Política
é a arte que se ocupa da pólis.
A
forma correta de Governo é de apenas um, de dois ou, quando muito,
de alguns, se é que esta forma correta possa se realizar.
Um rei, para se manter no poder,
não deve recorrer à força das mãos nem ao vigor
do seu corpo, mas à força da sua inteligência e da sua
alma.
Da
ciência política e do político, da ciência real
e do homem real, façamos uma só unidade.
O
esforço de toda ciência é, em qualquer domínio,
eliminar o mais possível os maus elementos conservando os elementos
úteis e bons e – quer sejam semelhantes, quer sejam dessemelhantes
– fundi-los todos em uma obra que seja perfeitamente una por suas
propriedades e estrutura.
O maior só é maior
em relação ao menor, e o menor só é menor em
relação ao maior. Negar à natureza do maior, qualquer
relação que não seja com a natureza do menor será
excluí-lo de toda relação com a justa medida,3
e aquilo que se situa aquém ou além da justa medida é
uma realidade desagradável; só preservando a medida é
que é assegurada a bondade e a beleza. Assim, aquilo que ultrapassa
o nível da medida é exatamente o que denuncia a diferença
entre os bons e os maus.
Somente
ao que há de mais divino convém conservar sempre as mesmas
qualidades, permanecer no mesmo estado e ser sempre o mesmo. A natureza
corpórea não participa desta ordem.
A
rotação do Universo ora se faz em um sentido, ora em outro.
Ao se dar a mudança de sentido, é fatal que a morte faça
as suas maiores devastações entre os seres vivos, reduzindo,
especialmente, o gênero humano a um número ínfimo de
sobreviventes.
Tudo
o que fazemos é imitar o Universo, seguindo-O, alternando, na eternidade
do tempo, a forma de nascer e de viver.
Os
políticos, sendo, por nascimento, semelhantes aos seus súditos,
aproximam-se deles, ainda mais, pela educação e pela instrução
que recebem.
O
ser-no-mundo conhece todas as coisas como sonho, mas, à luz do despertar,
se apercebe que nada sabe.
Quem
parte de uma opinião falsa jamais poderá alcançar uma
porção da Verdade4
e chegar à Sabedoria.5
Tudo
o que fazemos ou adquirimos nos serve ou como meio para uma ação
ou para nos prevenir de algum sofrimento.
Quando
nos apercebermos de que um certo número de coisas possui algo em
comum, não devemos abandoná-las antes de haver distinguido,
naquilo que têm em comum, todas as diferenças que constituem
as espécies; e, com relação às dessemelhanças
de todas as espécies, que não podemos observar em uma multidão,
não devemos nos desencorajar nem delas nos separar, antes de havermos
reunido, em uma única similitude, todos os traços de semelhança
que elas encerram, reunindo-as na essência de um gênero.
As
realidades incorpóreas – que são as maiores e as mais
belas – revelam-se à razão e somente à ela.
O
que há de estranho resulta de nossa ignorância.
Em
toda cidade na qual a força está nas mãos de um pequeno
número haverá uma Aristocracia ou uma Oligarquia. Apenas na
Democracia é indiferente que a massa domine aqueles que têm
fortuna, com ou sem seu assentimento, ou que as leis sejam estritamente
observadas (ou desprezadas).
Aquele
que peca contra a arte política é odioso, mau e injusto.
Os
políticos sensatos podem fazer tudo, sem risco de erro, desde que
observem esta única e grande regra: distribuir, em todas as ocasiões,
entre todos os cidadãos, uma justiça perfeita, plena de razão
e de ciência, conseguindo não somente preservá-la, mas,
também, na medida do possível, torná-la melhor e mais
concertada.
Uma
vez estabelecidas as leis, o Governo jamais deverá agir contra as
leis escritas ou contra os costumes nacionais.
Se
um chefe único age sem levar em conta as leis, os costumes e a letra
escrita, a pretexto de assim levar a efeito o bem maior, quando, na verdade,
são a cobiça e a ignorância que inspiram sua ação,
não merecerá ele, sempre e em qualquer parte, o nome de tirano?
Um
monarca digno governará sempre com virtude e ciência, distribuindo
a todos, imparcialmente, justiça e eqüidade, sem injuriar ou
maltratar a quem lhe aprouver, em todas as ocasiões. Um monarca digno
governará e regerá sempre tendo por divisa a absoluta retidão.
É
na Democracia que se vive melhor.
Quando
um tipo de virtude é diferente, em um certo sentido, de um outro
tipo de virtude, oferece, com efeito, bela matéria de contenda aos
trapaceiros do discurso, que apelam para as opiniões populares.
Se
algo realmente verdadeiro e firme se estabelece nas almas, a propósito
do Belo, do Bom e do Justo e de seus opostos, algo de divino se realizou
em uma raça demoníaca.
A
verdadeira ação política deve abranger todo o povo,
assegurando a todos, sem falta ou desfalecimento, toda a felicidade de que
seja possível desfrutar.
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Outros
Fragmentos
Os
males não cessarão para os humanos antes que a raça
dos puros e autênticos Filósofos chegue ao poder, ou antes
que os chefes das cidades, por uma divina graça, ponham-se a filosofar
verdadeiramente. (Platão,
Carta Sétima).
Na
cidade, cada
um deve se ocupar de
uma única tarefa, aquela para a qual é melhor dotado por natureza.
(Platão, A República).
O
que
dá nascimento a uma cidade é, creio, a impotência de
cada indivíduo de se bastar a si próprio e a sua necessidade
de uma multidão de coisas. Assim, pois, um homem traz consigo outro
homem para determinado emprego e outro ainda para um outro emprego, e a
multiplicidade das necessidades reúne em uma mesma residência
grande número de associados e de auxiliares; a este estabelecimento
comum damos o nome de cidade. (Platão, A República).
Sois
todos irmãos, vós que fazeis parte do Estado. (Platão,
A República).
É
impossível combinar bem duas coisas sem uma terceira:
é preciso haver entre elas um elo que as aproxime, e o elo melhor
é o que estabelece a mais perfeita unidade entre o que ele une e
ele mesmo. (Platão,
Timeu).
Jamais
se deve proceder contra a justiça, nem mesmo retribuir a injustiça
com a injustiça, como pensa a multidão, pois o procedimento
injusto é sempre inadmissível. (Platão,
Críton).
O
Ser e o Uno pertencem àquilo mesmo que supusemos, a saber, o Um-que-é.
Será então, forçoso constituir um todo este Um-que-é,
vindo a ser, justamente, suas partes tanto o Uno como o Ser.
(Platão, Parmênides).
Aqueles
dentre vós, ó homens, são sapientíssimos os
que, como Sócrates, tenham reconhecido que, em realidade, não
têm nenhum mérito quanto a Sabedoria. (Platão,
Apologia de Sócrates).