas, suas idéias políticas ou outras, fizessem o esforço de adquiri-las, o mundo seria melhor. Assim, pois, a Humanidade pode e deve se regenerar, mas é preciso, para isso, que todo Ser Humano se regenere, inclusive no plano moral.


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       Quanto à arte, consideramos que ela seguiu, durante os séculos passados e mais particularmente durante as últimas décadas, um movimento de intelectualização, que a levou a uma crescente abstração. Esse processo cindiu a arte em duas correntes opostas: uma arte elitista e uma arte popular. A arte elitista é precisamente aquela que se expressa através do abstrato e cuja compreensão está, o mais das vezes, limitada àqueles que se dizem iniciados ou que se diz que são iniciados. Por uma reação natural, a arte popular se opõe a essa tendência, acentuando sua maneira de traduzir o concreto, às vezes de maneira excessivamente figurativa. Mas, por paradoxal que isso pareça, ambas mergulham cada vez mais na matéria, tanto é verdadeiro que os extremos se tocam. Assim, foi que a arte se tornou, estrutural e ideologicamente, materialista, à imagem da maioria dos campos da atividade humana. Hoje em dia, ela traduz mais os impulsos do ego do que as aspirações da alma, o que lamentamos.

       Acreditamos que a arte verdadeiramente inspirada consiste em traduzir no Plano Humano a beleza e a pureza do Plano Divino. Neste particular, barulho não é música; borradela não é pintura; trituração não é escultura; extravasamento não é dança. Quando não são efeitos da moda, são meios de expressão que traduzem uma mensagem sociológica que seria um equívoco negligenciar. Pode-se naturalmente apreciar essas coisas, mas parece-nos inconveniente qualificá-las como artísticas. Para que as artes participem na Regeneração da Humanidade, consideramos que elas devem colher sua inspiração nos arquétipos naturais, universais e espirituais, o que implica que os artistas se elevem a esses arquétipos, em lugar de descerem aos estereótipos mais comuns. Paralelamente, é absolutamente necessário que as artes se dêem uma finalidade estética. Tais são, para nós, as duas principais condições a reunir para que elas contribuam realmente para a elevação das consciências e sejam a expressão humana da Harmonia Cósmica.
 

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       No tocante às relações do Ser Humano com seus semelhantes, consideramos que elas são cada vez mais interesseiras e deixam cada vez menos lugar ao altruísmo. É verdade que se manifestam impulsos de solidariedade, mas isso acontece, o mais das vezes, fortuitamente, por ocasião de catástrofes (inundações, tempestades, tremores de terra etc.). Em situações normais, é o cada um por si que predomina nos comportamentos. Pensamos que também essa ascensão do individualismo é uma conseqüência do materialismo excessivo que grassa atualmente nas sociedades modernas. Não obstante, o isolamento que decorre disso deveria acabar, cedo ou tarde, gerando o desejo e a necessidade de renovar o contato com os outros. Por outro lado, pode-se esperar que essa solitude leve cada um a se interiorizar mais e a se abrir finalmente para a Espiritualidade.

       A generalização da violência nos parece também muito preocupante. É verdade que ela sempre existiu, mas está se manifestando cada vez mais nos comportamentos individuais. O que é mais grave ainda é que ela se manifesta cada vez mais cedo. Neste começo do século XXI, uma criança mata outra, aparentemente, sem nenhum sentimento. A essa violência efetiva acrescenta-se uma violência fictícia que invadiu as telas de cinema e de televisão. A primeira inspira a segunda e esta alimenta aquela, criando um círculo vicioso que é mais que tempo de deter. Nisso, se é inegável que a violência tem múltiplas causas (miséria social, ruptura da família, desejo de vingança, necessidade de dominação, sentimento de injustiça etc.), seu fator mais determinante não é outro senão a própria violência. Evidentemente, essa cultura da violência é perniciosa e não pode ser construtiva, tanto mais que, pela primeira vez na História conhecida, a Humanidade tem os meios de se autodestruir em escala planetária.

       Em um paradoxo dos tempos modernos, constatamos, por outro lado, que, na era da comunicação, os indivíduos praticamente não se comunicam mais. Os membros de uma mesma família não dialogam mais entre si, tão ocupados estão em escutar o rádio, assistir à televisão ou surfar na Internet. A mesma constatação se impõe em um plano mais geral: a telecomunicação suplanta a comunicação propriamente dita. Com isso, ela instala o Ser Humano em uma grande solidão e reforça o individualismo a que já nos referimos. Que sejamos bem compreendidos: o individualismo, como direito natural a viver de maneira autônoma e responsável, absolutamente não nos parece condenável; bem ao contrário. Mas, que ele se torne um modo de vida baseado na negação do outro, parece-nos particularmente grave, pois contribui para a desagregação do meio familiar e do sistema social.

       Por contraditório que pareça, consideramos que a atual falta de comunicação entre nossos concidadãos resulta, em parte, de um excesso de informação. Naturalmente, não se trata de se reconsiderar o dever de informar e o direito de ser informado, pois ambos são os pilares de toda democracia verdadeira. Parece-nos, no entanto, que a informação se tornou ao mesmo tempo excessiva e invasora, a ponto de gerar o seu oposto: a desinformação. Lamentamos igualmente que ela seja focalizada acima de tudo na precariedade da condição humana e tanto ponha em epígrafe os aspectos negativos do comportamento humano. Assim fazendo, ela nutre, no melhor, o pessimismo, a tristeza e o desespero; no pior, a suspeição, a divisão e o rancor. Se for legítimo mostrar o que participa na feiúra do mundo, é do interesse de todos revelar o que compõe a sua beleza. Mais que nunca, o mundo tem necessidade de otimismo, de esperança e de unidade.

       A compreensão do Ser Humano pelo Ser Humano constituiria um avanço considerável, mais radical ainda do que o impulso científico e tecnológico que o século XX conheceu. Por isso, toda sociedade deve favorecer os encontros diretos entre seus membros, mas também se abrir para o mundo. Nisso, defendemos a causa de uma Fraternidade Humana que faça de todo indivíduo um Cidadão do Mundo, o que supõe que se ponha termo a toda discriminação ou segregação de ordem racial, étnica, social, política ou outra. Finalmente, trata-se de empreender o advento de uma Cultura da Paz, fundada na integração e na cooperação, coisa em que os Rosacruzes sempre se empenharam. Sendo a Humanidade uma em essência, sua felicidade só é possível favorecendo a de todos os Seres Humanos, sem exceção.


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       A propósito das relações do Ser Humano com a Natureza, consideramos que elas nunca foram tão ruins num plano de conjunto. Qualquer um pode constatar que a atividade humana tem efeitos cada vez mais nocivos e degradantes sobre o ambiente. No entanto, é evidente que a sobrevivência da espécie humana depende de sua aptidão para respeitar os equilíbrios naturais. O desenvolvimento da Civilização gerou muitos perigos decorrentes de manipulações biológicas relativas à alimentação, à utilização em grande escala de agentes poluentes, à acumulação mal controlada de resíduos nucleares, para citarmos apenas alguns riscos principais. A proteção da Natureza e, portanto, a salvaguarda da Humanidade, tornou-se uma questão de cidadania, ao passo que antes só dizia respeito aos especialistas. Ademais, ela se impõe doravante no plano mundial. Isso é ainda mais importante, porque o próprio conceito de Natureza mudou, e porque o Ser Humano está se sentindo parte integrante Dela; não se pode mais falar, hoje em dia, em Natureza em si mesma. A Natureza há de ser, portanto, aquilo que o Ser Humano queira que ela seja.

       Uma das características da época atual é seu grande consumo de energia. Esse fenômeno não seria em si mesmo inquietante se a energia fosse produzida com inteligência. Observamos, no entanto, que as fontes naturais estão sendo superexploradas e estão se esgotando gradativamente (carvão, gás, petróleo). Por outro lado, certas fontes de energia (centrais nucleares) apresentam riscos consideráveis e muito difíceis de dominar. Notamos, também, que, a despeito de recentes tentativas de acordo, certos perigos, como a emissão de gás com efeito-estufa, a desertificação, o desmatamento, a poluição dos oceanos etc. não são objeto de medidas adequadas por falta de uma vontade suficiente. Além do fato de que essas agressões ao ambiente fazem com que a Humanidade corra riscos muito graves, elas traduzem uma grande falta de maturidade, tanto no plano individual quanto no coletivo. Seja o que for que se diga, consideramos que as anormalidades climáticas atuais, com seu cortejo de tempestades, inundações etc., são uma conseqüência das agressões que os homens infligem há muito tempo ao nosso Planeta.

      Evidentemente, um outro problema importante não deixará de se impor de modo mais ou menos crucial no futuro: o problema da água. Ela é um elemento indispensável à manutenção e ao desenvolvimento da vida. Sob uma forma ou outra, todos os seres vivos dela necessitam. O Ser Humano não é exceção a essa lei natural, mesmo porque seu corpo contém aproximadamente 70% de água. Ora, o acesso a um volume constante atual de água doce está hoje limitado no globo a, no máximo, cinco habitantes em cada seis, proporção esta que ameaça se reduzir para somente quatro habitantes em cada seis antes de meio século, devido ao aumento da população mundial e da poluição dos rios e dos riachos. Os maiores especialistas concordam em dizer, hoje em dia, que o ouro branco será, mais do que o ouro negro, o jogo do século, com todos os riscos de conflitos que isso implica. Uma tomada de consciência global desse problema também se impõe.

      A poluição do ar encerra, ainda, perigos consideráveis para a vida em geral e para a espécie humana em particular. A indústria, o aquecimento e os transportes participam em uma degradação de sua qualidade e poluem a atmosfera, fonte de riscos para a saúde pública. As zonas urbanas são as mais atingidas por esse fenômeno, que ameaça, então, se ampliar na medida da urbanização. Nessa linha de pensamento, a hipertrofia das cidades constitui um perigo não negligenciável para o equilíbrio das sociedades. A propósito de seu crescimento, adotamos a opinião que Platão, ao qual já nos referimos, emitiu em sua época: Até ao ponto em que, aumentada, ela conserve sua unidade, a cidade poderá se estender, mas não além desse ponto. O gigantismo não pode favorecer o humanismo no sentido com que já o definimos. Ele acarreta necessariamente desarmonia no seio das grandes cidades, gerando mal-estar e insegurança.

      O comportamento do Ser Humano para com os animais também faz parte de suas relações com a Natureza. Ele tem o dever de amá-los e de respeitá-los. Todos participam na cadeia da vida tal como se manifesta na Terra e todos são agentes da Evolução. Em seu nível, eles são também veículos da Alma Divina e participam do Plano Divino. Vamos mesmo a ponto de considerar que os mais evoluídos dentre eles são Seres Humanos em devir. (Grifo meu). Por todas essas razões, consideramos indignas as condições em que muitos deles são criados e abatidos. Quanto à vivissecção, nela vemos um ato de barbárie. De maneira geral, consideramos que a fraternidade deve incluir todos os seres que a vida pôs no mundo. Compartilhamos também as seguintes proposições atribuídas a Pitágoras: Se os homens continuarem a destruir sem piedade os seres vivos dos reinos inferiores, não conhecerão nem a santidade nem a paz. Enquanto eles massacrarem os animais haverão de se matar entre si. Com efeito, quem semeia morticínio e dor não pode colher alegria e amor.


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       Com respeito às relações do Ser Humano com o Universo, consideramos que elas se baseiam na interdependência. Sendo o Ser Humano um filho da Terra e a Terra uma filha do Universo, o Ser Humano é então um filho do Universo. Assim é que os átomos que compõem o corpo humano provêm da Natureza e são encontrados nos confins do Cosmo, o que leva os astrofísicos a dizer: 'O Ser Humano é um filho das estrelas'. Mas, se o Ser Humano está em débito com o Universo, este também deve muito a ele; não à sua existência, é claro, mas à sua razão de existir. Com efeito, que seria o Universo se os olhos do Ser Humano não o pudessem contemplar, se sua consciência não o pudesse apreender, se sua alma não pudesse nele se refletir? Na realidade, O Universo e o Ser Humano precisam um do outro para se conhecer e mesmo para se reconhecer, o que não deixa de lembrar o célebre adágio: Conhece a ti mesmo e conhecerás o Universo e os Deuses.

       Não cabe, todavia, deduzir que nossa concepção da Criação seja antropocêntrica. De fato, não fazemos do Ser Humano o centro do Plano Divino. Digamos, antes, que fazemos da Humanidade o centro de nossas preocupações. Segundo o nosso pensamento, sua presença na Terra não é fruto do acaso ou de um concurso de circunstâncias. Ela é conseqüência de uma Intenção que teve origem na Inteligência Universal, que é comumente chamada de Deus. Ora, se Deus, devido à Sua Transcendência, é incompreensível e ininteligível, não acontece o mesmo com as Leis pelas quais Ele se manifesta na Criação. Como já o mencionamos, o Ser Humano tem o poder, se não o dever, de estudar essas Leis e de aplicá-las para o seu bem-estar material e espiritual. Pensamos mesmo que é nesse estudo e nessa aplicação que residem, não somente a sua razão de ser, mas também a sua felicidade.

       As relações do Ser Humano com o Universo remetem, ainda, à questão de saber se a vida existe em outros lugares além da Terra. Estamos convencidos disto. Considerando que o Universo contém cerca de cem bilhões de galáxias e cada galáxia cerca de cem bilhões de estrelas, existem provavelmente milhões de sistemas solares comparáveis ao nosso. Por conseguinte, pensar que só o nosso Planeta é habitado nos parece muito redutor, e constitui uma forma de egocentrismo. Dentre as formas de vida que povoam outros mundos, algumas são provavelmente mais evoluídas do que as que existem na Terra; outras, menos. Mas, todas fazem parte do mesmo Plano Divino e participam na Evolução Cósmica. Quanto a saber se extraterrestres podem contatar nossa Humanidade, consideramos que sim, mas não fazemos disso objeto de nenhuma expectativa. Temos outras prioridades. Isto posto, o dia em que se fizer esse contato, pois ele há de ocorrer, constituirá um evento sem precedente. Com efeito, a História do Ser Humano se fundirá à da Vida Universal…


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EPÍLOGO


Caro leitor:


       Aí está, então, o que queríamos lhe dizer através deste Manifesto. Terá ele lhe parecido alarmista? Em razão mesmo de nossa Filosofia, esteja, no entanto, seguro de que somos ao mesmo tempo idealistas e otimistas, posto que temos confiança no Ser Humano e em seu destino. Quando se considera o que ele criou de mais útil e de mais belo no campo da ciência, da tecnologia, da arquitetura, da arte, da literatura ou em outros campos, e, quando se pensa nos sentimentos mais nobres que ele é capaz de ter e de expressar, como o maravilhamento, a compaixão, o amor etc., não se pode duvidar de que ele possui em si algo de divino e de que é capaz de se transcender para fazer o bem. A este respeito pensamos, com o risco de mais uma vez parecermos utopistas, que o Ser Humano tem o poder de fazer da Terra um lugar de paz, de harmonia e de fraternidade. Isso só depende dele.

      A situação do mundo atual não é desesperante, mas é preocupante. O que mais nos preocupa não é tanto o estado da Humanidade, mas o do nosso Planeta. Pensamos, com efeito, que o tempo para a evolução espiritual da Humanidade não está contado, pois, como sua alma é imortal, ela tem, de certo modo, a eternidade para realizar essa evolução. Ao contrário, a Terra está realmente ameaçada, em médio prazo, pelo menos, como habitat para a espécie humana. O tempo está, então, contado para Ela – a Terra
e consideramos que sua preservação é o verdadeiro jogo do século XXI. É a Ela que a política, a Economia, a ciência, a tecnologia e, em geral, todos os campos da atividade humana deveriam se dedicar. Será realmente tão difícil compreender que a Humanidade só poderá encontrar felicidade vivendo em harmonia com as Leis Naturais e, por extensão, com as Leis Divinas? Por outro lado, será tão absurdo admitir que a Humanidade tenha os meios de se sublimar em seu próprio interesse? Seja como for, se os Seres Humanos persistirem no atual materialismo, as profecias mais sombrias se realizarão e ninguém será poupado.

       Pouco importam as idéias políticas, as crenças religiosas e as convicções filosóficas de cada um. Os tempos não estão mais para divisão, qualquer que seja sua forma, mas para a união — para a união das diferenças, a serviço do bem comum. Nisso, nossa Fraternidade conta em seu quadro com cristãos, judeus, muçulmanos, budistas, hinduístas, animistas e mesmo agnósticos. Reúne também pessoas que pertencem a todas as categorias sociais e representam todas as correntes políticas clássicas. Homens e mulheres nela têm um status de total igualdade, e cada membro goza das mesmas prerrogativas. É essa unidade na diversidade que faz a pujança do nosso ideal e da nossa Egrégora. Assim é porque a virtude que mais prezamos é a TOLERÂNCIA, isto é, precisamente, o direito à diferença. Isto não faz de nós sábios, pois a sabedoria abrange muitas outras virtudes. Consideramo-nos, antes, filósofos, ou seja, literalmente, 'Amantes da Sabedoria'.


 
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       Antes de selar esta Positio, e de lhe dar, assim, a marca da nossa Fraternidade, desejamos encerrá-la com uma invocação que traduz o que se poderia qualificar como a UTOPIA ROSACRUZ, no sentido platônico do termo. Apelamos à boa vontade de todos e de cada um, para que essa UTOPIA se torne um dia realidade, para o maior bem da Humanidade. Talvez esse dia nunca chegue, mas, se todos os Seres Humanos se esforçarem para acreditar nisso e agirem em conformidade com isso, o mundo só poderá ser melhor…
 
 

UTOPIA ROSACRUZ
 
 

       Deus de todos os Seres Humanos, Deus de toda vida.

       Na Humanidade com que sonhamos:

       Os políticos são profundamente humanistas e trabalham a serviço do bem comum.

       Os economistas gerem as finanças dos Estados com discernimento e no interesse de todos.

       Os sábios são espiritualistas e buscam sua inspiração no Livro da Natureza.

       Os artistas são inspirados e expressam em suas obras a beleza e a pureza do Plano Divino.

       Os médicos são motivados pelo amor ao próximo e cuidam tanto das almas quanto dos corpos.

       Não há mais miséria nem pobreza, pois cada qual tem aquilo de que precisa para viver feliz.

       O trabalho não é mais vivenciado como uma coerção, mas como uma fonte do desabrochar e de bem-estar.

       A Natureza é considerada como o mais belo dos templos e os animais são considerados como nossos irmãos em via de evolução.

       Há um Governo Mundial, formado pelos dirigentes de todas as nações, trabalhando no interesse de toda a Humanidade.

       A espiritualidade é um ideal e um modo de vida que tem sua fonte em uma Religião Universal, baseada mais no conhecimento das leis divinas do que na crença em Deus.

       As relações humanas são fundadas no AMOR, na AMIZADE e na FRATERNIDADE, de modo que o mundo inteiro vive em PAZ e em HARMONIA.

       Assim seja!
       Selado em 20 de Março de 2001
 

R+C

 

       Ano Rosacruz 3354

       Documento registrado no 4º Ofício de Registro de Títulos e Documentos da Comarca de Curitiba-PR, protocolo nº 16231-A de 02 de agosto de 2001.

 

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REFLEXÕES E COMENTÁRIOS ACERCA DA
POSITIO FRATERNITATIS ROSÆ CRUCIS
 

       Conforme afirmei na Introdução a este trabalho-pensamento, fui admitido como membro da AMORC há cerca de trinta e cinco anos. Sei definida e precisamente a dimensão dos meus deveres e das minhas responsabilidades. Exatamente por isso, reproduzo os termos do COMUNICADO IMPORTANTE que é apresentado na segunda página do meu site:


COMUNICADO IMPORTANTE
 

       O autor deste site é membro da Ordem Rosacruz - AMORC desde 1969. Tem a honra de ser membro, também, da Tradicional Ordem Martinista - TOM e da Ordem de MAAT - OM. Exatamente por isso, AFIRMA, ENFATICAMENTE, que os trabalhos disponibilizados neste site são de sua única e inteira responsabilidade, NÃO CABENDO ÀS SUAS MUITO AMADAS ORDENS (OU A OUTRAS FRATERNIDADES) QUAISQUER GRAVAMES OU ÔNUS PELAS CONSIDERAÇÕES E INVESTIGAÇÕES NELE APRESENTADAS. Nesse sentido, peço perdão pelos eventuais equívocos cometidos. Os sites abaixo relacionados são os únicos oficiais e responsáveis pela divulgação e pelas informações da AMORC, da TOM e da OM .

Suprema Grande Loja (domínio da Língua Inglesa)

http://www.amorc.org

Grande Loja da Jurisdição de Língua Portuguesa

http://www.amorc.org.br

Grande Loja da Jurisdição de Língua Alemã

http://www.rosenkreuzer.de

Grande Loja da Jurisdição de Língua Espanhola para as Américas

http://www.rosacruz.org

Grande Loja da Jurisdição e Língua Espanhola para Europa, África e Australásia

http://www.amorc.org/spanish/sp-eur01.html
 

The Order of Maat (Ordem de Maat)

http://www.maat-order.org

The Ordo Svmmvm bonvm

http://svmmvmbonvm.org
 

       Isto esclarecido, autoriza-se a divulgação, por qualquer meio, do conteúdo, parcial ou total, de todos os livros digitais do meu próprio site sem necessidade de que seja citada a fonte. Solicita-se, tão-só, que os critérios utilizados para citação ou para reprodução estejam alicerçados, exclusivamente, em AMOR, em PAZ, em CIDADANIA e, principalmente, em IMPERATIVOS CATEGÓRICOS.
 

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       Feitos todos estes esclarecimentos, começarei, agora, a refletir sobre o Manifesto POSITIO FRATERNITATIS ROSÆ CRUCIS. Antes, preciso explicar o óbvio. Por isso, peço um pouco de paciência. Documentos como este são muito difíceis de ser examinados em sua integralidade. Primeiro, porque cada frase é, praticamente, um título. Isto significa que de cada alerta ou de cada reflexão poderia ser elaborado um livro completo. Segundo, porque há afirmações no Manifesto que embutem conceitos que, ou ainda não devem ser discutidos na profundidade que poderiam, ou porque, se discutidos em extensão e profundidade, poderiam causar algum tipo de comoção em quem os lesse. Afinal, este Documento foi promanado pela Alta Hierarquia de uma Fraternidade Mística autêntica e depositária da Tradição Primordial. Terceiro, porque eu não conheço alguns dos temas ali refletidos com a proficiência necessária para sobre eles discutir concertadamente. E quarto, porque, mesmo que eu conhecesse com exatidão tudo o que ali está posto, se assim fosse feito, este texto ficaria gigantesco. Mas, eu não conheço mesmo. Então, discutirei nesta oportunidade apenas alguns fragmentos que considero essenciais e, evidentemente, aqueles dos quais tenho relativa segurança para tal.

       A primeira observação decorre da afirmativa: O Ser Humano evolui através do Tempo, como o faz, aliás, tudo aquilo que participa no seu campo de vida, bem como o próprio Universo. As ciências biológicas e os sentidos desenvolvidos pelo ente encarnado determinam que seja aceito como fato irrecorrível a existência de reinos (em a Natureza) que lhe são inferiores. Aí começam os equívocos. Alguns, extremamente sérios e preocupantes, que podem produzir conseqüências difíceis, penosas, duras, dolorosas, nefastas e até fatais. Primeiro - quer se considere a existência de três reinos (mineral, vegetal e animal); quer se conceba o homem como integrante de um reino à parte e, por isso mesmo, o ser mais evoluído dentre todos os que coabitam na Terra; quer se admita a taxonomia tradicional que classifica os organismos existentes em cinco reinos (Animalia, Plantæ, Fungi, Monera e Protista); quer se aceite a existência de outros reinos, um fato é irrecorrível: o Universo é UM. Podemos pensar em vários Universos, mas, somados, são UM. Hoje, habitamos a Terra: amanhã, talvez, Marte ou outro planeta do sistema solar, ou até um corpo sideral de outra galáxia. Mas, não poderemos jamais deixar de atuar no Universo, que, geralmente, é definido como o conjunto de todas as coisas que existem ou que se crê existirem no tempo e no espaço.
 
       Não importa, no momento, se tempo e espaço são ilusões impostas pela manifestação do ser no Mundo da Concretização na fase diastólica do Universo. Nem se há ou não há evolução, nem, mesmo, se o mais acertado seria compreendermos que o processo cósmico é reintegratório. Nem, também, se este Universo que percebemos com nossos sentidos é entrópico em si mesmo. O que está em pauta é outra reflexão. Quando Jesus - O CRISTO enfatizou prioritariamente o PRIMEIRO MANDAMENTOAMAI-VOS — não foi um imperativo excludente. Em nenhum sentido. Toda a Natureza Naturada - e Ele estava cônscio desse fato - é parte do UM e, portanto, as coisas que existiram, existentes, por existir e o próprio homem compõem uma unidade vibratória indissolvível. Isto significa que o esforço ou a naturalidade que o homem faz ou não faz para conviver com seus pares não pode excluir os outros reinos com os quais convive, e dos quais depende para cumprir os ditames da roda das encarnações, que, minimamente, incluem: pleno desabrochar da consciência (autoconsciência), compreensão da Necessidade Cósmica e serenidade no cumprimento da Retribuição (ou Reciprocidade) Educativa. Segundo - como decorrência das reflexões anteriores, ao se compreender que o Universo é uma unidade, não podem ser concebidos, porque não existem, reinos inferiores. Mais alto e mais baixo, mais importante e menos importante, relevante e não relevante, contingente e necessário são entendimentos distorcidos e falazes impostos pelas incompetentes e vaidosas razões dianóica e noética. A irmandade é inteira e universal. Tudo é necessário. O sacrifício, o abuso e a vivisseção de animais (voltarei a abordar este tema), a destruição da cobertura vegetal, e a exploração despudorada das reservas minerais que geometricamente têm ferido de morte a Terra haverão de resultar em conseqüências funestas e imprevisíveis para a permanência do próprio ser consciente(?!) neste Planeta abençoado. Ao matar um inseto cosmopolita da ordem dos sifonápteros, uma pulga, por exemplo, o homem está interferindo inconscientemente na ordem e na harmonia universais. Dirão muitos: ora, uma pulga é só uma pulga! Ou: uma pulga é um ectoparasito; precisa ser destruída porque pode servir como vetor da peste bubônica. Sim e não. Mas, lamentavelmente, este raciocínio (que em sua abrangência cósmica é falso) acaba por se espraiar a todas as presumidas inconveniências que perturbam ou ameaçam as humanas representações, e, por outro lado, dá amparo jurídico ou agasalho pessoal a todas as providências que o ser singular e a sociedade resolveram e concluíram que são úteis, benéficas e necessárias para a existência e para a subsistência. O que não é útil ou nos incomoda precisa ser eliminado. Para ficar apenas com três exemplos absurdos e estapafúrdicos lembro e cito a pena capital (também retornarei a este assunto), a clonagem e o aborto pelo aborto. Terceiro - ao esgotar, ao destruir, ao matar, enfim, ao desarmonizar intempestivamente o que, por natureza, ou é relativamente harmônico ou necessita alcançar, no Teclado Cósmico, um grau mais elevado de harmonia em um tempo(?!) mais ou menos rápido, o homem está agindo contra o Universo e não em seu favor. Imaginar que haja leis específicas para determinados grupos e que estas mesmas leis não se apliquem a outros segmentos, qualquer que seja o compartimento cósmico enfocado, é pressupor que Deus possa ter preferências por este ou aquele bloco, como se, no Universo, pudessem existir grupos, segmentos ou blocos, e mesmo um Deus com esse tipo de preocupação. Só uma visão antropomórfica e distorcida – ilusória, portanto – pode pensar assim. O Universo é. As aparentes distinções que se nos afiguram resultam de nossa ignorância, nossa vanidade e nossa presunção. Ontem o inimigo público número um era a ex-União Soviética. Os chineses estavam em segundo plano. Hoje é a Coréia do Norte, mas a China se desenvolve em um ritmo impossível de ser acompanhado pelos países do Terceiro Mundo. Se sua Economia vai explodir, isso é um outro assunto. Mas quem se lembra do Tibet invadido há décadas pelos chineses de Mao? Isto sim é muito grave. E os pobres ursos chineses torturados por toda a vida simplesmente para
extração de bílis para fins comerciais? Isto sim é gravíssimo. Os animais ditos irracionais são nossos irmãos menores, assim como os homens são os irmãos menores dos TREZE IRMÃOS MAIORES da R+C Eterna e Invisível, que promove a evolução da consciência nos Planos de Manifestação. É nosso dever defender os animais. (Mestre Apis — Fundadora da Ordem de Maat).

       A segunda reflexão que me imponho discutir é relativa à assertiva: Assim é que há proximidades, justaposições, coincidências ou concomitâncias que nada devem ao acaso. Não cai um fio de cabelo... Acredito que uma das grandes venturas do caminho iniciático é o alcançamento da compreensão de que cada ser individual e os diversos grupos étnicos e sociais são, exclusivamente, os responsáveis por seus sucessos e por seus fracassos. Não há acaso no Cósmico. Não há prêmio: não há punição. Não há milagre, não há condenação, não há salvação. Não há adulteração da ORDEM CÓSMICA. Mas também nada é definitivo. Paradoxo? Não. Tudo é mudança e é movimento no âmbito do imutável. Do nada, nada; a energia universal é. D'US é. Em nós. Precisamos reconhecê-Lo, construí-Lo e Nele nos fundirmos com consciência plena. Nada é acrescido e nada é retirado. Entretanto, isto não significa que não haja Lei e Ordem no Universo. O que pode se nos aparentar como entrópico e sem sentido é, em realidade, ordenado e previsível. A própria entropia é uma Lei inexorável deste Plano. Por exemplo: os clorofluorcarbonetos (CFCs) são os maiores responsáveis pela destruição da camada de Ozônio (esta fina camada de O3 é a proteção natural que a Terra dispõe para filtrar os perigosos raios ultravioletas provenientes do Sol) e por 25% do aquecimento total resultante do efeito estufa. Os CFCs (produzidos pela primeira vez na Bélgica, em 1892) são tão estáveis que podem durar aproximadamente cento e cinqüenta anos. À medida que o conhecimento científico e o tecnológico se desenvolveram e a estupidez do homem aumentou, outras famílias de produtos químicos - por exemplo, halons, tetracloreto de carbono, metil clorofórmio e brometo de metila - também passaram a ser identificados como destruidores da camada de ozônio. Alguns dos últimos substitutos para os CFCs produzidos pela insanidade humana também destroem a camada de ozônio, mas em taxas menores. De qualquer forma, prejudicam e destroem. Embora as radiações ultravioletas recriem continuamente ozônio a partir de oxigênio (O2 —› O3), a presença de cloro [Cl*] acelera a destruição do ozônio, mas não a sua formação, reduzindo a concentração total do ozônio que protege nosso Planeta Azul. Isto significa que, neste caso, a reação preferencial é: O3 —› O2. Se fabricamos os CFCs e seus substitutos, teremos que responder pelas conseqüências. A figura abaixo mostra o buracão na camada de ozônio na Antártida. O que se tem registrado é um crescimento acelerado durante a década de 80, com ligeira redução de suas dimensões em 1986 e em 1988. A partir de 1989, porém, o buraco só tem aumentado.



Buraco de Ozônio



       Assim, quando o mais terrível acontece a um ou a muitos, aí está presente e atuante a Lei Educativa e Entrópica da Compensação e do Reprocessamento ou Reciclagem. Logo, que se sopese com a máxima atenção: dentre todos os descaminhos, três são tenebrosos: egoísmo, assassinato e suicídio. Por isso, a Lei da Reencarnação, ao atuar em perfeita harmonia com a Lei da Retribuição Educativa e Amorosa, é inexorável (não cede ou se abala diante de súplicas e rogos) e infalível (não pode deixar de produzir o resultado esperado e não comete erros, ou seja, nunca se engana ou se confunde). Nada é mais tolo do que a defesa filosófica de que a imprevisibilidade e a aleatoriedade são decorrentes da própria constituição do mundo objetivo, cujas recorrências e leis não dispensam oscilações probabilísticas, isto é, um grau relativo e freqüentativo mensurável de incerteza e de indeterminação. Bobagem. Assim, a asserção inserida na POSITIO pelos Deputados do Conselho Supremo da Fraternidade Rosacruz deve ser pensada à luz do que ponderei: A História não é tão inteligível pelos eventos que a geram, ou que ela gera, quanto pelos elos que os unem... Para compreendê-la, é preciso, então, levar em consideração os eventos, é verdade que como elementos isolados, mas, também e sobretudo, como elementos de um todo. Isto é verdadeiro tanto para a história de um quanto para a história de muitos e, óbvia e irredutivelmente, de todos. Acrescentam os Deputados: Com efeito, consideramos que um fato só é verdadeiramente histórico com relação ao conjunto a que pertence. Dissociar os dois, ou fazer de sua dissociação uma moral da História, constitui uma fraude intelectual. Assim é que, há proximidades, justaposições, coincidências ou concomitâncias que nada devem ao acaso.
 
       Um dos mais perniciosos e malsãos desvios do CENTRO DA IDÉIA é a manifestação de onipotência. O messianismo (movimento ou sistema ideológico que prega a salvação da Humanidade através da entronização de um messias que pode ser um indivíduo, uma classe ou uma idéia) tem arrastado pessoas, comunidades e países ao caos. Seitas comandadas por charlatães, lunáticos e pseudo-iluminados têm levado à miséria, à insanidade e à morte milhares de Seres Humanos fanatizados pelas falsas promessas e pelo poder da palavra (mal) pronunciada. A própria Inquisição Católica e seus respectivos torquemadas têm ajustes a fazer. Em uma peça de Victor Hugo, Tomás de Torquemada profere estas bárbaras palavras: Para que o inferno se feche e o céu se abra, esta fogueira é necessária!

       Ainda que a Verdade Absoluta seja impossível de ser alcançada, só através da seqüência confiável das verdades relativas — que podemos perceber em nosso coração — é que nos aproximaremos lenta e assintoticamente da LUZ MAIOR em nosso próprio interior. Incorporá-las de outrem ou tentar transferir essas experiências é impossível. Também, crer em um salvador hipotético, que solucione nossas dificuldades, tanto no nível pessoal quanto no coletivo, é produto de uma imaginação inconsistente e sem fundamento. É esperança vã ou projeto geralmente irrealizável. Um exemplo histórico interessante é o Sebastianismo (crença ... propagada em Portugal logo após o desaparecimento de D. Sebastião (1554-1578), segundo a qual este Rei, como um novo messias, retornaria para levar o País a outros apogeus de glórias e de conquistas. Variedade de messianismo que, associado às trovas proféticas de Gonçalo Anes Bandarra – século XVI – encontrou terreno fértil para enraizar-se em razão da perda da autonomia portuguesa frente à Espanha, e depois emigrou e instalou-se também no Brasil). Nesse sentido, a POSITIO é esclarecedora: Com efeito, nenhuma instituição política, nenhuma religião, nenhuma filosofia, nenhuma ciência detém o monopólio da Verdade. Isso me faz lembrar uma passagem da Conferência pronunciada na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, em 16-2-2000, pelo pensador Fábio Konder Comparato (Faculdade de Direito da USP), cujo título é: A Humanidade no Século XXI: a Grande Opção. Nela, ele revive um instante sinistro, no qual a ESPERANÇA parece se ter ocultado e a LUZ nunca existido. Disse Comparato: A última grande concentração cronológica de ultrajes, na História, ocorreu com a 2ª Guerra Mundial. Durante os seis anos decorridos a partir das primeiras declarações de guerra, em 1939, até a rendição incondicional do Japão, em agosto de 1945, 60 milhões de pessoas, em sua maioria não-combatentes, foram mortas; 40 milhões deslocadas dos países onde viviam ao se iniciar o conflito, e um sem-número de outras mutiladas para o resto de suas vidas. Para cumular as atrocidades, a segunda conflagração mundial levou ao paroxismo o funcionamento do universo concentracionário, organizado sob a forma de verdadeiras usinas de aniquilação em massa de Seres Humanos. O ato final da tragédia – o lançamento das bombas atômicas em Hiroshima e em Nagasaki – soou como um prenúncio de apocalipse: o homem acabara de adquirir o poder de destruir toda a vida na face da Terra. A conclusão da brilhante e lúcida Conferência do Filósofo é: O homem tornou-se, definitivamente, ‘senhor e possuidor da natureza’, inclusive de sua própria, ao adquirir o poder de manipular o patrimônio genético. Mas, ao mesmo tempo, pela espantosa acumulação de poder tecnológico, jamais como na centúria passada o engenho humano foi capaz de provocar uma tal concentração de hecatombes e de aviltamentos; nunca como hoje, a Humanidade dividiu-se, tão fundamente, entre a minoria opulenta e a maioria indigente. O rumo do curso histórico, como no enredo da tragédia clássica, parece, pois, apontar para a ruína e para a desolação. ‘O desastre’, lembra o coro em Agamenon de Ésquilo (375-379), ‘é filho das ousadias temerárias dos que se comprazem no orgulho desmedido, quando suas casas transbordam de opulência’. A advertência moral da tradição grega, desde Sólon, é sempre a mesma: o excesso de riqueza não partilhada engendra a arrogância ('hybris') e esta conduz fatalmente ao precipício. Mas ainda é tempo de se mudar de rota e navegar rumo à salvação. Na fímbria do horizonte já luzem os primeiros sinais da aurora. É a ESPERANÇA de uma NOVA VIDA que renasce. (Maiúsculas minhas). A POSITIO FRATERNITATIS ROSÆ CRUCIS também recorda: Dentre os grandes modelos do século XX, o marxismo-leninismo e o nacional-socialismo, baseados em postulados sociais pretensamente definitivos, levaram a uma regressão da razão e, finalmente, à barbárie. Os determinismos correlatos com essas duas ideologias totalitárias contrastaram fatalmente com a necessidade de autodeterminação do Ser Humano, traindo, assim, seu direito à liberdade e escrevendo, no mesmo golpe, algumas das páginas mais negras da História.

       Outro ponto examinado pela POSITIO é a questão da Economia. Lá está escrito: No tocante à Economia, consideramos que ela está completamente à deriva. Infelizmente, como não poderia estar? Nos interesses dos grandes grupos e dos países ditos desenvolvidos não há lugar para os povos terceiro e quarto-mundistas (conjunto de países que, na retaguarda dos de Terceiro Mundo, se caracterizam por sua baixíssima renda per capita e extrema carência de recursos naturais). A diplomacia mundial de primeira linha faz-de-conta que se preocupa com os países miseráveis. O Projeto Fome Zero brasileiro foi festejado internacionalmente. O Presidente Lula tem sido afagado e aplaudido pelos quatro cantos do Planeta. Mas, no frigir dos ovos, as pendências políticas, econômicas etc. acabam por ter que ser dirimidas em cortes internacionais, nem sempre favoráveis aos países em desenvolvimento. A Organização Mundial do Comércio - OMC é um exemplo. Seus objetivos são: A elevação dos níveis de vida, o pleno emprego, a expansão da produção e do comércio de bens e serviços, a proteção do meio ambiente, o uso ótimo dos recursos naturais em níveis sustentáveis e a necessidade de realizar esforços positivos para assegurar uma participação mais efetiva dos países em desenvolvimento no comércio internacional... As origens da OMC remontam ao final da Segunda Guerra Mundial e aos esforços dos aliados em reconstruir a Economia mundial. Em 1944, foi concluído um acordo em Bretton Woods, nos EUA, com o objetivo de criar um ambiente de maior cooperação econômica baseado em três instituições: o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial e a Organização Internacional do Comércio. O FMI e o Banco Mundial foram efetivamente criados, mas a OIC acabou não sendo estabelecida por veto do Congresso norte-americano. Ao invés da OIC, negociou-se entre 23 países (incluindo o Brasil) um entendimento provisório, em 1947, chamado Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (General Agreement on Tariffs and Trade ou GATT). De provisório, o GATT virou permanente na prática, ao fornecer a base institucional para oito rodadas de negociações multilaterais de comércio de bens (exceto agricultura e têxteis), e ao funcionar como coordenador e supervisor das regras de comércio internacional até o final da Rodada Uruguai e a criação da atual OMC. Os princípios básicos do GATT são: a) tratamento de nação mais favorecida ou não-discriminação entre as nações - determina que toda vantagem concedida a um país por outro deve ser estendida incondicionalmente a produtos similares comercializados com os demais países contratantes do GATT; b) tratamento nacional ou não-discriminação entre produtos - proíbe a discriminação entre produtos nacionais e importados, uma vez internalizados; c) transparência - obrigatoriedade da publicação de todos os regulamentos relacionados ao comércio. A continuidade do processo de liberalização do comércio internacional através de rodadas também passou a ser incorporado como um dos pontos fundamentais do sistema multilateral. A teoria defendida é a 'teoria da bicicleta', que para ser mantida de pé necessita estar sempre em movimento.

       Mas, por outro lado, os próprios países de terceiro mundo não estão suficientemente interessados e motivados em auxiliar aqueles outros países que se encontram em um nível de miséria e de pobreza inferior ao deles. Mais uma vez tenho que perguntar: O que os países do Primeiro, Segundo e Terceiro Mundo (incluindo o Brasil) pretendem fazer para auxiliar os diversos países do continente africano? Que providências estão tomando? Que voz audaciosa gritará definitivamente em defesa de Cuba? Ou será que o mundo deseja que os cubanos continuem a viver de açúcar, tabaco e rum? Depois que a coligação invadiu o Iraque e massacrou o povo iraquiano, o que vai fazer agora? Até quando o Estado Islâmico do Afeganistão continuará a sofrer a intervenção norte-americana, e o resto do mundo, de joelhos, vê e ouve calado a agonia dos afeganes? Depois de arrasarem a Economia argentina, quem é a bola da vez? O FMI e o Banco Mundial, há décadas, só apresentam propostas econômicas aos países necessitados absolutamente insanas e espoliadoras. E, mais do que propiciam, induzem à corrupção. Os auxílios humanitários, quando são enviados(!), chegam parcialmente dilapidados. A dívida de sangue que os países devedores têm com os diversos organismos internacionais jamais poderá ser paga. Não há quem desconheça esta verdade. Aliás, os países credores não têm interesse algum que essas dívidas sejam quitadas. Por acaso, alguém já viu um agiota que pressione o devedor para saldar a dívida? A especulação que visa ao lucro com as oscilações dos preços de moedas, mercadorias e títulos de crédito é, como se diz popularmente, um negócio da China. Com efeito, é um negociarrão. Isto parece ser óbvio. Por que matar as galinhas que põem ovos de ouro? Uma explicação jocosa, mas verdadeira, de todo esse imbróglio econômico internacional foi oferecida pelo banqueiro americano John Pierpont Morgan (1837-1913): Na diplomacia econômica, o sim é talvez, o talvez é não e o não não é diplomacia.

       Voltando à OMC, o Ministério das Relações Exteriores mantém divulgada na Internet uma página na qual está propagado o Acordo Constitutivo da OMC, cuja Ata final estabelece o conjunto das decisões e dos acordos elaborados nas negociações da Rodada Uruguai, que foi aprovada e firmada em 15 de abril de 1994, em Marrakesh. Em 01.01.95, a OMC entrou em funcionamento. O Acordo Constitutivo da OMC, cujos objetivos já foram reproduzidos acima, propõe as seguintes funções: Administrar e aplicar os acordos comerciais multilaterais e plurilaterais que, em conjunto, configuram o novo sistema de comércio; Servir de foro para as negociações multilaterais; Administrar o entendimento relativo às normas e procedimentos que regulam as soluções de controvérsias; Supervisionar as políticas comerciais nacionais; e Cooperar com as demais instituições internacionais que participam da fomentação de políticas econômicas em nível mundial: FMI, BIRD e organismos conexos. Enfim, enquanto, como prevêem os objetivos do Acordo, houver no mundo controvérsias, esses organismos serão necessários. Eu fico na dúvida é quanto à efetividade dos acordos. Alguém me disse, certa feita, que acordos foram feitos para serem descumpridos se interessar descumpri-los, e convênios podem ser denunciados em qualquer tempo. Recentemente (2001), por exemplo, o Brasil passou por um descompasso com o Canadá, envolvendo Embraer x Bombardier. Os canadenses afirmavam que os subsídios dados pelo PROEX à EMBRAER teriam gerado prejuízos da ordem de US$ 1,4 bi. Na época, o comentário feito por um consultor da OMC sobre o embaraçoso episódio foi: Se essa foi a lógica utilizada pelo Canadá e aceita pela OMC, o Brasil pode se utilizar dos mesmos mecanismos, caso venha a se constatar que o Canadá de fato subsidia a Bombardier.

       Por esses motivos, a POSITIO adverte: Evidentemente, a Economia só cumprirá seu papel quando for colocada a serviço de todos os Seres Humanos... A rigor, a Economia deveria ser empregada de tal maneira que não houvesse mais pobres e que toda pessoa vivesse em boas condições materiais, pois isso é a base da dignidade humana.

       Um outro ponto fundamental abordado neste MANIFESTO é a questão que envolve os múltiplos arcabouços teóricos do crescente materialismo científico, cujo ponto fulcral de convergência é o olhar exclusivamente quantitativo para todo e qualquer fenômeno. Esta obcecação, como acuradamente perceberam os Autores da POSITIO, guarda estreitas relações com os diversos modelos econômicos, particularmente com o Neoliberalismo — doutrina proposta por economistas franceses, alemães e norte-americanos, na primeira metade do século XX, direcionada para adaptar(!?) e para regulamentar(!?) os princípios do Liberalismo Clássico – doutrina cujas origens remontam ao pensamento de Locke (1632-1704), que estava ancorada na defesa intransigente da liberdade individual em todos os campos das atividades humanas, isto é, intelectual, político, religioso e econômico, contra a coerção do poder estatal – às exigências de um Estado regulador e assistencialista, que deverá ter como objetivo primacial controlar, proritária mas parcialmente, o funcionamento do mercado, interferindo, quando for o caso, para evitar distorções que possam, a juízo dos economistas, produzir o caos econômico.

       Voltando ao vicejo crescente do materialismo científico, devem ser recordadas as diversas formas de Positivismo — vocábulo empregado pela primeira vez por Claude Henri Saint-Simon (1760-1825) objetiva ...designar o método exato das ciências e a sua extensão à filosofia. No Positivismo, o método científico é o único válido e possível, valorizando como única fonte verdadeira de conhecimento as ciências concretas. A Metafísica, que utiliza métodos de investigação que não são acessíveis ao método científico convencional, carece, como princípio, de qualquer valor. Um dos maiores expoentes do Positivismo foi Auguste Comte (1798 -1857). Mas, e a Religião da Humanidade? As diversas formas de Positivismo acabaram por deformar e destruir a concepção grega – que enfatizava o aspecto qualitativo da pesquisa científica – e arbitrariamente impuseram metodologias distintas para tratar da consciência e da matéria; pretenderam, ainda, reduzir - e continuam a pretender, como se uma redução pudesse haver - todos os fenômenos a uma entidade mensurável e desprovida de subjetividade. Contra tudo isso o alerta foi dado: É de se notar que a ciência e o misticismo estavam muito ligados na Antigüidade, a tal ponto que os cientistas eram místicos, e vice-versa. É precisamente a reunificação desses dois meios de conhecimento que urge ser realizada no decorrer das próximas décadas.

       Em um livro digital que coloquei no ar recentemente proponho: Os cientistas-filósofos do milênio que nasceu acabarão por apoiar suas pesquisas e conclusões filosófico-científicas em suportes estritamente éticos, não dispensando, como fizeram até hoje, os SEGREDOS DA ARTE-CIÊNCIA E DO ESOTERISMO INICIÁTICO, tendo como meta primacial, portanto insubstituível e inegociável, o BEM DA HUMANIDADE. Se estes vinte séculos, que se concluíram recentemente, se caracterizaram por um sono vanglorioso e pela produção de teorias e de sistemas incompletos, e até, muitas vezes, inverossímeis, os próximos dois mil anos que se seguirão, talvez, venham, em um primeiro momento, a unificar as várias teodicéias, para, depois, compatibilizá-las com a ciência e com a Alquimia. Enquanto prevalecerem tipos de razão (razão filosófica, razão científica, razão alquímica, razão econômica, razão de Estado etc.), qualquer análise acabará por produzir sempre um absurdo - uma razão irracional - porque qualquer razão isolada, estanque, é incompleta e insubsistente. A razão terá que ceder espaço à RAZÃO CÓSMICA, e a vontade individual, humana, terá que se submeter (sem perda do livre-arbítrio) à VONTADE, como disse Plotino, do UNO-EM-SI. Mais exatamente do UNO-EM-SI-INTERIOR. A Princesa Adormecida, entretanto, está acordando. E o Príncipe que já a está a beijar encontra-se nu e sem adornos. As mais belas jóias e os mais SAGRADOS SELOS DE SUA AUTENTICIDADE ele os traz em seu CORAÇÃO. Em sua mão direita há um pergaminho com uma espiral no centro da qual, em letras douradas, está inscrita a frase: EU SOU A LUZ. E quando Príncipe e Princesa compreenderem e realizarem a UNIDADE, iluminados perceberão que o ser representa, neste plano, o Centrum & Miraculum Mundi, e que D'US escolheu o melhor para sua eterna morada. É esse D'US-MESTRE-INTERIOR que precisa ser construído por cada um e por todos. Assim, deseja-se propor e utopicamente prever para bem próximo:


a) Teodicéia1 + Teodicéia2 + ... + Teodicéian —› TEODICÉIA

b) TEODICÉIA + Ciência + Filosofia + Alquimia —› YN-RI —› TEOCIENTISMO DIALÓGICO (TEOCIÊNCIA DIALÓGICA ou TEOCIENTIFICISMO DIALÓGICO)


       E, assim, nascerá uma nova classe de pensadores: os TEOCIENTISTAS. A salvaguarda da Humanidade acontecerá pela (re)aquisição de um conhecimento superior, percebido e difundido primeiramente por MELQUISEDEQUE, do qual as FRATERNIDADES INICIÁTICAS, as IGREJAS OCULTAS e os remanescentes dos atlantes foram e são fiéis depositários.

       A POSITIO FRATERNITATIS ROSÆ CRUCIS, depois de clamar pela reunificação do binômio ciência-misticismo, questiona: Nesta linha de pensamento, o fato de não se poder provar a existência de Deus não é suficiente para se afirmar que Ele não existe. A verdade pode ter várias faces; manter somente uma, em nome da racionalidade, é um insulto à razão. E, obviamente, acrescento, demonstração tácita de insensibilidade para acessar e perceber a RAZÃO CÓSMICA, desde sempre idêntica a Si Mesma. Enfim, a razão humana é, mutatis mutandis, uma espécie de menos-valia sem o concurso da RAZÃO CÓSMICA.

       Outro aspecto examinado pelo MANIFESTO é a questão da clonagem. Recentemente (2003), em colaboração com um amigo, fiz uma conferência [(Si Vis Pacem, Para Pacem) no VII Congresso Brasileiro de Defesa do Meio Ambiente, realizado na sede do Clube de Engenharia, no Rio de Janeiro], na qual, entre outros assuntos, apresentamos as seguintes ponderações: O terceiro milênio nasceu... Não é acreditável que se possa continuar a executar uma tecnologia que violente, em alguns ou muitos aspectos, o propósito fundamental da vida. E qual é esse propósito? Simplesmente viver para VIVER. E a VIDA, para um e para todos, não poderá acontecer enquanto permanecerem as violações aqui discutidas. Outras formas insidiosas de violação da ordem natural ou cósmica também comprometem a vida planetária. Presentemente, os juristas já começam a se defrontar com um novo aspecto do Direito, qual seja, o Biodireito. Assim, quanto à clonagem, contribuirá ela para a paz mundial profunda e perpétua? Todos sabem que, na fecundação normal, 50% do DNA provêm do pai e 50% da mãe. No clone, 100% do DNA vêm do doador no exato momento da vida por que passa este mesmo doador. Então, outras perguntas, que já foram pensadas por outros, inclusive por Rosacruzes, podem ser formuladas: Será que o tempo de vida de um clone é o mesmo de um ser provindo de uma fecundação natural? O clone levaria consigo o relógio biológico do DNA do clonante com respeito à idade já vivida? Nesse caso, o clone poderia já nascer com envelhecimento precoce? Com as doenças? Com a inteligência? Com os problemas psicológicos? Com problemas de personalidade? Com as manias e os preconceitos? Com as anestesiantes consutilidades? A ovelha Dolly - como é sabido - nasceu em 5 de Julho de 1996 e morreu no dia 14 de Fevereiro de 2003, com aproximadamente 6 anos de idade, por prática de eutanásia, em virtude da impossibilidade de continuar a viver, motivada por uma progressiva enfermidade pulmonar associada à artrite, doenças apenas encontradas em animais velhos. Ovelhas normais costumam viver no mínimo, 10 anos. Enfim, eticamente, que pensar da clonagem humana? Na hipótese absurda de que a clonagem humana venha a se verificar, e parece que há uma meia dúzia de alucinados empenhando todas as suas energias nesse monstruoso projeto, o clone produzido será filho, irmão ou o que de sua matriz (clonante)? Ou um golem? Mas golem é outra coisa.
 

Golem

Golem


       Sem comentar, pois acredito que o fractal fala por si, reproduzo na próxima página a obra CLONIX (de Walter Naslawsky), disponibilizada no site:

http://www.mecenas.com.br/walther_naslawsky/clonix.htm

 

CLONIX

CLONIX


       Vejo-me, com prazer, determinado a reproduzir o seguinte fragmento da POSITIO: A evolução da ciência coloca também novos problemas nos planos ético e metafísico. Embora seja inegável que as pesquisas em genética permitiram fazer grandes progressos no tratamento de doenças 'a priori' incuráveis, elas abriram caminho a manipulações que permitem criar Seres Humanos por clonagem. Este gênero de procriação só pode levar a um empobrecimento genético da espécie humana e à sua degenerescência. Além disso, ela supõe critérios de seleção inevitavelmente marcados pela subjetividade e apresenta, por conseguinte, riscos em matéria de eugenia. Por outro lado, a reprodução por clonagem só leva em conta a parte física e material do Ser Humano, sem atentar para o espírito e para a alma. Por isso, consideramos que essa manipulação genética fere, não somente sua dignidade, mas, também, sua integridade mental, psíquica e espiritual. Nisso aderimos ao adágio, 'ciência sem consciência é a ruína da alma'. Nessa direção conclui o Documento: Parece-nos, então, perigoso permitir livre curso às experiências relativas à clonagem reprodutora do Ser Humano em particular e dos seres vivos em geral. Temos os mesmos receios a propósito das manipulações que tangem tanto ao patrimônio genético dos animais como ao dos vegetais.

       A questão de a tecnologia ter se tornado o coração das sociedades modernas, a ponto de, em muitas funções e tarefas, ter substituído o próprio homem e crudelizado a sociedade, incluindo nesse cenário tenebroso o geométrico aumento da poluição antropogênica, foi mais um tema abordado na POSITIO.

       Não há pessoa razoavelmente instruída que não esteja informada a respeito dos desastres ecológicos veiculados pelas mídias alternativas, eletrônicas, básicas e impressas. Vou reproduzir, apenas, dois exemplos de crimes ecológicos que tenho comentado com meus alunos, sempre que há oportunidade. Refiro-me, em primeiro lugar, aos poluentes orgânicos persistentes (POPs), que tendem a ser muito estáveis, isto é: o ritmo em que são liberados é superior ao tempo em que são naturalmente degradados. Pior: são extremamente tóxicos e têm a propriedade de se acumular nos tecidos biológicos, particularmente nos adiposos. Esta acumulação, por sua vez, progride nas cadeias alimentares, ou seja, em animais de níveis tróficos mais elevados os POPs atingem concentrações milhões de vezes superiores (biomagnificação ou bioamplificação) relativamente aos consumidores de níveis inferiores de que normalmente se alimentam. Por exemplo, se uma ave de rapina se alimenta de pássaros que comem sementes de plantações nas quais foram borrifados inseticidas, estes defensivos agrícolas são assimilados pelos grandes pássaros, que, ao absorverem e reterem cumulativamente estes malditos POPs, poderão vir a morrer prematuramente ou, após nidificarem, poderão ter problemas na postura de ovos, isto é, depositar ovos com cascas finas que acabarão por se romper no ninho. Mas, como, na verdade, não existem cadeias isoladas e sim teias ou tramas alimentares, que incluem seres vivos de diversos ecossistemas, uma alteração no número de espécies em um dos elos afeta toda a teia alimentar. A seguir, estão reproduzidas uma cadeia alimentar quantitativa, uma cadeia alimentar típica de uma lagoa e uma teia alimentar. Todos os sites foram acessados em 3/3/2003.
 

Cadeia Alimentar Quantitativa
 

Cadeia Alimentar Quantitativa

Fonte: http://www.unicamp.br/fea/ortega/eco/iuri04.htm

 

Cadeia Alimentar Típica de uma Lagoa
 

Cadeia Alimentar Típica de uma Lagoa

Fonte: http://www.editorasaraiva.com.br/eddid/ciencias/explorando/5_agua_6.html


Teia Alimentar
 

Teia Alimentar

Fonte: Educação Ambiental ISSN 0103-2658, SEMAM. SP. 1992
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http://www.guiaguaruja.com.br/meioambiente/teialimentar.htm)


       Na agricultura, a monda (mondar = arrancar ervas daninhas que nascem entre os cereais e não os deixam medrar) foi praticamente substituída pela aplicação de defensivos agrícolas, cujos efeitos crônicos potenciais incluem carcinomas, alterações genéticas e modificações dos sistemas imunitário e nervoso, entre outros. Em curto prazo, podem verificar-se problemas de pele e de olhos, tonturas, náuseas e cansaço. E assim, a Humanidade tolerou e aceitou conviver com os doze malditos: a) oito pesticidas - aldrina, dieldrina, endrina, clordano, heptacloro, DDT, toxafeno e mirex; b) dois químicos industriais - hexaclorobenzeno e bifenilos policlorados; e c) dois resíduos não-intencionais - dioxinas e furanos. Klaus Töpfer, em 1998, declarou que não se deveria pretender apenas uma melhor gestão dos POPs, mas, paulatinamente, programar sua eliminação e, imediatamente, implementar a utilização de tecnologias limpas. A Convenção de Estocolmo, que decorreu em Estocolmo entre 21 e 23 de Maio de 2001, sobre Poluentes Orgânicos Persistentes, defende:

o Princípio da Precaução: onde existam ameaças de riscos sérios ou irreversíveis não será utilizada a falta de certeza científica como razão para o adiamento de medidas eficazes em termos de custo para evitar a degradação ambiental;

obrigações de financiamento: consagra o Fundo Global para o Ambiente (GEF) como o mecanismo de financiamento principal, e obriga os países desenvolvidos a prestarem auxílio financeiro aos países em desenvolvimento;

a eliminação dos POPs produzidos intencionalmente, existentes e futuros: dos oito pesticidas mencionados, a maior parte é banida do mercado com a entrada em vigor da Convenção. Para os PCBs prevê-se uma eliminação gradual, assim como para o DDT, embora se admita o seu uso para controle de vetores (fundamentalmente, o mosquito transmissor da malária). As Partes ficam ainda obrigadas a 'tomar medidas reguladoras com o objetivo de prevenir' a produção e uso de quaisquer novos POPs;

a eliminação, como objetivo último, dos sub-produtos orgânicos persistentes: para dioxinas, furanos e hexaclorobenzeno, as Partes deverão reduzir as emissões totais 'com o objetivo de as minimizar continuamente e, sempre que praticável, as eliminar'. Para tal devem recorrer a processos, materiais e produtos alternativos – prevenindo, na fonte, a produção dos poluentes – em detrimento de tecnologias fim-de-linha;

a gestão e deposição sustentáveis de POPs;

limites estritos e interdições ao comércio de POPs: o comércio de POPs passa a ser permitido apenas para assegurar a sua correta deposição, ou em circunstâncias muito limitadas em que o Estado importador garanta o seu empenho na proteção da saúde e do ambiente e o cumprimento de todos os requisitos consagrados na Convenção;

reservas limitadas e transparentes: a maior parte das reservas à Convenção – ou seja, exceções à sua aplicação – são específicas para certos países ou certos produtos químicos. Exceções mais genéricas incluem o uso de POPs para fins científicos, a sua ocorrência vestigial como contaminante e a posse de pequenas quantidades por um utilizador final.

       Este tema, importantíssimo para o futuro da Humanidade, está amplamente discutido na Internet. Um site extremamente interessante, do qual me socorri para escrever este livro digital, é:

  http://www.escolasverdes.org/pops/participar/individualmente.htm.
 

       Nesta página, há dois itens que acho conveniente reproduzi-los, pois indicam os caminhos que contribuem para a melhoria da qualidade de vida. São eles:


O QUE VOCÊ PODE FAZER INDIVIDUALMENTE

• Adote um regime alimentar baseado na produção biológica;

• Reduza o consumo de gordura animal (de peixe, carne, leite, ovos...);

• Não guarde comida ou água em caixas ou garrafas de plástico, prefira as de vidro;

• Evite a compra de materiais com componentes tóxicos, como o plástico PVC que é usado em certas embalagens, brinquedos para crianças, no vestuário, mobiliário de interiores como o papel de parede, chão e estores em vinil etc. O plástico PVC pode ser identificado através de um símbolo nas embalagens;

• Evite utilizar fertilizantes químicos. Estes, além de empobrecerem os solos, contaminam os seus alimentos, a água e o ar. Faça compostagem. Assim é reduzida a quantidade de resíduos e, ainda, é obtido adubo natural. Caso use o serviço de uma lavanderia, certifique-se de que esta não utiliza produtos clorados nos processos de lavagem;

• Verifique se o papel que utiliza está isento de cloro e tente implementar esta idéia no seu local de trabalho, na escola do seu filho e em outros locais que freqüente;

• Não queime lixo. Ao fazê-lo estão a ser produzidas dioxinas e outros POPs;

• Sensibilize as autoridades públicas para o problema da produção e da libertação de POPs; implemente a política dos TRÊS Rs: REDUZIR - evite o consumo de produtos com embalagens múltiplas e recuse conscientemente comprar produtos desnecessários; RECICLAR - separe o seu lixo e coloque-o em recipientes próprios para reciclagem; REUTILIZAR - use produtos com um ciclo de vida longo e passíveis de entrar novamente no ciclo de consumo sem prejuízo para o ambiente;

• Denunciar
[às autoridades] todos os casos de transgressão da lei por parte de indústrias ou de outros poluidores.

 
O QUE VOCÊ PODE FAZER COMO EMPRESÁRIO
 

       À medida que a consciência ambiental e social do público aumenta, a tendência será para exigir artigos livres de POPs (nomeadamente livres de PVC) e comprovadamente saudáveis. Os industriais que encetarem esforços neste sentido serão recompensados pela preferência dos consumidores. Assim, recomenda-se a eliminação progressiva de organoclorados de todos os materiais e os processos em que sejam utilizados.

 

*

       Em segundo lugar, acredito que eu deva refletir um pouco sobre o fantasma nuclear. Mas, antes definirei o que entendo por equívoco ecológico e por crime ecológico. No âmbito da Ecologia, smj, a prática inconsciente de um ato que comprometa um ou mais ecossistemas pode ser entendida como equívoco ecológico. Já o crime ecológico consiste na prática de um ato consciente contra a Natureza. Nesse sentido, concordo com Ludmila Popow Mayrink da Costa quando disse que o assassinato da Natureza pode ser definido como ECOCÍDIO. Assim, por exemplo, a utilização da energia nuclear para fins militares bélicos é, ao mesmo tempo, um crime contra a Humanidade e um ECOCÍDIO. Perversos e desgraçados perante a Humanidade e a Natureza, e perversos e desgraçados ante a CONSCIÊNCIA CÓSMICA o Enola Gay e o Little Boy! No dia 6 de Agosto de 1945, o Enola Gay lançou sobre a cidade portuária de Hiroshima uma bomba atômica apelidada de 'Little Boy'. A bomba deixou mais de 140 mil mortos e dezenas de milhares de pessoas desfiguradas e afetadas por doenças provocadas pela radiação, que, mais tarde, elevaram o total de mortos para mais de 230 mil. O bombardeio foi realizado em um dia de sol, às 8h15min, de uma altitude de 9.632 metros. Em seguida, o avião foi usado para fazer o reconhecimento das condições climáticas antes do bombardeio atômico de Nagasaki, que matou 70 mil pessoas. Seis dias mais tarde, o Japão se rendeu. [MALDITO FAT MAN].

       Apesar de os Estados Unidos terem anunciado, em 1992, a suspensão por tempo indeterminado da fabricação de artefatos nucleares no País, a quantidade de bombas nucleares existentes no nosso Planeta Azul tem um poder de destruição tão avassalador que, se absurdamente explodissem todas ao mesmo tempo, certamente a Terra evaporaria em um piscar de olhos, e, mais do que isso, o Sistema Solar talvez ficasse irremediavelmente comprometido. No fundo dos oceanos, por exemplo, há, perdido, um verdadeiro arsenal nuclear. Um dia, esses radioisótopos haverão de dar o ar da sua (des)graça e provocar malefícios que não podemos hoje aferir com exatidão. Esse, certamente, não é o mar que Ralph Maxwell Lewis (1904-1987) - Sâr Validivar - tanto amou. Jorge Luiz Calife fez um minucioso levantamento com base em uma pesquisa realizada pela Agência Internacional de Energia Nuclear e constatou que, na época, trinta e um acidentes nucleares ocorreram no mar. Esses são apenas os números divulgados pelas grandes potências, e tal entulho nuclear é constituído por bombas, mísseis e reatores nucleares oriundos de acidentes com aviões, submarinos e satélites. Dos trinta e um acidentes registrados escolheu-se um para exemplo e profunda reflexão: em abril de 1989, afundou perto da Ilha do Urso, no Mar da Noruega, o submarino nuclear Konzomoletz da ex-União Soviética, que estava equipado com cerca de dez foguetes armados cada um com ogivas nucleares de 200 quilotons. A bomba que arrasou Hiroshima tinha 12 quilotons de potência! Aplicando cálculos elementares de matemática, pode-se rapidamente concluir que só o Konzomoletz tinha capacidade para destruir 166 cidades semelhantes a Hiroshima! Essa é a herança nuclear que o século XX legou ao terceiro milênio. Neste caso, não existe qualquer equívoco: é crime mesmo. Mas, e o Kursky? E Chernobil? E Three Mile Island? As cinco fotografias que se seguirão mostram a bomba em ação, o que restou de HIROSHIMA e de NAGAZAKI depois do FRATRICÍDIO e dois pavorosos símbolos desse ato de barbárie urânico-plutônico. Os sites consultados foram:

http://www.xtec.es/~mamich/concurs1/guspc2.htm

http://www-lti.informatik.rwth-aachen.de/~rossmani/jpics/hiroshima.jpg

http://www.ecolo.org/documents/listdoc-fr.htm

http://www.history.navy.mil/ac/wwii/backus/88-186-aj.jpg

http://www.webpanache.com/lapaix/util.htm

 

Explosão Nuclear

 Explosão Nuclear

 

Hiroshima

 Hiroshima

 

Hiroshima

 Hiroshima

 

Hiroshima

Hiroshima

 

Nagazaki

Nagazaki

 

Nagazaki

Nagazaki


 

       La preuve est faite: la bombe fonctionne sans intérêt stratégique, les armes de destruction massive ne peuvent servir qu'a une seule chose:

      † AFFIRMER SA SUPÉRIORITÉ EN SACRIFIANT MASSIVEMENT DES POPULATIONS INNOCENTES  †

 

 


 
       Eu não posso continuar este ensaio sem transcrever o CREDO DA PAZ produzido por Sâr Validivar, cuja fotografia dá início a este momento de rara inspiração.

 

Sâr Validivar


Sou Responsável pela Guerra ou pela Paz!


SOU RESPONSÁVEL PELA GUERRA...


Quando orgulhosamente faço uso da minha inteligência para prejudicar meu semelhante.

Quando menosprezo as opiniões alheias que diferem das minhas próprias.

Quando desrespeito os direitos alheios.

Quando cobiço aquilo que uma outra pessoa conseguiu honestamente.

Quando abuso da minha superioridade de posição privando outros de sua oportunidade para progredir.

Se considero apenas a mim próprio e a meus parentes pessoas privilegiadas.

Quando me concedo direitos para monopolizar recursos naturais.

Se acredito que outras pessoas devem pensar e viver da mesma maneira que eu.

Quando penso que sucesso na vida depende exclusivamente do poder da fama e da riqueza.

Quando penso que a mente das pessoas deve ser dominada pela força e não educada pela razão.

Se acredito que o deus de minha concepção é aquele em que os outros devem acreditar.

Quando penso que o país em que nasce o indivíduo deve ser necessariamente o lugar onde ele tem de viver.

 

SOU RESPONSÁVEL PELA PAZ...

 

* Se direciono correta e construtivamente os poderes da minha mente.

* Se concedo ao meu semelhante o direito pleno de se expressar, de acordo com o seu próprio entendimento das verdades da vida.

* Se reconheço que os meus direitos cessam quando se iniciam os direitos de outros, e aceito isso como um mínimo indispensável de disciplina.

* Se faço uso dos poderes interiores para criar as minhas próprias oportunidades.

* Se consigo promover a evolução dos que me cercam, sem considerar ameaçada a minha posição, e entendo que esta é a minha maior fonte de sucesso.

* Se compreendo que as Leis Divinas diferem das criadas pelo Homem, e que nenhum direito divino especial é concedido a alguém unicamente por seu berço.

* Se reconheço que os recursos naturais devem servir indistintamente a todas as formas de vida, e que não me cabem direitos exclusivos sobre eles.

* Se compreendo que nada é mais livre do que o pensamento e que o pensamento construtivo transforma o Homem, direcionando-o à sua verdadeira meta.

* Quando sinto que toda felicidade depende do simples fato de existir... de estar de bem com a vida.

* Se percebo que todo Ser Humano pode vir a ser um grato amigo, quando convencido pela argumentação sincera.

* Se considero que a 'Alma de Deus adquire personalidade no Homem', e que este só pode conceber Deus a partir de sua própria percepção da Divindade.

* Se reconheço a mim e ao meu semelhante como partes integrantes do Universo e que a cada um cabe a busca do lugar onde melhor possa servir.

 

* Se estou em paz, eu promovo a paz dos que me cercam. Por sua vez, eles promovem a paz daqueles que estão à sua volta e que também farão o mesmo. Então, a paz começa por mim! E sem ela não pode haver a necessária transformação social.

Ralph Maxwell Lewis, FRC

 


       Decididamente, os homens terão de escolher. Não apenas em relação aos POPs ou aos isótopos radiativos empregados para fins de destruição, mas concernentemente a tudo que vem emporcalhando e comprometendo os sistemas ecológicos. Padecem e são vítimas dos equívocos e dos crimes ecológicos praticados pela Humanidade, além do próprio homem, os animais e os vegetais. Nesse sentido, a POSITIO comenta: O problema colocado atualmente pela tecnologia provém do fato de que ela evoluiu muito mais rápido do que a consciência humana... Em outro trecho deste precioso Documento está gravado: ... é imperativo recolocar o Ser Humano no centro da vida social, o que, em conformidade com o que dissemos a respeito da Economia, implica recolocar a máquina a seu serviço. Essa perspectiva requer total reconsideração dos valores materialistas que condicionam a sociedade atual. Isso supõe, por conseguinte, que todos os homens voltem a se centrar em si mesmos e, enfim, compreendam que é preciso privilegiar a qualidade de vida e cessar essa corrida desenfreada contra o Tempo. Ora, isso só será possível se eles reaprenderem a viver em harmonia, não somente com a Natureza, mas também com eles próprios.

       Outro tópico abordado pela POSITIO FRATERNITATIS ROSÆ CRUCIS é o que concerne às religiões. Já expressei meu pensamento sobre essa matéria. Acrescento, entretanto, que o D'US, que vem sendo perseguido pela Humanidade, não será jamais encontrado nem nos templos nem de joelhos. D'US não é (nem poderá ser) uma construção humana antropomórfica.
DEVE SER, SIM, UMA CONSTRUÇÃO IN CORDE. Mas, a Humanidade vem edificando deuses que variam de acordo com a época e com a cultura prevalecente. Disso se aproveitaram e continuam a se aproveitar os poderosos. Se os homens precisam de um deus para acreditar, então lhes daremos este, aquele, aqueloutro... Estou absolutamente convencido de que a assintótica compreensão e a realização de D'US só poderão acontecer in corde. A comunhão cósmica de que falam os Rosacruzes ou, por exemplo, o êxtase anunciado por Plotino só acontecerão para aqueles que renunciarem à razão inferior e à autodeterminação hipotética, para, EM SILÊNCIO, ouvirem a VOZ que não pode falar aos ouvidos exteriores. Apenas com o OUVIDO INTERNO e com o OLHO INTERNO o CRISTO CÓSMICO poderá ser sentido e realizado. E isto só é possível porque, no Golgotha, o SANGUE vertido penetrou no âmago da Terra e eterificou-se. BENDITO E REGENERADOR SANGUE. Isto, todavia, pode ser simbólico. Mas, absolutamente, não é simbólico que só interiormente o D'US-MESTRE poderá ser construído por cada um de nós.

       Com o advento da Era de Aquarius, o homem quer mais do que simples rituais vazios, indulgências, escapulários, genuflexões, perdões impossíveis, ameaças, nove primeiras sextas-feiras, passes magnéticos etc. Quer compreender o como, o porquê e o quando. Quer saber o de onde e o para onde. Quer experimentar em si: começa a não lhe interessar a experiência alheia como forma de sustentação de sua fé. Quer ter fé. Sim. Mas pela adesão da inteligência a uma verdade (relativa) que ele possa ter experimentado. Começa a sentir de forma ainda indefinida que ele, os outros, o Universo e o próprio D'US formam uma UNIDADE PERMANENTE INDISSOLVÍVEL. Ainda que o PRIMEIRO UM seja... Quer ter acesso à SECRETA ESCOLA DA IGREJA INTERNA E INVISÍVEL de que falou Karl von Eckartshausen (28 de Junho de 1752 - 13 de Maio de 1803). Há uma busca silenciosa por uma Re-ligação Universal, na qual a necessidade de crer em Deus seja transmutada em CONHECIMENTO e na realização interna de D'US. A POSITIO assim proclama: Doravante, ele quer se colocar no centro de um sistema de pensamento resultante de sua própria experiência. Por outro lado, pensamos que o desejo de conhecer as Leis Divinas, isto é, as Leis Naturais, Universais e Espirituais, há de, cedo ou tarde, ser suplantado pela necessidade exclusiva de crer em Deus. Nisso, postulamos que a crença um dia dará lugar ao Conhecimento.

       Particularmente, acredito que o CAMINHO será o da união das consciências. Por isso, não me importo de reescrever e de fazer alguns acréscimos:


a) Teodicéia1 + Teodicéia2 + ... + Teodicéian —› TEODICÉIA

b) TEODICÉIA + Ciência + Filosofia + Alquimia —› YN-RI —› TEOCIENTISMO DIALÓGICO (TEOCIÊNCIA DIALÓGICA ou TEOCIENTIFICISMO DIALÓGICO).

       Ainda que YN-RI esteja escrito separadamente, deve ser compreendido como YNRI. O traço-de-união que liga YN-RI não significa separação. Na verdade, tudo é UM no seio do ABSOLUTO (PRIMEIRO UM). E, progressivamente, o ser irá avançar, assumindo conscientemente conhecimentos numenais, e descartando aquelas impressões fenomenais grosseiras, que o têm agrilhoado à matéria bruta, aos sentidos físicos e à inconsciência placentária da qual ainda é prisioneiro. O tempo é de LIBERTAÇÃO, CONHECIMENTO e AUTO-REALIZAÇÃO. Por tudo isso, afirmei em um trabalho que escrevi já há algum tempo: PIOR DO QUE OS COUSISMOS DA FÉ, MAIS TEMERÁRIOS SÃO OS DA RAZÃO, QUALQUER QUE SEJA ELA. Pior ainda, quando se misturam fé, razão, medo, mentira e autoritarismo em uma mesma situação. Um exemplo divertido desta circunstância aparece em uma piada educativa que recebi por e-mail recentemente:
 

ARREPENDIMENTO...
 

       Em Hollywood, uma mulher lindíssima entra no confessionário de uma igreja.

       — Padre, preciso muito me confessar! Estou angustiada.
       — Pois não, minha filha. Quais são seus pecados? — Responde o padre.
       — Padre: Fui infiel ao meu marido. Sou atriz de cinema e, há duas semanas, não resisti. Dormi com o Leonardo DiCaprio. Na semana passada, não resisti de novo: dormi com o Brad Pitt. E, ontem, não resisti pela terceira vez: dormi com o Richard Gere. Pequei três vezes!
       — Lamento, minha filha, mas não posso lhe dar a absolvição.
       — Por que? A misericórdia do Senhor não é infinita?
       — Sim, minha filha, a Misericórdia de Deus é infinita. Mas Ele jamais vai acreditar que você esteja realmente arrependida...!


       Perguntas: 1ª) Quem determinou que alguém tem poderes para perdoar presumidos 'pecados'? 2ª) Quem pode julgar alguém? 3ª) Por que pedir perdão a outrem? 4ª) Se alguém acredita que pode ser perdoado por alguém aqui na Terra, os que não acreditam nesse tipo de intermediação, por acaso, serão condenados eternamente? 5ª) Se o 'pecado' existe, terá o mesmo peso para todos? 6ª) O que é pior: assassinar um ser humano ou assassinar por vivissecção um animal? 7ª) O que é pior: matar um touro em uma tourada ou em um matadouro? 8ª) Quem 'peca' mais: um padre que perdoa pecados ou quem os comete? 9ª) Quem 'peca' mais: Um pastor que intermedeia negócios com deus ou quem se aproveita da presumida oportunidade de negociar? 10ª) Quem 'peca' mais: o corruptor ou o corrupto? 11[) Quem 'peca' mais: quem dá a ordem ou quem cumpre a ordem? 12ª) Quem 'peca' mais: o fabricante de bebidas ou o alcoólatra?

       Outro tema abordado pela POSITIO é a moral. A moral que serviu para nossos pais, para nossos professores e para aqueles a quem admiramos no passado, talvez não sirva mais para nós e para os nossos filhos. Certamente não servirá para nossos netos. A moral é produto da razão: a ÉTICA é perene, porque é universal. Isto não significa que o Universo caminhe para um télos. O Universo é e, portanto, não pode ir a parte alguma. As compreensões fragmentárias e relativas que a Humanidade vem realizando da ÉTICA CÓSMICA é que deram, dão e darão ensejo aos códigos. A própria pena de morte é um exemplo. Se ainda é moralmente(?!) aceita por muitas pessoas e é praticada em alguns países, isto não significa que seja eticamente correta. O assassinato amparado pela lei continua a ser assassinato. Não me preocupa aqui a questão calosamente discutida em diversos foros, ou seja, a possibilidade de haver erro judiciário. Essa questão é menor. Ninguém está autorizado por ninguém a suprimir a vida. Qualquer vida! Nem em legítima defesa, como argumentou Tristão, que, na verdade, era Alceu. Abaixo reproduzo uma página, cujo título é Crime e Castigo, de Tristão de Athayde, pensador cristão brasileiro, membro atuante da Igreja junto à Ação Católica, falecido em 14 de Agosto de 1983. De antemão, informo que apenas concordo em parte com suas idéias. Concordo com aquilo que determina minha consciência e com o que é, smj, cosmicamente concordável!

       Sou contrário à pena de morte por cinco razões: uma de ordem intrínseca, uma de ordem pragmática, duas de ordem extrínseca e uma de ordem histórica.

       A razão de ordem intrínseca é que uma pena irreparável só pode ser decretada por um tribunal infalível. Daí ser logicamente compreensível que DEUS, POR DEFINIÇÃO E QUE NOS DEU A VIDA, TAMBÉM NOS PODE DAR A MORTE. E, pelo contrário, seja ilógico que nós possamos legitimamente suicidar ou condenar qualquer pessoa à morte. Esta é sem dúvida irreparável. Toda sentença à morte é substancialmente irrecorrigível (sic) quanto aos seus efeitos. Por outro lado, todo juízo humano, individual ou coletivo, é falível. Pode errar. Se pronunciar uma penalidade reparável, as conseqüências de sua sentença podem ser corrigidas. Mas se decretar uma pena irreparável será impossível conter ou atenuar suas conseqüências. E seu resultado será uma injustiça monstruosa, se houver erro judiciário. Por isso, considero a pena de morte, em si, logicamente inaceitável. E não há razões práticas que possam, em sã consciência, justificar erros doutrinários. Nem mesmo as razões do coração podem alterar a verdade intrínseca das razões da inteligência. Podemos, quando muito, compreendê-las. Não sobrepô-las. Só há uma soberania absoluta: a natureza das coisas. Como diz Etienne Gílson: este é o tribunal supremo a que devemos recorrer em nossas dissídias humanas. A pena de morte atenta, penso eu, contra razões especulativas que derivam da natureza das coisas. Primeira razão que me leva a rejeitá-la.

       A Segunda razão é de ordem pragmática. A pena de morte, dizem os seus defensores – que os há e dos mais ilustres teólogos, filósofos, moralistas e estadistas, tanto é difícil lidar com problemas de vida e morte – é uma legítima defesa do indivíduo e da sociedade.

       NÃO NEGO QUE POSSAMOS MATAR EM LEGÍTIMA DEFESA. E que seja até justificável a guerra justa, por mais que a monstruosidade técnica dos modernos armamentos e a complexidade das causas que levam à guerra tornem dificílima a classificação de uma guerra como justa ou injusta. Mas, não é disso que estamos tratando. NA DEFESA INDIVIDUAL NADA DE MAIS LEGÍTIMO DO QUE DAR A MORTE A ALGUÉM PARA DEFENDER A NOSSA VIDA OU A DAQUELES CUJA VIDA TEMOS O DEVER DE DEFENDER. Mas o que é duvidoso é que essa modalidade de punição, oficializada na maioria ou pelo menos em numerosas nações, alcance realmente os fins a que se destina. Quais são esses fins? Suprimir consideravelmente a criminalidade. Antes de tudo, pode haver uma remota analogia mas nunca equiparação ENTRE A MORTE QUE POSSAMOS PROVOCAR EM LEGÍTIMA DEFESA e a que provocamos pela aplicação desse tipo de penalidade.

       QUANDO MATAMOS EM LEGÍTIMA DEFESA AUTÊNTICA, FAZEMO-LO INVOLUNTARIAMENTE. Quando matamos pela decretação de uma sentença fazemo-lo voluntariamente. O PRIMEIRO É UM ATO NATURAL E IMPREVISTO, PROVOCADO PELO INSTINTO DE CONSERVAÇÃO. O outro é um ato pensado e friamente executado. O PRIMEIRO É CONSECUTIVO A UM ATAQUE SOFRIDO, A UM CRIME COMETIDO. O segundo é antecipativo à conseqüência que possa provir de deixar em vida um elemento reconhecidamente insociável. Só por analogia remota podemos falar em legítima defesa social no caso da pena de morte.

       Além disso, como íamos dizendo, nada de mais contestável do que os resultados práticos da pena de morte. Nenhum dos países onde impera a pena de morte conseguiu, por meio dela, eliminar a criminalidade. Ou mesmo reduzi-la. O único argumento empregável é uma hipótese: seria ainda pior sem ela. Mas, acaso é legítimo dispor da vida alheia simplesmente na base de raciocínios hipotéticos? Pode ser que sim. Pode ser que não. O fato positivo é que o crime entrou na história da Humanidade desde que CAIM MATOU ABEL. Isto é, desde que o mau matou o bom. E a espécie humana se dividiu entre inocentes e culpados. [Vou interferir desde já, aqui. Como é possível, ainda, se acreditar em tamanha besteira mítica? São raciocínios (raciocínios?) como este que geram argumentos como os de Tristão]. Como meio de impedir a repetição desse crime original, consignado nas Sagradas Escrituras, todos os Estados, mais ou menos civilizados, adotaram essa punição. E o resultado?

       A pena de morte não pode ser defendida, legitimamente por motivos pragmáticos, porque não alcançou até hoje, em todas as nações que a aplicaram, o resultado desejável. Tomemos para exemplo a mais poderosa e bem organizada das nações modernas: os Estados Unidos. A pena de morte sempre existiu em sua legislação. A inflexibilidade dos seus juízes em sua aplicação se tornou proverbial. E casos houve, como o de Sacco e Vanzetti, da nossa mocidade, que abalaram a consciência da Humanidade inteira, sem conseguir abrandar a implacabilidade da lei.

       A famosa sentença de Joseph de Maistre, em outras palavras, que o carrasco é o companheiro inseparável de uma sociedade bem organizada, foi sempre levada ao pé da letra pela nação mais poderosa e bem organizada do mundo. Logicamente, ou antes, pragmaticamente, a criminalidade desse País deveria decrescer na razão direta da aplicação de uma penalidade tão convincente e efetiva.

       Ora, o que nos informam os documentos oficiais mais recentes é precisamente o oposto. Eis o que consta do último Uniform Crime Reports do Federal Bureau of Investigation, o mais que famoso FBI, divulgado no dia 13 de Agosto último, pelo seu diretor J. Edgar Hoover, e resumido no número 25 de Agosto do U. S. News World Report, pág. 6/32: 'A probabilidade de que um americano seja vítima de um crime este ano é de 1 para 50, o dobro do perigo que corria há nove anos passados. (sic). O crime em nosso País mais do que duplicou em volume - aumentando de 122% - entre 1960 e 1968. Só em 1968 aumentou mais 17,5%. Nos primeiro três meses de 1968 aumentou mais 10%. Os crimes estão crescendo 11 vezes mais depressa do que a população. Enquanto o número de crimes cresceu, nesse período, 122%, a população só cresceu 11%. Assim é que a atual proporção de crimes – o número de crimes graves por 100 mil habitantes – subiu 99%... O relatório menciona um total de quase 4,5 milhões de crimes vários, no ano passado, incluindo 13.650 assassinatos, 31.600 estupros e 282.400 casos de assaltos à mão armada... Os assaltos a banco subiram 302% desde 1960... Em 1968, as grandes cidades sofreram o maior aumento de criminalidade, 18% em relação a 1967'.

       E por aí afora. E o curioso é que vários altos funcionários da Educação, comentando o aumento de atos de vandalismo, longe de patrocinarem o aumento das penalidades, o que recomendaram é a organização comunitária de defesa, das 'community residents', que deu excelentes resultados em Rochester, Nova Iorque.

       O que no caso nos interessa é a verificação de que a pena de morte, em ação mais que secular nos Estados Unidos, não foi capaz até hoje sequer de manter o mesmo nível de criminalidade. Já não falo em reduzi-la ou suprimi-la, o que toca as raias da utopia.

       Será por esse motivo que a Inglaterra já suprimiu, ou está por suprimir, a pena de morte, reconhecendo a sua ineficácia prática?

       Da Rússia não temos notícias. Conhecemos apenas a implacabilidade dos expurgos e o terrorismo cultural de que Kuznetsov nos deu, recentemente, o mais clamoroso dos testemunhos. Há tempos, um repórter estrangeiro estranhou a pobreza das instalações judiciárias de Moscou. E um informante oficial explicou que assim era porque, em breve, não seriam mais necessárias grandes instalações de justiça, já que o crime desapareceria com a aplicação gradativa do sistema comunista.

       Não digo que os defensores da pena de morte tenham a seu respeito as mesmas utópicas ilusões desses cândidos crentes nas virtudes miríficas do Comunismo... Por ora, os regimes totalitários continuam a aplicar a pena de morte como sendo a mais normal e eficaz das medicinas sociais.

       Mas as estatísticas de uma nação realmente democrática como os Estados Unidos, onde os direitos dos condenados pelos crimes mais hediondos, como o do matador das enfermeiras de Chicago, são tão exasperadamente respeitados, essas estatísticas nos demonstram positivamente que o argumento da legítima defesa social é extremamente frágil.

       Em nenhum país do mundo a pena de morte impediu, e nem mesmo evitou, o aumento de toda espécie de criminalidade. Eis porque não aceito o argumento pragmático em sua defesa. (As maiúsculas são grifos meus).

       As reflexões equivocadas 'Quando matamos em legítima defesa autêntica, fazemo-lo involuntariamente' e 'na defesa individual nada de mais legítimo do que dar a morte a alguém para defender a nossa vida ou a daqueles cuja vida temos o dever de defender' e outras não resistem aos próprios argumentos de Tristão. Ele mesmo afirmou que só Deus pode dar a morte, já que foi Ele quem propiciou a vida. De qualquer sorte, fiz questão de incluir esta meditação neste ensaio, porque, no todo, representa um libelo contra esse diploma legal, entretanto, cosmicamente ilegítimo, ainda existente em algumas nações ditas civilizadas. Ainda espero compreender exatamente qual é a diferença stricto sensu entre crime culposo e crime doloso. Todos, contudo, deveriam examinar a argumentação do autor contra esse ato injustificado de onipotência - a famigerada pena de morte, que deveria ser denominada de pena contra a vida - e ponderar o que hoje acontece, por exemplo, no Tibet, no Afeganistão, na Palestina, no Iraque e nas favelas cariocas. Nas favelas do Rio de Janeiro, mata-se com mais facilidade do que se peidorreia dormindo ou se tira meleca escondido. Isto está longe de ser engraçado.

       Mas, nenhum império dura para sempre! A grande Roma caiu! E a Lei da Reciprocidade é amorosa e pedagogicamente inexorável! Ai daquele que mata! Múltiplas vezes ai daquele que ordena a matança.

       E a POSITIO, quanto à moralidade hoje vigente no mundo, declarou: Consideramos, antes, que ela se relaciona com o respeito que todo indivíduo deveria ter para com ele próprio, com os outros e com o ambiente. O respeito a si mesmo consiste em viver segundo suas próprias idéias, e não em se fundamentar nos comportamentos que se reprova nos outros. O respeito aos outros consiste, simplesmente, em não fazermos ao nosso semelhante o que não gostaríamos que ele nos fizesse, o que todos os sábios do passado ensinaram. Quanto ao respeito ao ambiente, ousamos dizer que ele vem naturalmente: respeitar a Natureza e preservá-la para as gerações futuras. Vista sob esse ângulo, a moral implica em um equilíbrio entre os direitos e os deveres de cada um, o que lhe dá uma dimensão humanística que nada tem de moralizadora.

 

Floresta

 

Mar


       Quanto à arte, há quem possa concordar ou discordar do MANIFESTO ROSACRUZ. Eu, particularmente, não tenho como discordar. Até porque admito que certas formas de expressão artística têm origens espúrias, geralmente desconhecidas, sendo subconscientemente induzidas nos veículos que as produzem de sorte a implementar a mais profunda desarmonia naqueles que se dispõem a se deixar influenciar por elas. A televisão, por exemplo, tornou-se o veículo de lazer mais pernicioso para o Ser Humano contemporâneo. A imensa maioria dos programas televisados só tem uma finalidade: anestesiar o Eu impedindo-O de entrar em harmonia com a própria VIDA da qual o homem é, na imensa maioria das vezes, um portador inconsciente. Quem gosta da farra é o corpo astral. E essa inconsciência é prorrogada e aprofundada por doses diárias cavalares de mais inconsciência. O que é apresentado como arte por esse tipo de mídia é, na quase totalidade, uma afronta, que desarmoniza e faz adoecer até o mais humilde bom-serás. Também não escapam os que presumem possuir um certo grau de cultura. Há miséria, mentira, ilusão e doença para todos, pois os apelos vão do sexo explícito aos cultos de evangelização, das fábricas de novelões ilusórios às propagandas enganosas, da exploração da miséria e da desgraça humanas aos telejornais que repetem as mesmas notícias há décadas. Et cetera. Um exemplo interessantíssimo, porque é fraudulento (então, na verdade não é interessante; é desinteressante) é o que diz respeito à propaganda de bebidas alcoólicas pela TV. Ainda que o teor alcoólico da cerveja, do vinho e da cachaça (ou uísque) sejam diferentes, 300 ml de cerveja, 150 ml de vinho e 40 ml de cachaça (ou uísque) produzem a mesma taxa de álcool no sangue (alcoolemia), que é, aproximadamente, de 0,2 mg/l, e, também, a mesma taxa de álcool/ar respirado, que oscila em torno de 0,25 mg/l. Pergunta: se eu possuo essas informações, será que as autoridades também não as possuem? Resposta: Claro que sim. Mas a propaganda de cerveja é liberada, sendo que a de outras bebidas é controlada. O que estou querendo precisamente dizer é que 5 chopes equivalem, em termos de teor alcoólico, a 5 taças de vinho, a 5 doses de uísque e a 5 tragos de cachaça. Quem estiver tomando conhecimento deste assunto por esta resenha que acabei de fazer, recomendo o livro lançado recentemente pelo Dr. José Mauro Braz de Lima, Alcoologia; uma Visão Sistêmica dos Problemas Relacionados ao Uso e Abuso do Álcool, UFRJ/EEAN, Rio de Janeiro, 2003.

       Recorto, agora, um pequeno trecho da POSITIO FRATERNITATIS ROSÆ CRUCIS para reflexão: Acreditamos que a arte verdadeiramente inspirada consiste em traduzir no plano humano a beleza e a pureza do Plano Divino. Logo, o que hoje majoritariamente se assiste na televisão nada tem de Divino. Tem mais parecença e imantação com as artimanhas e os logros da oitava esfera †††††† ††††††. As exceções são exceções, e, por serem exceções, geralmente, não agradam ao grande público, que prefere aqueles programas que são especialmente elaborados e direcionados para exacerbar suas patologias. Mas, quem reconhece ou admite suas próprias patologias? E, assim, as programações televisuais fomentam tristezas, ódios, temores, angústias, invejas, vícios, intolerâncias, ilusões, desejos, desinformações, cobiças, paixões, equívocos e superlativa perda de tempo. Mas, repito: há exceções.

       No tocante às relações do Ser Humano com seus semelhantes, consideramos que elas são cada vez mais interesseiras e deixam cada vez menos lugar ao altruísmo, segue alertando a POSITIO. Então, revisitar Kant é preciso. E, voltar rapidamente aos problemas ambientais, agora transcrevendo um parágrafo da lavra de Günter Fellenberg, talvez seja interessante. É realmente muito interessante. Em Introdução aos Problemas Ambientais, EPU-SPRINGER-EDUSP, 1980, p. 170, o autor citado aconselha: A variedade de substâncias cancerígenas existentes deixa evidente a necessidade de submeter o maior número possível de contaminantes ambientais a uma análise detalhada, para detectar uma possível atividade cancerígena. Um exame minucioso de todos os novos produtos desenvolvidos atrasaria, no futuro, o lançamento de novos materiais ou [por exemplo] produtos farmacêuticos [e químicos], mas levaria também a garantir uma maior margem de segurança para esses produtos. Seria um atraso proveitoso... pois a única proteção contra a ação de substâncias cancerígenas consiste em evitar, sempre que possível, o contato com esses materiais.

       A própria POSITIO adverte: ... a salvaguarda da Humanidade, tornou-se uma questão de cidadania. Enfim, o homem haverá de compreender que as únicas formas de ação são aquelas ancoradas em Imperativos Categóricos, isto é, incondicionados, ou seja, valem para todos e independem de circunstâncias peculiares ou privativas. Se isto é verdade, e, particularmente, acredito que sim, as transgressões são oriundas da falta de conhecimento. Melhor: falta de SABEDORIA (ShOPhIa). Isso não é novidade, pois Platão e Aristóteles examinaram esse tema em profundidade. José Arthur Gianotti está correto quando afirma que a infração resulta da falta de saber e o conhecimento da infração implica (ou, supostamente, deveria implicar) em seu impedimento. Enfim, há de ser alcançado que o homem é um ser social, e, como tal, o DEVER, ipso facto, haverá de ser entendido como fato social. Sendo a Humanidade uma em essência, sua felicidade só é possível favorecendo a [felicidade] de todos os Seres Humanos, sem exceção, conclui a POSITIO.

       Há outro trecho da POSITIO FRATERNITATIS ROSÆ CRUCIS extremamente hermético que pode passar despercebido pelos leitores. Textualmente assevera: O comportamento do Ser Humano para com os animais também faz parte de suas relações com a Natureza. Ele tem o dever de amá-los e de respeitá-los. Todos participam na cadeia da vida tal como se manifesta na Terra e todos são agentes da Evolução. Em seu nível, eles são também veículos da Alma Divina e participam do Plano Divino. VAMOS MESMO A PONTO DE CONSIDERAR QUE OS MAIS EVOLUÍDOS DENTRE ELES SÃO SERES HUMANOS EM DEVIR. (Maiúsculas minhas). Não farei aprofundamentos sobre esse tema, mas recomendo a consulta às obras de Helena Petrovna Blavatsky e de Rudolf Steiner para informações complementares. Neste momento, apenas devo dizer que os contumacíssimos infratores da ordem cósmica de hoje não poderão fazer parte, imediatamente, da Raça que nos Suplantará. Pior - misericórdia, misericórdia, misericórdia - para os homens-sem-alma, vítimas maiores da mesma †††††† ††††††! Não desejo, do fundo do meu coração, aos inimigos que não tenho, nem a ninguém, o sofrimento espiritual a ser eventualmente vivenciado no cone de sombra da Terra.

       Por isso, também concordo com a POSITIO quando afirma ser a vivissecção um ato de barbárie. Ralph Maxwell Lewis, meu Irmão e meu Amigo, também pensava assim. E a UTOPIA ROSACRUZ proclama: A Natureza é considerada como o mais belo dos templos e os animais são considerados como nossos irmãos em via de evolução. E Pitágoras, citado no Manifesto, parece ter dito: 'Enquanto os homens continuarem a destruir sem piedade os seres vivos dos reinos inferiores, não conhecerão nem a santidade nem a paz. Enquanto eles massacrarem os animais, haverão de se matar entre si. Com efeito, quem semeia morticínio e dor não pode colher alegria e amor. Ou, como diz o ditado: Quem semeia ventos, colhe tempestades. Acrescentarei, para horror e conscientização de quem estiver lendo este livro digital, algumas imagens de crueldades praticadas contras animais, e desse infernal e injustificável processo pseudocientífico de vivissecção, retirado do site:

 
http://www.pea.org.br/crueldade/testes/tfotos.htm

 

vivissecção

 

vivissecção

 

vivissecção

 

vivissecção

 

vivissecção

 

       Vivissecção e crueldade contra irmãos: NÃO, NÃO e NÃO. Sob nenhuma alegação. Vivissecção é simplesmente um crime e só apresenta resultados contraditórios e detrimentais à Humanidade. Então, por que não praticar tão-somente vivissecções em humanos? Pimenta nos olhos alheios é refresco. Nos dos animais: dane-se.

       A POSITIO termina fazendo uma espécie de profecia, que reproduzirei abaixo. Antes, porém, desejo alertar os distraídos e incautos: Cuidado com certos grupos de ufólogos! É preciso separar o trabalho sério dos malucos de plantão. Assim, recomendo uma visita a um site seríssimo que trata desta matéria:
MACROCOSMO. Cuidado com certas seitas (que se auto-intitulam religiões) que promovem reuniões mediúnicas de descarrego! Cuidado com a magia! Cuidado com a Teurgia! CUIDADO! Há muita manipulação, maldade, ignorância e superstição envolvendo e manejando esse tema. Se contatos são possíveis com seres de outras dimensões, até porque a Humanidade originariamente foi gerada em outra dimensão, esses contatos não podem ocorrer de maneira atabalhoada, nem muito menos podem acontecer porque alguém simplesmente quer se comunicar com este ou com aquele plano do Teclado Universal. As coisas não se passam assim de forma tão simplista. CUIDADO! É preciso mérito, necessidade e oportunidade. Também, trabalho e renúncia. Enfim, afirma a POSITIO FRATERNITATIS ROSÆ CRUCIS: Dentre as formas de vida que povoam outros mundos, algumas são provavelmente mais evoluídas do que as que existem na Terra; outras, menos. Mas todas fazem parte do mesmo Plano Divino e participam na Evolução Cósmica. Quanto a saber se extraterrestres podem contatar nossa Humanidade, consideramos que sim, mas não fazemos disso objeto de nenhuma expectativa. Temos outras prioridades. Isto posto, o dia em que se fizer esse contato, pois ele haverá de ocorrer, constituirá um evento sem precedente. Com efeito, a História do Ser Humano se fundirá à da Vida Universal…

       A POSITIO adverte: Os tempos não estão mais para divisão, qualquer que seja sua forma, mas para a união; para a união das diferenças, a serviço do bem comum.

 

 


CONSIDERAÇÕES FINAIS
 

       Vou terminar estas reflexões voltando, por escolha necessária, à questão ambiental. Se a Humanidade compreender que está moral e cosmicamente obrigada a preservar a Natureza, um grande passo estará sendo dado para que a UTOPIA ROSACRUZ se realize. E isto é trabalho de todos. Não podemos empurrar a responsabilidade para as ONGs e para os Governos, e ficar esperando o milagre acontecer. Primeiro: não existem milagres, pelo menos da forma como são ordinariamente entendidos. Segundo: se existirem, para que alguém possa deles se beneficiar, terá que merecer. O Cósmico seria injusto se desse a alguns e não desse a todos; ou se beneficiasse quem não merece, pondo para escanteio aqueles que possivelmente merecessem. Bem, essa dialética derradeira, reconheço, é infantil. Mas, tem lá seu fundo de verdade. Por esse motivo, deixando extravasar a criança que trago no peito, vou contar uma estorinha, cujo autor desconheço:

       Ao ver a rolinha levando em seu biquinho água do rio até um incêndio que se alastrava na floresta, o elefante, assombrado, botou a boca na tromba, e perguntou:
 
       — Dona Rolinha: Por acaso a senhora está querendo apagar aquele fogaréu com essas gotinhas d'água?

       Compenetrada e segura do que estava fazendo, com ternura, a rolinha fez piu-piu e respondeu:        — Respeitável Senhor Elefante: estou apenas fazendo a minha parte. Por que o Senhor não faz a sua?


       Por isso, antes que o mico-leão-de-cara-dourada desapareça, antes que o flamingo desapareça, antes que o tamanduá-bandeira desapareça, antes que as florestas se transformem em desertos, antes que os lagos, rios e mares sejam poluídos além dos limites de suas capacidades de se autodepurarem, antes que o insubstituível ar se torne irrespirável e, como bem disse Bourguy, antes que seja tarde, antes que a Natureza morra, atalhar e reverter, no que for possível, o brutal ECOCÍDIO que o século XX ousou perpetrar é um IMPERATIVO. Que as providências ecoamorosas, para muitos, sejam hipotéticas. Não importa. Que haja interesses supositícios, da parte de muitos, nessa reversão. Não importa. Mas que haja reversão.

       Com o tempo, a Humanidade transmudará pensamentos, palavras e atos hipotéticos em categóricos. E verá, assim espero e confio, que, inconscientemente, produziu um bem. De qualquer sorte, a Humanidade deste terceiro milênio parece já ter tenuemente vislumbrado essa fraterna obrigação e ouvido o grito da Natureza.

       O progresso a qualquer custo demonstrou inequivocamente ser a maior falácia do mundo moderno. A ecopolítica do milênio que está nascendo, inquestionavelmente se apoiará em três pilares: 1°) reavaliação dos princípios que norteiam o Direito, particularmente aqueles voltados para a justiça (social); 2º) reordenação fraterna e eqüidosa da Economia mundial; e 3°) ênfase ao desenvolvimento sustentado, à preservação da Natureza e ao respeito a todas as formas de vida, incluindo os próprios minérios e minerais, que encerram, também, o princípio vital.

       Assim, desejo e oro para que países ricos e pobres possam se unir em um propósito comum: um acordo global harmonioso no qual não haja nem vencidos nem vencedores (como no frescobol), nem dominados nem dominadores; bem como rogo para que seja implementado um programa de desenvolvimento internacional efetivo e concertado com base exclusivamente em tecnologias limpas. Para a efetivação deste sonho sonhado por todos os homens altruístas e de boa vontade, deverão, a exemplo do muro de Berlim, ser derribadas todas as fronteiras fictícias, sejam elas geopolíticas, teológicas, de classe ou ideológicas.

       Enquanto isso, mansa e amorosamente, o mínimo que cada um que já alcançou essa compreensão deve fazer é imitar a rolinha: realizar exaustivamente sua parte. Ao fazê-lo, deverá pôr seu coração, seu conhecimento, sua experiência e sua energia a serviço do D'US DE SEU CORAÇÃO em prol de seus irmãos (minérios e minerais, vegetais, animais e entes humanos). Antes que seja tarde, antes que a Natureza morra. A seguir reproduzo um e-mail que recebi recentemente. Ele fala por si só.


TESTAMENTO DE UM CÃO
(Frank Reinshstein)



Minhas posses materiais são poucas,
mas eu deixo tudo para você...

Uma coleira mastigada em uma das extremidades,
faltando dois botões.
Uma desajeitada cama de cachorro
e uma vasilha de água que
se encontra rachada na borda.

Deixo para você a metade de
uma bola de borracha,
uma boneca rasgada
que você vai encontrar debaixo da geladeira,
um ratinho de borracha sem apito
que está debaixo do fogão da cozinha,
e uma porção de ossos enterrados
no canteiro de rosas
e sob o assoalho da
minha casinha.
 
Além disso,
eu deixo para você
minhas memórias,
que aliás são muitas.
Umas, boas: outras, nem tanto.

Deixo para você
a memória
de dois enormes e meigos olhos cor de mel,
de um nariz molhado
e de choradeiras atrás da porta.

Deixo para você
uma mancha no tapete da sala de estar,
junto à janela,
quando,
nas tardes de inverno,
eu me apropriava daquele lugar,
como se fosse meu,
e me enrolava feito uma bolinha
para pegar um pouco de sol.

Deixo para você
um tapete esfarrapado
em frente de sua cadeira preferida,
o qual nunca foi consertado
com o tipo certo de linha....
Isso é verdade.
Eu o mastiguei todinho
quando ainda tinha cinco meses de idade.
Lembra-se?

Também deixo para você
a memória da primeira surra que levei
quando comi seu celular
e, também,
todo o meu esquecimento ...

Deixo para você
um esconderijo que fiz no jardim,
debaixo dos arbustos,
perto da varanda da frente,
onde eu costumava me esconder
do sol nos dias de verão.
Ele deve estar cheio de folhas agora
e, por isso, talvez,
você tenha dificuldade em encontrá-lo.
Sinto muito!

Deixo também, só para você,
o barulho que eu fazia
ao sair correndo sobre as folhas de abril,
quando vagabundeávamos pelo sítio.

Deixo, ainda,
a lembrança dos momentos matinais,
quando passeávamos juntos
pela margem da lagoa do condomínio,
e você me dava aqueles biscrocks coloridos.
Recordo-me das suas risadas,
porque eu não consegui alcançar
aquele coelho impertinente.

Deixo-lhe como herança
minha devoção,
minha simpatia,
meu apoio
quando as coisas não andavam bem,
meus latidos
quando você levantava a voz aborrecido...
e minha frustração
por você ter ralhado comigo
todas as vezes que eu colocava
o nariz debaixo da cauda.

Eu nunca fui à igreja
e nunca escutei um sermão.
E sem ter dito sequer uma palavra em minha vida,
deixo para você
lições de Paciência,
de Tolerância,
de Amor e
de Compreensão.
 
SUA VIDA TEM SIDO MAIS RICA
PORQUE EU VIVI.

       

DADOS SOBRE O AUTOR

 
Mestre em Educação, UFRJ, 1980. Doutor em Filosofia, UGF, 1988. Professor Adjunto IV (aposentado) do CEFET-RJ. Consultor em Administração Escolar. Presidente do Comitê Editorial da Revista Tecnologia & Cultura do CEFET-RJ. Professor de Metodologia da Ciência e da Pesquisa Científica e Coordenador Acadêmico do Instituto de Desenvolvimento Humano - IDHGE.


OUTROS SITES CONSULTADOS (acesso de março a outubro de 2004)


http://www.tomdamata.org.br/mata/cadeiaalimentar.asp
http://www.unicamp.br/fea/ortega/eco/iuri04.htm
http://www.editorasaraiva.com.br/eddid/ciencias/explorando/5_agua_6.html
http://www.guiaguaruja.com.br/meioambiente/teialimentar.htm
http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI133226-
EI300,00.htmltp://www.escolasverdes.org/pops/participar/individualmente.htm
http://raiodesol.no.sapo.pt/sou_responsavel.htm
http://www.dhnet.org.br/direitos/penamorte/TristaoAthayde.html
http://www.orecifeassombrado.com.br/arq-gole.htm
http://www.capitolint.com/kingpic.htm
http://www.msantunes.com.br/juizo/acamada.htm

 

 

PAZ PROFUNDA

 

 

PAZ      PAZ      PAZ      PAZ    

 

 


 
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