Um
Pouco de História
(Perdoar? Sim, sempre. Esquecer? Não, nunca!)
Um
dos períodos mais negros da História da Humanidade foi
o da Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945), que ceifou milhões
de vidas em todo o Planeta. Entretanto, tudo deve ser perdoado –
melhor, se puder ser compreendido – mas, nada deverá
ser esquecido, para que não seja repetido. Marcada não
só pela ambição política e ideológica
e pelo desejo de expansão geográfica, foi também
uma guerra em que se cometeram as maiores atrocidades contra o ser-humano-aí-no-mundo,
quer por sua condição racial, quer por suas deficiências
físico-mentais congênitas, quer por suas opções
religiosa ou política, quer por sei lá o quê.
E, por outro lado, 6 e 9 de agosto de 1945 também são
datas que não podem ser esquecidas!
Após a derrota da Alemanha Nazista, o mundo ficou estarrecido
diante das revelações de grandes tragédias, como
o Holocausto e os campos de concentração e de extermínio.
Para a moral deontológica dos países aliados não
bastava a vitória, era preciso punir os crimes de guerra. A
idéia desta punição já era cogitada em
1944, bem antes do fim da guerra, por Winston Churchill e seus aliados.
Sob o espectro das atrocidades praticadas contra a Humanidade pelo
regime nazista, ergueu-se, em 1945, o Tribunal de Nuremberg. Criado
por um acordo assinado em Londres, em agosto de 1945, entre os Estados
Unidos, a Grã-Bretanha, a União Soviética e a
França, o Tribunal Internacional tinha como finalidade julgar
os crimes cometidos durante a guerra pelos nazistas, considerados
pelas forças vencedoras como inimigos da Humanidade, e pelos
Iniciados como os representantes mais cruéis e hediondos da
Grande Loja Negra, que já pintaram por aqui.
O Tribunal Militar Internacional (em inglês: International
Military Tribunal – IMT) resultou em uma série
de 13 julgamentos, entrando para a História com o nome de Tribunal
de Nuremberg, pelo fato de os julgamentos terem sido realizados na
cidade de Nuremberg, na Alemanha, de 1945 a 1949. Dentre os diversos
julgamentos, o mais famoso foi o do Tribunal Militar Internacional
versus Hermann Göring, conhecido como o Grande Julgamento
de Nuremberg. Nos julgamentos, os chefes da Alemanha de Hitler foram
acusados formalmente de crimes contra o Direito Internacional, sendo
alguns deles, responsabilizados por provocarem deliberadamente a Segunda
Guerra Mundial e cometido atrocidades durante a conquista militar
de territórios, oprimindo, torturando e matando a população
inocente. Além de assassínio, quase todos foram acusados
de escravização, de pilhagem e de extermínio
programado de etnias religiosas, nomeadamente judeus (principais vítimas
do Holocausto), ciganos, eslavos, homossexuais e outras minorias étnicas
e grupos minoritários, naquilo que, quanto aos judeus, ficou
particularmente conhecido como a Solução Final (em alemão:
Die Endlösung),
chefiada por Heinrich Himmler (1900 – 1945), Reichsführer
da Schutzstaffel
(), cujo
lema era Meine
Ehre heißt Treue (Minha Honra chama-se Lealdade).
Enquanto
isto, no Vaticano, Eugenio Maria Giuseppe Giovanni Pacelli (1876 –
1958), depois Papa Pio XII, se especializava em concordatas! A sua
ação durante a Segunda Guerra Mundial tem sido alvo
de debates e de polêmicas, e, por isto, o processo de sua beatificação
está praticamente parado há anos, sobretudo devido à
controvérsia sobre suas relações secretas, hoje
públicas, com a Alemanha Nazista. Por isto, o Papa abdicador
Bento XVI não assinou o decreto de beatificação
de Pio XII, para não comprometer as (já frágeis)
relações entre católicos e judeus. Pio XII foi
o único Papa do século XX a exercer o Magistério
Extraordinário da Infalibilidade Papal – invocado por
Pio IX – quando definiu o dogma da Assunção de
Maria, em 1950, na sua Encíclica Munificentissimus
Deus. Mas, caramba, infalibilidade? De quem? Papal? Quem
é infalível? Para que alguém pudesse ser infalível
seria necessário que soubesse tudo de tudo; logo, como é
impossível que alguém saiba tudo de tudo, o que quer
que seja absolutizável ou o que tenda a ser absolutizante estão
equivocados na origem. Nesta matéria, a coisa já começa
troncha quando se admite que Maria tenha sido a Mãe de Deus
(Mater Dei)!
A Mãe do Mestre Jesus, não há dúvida:
Maria foi. Mas, não me consta que Jesus, em qualquer momento
de sua existência terrena, tenha dito que era Deus. Entre outros
motivos, isto foi urdido, tramado e arquitetado para minimizar a posição
de Maria de Magdala no âmbito do Catolicismo. É
em vosso interior que está o Filho do Homem. (Evangelho
de Maria de Magdala).
Papa
Pio XII
O
Tribunal de Nuremberg representou um marco no Direito Internacional
contemporâneo, que discutiu juridicamente, pela primeira vez,
entre outras controvérsias, até onde o homem poderia
ir nas suas experiências científicas com vidas humanas.
Responsabilidades foram imputadas aos antigos comandantes nazistas.
Do ponto de vista jurídico, princípios e elementos fundamentais
do Direito Penal foram negados, como o da legalidade, pois a incriminação
de fatos pretéritos, quando foram praticados pelos nazistas,
não eram considerados crimes, portanto, a condenação
por enforcamento imposta aos acusados, sem direito a qualquer recurso,
é vista pelo Direito, como pena arbitrária.
Visto por muitos como um tribunal dos vencedores sobre os vencidos,
o que lhe dá um caráter de improviso e arbitrariedade,
o Tribunal de Nuremberg não deixou de ser uma conquista jurídica
das nações e dos oprimidos, que diante de um regime
totalitário e de uma liderança opressora, determinou
a punição dos seus algozes. Mais do que a revanche dos
aliados sobre os inimigos de guerra, Nuremberg, em alguns aspectos,
representou a justiça da Deontologia (na Filosofia Moral contemporânea,
a Deontologia é uma das teorias normativas, segundo a qual
as escolhas são moralmente necessárias, proibidas ou
permitidas, portanto, está incluída entre as teorias
morais que orientam nossas escolhas sobre o que deve e o que não
ser feito), que executou a maioria dos seus condenados, justiçando
moralmente milhares de vidas desaparecidas nos campos de batalha,
nas prisões nazistas, nos campos de concentração,
nas câmaras de gás e nas valas comuns dos esqueletos
esquecidos e sem nome. Todos nossos irmãos. Entretanto, sob
nenhum aspecto e sob qualquer justificativa-alegação
eu subscrevo a pena capital. A pena capital não mata só
a forma, mas, apocopa também a possibilidade de compreensão
libertadora e de compensação educativa, e o sentenciado
à morte, quando e se retorna, volta exatamente vinculado à
mesma faixa-oitava vibratória, e, portanto, com as mesmas inclinações,
gostos, tendências, preferências, propensão e vocação.
Não se tem notícia de nenhum nazista convicto que, de
fato, tenha se arrependido, e o suicídio de muitos deles –
Goebbels (Magda e Joseph), Himmler e Göring, por exemplo –
é a maior prova disto, pois, neste caso, suicidar-se é
não concordar com o pensamento de aqueles que venceram e que
os julgariam. Como diria Sherlock Holmes (que não disse), isto
é elementar,
meu caro Watson!
Dentre os 24 ex-líderes da Alemanha nazista indiciados, 21
sentaram-se no banco dos réus. Constavam nomes que, em outros
tempos, representavam o terror para muitos que viviam sob a sua opressão.
Entre eles, estavam Hermann Göring (que cometeu suicídio
na prisão ingerindo uma cápsula de cianeto de potássio,
em 15 de outubro de 1946), Rudolf Hess (condenado à prisão
perpétua em Spandau, morreu em 17 de agosto de 1987) e Joachim
von Ribbentrop (condenado à morte por crimes de guerra e enforcado
em 16 de outubro de 1946).
Todavia,
se os principais próceres nazistas foram julgados e expostos
publicamente, os executores de suas ordens, em sua grande maioria,
escaparam ilesos, pois, foi impossível capturar todos eles,
apesar do esforço do Ha-Mosad
le-Modi`in u-le-Tafqidim Meyuhadim, o Instituto para Inteligência
e Operações Especiais (serviço secreto
do Governo de Israel, com sede em Tel Aviv) e de Simon Wiesenthal
(1908 – 2005), um sobrevivente de campos de concentração
durante a Segunda Guerra Mundial que dedicou a sua vida a localizar,
identificar e levar à justiça criminosos nazistas. Simon
Wiesenthal foi responsável pela prisão de mais de 1100
criminosos nazistas, como foi o caso de Adolf Eichmann, alto oficial
nazista que organizava o transporte de judeus para diferentes campos
de extermínio na Europa, tendo ficado, por isto, conhecido
como o executor-chefe do Terceiro Reich. Encontrado por ele,
Eichmann foi seqüestrado na Argentina pelo Mossad,
e, em 1962, levado para Israel para ser julgado.
Enfim,
será que a Humanidade aprendeu a lição? Inteiramente,
acho que não. Talvez, os maiores exemplos contemporâneos
desta incompreensão sejam o do Presidente-general Kim Jong-un
e o do Governo Comunista da República Popular Democrática
da Coréia (Coréia do Norte).