2010.
Eleições presidenciais no Brasil. Não há momento
mais propício para se dar uma rápida espiada, mas nem tanto,
no que particularmente pensava Aristóteles (384 a.C. – 322
a.C.) sobre a política, o Estado, o Governo e o cidadão, pensamento
que difere de forma inconciliável com os ensinamentos de Platão
(de quem Aristóteles foi aluno) e de Sócrates, que falou nos
Diálogos platônicos. Aristóteles chega ao limite de
escrever nesta obra que todas
as palavras que neste livro (A
República) Platão atribui a Sócrates
são cheias de superfluidades pomposas e de novidades problemáticas,
cuja apologia, talvez, fosse difícil de ser feita. Tenha
a santa paciência, Senhor Aristóteles; eu não posso
concordar com este exagero!
Seja
como for, é a isto que este despretensioso e incompleto estudo fragmentário
se propõe: apresentar uma breve coleção de excertos
da obra A Política,
de Aristóteles, ligeira e didaticamente editados, em alguns poucos
casos, mas sem qualquer alteração de seu conteúdo original,
para que pudessem concertadamente caber neste modelo de estudo. Acredito
que vocês acharão que o texto ficou legal e maneirinho, ainda
que, como eu, possam discordar de algumas postulações aristotélicas
que selecionei para compor este estudo. Mas, mesmo discordando, devemos
dialeticamente refletir sobre elas. Agora, algumas animações
têm um sonzinho incluído, mas escondido; para ouvi-lo, por
favor, aponte o mouse para todas elas e deixe-o apontado.
O
texto é fácil, por isto não o comentarei. Todavia,
para evitar comentá-lo, não incluirei no estudo propriamente
dito certos absurdos e preconceitos aristodelirantes,
dos quais discordo inteiramente, como, por exemplo, os que foram resumidos
neste abecedário, que eu, sinceramente, gostaria de não tê-lo
feito. Teve a coragem de escrever Aristóteles: a) uma
família completamente organizada é composta de escravos e
de pessoas livres; b)
o escravo é uma propriedade instrumental animada, como uma espécie
de agente preposto a todos os outros meios; c)
o senhor
não é senão o proprietário de seu escravo, mas
não lhe pertence; o
escravo, pelo contrário, não somente é destinado ao
uso do senhor, como também dele é parte; d)
o homem que, por
natureza, não pertence a si mesmo, mas a um outro, é escravo
por natureza; e)
mais vale comandar
homens do que animais; f)
o uso dos escravos
e dos animais é mais ou menos o mesmo, e tiram-se deles os mesmos
serviços para as necessidades da vida; g)
os indivíduos
inferiores devem ser submissos; h)
há homens
feitos para a liberdade e outros feitos para
a servidão, os quais, tanto por justiça quanto por interesse,
convém que sirvam; i)
a própria
força é uma espécie de mérito; j)
o governo doméstico
é uma espécie de monarquia: toda casa deve ser governada por
uma só pessoa; k)
em todas as espécies,
o macho é evidentemente superior à fêmea, e a espécie
humana não é exceção; l)
somente entre os
bárbaros a mulher e o escravo estão no mesmo nível
(ainda que Aristóteles,
curiosamente, considerasse um despotismo marital o poder do marido sobre
a mulher); m) a
Natureza fez nascer os animais domesticados para o serviço e para
a alimentação; os animais selvagens,
pelo menos a maior parte, para a alimentação e para diversas
utilidades, tais como o vestuário e os outros objetos que se tiram
deles;
n)
usa-se a guerra
contra os homens que, tendo nascido para obedecer, se recusam a fazê-lo;
o) o
pai de família governa sua mulher como cidadã e seus filhos
como súditos; p) o
macho está acima da fêmea; e o mais velho, quando atinge o
termo de seu crescimento, está acima do mais jovem;
q) qualquer que
seja a idade da mulher, o homem deve conservar sua superioridade;
r) se exigirmos
dos escravos que tenham virtudes, eles não diferirão das pessoas
livres; s)
o escravo
não deve, de modo algum, deliberar; a mulher tem direito a isto,
mas pouco; e a criança, menos ainda; t)
a
temperança, a força e a justiça não devem ser,
como pensava Sócrates, as mesmas em um homem e em uma mulher; a força
de um homem consiste em se impor; a força de
uma mulher está em vencer a dificuldade de obedecer;
u)
um
modesto silêncio é a honra da mulher (Górgias,
apud Aristóteles), ao passo que o silêncio
não fica
bem no homem; v)
ao
escravo cabe não faltar aos seus deveres nem por má conduta
nem por covardia; w)
os
estrangeiros e os escravos não são 'cidadãos', mas,
sim, 'habitantes'; x)
mesmo
a mulher, do mesmo modo que o escravo, pode possuir boas qualidades, embora
a mulher seja um ente relativamente inferior e o escravo um ser totalmente
vil (esta aristotelice aparece
na sua Arte Poética); y)
alguns
seres, quando nascem, estão destinados a obedecer; outros a mandar;
e z)
a
coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas
as outras. Isto é
apenas um pequeno rol de absurdos que mostra bem o caráter preconceituoso
de Aristóteles, que entre outras aversões, implicou até
com os artesãos do seu tempo: Antigamente,
entre alguns povos, o artesão e o operário estavam no mesmo
pé que o escravo e o estrangeiro. Ainda acontece o mesmo atualmente
em muitos lugares; mas jamais um Estado bem constituído fará
de um artesão um cidadão. Caso isto ocorra, pelo menos não
devemos esperar dele o civismo: esta virtude não se encontra em toda
parte; ela supõe um homem não apenas livre, mas cuja existência
não o faça precisar se dedicar aos trabalhos servis. Ora,
que diferença há entre os artesãos ou outros mercenários
e os escravos, a não ser que estes pertencem a um particular e aqueles
ao público? Por pouco que prestemos atenção a ela,
esta verdade se manifestará; o desenvolvimento só pode torná-la
mais evidente. Eu só
tenho uma palavra para tudo isto: incompreensão! Mas, nem tudo é
preconceito e aversão em Aristóteles, pelo contrário;
se fosse, eu não perderia meu tempo em estudá-lo (ainda que,
de longe e sem comparação possível, eu prefira Platão
e o pensamento de Sócrates por ele difundido em seus Diálogos).
Estava
equivocado Aristóteles: a primeira das
qualidades humanas não é a coragem nem qualquer outra, mas,
sim, irrefragavelmente, a Liberdade –
Prima
Prædicamenta – pois, sem Liberdade
pensamos ser sem Ser, admitimos
viver sem Viver e realmente morremos
sem Morrer. Como sentenciou Richard (Gaivota) Bach, a
única e verdadeira lei é aquela que nos conduz à liberdade.
Mas, isto só poderá ser compreendido Iniciaticamente porque
a simples razão é insuficiente!
Mas,
seja como for, idiossincrasias estagiritas à parte, a obra aristotélica
A Política
oferece diversos pontos para reflexão, e os fragmentos que selecionei,
certamente, de uma forma ou de outra, contribuirão para que todos
nós possamos nos dedicar a fazer uma escolha sensata e honesta em
quem votar em outubro para presidente da república. Se depois não
der certo, fazer o quê? Pelo menos, honestamente, nós nos esforçamos
para escolher o melhor postulante à suprema magistratura da Nação.
Melhor do que isto só morango com chocolate e, depois, água
frappé.
Mas há quem prefira briochinho com meleca!
Fragmentos
de A Política
Todas
as ações dos homens têm por fim aquilo que consideram
um bem.
Não podemos conhecer melhor
as coisas compostas do que decompondo-as e analisando-as até seus
mais simples elementos.
A
família é a sociedade cotidiana formada pela natureza e composta
de pessoas que comem, como diz Carondas, o mesmo pão, e se esquentam,
como diz Epimênides de Creta, com o mesmo fogo.
A
sociedade, que se formou da reunião de várias aldeias constitui
a Cidade, tem a faculdade de se bastar a si mesma, sendo organizada não
apenas para conservar a existência, mas, também, para buscar
o bem-estar. Esta sociedade, portanto, também está nos desígnios
da Natureza, como todas as outras que são seus elementos.
A
natureza de cada coisa é precisamente seu fim.
Bastar-se
a si mesma é uma meta a que tende toda a produção da
Natureza, e é também o mais perfeito Estado. É, portanto,
evidente que toda Cidade está em a Natureza e que o homem é
naturalmente feito para a sociedade política. Aquele que, por sua
natureza e não por obra do acaso, existisse sem nenhuma pátria
seria um indivíduo detestável, muito acima ou muito abaixo
do homem, segundo Homero: 'Um ser sem lar, sem família e sem leis.'
Aquele que fosse assim por natureza só respiraria a guerra, não
sendo detido por nenhum freio e, como uma ave de rapina, estaria sempre
pronto para cair sobre os outros. Assim, o homem é um animal cívico...
O
todo existe necessariamente antes da parte. As sociedades domésticas
e os indivíduos não são senão as partes integrantes
da Cidade, todos subordinados ao corpo inteiro, todos distintos por seus
poderes e suas funções, e todos inúteis quando desarticulados,
semelhantes às mãos e aos pés que, uma vez separados
do corpo, só conservam o nome e a aparência, sem a realidade,
como se fossem mãos e pés de pedra. O mesmo ocorre com os
membros da Cidade: nenhum pode se bastar a si mesmo.
O
que convém ao todo convém também à parte; o
que convém à alma convém igualmente ao corpo.
Assim
como o homem civilizado é o melhor de todos os animais, aquele que
não conhece nem justiça nem leis é o pior de todos.
Não há nada mais intolerável
do que a injustiça armada. Por si mesmas, as armas e a força
são indiferentes ao bem e ao mal: é o princípio motor
que qualifica seu uso. Servir-se delas sem nenhum direito e unicamente para
saciar paixões rapaces ou lúbricas é atrocidade e perfídia.
Seu uso só é lícito para que se faça a justiça.
O discernimento e o respeito ao Direito formam a base da vida social e os
juízes são seus primeiros órgãos.
O
homem, segundo a Natureza, é aquele que é
bem constituído de alma e de corpo. Se nas coisas viciosas e depravadas
o corpo não raro parece comandar a alma, é certamente por
erro e contra a Natureza.
A Natureza nada fez de imperfeito
nem de inútil.
O
homem quer acumular sem fim e sem medida. (Sólon,
apud Aristóteles).
Não
foi a Natureza que produziu o comércio, que consiste em comprar para
revender mais caro. A troca é um expediente necessário para
proporcionar a cada um a satisfação de suas necessidades.
Entretanto, a troca não era necessária na sociedade primitiva
das famílias, onde tudo era comum. Tornou-se necessária apenas
nas grandes sociedades e após a separação das propriedades...
E foi esse comércio que fez com que se imaginasse e se criasse o
expediente da moeda.
O
dinheiro é somente uma ficção; o seu valor é
o que a lei lhe dá... Todos, e principalmente os comerciantes, amam
o dinheiro, não julgam ter o suficiente e sempre acumulam. De um
ao outro, é apenas um passo.
Alguns
acham que é preciso não somente conservar o que se tem, mas,
também, multiplicar o dinheiro ao infinito. O princípio desta
disposição de espírito é que eles só
pensam em viver e não em 'bem viver' – paixão que não
tem limites e não refreia de modo algum a escolha dos meios... O
que há de mais odioso, sobretudo, do que o tráfico de dinheiro,
que consiste em dar para ter mais, e, com isso, desvia a moeda de sua destinação
primitiva? A moeda foi inventada para facilitar as trocas; a usura, pelo
contrário, faz com que o dinheiro sirva para se aumentar a si mesmo;
assim, em grego, lhe demos o nome de 'tokos', que significa progenitura,
porque as coisas geradas se parecem com as que as geraram. Ora, neste caso,
é a moeda que torna a trazer moeda – gênero de ganho
totalmente contrário à Natureza.
O
que constitui propriamente o cidadão – sua qualidade verdadeiramente
característica – é o direito de voto nas Assembléias
e de participação no exercício do poder público
em sua pátria. E é, sobretudo, na Democracia que um cidadão
é encontrado. Portanto, a definição de cidadão
é suscetível de maior ou menor extensão, conforme o
gênero do governo. Enfim, é cidadão aquele que, no país
em que reside, é admitido na jurisdição e na deliberação.
Vemos
pessoas que alcançam a magistratura por meios ilegais, e não
deixamos, porém, de chamá-los de magistrados, ainda que sejam
magistrados ilegítimos.
As
obras da virtude são impraticáveis para quem quer que leve
uma vida mecânica e mercenária.
Se, por um lado, é impossível
que o Estado seja composto inteiramente de homens perfeitos, por outro,
é preciso que cada um execute o melhor possível suas funções.
Só se aprende começando
por obedecer. Não é possível bem comandar se antes
não se tiver obedecido. Ora, estes são dois gêneros
diferentes de mérito, e é preciso que um bom cidadão
adquira ambos: saiba obedecer e esteja em condições de comandar...
O mérito especial do que comanda é a prudência.
A
vida é uma espécie de dever para aqueles a quem a Natureza
a deu e, quando não é excessivamente cumulada de misérias,
é um motivo suficiente para permanecer em sociedade. Ela conserva
ainda os encantos e a doçura mesmo nos estados de sofrimento, e quantos
males não suportamos para prolongá-la! E não é
apenas para 'vivermos juntos', mas, sim, para 'bem vivermos juntos' que
se fez o Estado.
A
verdadeira Cidade (a que não o é somente de nome) deve estimar
acima de tudo a virtude. Sem isso, não será mais do que uma
liga ou uma associação de armas, diferindo das outras ligas
apenas pelo lugar, isto é, pela circunstância indiferente da
proximidade ou do afastamento respectivo dos membros. Sua lei não
é senão uma simples convenção de garantia, capaz,
diz o sofista Licefron, de mantê-los no dever recíproco, mas
incapaz de torná-los bons e honestos cidadãos... O fim da
sociedade civil é, portanto, viver bem; todas as suas instituições
não são senão meios para isto, e a própria Cidade
é apenas uma grande comunidade de famílias e de aldeias em
que a vida encontra todos estes meios de perfeição e de suficiência.
É isto o que chamamos uma vida feliz e honesta. A sociedade civil
é, pois, menos uma sociedade de vida comum do que uma sociedade de
honra e de virtude.
Não
é pelos bens exteriores que se adquirem e conservam as virtudes;
mas, sim, é pelos talentos e pelas virtudes que se adquirem e conservam
os bens exteriores, quer se faça consistir a felicidade no prazer,
na virtude ou em ambos, os que têm inteligência e costumes excelentes
os alcançam mais facilmente... Os bens exteriores são apenas
instrumentos úteis, conformes a seu fim, mas semelhantes a qualquer
outro instrumento, cujo excesso, necessariamente, é nocivo ou, pelo
menos, inútil a quem os manipula. Os bens da alma, pelo contrário,
não são apenas honestos, mas também úteis, e
quanto mais excederem a medida comum, mais terão utilidade.
Deus
é feliz não por algum bem exterior; mas por Si mesmo e por
Seus atributos essenciais.
A
felicidade é muito diferente da boa fortuna. Vêm-nos da fortuna
os bens exteriores; mas ninguém é justo ou prudente graças
a ela nem por seu meio.
É impossível que um
Estado seja feliz se dele a honestidade for banida. Não há
nada de bom a esperar dele, nem tampouco de um particular, sem a virtude
e a prudência; a coragem, a justiça e a prudência têm
no Estado o mesmo caráter e a mesma influência que nos particulares.
Enfim, a melhor existência para cada um em particular e para todos
os Estados é a virtude.
Os
que colocam a felicidade do homem nas riquezas só consideram felizes
os Estados ricos. Os que a colocam no despotismo e na força pretendem
que a suprema felicidade do Estado é dominar vários outros.
Os que não vêem outra felicidade para o homem que não
a virtude chamam feliz apenas o Estado em que a virtude é honrada.
O
melhor Governo é aquele no qual cada um encontre a melhor maneira
de viver feliz... E assim, não existe Estado feliz por si mesmo senão
o que se constitui sobre as bases da honestidade.
Considerando
que a felicidade consista em ação, não é exato
elevar a inação acima da vida ativa, e as ações
dos homens justos e moderados devem ter sempre fins honestos... Sem qualquer
dúvida, a fonte da felicidade é a mesma para os Estados e
para os particulares.
O legislador deve cuidar, principalmente,
de formar pessoas honestas, procurar saber por quais exercícios tornará
honestos os cidadãos e, sobretudo, conhecer bem qual é o ponto
capital da vida feliz.
O
menos bom está sempre subordinado ao melhor por sua destinação.
Todas
as nossas ações se dividem em ações necessárias,
ações úteis ou ações honestas. Devemos
estabelecer entre elas a mesma ordem que entre as partes de nossa alma e
seus atos, ou seja: subordinar a guerra à paz, o trabalho ao repouso
e o necessário ou útil ao honesto. Um legislador deve levar
tudo isto em consideração ao escrever suas leis. Deve, portanto,
respeitar a distinção das partes da alma e de seus atos; deve
ter especialmente em vista o que há de melhor, assim como o fim que
deseja alcançar; deve conservar a mesma ordem na divisão da
vida e das ações; deve dispor tudo de tal maneira que se possa
tratar dos negócios e guerrear, mas que se prefira sempre o repouso
aos negócios, a paz à guerra, e as coisas honestas às
coisas úteis e até às necessárias. É
de acordo com este plano que se deve dirigir a educação das
crianças e a disciplina de todas as idades que dela precisam.
Um
legislador deve imprimir profundamente no espírito de seu povo que
o que é bom para cada um em particular o é também para
o Estado... Sendo o fim o mesmo tanto para a vida pública quanto
para a vida privada, a perfeição dos Estados não pode
ser definida de modo diferente da dos particulares.
É
preciso coragem e constância para os negócios, filosofia para
o lazer, temperança e justiça em ambos os tempos. Na paz e
no repouso, é comum que a prosperidade nos torne indolentes. Portanto,
os que parecem felizes e que gozam de tudo o que pode contribuir para a
felicidade – semelhantes aos habitantes das Ilhas Afortunadas de que
falam os poetas – precisam mais do que os outros de justiça
e de temperança. Quanto mais opulência e lazer tiverem, mais
precisarão de filosofia, de moderação e de justiça,
e o Estado que quiser ser feliz e florescente deve inculcar estas virtudes
o máximo possível. Se há algo de ignóbil em
não saber gozar das riquezas, há bem mais ainda em fazer mau
uso delas, quando só se tem isso para fazer. É revoltante
que homens, aliás, dignos de estima nos trabalhos e nos perigos da
guerra, se comportem como escravos no descanso e na paz.
Quanto
mais os costumes são bons, mais o Governo também o é.
Todo
cidadão deve se convencer ou ser convencido de que ninguém
é de si mesmo, mas que todos pertencem ao Estado, que cada um é
parte, e que, portanto, o Governo de cada parte deve naturalmente ter como
modelo o Governo do todo.
A
música é o princípio de todos os encantos da vida.
O
Governo é o exercício do poder supremo do Estado. Este poder
só pode estar ou nas mãos de um só, ou da minoria,
ou da maioria das pessoas. Quando o monarca, a minoria ou a maioria não
buscam, uns ou outros, senão a felicidade geral, o Governo é
necessariamente justo. Mas, se ele visa o interesse particular do príncipe
ou dos outros chefes, há um desvio. O interesse deve ser comum a
todos; se não o for, não são mais cidadãos.
O pior dos governos é a Tirania,
pois o tirano comanda em seu próprio interesse e não no de
seus súditos, não raro melhores do que ele. Geralmente, homens
livres não podem suportar de boa vontade tal aviltamento.
Não
há Democracia em uma nação na qual poucos homens livres
comandam um maior número de pessoas que não o são.
A Democracia se divide ela própria em várias espécies,
a saber: 1ª) a primeira espécie é aquela em que os poderes
se distribuem segundo as posses até certa mediocridade, de modo que
são admitidos todos aqueles que chegam a este ponto, com exceção
dos que ficam abaixo e dos que se arruinaram. Quando os lavradores e outras
pessoas de fortuna medíocre são admitidos, o Governo prossegue
de acordo com a lei; por um lado, trabalhando, eles têm de que viver,
mas por outro não têm condições de permanecer
sem fazer nada. De modo que, uma vez feita a Constituição,
só se reúnem para negócios urgentes e indispensáveis.
O acesso é aberto a todos, assim que adquiram a renda prescrita pelas
leis. Se alguém fosse excluído, seria a oligarquia; de resto,
se não se tem nenhuma renda, é quase impossível ter
o lazer suficiente para se ocupar da coisa pública. Esta admissibilidade
de todos os proprietários é a primeira espécie de Democracia;
2ª) a segunda espécie reconhece-se pelo direito de voto nas
eleições que se realizam na Assembléia; todos são
admitidos, se seu nascimento for digno, mas somente são elegíveis
os que têm meios de viver sem trabalhar. As leis são respeitadas
nesta Democracia porque os cargos só proporcionam honra, e não
lucro; 3ª) a terceira espécie é a que admite no Governo
todos os que são livres, mas, não oferecendo nenhum atrativo
à cupidez, não sofre a concorrência perigosa de um número
excessivo de pretendentes, de modo que a lei é necessariamente respeitada;
4ª) a quarta é aquela que se introduziu em último lugar
nas cidades que se tornaram maiores e mais opulentas do que eram nos primeiros
tempos. Esta espécie de Democracia exibe a igualdade absoluta, isto
é, a lei coloca os pobres no mesmo nível que os ricos, e pretende
que uns não tenham mais direito ao Governo do que os outros, mas
que a condição destes e daqueles seja semelhante.
A
Constituição é a ordem ou distribuição
dos poderes que existem em um Estado, isto é, a maneira como eles
são divididos, a sede da soberania e o fim a que se propõe
a sociedade civil. Assim sendo, só se deveria introduzir uma Constituição
nova na medida em que os povos, após um exame ponderado de seus meios
e de sua situação, puderem e quiserem recebê-la de comum
acordo. Corrigir a Constituição que existe não é
menos incômodo do que instituir outras, assim como é tão
difícil perder quanto contrair hábitos. Um homem de Estado
deve, acima de tudo, saber remediar os vícios do Governo.
A
paixão transforma todos os homens em irracionais. A lei não
tem paixões.
Aqueles que só buscam a justiça
procuram um mediador entre dois adversários. Ora, este mediador é
a lei.
Em muitas coisas, a multidão
julga melhor do que um particular, qualquer que seja ele.
O
bem é o fim de toda ciência ou arte; o maior
bem é o fim da política, que supera todos os outros. O bem
político é a justiça, da qual é inseparável
o interesse comum, e muitos concordam em considerar a justiça como
uma espécie de igualdade. Se há, dizem os filósofos,
algo de justo entre os homens, é a igualdade de tratamento entre
pessoas iguais.
A igualdade parece ser a base do
Direito, e o é efetivamente, mas unicamente para os iguais e não
para todos. A desigualdade também o é, mas apenas para os
desiguais. Ora uns e outros põem de lado esta restrição
e se iludem, já que é sobre eles próprios que sentenciam;
pois, de maneira bastante ordinária, os homens são maus juízes
a seu próprio respeito. A igualdade da qual resulta a justiça
ocorre nas pessoas e nas coisas. Concorda-se facilmente sobre a igualdade
das coisas. Sobre a das pessoas, erguem-se protestos, porque mais uma vez
os homens se tornam cegos sobre si mesmos e tendo, de uma e de outra parte,
razão até certo ponto, querem dar a seu direito uma extensão
ilimitada... Em matéria de igualdade e de justiça, não
é fácil encontrar a verdade exata; é bem mais fácil
consultar a sorte do que persuadir os que podem ser os mais fortes. Os fracos
não pedem mais do que igualdade e justiça, mas os mais fortes
pouco se importam com isso.
Tenho
as maiores razões para duvidar de que o Estado possa ser feliz sem
uma boa disciplina e sem virtude. Portanto, é preciso que os iguais
num ponto evitem pretender a igualdade em tudo, e, reciprocamente, que as
pessoas superiores em algum gênero não pretendam a superioridade
absoluta. Todo Estado em que os espíritos estão infectados
com um ou outro destes dois erros é necessariamente vicioso. Cada
tese tem para si certa aparência de justiça, mas não
um direito puro e simples... A probidade, principalmente, é uma virtude
social que traz consigo todas as outras.
O
direito baseado nas riquezas ou na nobreza é mais do que duvidoso.
Não há nenhuma causa justa para dar a alguns o direito de
mandar e para impor a outros a obrigação de obedecer. O povo
retorquirá àqueles que querem, sob pretexto de superioridade
quanto ao mérito ou à opulência, pôr-se à
frente do Estado, que a multidão, como é bem possível,
reúne em seu seio, senão cada um em particular, pelo menos
todos juntos, mais mérito e maior riqueza.
O
cidadão é aquele que participa da alternância entre
governar e ser governado. É cidadão aquele que pode governar
e que quer ser governado durante toda a sua vida em conformidade com a virtude.
Um
jantar em que todos levam sua contribuição é bem melhor
e mais fraterno do que aquele cujas despesas são pagas por um só.
O
público julga melhor do que ninguém sobre música ou
poesia. Uns criticam um trecho; os demais um outro; e todos captam o forte
e o fraco do conjunto da obra.
Bem
eleger é próprio dos que sabem; por exemplo, dos geômetras
em matéria de geometria e dos pilotos em matéria de pilotagem.
Pois se a competência se achar nos simples particulares, pelo menos
estes não julgam melhor do que as pessoas instruídas. Parece,
pois, que não se deveria deixar ao vulgo nem a eleição
nem a censura dos magistrados.
Não
há nada mais importante do que a eleição e o exercício
da magistratura! Em geral é preciso que, acima de tudo, quando a
lei tiver sido livremente aceita, seja ela sempre a dominar. Só se
deve entregar algum poder aos que governam, monarcas ou outros, naqueles
casos particulares que podem acontecer e que não sejam fáceis
de colocar em uma expressão universal.
Um
dos apanágios da liberdade é que todos alternadamente mandem
e obedeçam. Desta diferença entre perpetuidade e alternância
dependem a disciplina e a instituição. Mas, se houvesse uma
raça de homens que superasse tanto os outros quanto imaginamos que
os deuses e os heróis o fazem; se esta superioridade se manifestasse
primeiramente pelo porte e pela boa aparência, depois pelas qualidades
da alma, e fosse indubitável para os inferiores, o melhor, sem contestação,
seria que seu Governo fosse perpétuo, e que as pessoas se submetessem
a ele de uma vez por todas. Mas como, de ordinário, os reis não
apresentam superioridade tão acentuada sobre seus súditos,
é preciso que todos os cidadãos mandem e obedeçam alternadamente,
e isto por várias razões. Primeiro, é essencial para
a igualdade que só haja uma mesma condição entre semelhantes;
depois, é difícil que um Governo dure muito se for constituído
contra o princípio da eqüidade. Aos descontentes se soma a gente
do campo, sempre ávida de novidades, e qualquer que seja o número
dos altos funcionários, não pode ser grande o bastante para
que eles sejam os mais fortes. Não há dúvida, porém,
de que deva haver uma diferença entre os governantes e os governados.
Cabe ao legislador decidir como ela será e como serão repartidos
os poderes.
A
alternância do mando e da obediência é o primeiro atributo
da liberdade.
1ª)
Todos têm direito de escolher dentre todos os seus magistrados;
2ª) Todos têm poder sobre cada um, e cada qual deve
alternadamente governar os outros;
3ª) Todos os magistrados, sem exceção, devem
ser sorteados ou pelo menos aqueles cujo cargo não requer
nem luzes nem experiência;
4ª) A este respeito, não se deve ter nenhuma consideração
para com a fortuna ou, então, a menor das quais deve bastar;
5ª) A mesma magistratura não deve ser conferida mais
de uma vez à mesma pessoa ou, pelo menos, que isto aconteça
raramente e para pouquíssimos cargos, a não ser
os militares;
6ª) Todos os cargos devem ser de curta duração
ou, pelo menos, aqueles onde esta breve duração
for conveniente;
7ª) Todos devem passar pela judicatura, de qualquer classe
que sejam, e ter poder para julgar sobre todos os casos em qualquer
matéria, mesmo as causas da mais alta importância
para o Estado, tais como as contas, a censura dos magistrados,
a reforma do Governo, assim como as convenções particulares;
8ª) A Assembléia Geral é senhora de tudo e
os magistrados de nada; ou que, pelo menos, a Assembléia
Geral seja a única a decidir sobre os grandes interesses,
e não caibam aos magistrados senão os negócios
de pouca importância;
9ª) Os membros do senado não devem ser indistintamente
assalariados, pois os salários arruínam o poder
da magistratura;
10ª)
No entanto, se as faculdades do povo assim o permitirem, um direito
de presença deve ser concedido aos que assistirem à
Assembléia do Senado, e que sejam pagos os tribunais e
os magistrados ou, pelo menos, os membros principais;
11ª) Caracterizando-se a oligarquia pela nobreza, pela riqueza
e pelo saber de seus membros, a Democracia lhe é totalmente
oposta, distinguindo-se pelo baixo nascimento, pela pobreza e
pela vulgaridade das profissões;
12ª) Não se deve tolerar nenhuma magistratura perpétua.
Portanto, se sobrar alguma magistratura do antigo regime, suas
atribuições serão reduzidas e, de eletiva,
passará a depender de sorteio. Eis o espírito de
todas as Democracias.
|
O
princípio sobre o qual as Democracias unanimemente se baseiam é
o direito que retiram da igualdade numérica. Quanto mais longe se
levar esta igualdade, mais a Democracia será pronunciada. Pobres
e ricos colocados em pé de igualdade, outorga do poder a todos, para
que um após outro o exerçam, sem exclusões nem disparidade:
assim são entendidas a igualdade e a liberdade.
A
melhor Constituição e o melhor regime para a maioria dos Estados,
assim como para a maior parte dos particulares, não se medem nem
por virtudes acima do alcance do vulgo, nem pelo saber que se adquire apenas
com talentos naturais e com o auxílio da fortuna, nem por uma forma
de Governo qualquer; mas, sim, sempre, por um gênero de vida que todos
possam alcançar e pelo Governo que o maior número de Estados
esteja disposto a receber.
A
vida feliz consiste no livre exercício da virtude, e a virtude na
mediania; segue-se, necessariamente daí, que a melhor vida deve ser
a vida média, encerrada nos limites de uma abastança [provimento
satisfatório ou suficiente]
que todos possam conseguir.
Em
todos os lugares, é a desigualdade que ocasiona as sedições,
quer porque não se respeite nenhuma proporção entre
desiguais, quer porque se estabeleçam muitas diferenças entre
iguais. A própria monarquia é uma desigualdade chocante quando
se estabelece entre iguais e para sempre. Para aqueles que buscam a igualdade
por toda parte, ela é uma fonte eterna de subversões.
Há
dois tipos de igualdade: uma em número; outra, em mérito.
Em número, quando se encontra dos dois lados uma mesma multidão
ou grandeza; em mérito, quando há proporção,
quer aritmética, como entre três, dois e um, quer geométrica,
como entre quatro, dois e um. Em uma, existe a mesma diferença; na
outra, a mesma proporção, pois dois é metade de quatro,
assim como um é metade de dois... É impolítico fundar
a Constituição de um Estado meramente sobre uma ou outra igualdade.
A experiência o prova; nenhum Estado organizado assim é duradouro.
É fatal que, partindo de um erro capital e de um princípio
vicioso, se chegue a más conseqüências; portanto, só
se deve empregar a igualdade aritmética em algumas partes, e nas
demais usar a igualdade geométrica.
Uns,
por serem iguais sob certos aspectos, imaginam ser inteiramente iguais;
outros, por serem desiguais em algo, se consideram superiores em tudo e
dignos de todas as preferências. Foi destas duas pretensões
opostas que, principalmente, nasceram a Democracia e a Oligarquia, ainda
que a Democracia seja mais segura e menos sujeita a sedições
do que a Oligarquia. O fato é que a nobreza e o mérito se
encontram em poucas gentes; a maioria das pessoas não as tem. Não
se encontrarão em parte alguma cem homens nobres e cem pessoas de
mérito; mas em toda parte os pobres pululam. Seja como for, o Governo
Republicano, tirado da classe média, aproxima-se mais da Democracia
do que da Oligarquia. Assim, o Governo Republicano é o mais seguro
e o mais estável de todos os Governos.
O
mal está na origem. O mal já mal está feito pela metade
em tudo o que começa mal. O menor erro cometido no início
repercute em tudo que se segue.
Todos
os que – quer na condição privada, quer na magistratura,
quer em família, quer na tribo ou em qualquer outra associação
que possa haver – proporcionaram ao Estado algum acréscimo
de potência, sempre ocasionaram certa perturbação, seja
começada por invejosos, seja por terem eles próprios, envaidecidos
com o sucesso, desdenhado permanecer nos limites da igualdade.
A principal causa das mudanças
é, nos estados democráticos, o atrevimento dos demagogos.
Caluniam os ricos, uns após os outros, e os obrigam a fazer coalizões,
pois o temor diante do perigo comum tem o efeito de reconciliar os maiores
inimigos. Em seguida, amotinam publicamente o povo contra a coalizão,
como se vê quase em toda parte.
Para bajular o povo, ora os ricos
são apertados – quer submetendo os bens de uns a leis agrárias
e a novas partilhas, quer empregando as rendas dos outros no pagamento dos
magistrados, quer, ainda, cumulando-os de impostos extorsionários
– ora são caluniados para se ter ocasião de acusá-los
e de confiscá-los.
Em
um Estado bem constituído, deve-se observar cuidadosamente para que
nada seja praticado contra as leis e os costumes, e, sobretudo, prestar
atenção, desde o começo, aos abusos, por pequenos que
sejam. A corrupção introduz-se imperceptivelmente; é
como as pequenas despesas repetidas que consomem o patrimônio de uma
família. Só se sente o mal quando está consumado. Como
os males não acontecem de uma vez, seus progressos escapam ao entendimento
e se parecem àquele sofisma que do fato de cada parte ser pequena
infere que o todo seja pequeno. Ora, se é indubitável que
o total seja composto de coisas pequenas;é falso que ele próprio
seja pequeno. O ponto capital, portanto, é deter o mal desde o começo.
Todos
os regimes políticos têm os seus demagogos. Mas não
é tão fácil maquinar uma intriga quando se tem pouco
tempo para permanecer em um determinado cargo, quanto quando nele se demora
por muito tempo. A longa duração em um dado cargo, precisamente,
é o que gera a tirania, tanto nas Oligarquias quanto nas Democracias.
Umas e outras acabam se tornando presas dos inescrupulosos e dos poderosos.
Nestas, os demagogos; naquelas, os magistrados mais elevados. Enfim, todos,
se puderem, acabam por confiscar o poder, quando lhes concedem tempo.
Isto
é um fato irretorquível: geralmente, os homens facilmente
se corrompem pela prosperidade, pois nem todos são capazes de suportá-la.
Portanto, trata-se de uma regra geral para todo Governo, democrático,
oligárquico, monárquico ou outro não valorizar demais
quem quer que seja e não distribuir nenhuma honra excessiva, mesmo
que breve. Se se acumulam muitos cargos em uma só pessoa, tais cargos
devem lhe ser retirados aos poucos, e não todos de uma vez. Sobretudo,
é conveniente estabelecer, através das leis, que ninguém
possa adquirir poder, crédito ou riqueza desmedida não comprovada.
Deve-se
inspirar a todos, e, sobretudo, aos cidadãos, um afeto pelo Governo
tão grande quanto possível, para, ao menos, se evitar que
considerem os governantes como inimigos.
A
miséria é a fonte de todos os males na Democracia... O melhor
emprego das rendas públicas, quando a sua percepção
está terminada, é auxiliar amplamente os pobres, para colocá-los
em condições de comprar um pedaço de terra, de adquirir
os instrumentos para a lavoura ou de abrir um pequeno comércio.
Um
nariz que se afaste da linha reta – que tenda para o aquilino ou que
seja arrebitado – ainda poderá agradar. Mas, se ele se alongar
ou se encurtar demais, primeiro sairá da justa medida; e, por fim,
cairá tanto no excesso quanto na falta. E assim, como poderá
ser considerado um bom nariz?
Para
que a unidade social seja vantajosa, é preciso que os membros unidos
difiram em espécie. O que conserva o Estado é a reciprocidade
dos serviços. Esta reciprocidade deve existir entre pessoas livres
e iguais. Nem todos podem comandar ao mesmo tempo, mas cada qual por sua
vez, por ano ou alguma outra divisão e ordem de tempo. Desta maneira,
todos participam da autoridade.
Quando
se pretende que um Estado dure por muito tempo, é preciso interessar
todas as suas partes na sua conservação e fazer com que a
desejem.
A pedra de toque de uma boa Constituição
é a perseverança voluntária e livre do povo na ordem
estabelecida, sem que jamais tenha ocorrido nem alguma sedição
notável de sua parte nem opressão da parte dos que com ela
governam.
Fundo
musical:
Kardia
Fonte:
http://www.fortunecity.com/
meltingpot/lamar/153/midi-gre.htm
Páginas
da Internet consultadas:
http://turmasetimoano.blogspot.com/
2009/06/aula-de-artes-15-proporcao.html
http://mainmusik.ning.com/
http://alunodedireito.wordpress.com/