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Notas:
1. Como
observa José Carlos Oliveira Machado em sua dissertação
de mestrado em ensino da língua e literatura portuguesas –
A Peregrinação: Mito(s), Símbolos, Realidade e
Utopia – António
Quadros, na sua obra Portugal, Razão e Mistério (que tanto
temática como estruturalmente converge para a teoria das três
idades de Joaquim de Flora) exemplifica a sua noção de que
a história é um produto teleológico, escatológico
e profético. Segundo
Joaquim de Flora (c. 1132 – 1202), também conhecido por Joaquim
de Fiore, Gioacchino da Fiore, Joaquim de Fiori e Joaquim, o abade de Fiore,
existiriam Três Estádios ou Idades da História, no desenvolvimento
do Mundo e da Igreja de Deus, correspondentes às Três Pessoas
da Santíssima Trindade. A
Primeira Idade correspondeu ao Governo de Deus Pai, e é representada
pelo poder absoluto, inspirador do temor sagrado que perpassa o Velho Testamento.
É correspondente, portanto, ao tempo anterior à revelação
de Jesus Cristo. A Segunda Idade inicia-se pela revelação
do Novo Testamento e pela fundação da Igreja de Cristo, em
que, através de Deus Filho, a Sabedoria Divina, que havia permanecido
escondida da Humanidade, se revela. Apresenta, assim, similitude com a contemporaneidade
de Joaquim de Flora.
A Terceira Idade, que haverá de vir, corresponde ao domínio
da Terceira Pessoa. Será o advento do Império do Divino Espírito
Santo, um tempo novo onde o amor universal e a igualdade entre todos os
membros do Corpo Místico de Deus, isto é entre os cristãos,
serão alcançados. No Império do Divino Espírito
Santo, as leis cristológicas serão finalmente realizadas,
não só na sua Letra, mas, principalmente, no seu Espírito,
e a mensagem que nelas está escondida será finalmente compreendida
e aceita pela Humanidade. Na Terceira Idade não haverá necessidade
de instituições disciplinadoras da fé, já que
esta será universal e baseada diretamente na inspiração
divina, pelo que poderão ser dispensadas as estruturas institucionais
do poder temporal da Igreja. A Sabedoria Divina a todos iluminará
igualmente, ou seja, todos serão igualmente beneficiados por uma
Inteligência Espiritual que capacitará a todos a plena compreensão
dos divinos mistérios. Bem, ao contrário do que afirmei no
segundo verso, isto é mais mistério do que razão!
2. D.
Sebastião, o décimo sexto rei de Portugal, foi cognominado
o Desejado por ter sido o herdeiro esperado da Dinastia de Avis, mais tarde
nomeado o Encoberto ou o Adormecido. Como explica Rodrigo Silva em As
Raízes do Sebastianismo, D.
Sebastião encontra, na conjuntura, espaço e condições
para se tornar o Desejado. São os cristãos-novos portugueses
com sua tradição messiânica, é o seu nascimento
que afasta as pretensões espanholas de unificação mais
uma vez, é a crise que se abala contra o império português,
são as trovas de Bandarra, é a tradição medieval
de o Encoberto, é o misticismo e a religiosidade de Portugal, é
o milenarismo cristão. Enfim, há um terreno prolífero
para o mito. Se se pode dizer que existem 'condições ideais'
para o nascimento de um mito, aí está um: Portugal dos séculos
XVI e XVII. Claro, D. Sebastião, com ou sem mito, não
regressará da ilha
velada em que estava esconso,
montado em um cavalo branco, em uma manhã de nevoeiro,
para independenciar a Nação. Esta luta permanente cabe a cada
português – a todas as portuguesas e a todos os portugueses.
3. Em
entrevista ao jornal Diário de Notícias, em 15 de
julho de 2007, o escritor, argumentista, jornalista, dramaturgo, contista,
romancista e poeta português José de Sousa Saramago (Azinhaga,
Golegã, 16 de novembro de 1922 – Tías, Lanzarote, 18
de junho de 2010), galardoado com o merecido Nobel de Literatura de 1998,
afirmou que a integração entre Espanha e Portugal (federação
ibérica) é uma forte probabilidade, e que os portugueses só
teriam a ganhar se Portugal fosse integrado à Espanha. Eu não
tenho qualquer dúvida sobre esta especulação: não
concordo.
4. A
independência portuguesa é, pois, marcada e qualificada pela
convergência da superestrutura borgonhesa-lusitana e do espírito
cristão, segundo o ideal cisterciense e templário, sob o magistério
de S. Bernardo. (Portugal, Razão e Mistério,
António Quadros, apud Filipe Miguel Dias Cardoso. In:
D. Afonso Henriques: Irmão Confrade da Ordem dos Pobres Cavaleiros
do Templo de Salomão). Ora, se é assim – e é!
– como pensar em uma união ibérica? Uniões físicas
nada significam; geralmente, politicamente forçadas, dão em
água de barrela.
5. Impenetrabilis,
que, por mérito, para todos nós, poderá se tornar penetrabilis.
6. S.'.
B.'.
= Svmmvm Bonvm.
7.
Para compreender concertada e adequadamente esta afirmação,
recomendo a leitura da obra As Mansões Secretas da Rosacruz,
de autoria de Raymond Bernard.
Páginas
da Internet consultadas:
http://www.quintadesantoandre.net/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Joaquim_de_Fiore
http://www.klepsidra.net/
klepsidra2/sebastianismo.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/
Sebasti%C3%A3o_de_Portugal
http://opiniao-observador.blogspot.com/
2007/09/trivialidades-3-jos-saramago-unio.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/
Jos%C3%A9_Saramago
https://repositorio.utad.pt/bitstream/
10348/77/1/msc_jcomachado.pdf
http://urgrund.blog.com/
Música de fundo:
Lisboa Antiga
Compositores: José Galhardo, Amadeu do Vale & Raul Portela
Interpretação: Amália Rodrigues
Fonte:
http://carlosqueirozpt.multiply.com/
journal/item/400/400