Os
brasileiros puderam acompanhar na noite de 3 de março de 2007, sábado,
o primeiro eclipse lunar do ano. Às 18h 30 min em ponto, foi possível
ver o início do eclipse: a sombra da Terra recortando a Lua. A fase
total, em que toda a Lua aparece encoberta pela zona de escuridão
chamada de umbra, começou às 19h 44min e durou cerca de 73
minutos. Na região sul do Brasil, a visão do eclipse foi prejudicada
em função mau tempo, que encobriu o céu. No Rio de
Janeiro, centenas de pessoas se aglomeraram na Pedra do Arpoador para acompanhar
o eclipse. O fenômeno pôde ser conferido, ao menos em parte,
em todos os continentes. Quem perdeu o espetáculo só terá
outra oportunidade no ano que vem, pois o próximo eclipse lunar com
visibilidade em todo o Brasil acontecerá somente no dia 21 de fevereiro
de 2008.
Um
eclipse total acontece quando a Lua cheia está alinhada com a Terra
e o Sol, como aconteceu na noite de 3 de março de 2007. Neste eclipse
total, o tom avermelhado que foi observado revela as péssimas
condições atmosféricas do nosso planeta azul. Esse
avermelhamento da Lua indica a situação em que a nossa atmosfera
se encontra: poluída e desrespeitada. Quanto mais poluída
e quanto menos respeitada a atmosfera, mais avermelhada se apresentará
a Lua durante as fases de totalidade dos eclipses.
Se
as coisas continuarem como estão ou se piorarem, como parece que
piorarão, talvez a Lua comece a pingar sangue em cima de nós!
Objetivo
do Trabalho
Este
trabalho pretende rapidamente examinar o que a imensa maioria das pessoas
horrorizadamente já sabe. E as poucas pessoas que não sabem,
horrorizadamente desconfiam. Mas, tanto faz saber como não saber,
tanto faz desconfiar como não desconfiar, pois isso não ab-roga
ou minimiza os sofrimentos e as conseqüências de quaisquer irresponsabilidades.
Estou me referindo aos problemas horrorosos causados pela horrorosa poluição,
particularmente a poluição atmosférica. Ora bolas!
Sim, quase todo mundo horrorizadamente sabe, mas pouquíssimos abnegados
horrorizados estão se preocupando com esse problema gravíssimo.
O pequeno grande resto privilegiado só pensa em enricar e lucrar,
lucrar, lucrar... — Dane-se o Planeta; e dane-se à enegésima
potência quem acabar ficando cegueta, perneta, maneta e sei lá
mais que etas. Dane-se! Eu vou poluir mesmo; só quero parir guerras,
contar petas, fabricar muitas bombas e muitas espoletas... e enriquecer.
Eu não tenho nada a ver com os pretos e as pretas da África
e muito menos me importo com os mestiços miseráveis do Haiti,
ou onde houver pobres, doentes, famintos, mestiços, pretos e pretas.
Também quero mais que a Palestina, o Iraque e o Afeganistão
explodam! E danem-se todos os países do Terceiro e Quarto
Mundos. Assim pensam os especuladores e os donos do mundo
em relação a tudo. Mas, se o bicho pegar – e vai pegar,
não demora muito – não adianta pensar que as coisas
serão resolvidas com uma simples pirueta de caneta Montblanc Solitaire
Meisterstück, como também nada resolverá culpar a borboleta,
vestir um pijama e acabar perdendo o charme ou a etiqueta; o estrago
foi feito por causa das verdinhas e fomos nós os (ir)responsáveis
por acelerar a ampulheta. É mole ou quer mais? Eta-pau!
Seja
como for, este trabalho, em termos técnicos e/ou científicos,
não acrescenta nada de novo ao que já se sabe. Está
tudo nos livros e na Internet; e a mídia – que demorou muito
a se dar conta da enormidade do problema – tem, atualmente, mostrado
as desgraças ambientais todos os dias. Meno male! No final,
sim, especularei um pouco sobre o porquê de termos chegado aonde chegamos,
porque mesmo que a poluição mundial acabasse hoje, como que
em uma espécie de milagre, o mal já está feito e haveremos
de sofrer as conseqüências de nossas imprudências. Aliás,
já estamos sofrendo; só que, a cada ano, será um pouco
pior. Consummatum est. Todavia, como eu sou o único no Planeta
que está vendo tudo isso, resolvi escrever este trabalhinho. Todas
as páginas da Internet e todos os Websites consultados estão
listados ao final.
Aspectos
Tenebrosos da Poluição Atmosférica
Conceitos
Fundamentais
A
poluição, de uma maneira geral, pode ser definida
como sendo a introdução no meio ambiente de qualquer matéria
ou energia que venham a alterar as propriedades físicas, químicas
ou biológicas desse meio, afetando, ou podendo afetar, por isso,
a 'saúde' das espécies animais ou vegetais que dependem ou
tenham contato com ele, ou, ainda, que nele venham a provocar modificações
físico-químicas nas espécies minerais presentes.
Portanto, poluir é liberar consciente ou inconscientemente
elementos, radiações, vibrações, ruídos
e substâncias ou agentes mutagênicos e contaminantes em um ambiente,
prejudicando os ecossistemas biológicos ou os seres humanos.
Os principais tipos de poluição são: poluição
atmosférica, poluição hídrica, poluição
do solo, poluição sonora, poluição radioativa
e poluição térmica. Os poluentes mais freqüentes
são:
•
Dioxinas - provenientes de detritos e do lixo. Podem causar câncer,
má-formação de fetos, doenças neurológicas
etc.
•
Partículas de exaustão - emitidas por carros e indústrias.
Afetam o pulmão, causando asmas, bronquite, alergias e até
câncer.
•
Chumbo - metal pesado proveniente de carros, pinturas, água
contaminada e indústrias. Afeta o cérebro, causando retardo
mental e outros graves efeitos na coordenação motora e na
capacidade de atenção.
•
Mercúrio - tem origem em centrais elétricas e na
incineração de lixo. Assim como o chumbo, afeta o cérebro
causando efeitos igualmente graves.
•
Pesticidas, Benzeno e isolantes (como o Ascarel) - podem causar
distúrbios hormonais, deficiências imunológicas, má-formação
de órgãos genitais em fetos, infertilidade e câncer
de testículos e de ovário.
•
Materiais radioativos - A poluição radioativa é o aumento
dos níveis naturais de radiação por meio da utilização
de substâncias radioativas naturais ou artificiais. Os fatores de
bioacumulação variam muito de acordo com o tipo de organismos
e de substâncias envolvidas. Os maiores fatores de concentração
biológica ocorrem em moluscos em contato com o Zinco-65, Manganês-54,
Ferro-32 e Plutônio-239 (que é um poderoso emissor de partículas
alfa e tem meia-vida de 24 mil anos), podendo atingir a cifra de 10.000
vezes. A poluição radioativa provoca morte imediata, deformações
congênitas e câncer, dependendo da intensidade e tempo de exposição.
A
ozonosfera se localiza na estratosfera. Cerca de 90% do
ozônio atmosférico está localizado nesta camada, entre
16 e 30 km de altitude e com cerca de 20 km de espessura. A ozonosfera é
uma das principais barreiras que nos protegem dos raios ultravioletas, pois
o ozônio (gás cujas moléculas são formadas por
três átomos de oxigênio – O3
ou O‹–O2) deixa passar
apenas uma pequena parte desses raios, que é benéfica. A região,
quando saturada de ozônio, funciona como uma espécie de filtro
onde são absorvidas as radiações ultravioletas do Sol
e, devido a reações fotoquímicas, são atenuados
os seus efeitos. É nesta região que estão as nuvens-de-madrepérola
(ou nuvens estratosféricas polares) que são formadas pela
camada de ozônio.
A
formação do ozônio na estratosfera ocorre em níveis
superiores a 30 km de altitude onde a radiação solar ultravioleta
(UV) de comprimento de onda menor que 242,5 nm vagarosamente dissocia moléculas
de oxigênio em átomos de oxigênio (radicais livres) como
primeiro passo para a constituição do ozônio. Entretanto,
da mesma forma que o ozônio é produzido na estratosfera, ele
pode, por diversas razões, sofrer decomposição. A formação
e a transformação (decomposição) do ozônio
seguem as seguintes etapas:
1 -
O2 + UV —› |O| + |O|
2 -
|O| + O2 + M —› O3
+ M*
3 -
O3 + raios ultraviletas —›
O2 + |O|
4 -
|O| + |O| + M —› O2 +
M*
5 -
|O| + O3 —› O2
+ O2
6 -
Resumo: O3
O2 +
|O|
em que:
O2
= oxigênio molecular
O3
=
ozônio
|O|
= átomo de oxigênio com um elétron livre
M =
molécula de O2 ou N2
M* =
moléculas excitadas (ionizadas).
Denomina-se
clorofluorcarboneto ou clorofluorcarbono (CFC) o grupo de compostos pertencente
à função orgânica dos derivados halogenados obtidos
principalmente pela halogenação do metano (CH4),
primeiro hidrocarboneto da série dos alcanos. Entre as principais
aplicações dos CFCs, destacam-se o emprego como solventes
orgânicos, em processos de expansão de espumas, na limpeza
de aparelhos eletrônicos, como gases para refrigeração
e como propelentes em extintores de incêndio e aerossóis (suspensão
de partículas sólidas ou líquidas em um meio gasoso).
Os CFCs são derivados dos hidrocarbonetos saturados obtidos mediante
a substituição de átomos de hidrogênio por átomos
de cloro e flúor, e a indústria tem todos os motivos para
querer usar esses gases porque são baratos, têm baixíssima
toxicidade, não são inflamáveis nem corrosíveis
e possuem certa estabilidade química na baixa atmosfera. É
exatamente essa última característica que permite aos CFCs
subirem intactos até a estratosfera, onde reagem com as moléculas
de ozônio. Exemplos de clorofluorcarbonos:
CFCl3
- Triclorofluorometano (CFC-11)
CF2Cl2
- Diclorodifluorometano (CFC-12)
C2F3Cl3
- Triclorotrifluoroetano (CFC-113)
C2F4Cl2
- Diclorotetrafluoroetano (CFC-114)
C2F5Cl
- Cloropentafluoroetano (CFC-115)
Contudo,
acabou por ser descoberto que os CFCs e os seus primos menos conhecidos
– os bromoclorofluorcarbonos (BCFCs) dos tipos halon-1301 (bromotrifluormetano
= CBrF3), halon-1211 (bromoclorodifluormetano
= CBrClF2) e halon-2402 dibromotetrafluoretano
= C2Br2F4)
– sofrem fotólise na altura da camada de ozônio, na qual
a presença de raios ultravioletas de diversos comprimentos de onda
são permanentes. A fotólise, base da fotossíntese,
é a dissociação, simétrica ou assimétrica,
de moléculas por efeito de radiações eletromagnéticas
(ionizantes); no caso, a fotólise ocorre quando as moléculas
são submetidas às radiações solares ultravioletas.
Um
dos radicais livres que se formam devido à fotólise –
por exemplo, o cloro – logo reage com o ozônio, decompondo-o
em O2 (oxigênio gasoso) e ClO
(monóxido de cloro). A destruição da camada de ozônio
pelos CFCs (fenômeno que propicia o aumento da entrada de raios UV
na atmosfera causa grandes problemas como o câncer de pele, catarata,
diminuição do fitoplâncton e redução das
colheitas) pode ser assim seqüencialmente interpretada, tomando-se
para exemplo o triclorofluorometano (CFCl2:Cl),
que sofre uma heterólise (quebra assimétrica, por fotólise,
de uma ligação covalente) por ação da radiação:
1 -
CFCl2:Cl + UV —›
CFCl2* + |Cl|
2 -
|Cl| + O3 —› ClO + O2
3 -
ClO + |O| —› |Cl| + O2
4 -
ClO + O3 —› 2 O2
+ |Cl| (repetição do ciclo reacional)
5
- ClO + ClO —› 2 |Cl| + O2
6
- |O| + O3 —› 2 O2
em que:
CFCl2:Cl
= Triclorofluorometano (com uma vida útil de aproximadamente 75 anos)
CFCl2*
= Diclorofluorometano excitado (ionizado)
|Cl|
= átomo de cloro com um elétron livre (radical livre)
ClO
= monóxido de cloro
O
ciclo de destruição prossegue até que o cloro se ligue
a uma substância diferente de O3
que forme uma substância resistente à fotólise ou forme
uma substância mais densa (que leve o Cloro da camada de ozônio
para uma mais baixa). Mas
também pode acontecer a regeneração (e acontece):
|O|
+ O2 —› O3
O
Protocolo de Montreal foi firmado preliminarmente por 46 países com
o objetivo de, aos poucos, extinguir a produção destas substâncias
poluentes, através da substituição por outras menos
nocivas. O Protocolo de Montreal sobre substâncias que empobrecem
a camada de ozônio (que exigiu cortes de 50% em relação
aos níveis de 1986 tanto na produção quanto no consumo
dos cinco principais CFCs até 1999, produziu como decorrência,
em 1993, o congelamento, a produção e o consumo de três
halons nos níveis de 1986) é um Tratado internacional em que
os países signatários se comprometeram a substituir as substâncias
que se demonstrou estarem reagindo com o ozônio na ozonosfera, conforme
foi mostrado nas equações químicas acima. O Tratado
esteve aberto para adesões a partir de 16 de setembro de 1987 e entrou
em vigor em 1º de janeiro de 1989. Foi sucessivamente revisado em 1990,
1992, 1995, 1997 e 1999. Devido à grande adesão mundial, Kofi
Annan, ex-Secretário-geral da ONU, disse sobre ele: Talvez seja
o mais bem sucedido acordo internacional de todos os tempos. Em
comemoração, a ONU declarou a data de 16 de setembro como
o Dia Internacional para a Preservação da Camada de Ozônio.
Existem
atualmente vários projetos para diminuir a utilização
dos CFCs, mas eles têm sido dificultados pelo seu uso principalmente
na refrigeração. Uma das alternativas tem sido os hidroclorofluorcarbonetos
(HCFCs), haloalcanos em que nem todos os hidrogênios são substituídos
por cloro ou flúor. Seu impacto ambiental tem sido avaliado como
sendo de apenas 10% do dos CFCs. Outra alternativa são os hidrofluorcarbonetos
(HFCs) que não contêm cloro e são ainda menos prejudiciais
à camada de ozônio, porém apresentam alto potencial
de aquecimento global. Como químico, não posso deixar de reconhecer:
em tudo, sempre haverá efeitos colaterais. Se as pessoas lessem as
bulas dos remédios que compram, provavelmente não os tomariam,
tal a quantidade de efeitos colaterais que apresentam. Por isso, um médico
amigo meu que já não está entre nós, Dr. Alexandre
Eduardo Paranhos Studart, dizia que paciente não deveria ler bula
de remédio!
Efeito
Estufa
Agora
o vilão é outro. A Terra recebe uma quantidade de radiação
solar que, em sua maior parte (91%), é absorvida pela atmosfera terrestre,
sendo o restante (9%) refletido para o espaço. A concentração
de gás carbônico (CO2)
oriunda, principalmente, da queima de combustíveis fósseis,
dificulta ou diminui o percentual de radiação que a Terra
deve refletir para o espaço. O calor não sendo irradiado ao
espaço provoca o aumento da temperatura média da superfície
terrestre. Presume-se que a elevação da temperatura terrestre
entre 2 e 5 graus Celsius provocará mudanças nas condições
climáticas. Em função disto, o efeito estufa poderá
acarretar aumento do nível do mar, inundações das áreas
litorâneas e desertificação de algumas regiões,
comprometendo as terras agricultáveis e, conseqüentemente, a
produção de alimentos.
Então,
adianta muito pouco (se adiantar alguma coisa), por exemplo, o Governo Brasileiro
cumprir o dever de casa – fazendo com que diminua a devastação
da Floresta Amazônica – se os países desenvolvidos emitem
CO2 acelerada e irresponsavelmente,
como é o caso, entre outros, do Japão e dos Estados Unidos
da América. Não existe compromisso unilateral; somos todos
um. Ou todos os países se engajam nessa cruzada contra a poluição
ou as coisas de ruins passarão a péssimas e depois a irremediáveis.
Darei um único exemplo: não adianta absolutamente nada todos
os países do mundo assinarem o Protocolo de Kyoto2
se
o maior poluidor do Planeta, os Estados Unidos da América, não
assinarem. Os Estados Unidos da América negaram-se a ratificar o
Protocolo de Kyoto, de acordo com a alegação do Presidente
George W. Bush de que os compromissos acarretados pelo mesmo interfeririam
negativamente na economia norte-americana. A Casa Branca também questiona
o consenso científico de que os poluentes emitidos pelo homem causem
a elevação da temperatura da Terra. Entrementes, mesmo o Governo
dos Estados Unidos recalcitrando em assinar o Protocolo de Kyoto, alguns
municípios e donos de indústrias do nordeste dos Estados Unidos
já começaram a pesquisar maneiras para reduzir a emissão
de gases tóxicos, tentando, por sua vez, não diminuir sua
margem de lucro com essa solidária atitude. Bolas! O que esses senhores
precisam meter na cachimônia é que nessa matéria, não
há concomitância, ou seja: não se mantém (ou
se eleva) o padrão de uma economia sem poluir. Ou se abre mão
de determinadas facilidades e mordomias ou se destrói o Planeta.
Por
falar em destruição do Planeta, outro dia me veio à
cabeça uma coisa horripilante (bem ao gosto do Béla Lugosi
ou do Boris Karloff), ainda que seja quase impossível de ela acontecer.
Fui temporariamente tomado por uma certa horripilação por
causa do Efeito Peido descoberto pelos cientistas ingleses, que afirmam
que os boizinhos e as vaquinhas liberam por dia, individualmente,
até 500 litros de gás metano através do peido, sendo
os bichanitos responsáveis por 80% do total de gás metano
disperso na atmosfera. Oitenta por cento! É
muito gás! Ou seja, meus amigos, a conclusão é simplíssima:
cada peido inocente de um bovídeo contribui inconscientemente, mas
criminosamente, para o aquecimento global da Terra. Em outras palavras:
mais peido, mais calor. O Brasil, que tem um rebanho de mais ou menos 200
milhões de cabeças bovídeas, contribui para a quentura
da Terra com algo em torno de 100 bilhões de litros de metano diariamente
(500 x 108). Isso é pura e simplesmente um horror gaseiforme.
Por causa disso, eu delirei e fiquei imaginando todos os homens, todas as
mulheres e todos os animais (vacas, bois, hipopótamos, baleias, elefantes,
girafas, tartarugas, lesmas, formigas, pulgas, borbonhocas, minholeletas
etc.) do mundo dando um peidinho inocente de seis segundos, ao mesmo tempo
e na mesma hora, por exemplo ao meio-dia de um dia qualquer. Todos exatamente
no mesmo momento. Engraçado, mas não me preocupei com o metano,
com o aquecimento global, com o mau cheiro ou com o estrondo – mau
cheiro e estrondo que provavelmente ocorreriam – e, sim, com a possibilidade
de o eixo da Terra mudar de posição alguns graus, o que seria
apocalíptico e catastrófico. Eu sei que os cientistas ingleses
não pensaram na possibilidade de que ocorra essa flatulenta catástrofe,
mas apesar de ser altamente improvável que se gaseifique, estatisticamente
pode acontecer! Depois, me acalmei e pensei: quando a Humanidade se der
conta de que todos nós devoramos, urinamos e descomemos, sem exceção,
quem sabe, talvez, um dia... Impossível não é.
Aquecimento
global
Devido
à poluição atmosférica e seus efeitos, muitos
cientistas apontam que, a médio e longo prazos, o aquecimento global
da Terra pode ter caráter irreversível e, por isso, desde
já devem ser adotadas medidas para diminuir as emissões dos
gases que provocam esse aquecimento. Outros cientistas, no entanto, admitem
o aumento do teor do gás carbônico (CO2)
na atmosfera, mas lembram que grande parte desse gás tem origem na
concentração de vapor de água, o que independe das
atividades humanas. Essa controvérsia acaba adiando a tomada de decisão
para a adoção de uma política que diminua os efeitos
do aumento da temperatura média da Terra. O carbono presente na atmosfera
garante uma das condições básicas para a existência
de vida no planeta: a temperatura. A Terra é aquecida pelas radiações
infravermelhas emitidas pelo Sol até uma temperatura de -27 ºC.
Essas radiações chegam à superfície e são
refletidas para o espaço. O carbono forma uma redoma protetora que
aprisiona parte dessas radiações infravermelhas e as reflete
novamente para a superfície. Isso produz um aumento de 43 ºC
na temperatura média do Planeta, mantendo-a em torno dos 16 ºC.
Sem o carbono na atmosfera a superfície seria coberta de gelo. O
excesso de carbono, no entanto, tende a aprisionar mais radiações
infravermelhas, produzindo o chamado efeito estufa: a elevação
da temperatura média a ponto de reduzir ou até acabar com
as calotas de gelo que cobrem os pólos. Os cientistas ainda não
estão de acordo se o efeito estufa já está ocorrendo,
mas se preocupam com o aumento do CO2
na atmosfera em um ritmo médio de 1% ao ano. A queima da cobertura
vegetal nos países subdesenvolvidos é responsável por
25% desse aumento. A maior fonte, no entanto, é a queima de combustíveis
fósseis, como o petróleo, principalmente nos países
desenvolvidos. O Japão é o país que tem registrado
maior crescimento: de 1985 a 1989, sua emissão de CO2
passou de 265 milhões de toneladas por ano para 299 milhões.
Agora, se a China continuar a crescer a uma taxa média de 10% ao
ano...
Chuvas
Ácidas
O
termo chuva ácida foi primeiramente usado em 1872 por Robert
Angus Smith, um químico e climatologista inglês. Ele usou o
termo para descrever a precipitação ácida em Manchester,
logo após a revolução Industrial.
As
chuvas ácidas são precipitações na forma de
água e neblina que contêm, principalmente, ácido nítrico
(HNO3) e ácido sulfúrico
(H2SO4).
Elas decorrem da queima de enormes quantidades de combustíveis fósseis,
como petróleo e carvão, utilizados para a produção
de energia nas refinarias e usinas termoelétricas, e também
pelos veículos. Durante o processo de queima, milhares de toneladas
de compostos de enxofre e óxidos de nitrogênio (NxOy)3
são
lançados na atmosfera, onde sofrem reações químicas
e se transformam em H2SO4
e HNO3.
O
CO2 reage reversivelmente com a água
para formar um ácido fraco: o ácido carbônico (H2CO3).
CO2
+ H2O
H2CO3
No
equilíbrio, o pH (escala físico-química na qual uma
solução neutra tem pH igual a 7; já os valores menores
do que 7 indicam uma solução ácida e os maiores do
que 7 indicam uma solução básica) desta solução
é 5,6; assim a água da chuva é naturalmente ácida
pela presença de CO2. Qualquer
chuva com pH abaixo de 5,6 é considerada excessivamente ácida.
Dióxido de nitrogênio (NO2)
e dióxido de enxofre (SO2)
podem reagir com o vapor d'água atmosférico produzindo ácidos,
já que estes gases podem se dissolver em gotas de chuva e em partículas
de aerossóis, e, em condições favoráveis, se
precipitar em forma de chuva ou de neve ácidas. O NO2
pode se transformar em ácido nitroso (HNO2)
e em HNO3, e o SO2
pode se transformar em ácido sulfuroso (H2SO3)
e H2SO4.
Amostras de gelo da Groenlândia, datadas de 1900, mostram a presença
de sulfatos e de nitratos, o que indica que já naquela época
havia chuva ácida e neve ácida. O pior de tudo é que
a chuva ácida pode se formar em locais distantes da produção
de óxidos de enxofre e de nitrogênio. A chuva ácida
é um grande problema da atualidade porque anualmente grandes quantidades
de óxidos ácidos são formados pela atividade humana
e colocados indiscriminadamente na atmosfera. Quando uma precipitação
(chuva) ácida cai em um local que não pode tolerar a acidez
anormal, sérios problemas ambientais podem ocorrer. Em algumas áreas
dos Estados Unidos da América (West Virginia) o pH da chuva já
chegou ao alarmante valor de 1,5. Como chuva e neve ácidas não
conhecem fronteiras, a poluição de um país pode causar
chuva ácida em outro, como, por exemplo, o Canadá que sofre
com a poluição dos EUA. A extensão dos problemas da
chuva ácida pode ser visto pelos lagos sem peixes, árvores
mortas, construções e obras de arte destruídas irreversivelmente
(poluição estética por corrosão química)
et cetera. A chuva ácida pode causar perturbações
nos estômatos das folhas das árvores causando um aumento de
transpiração e deixando a árvore deficiente em água;
pode acidificar o solo, danificar raízes aéreas, e, assim,
diminuir a quantidade de nutrientes transportada. A chuva ácida pode,
ainda, remover (lixiviar) minerais importantes do solo (micronutrientes),
como também fazer o solo reter minerais de efeito tóxico,
como íons de metais pesados. Estes íons tóxicos não
causavam problemas, pois são naturalmente insolúveis em água
no pH normal da chuva. Com o aumento de pH, a solubilidade de muitos minerais
pode ser drasticamente aumentada. Por exemplo, os prótons da chuva
ácida podem reagir com o insolúvel hidróxido de alumínio,
Al(OH)3, encontrado no solo, gerando
íons alumínio (Al+++) que podem ser capturados
pelas raízes das plantas.
A
chuva ácida pode também prejudicar diretamente a saúde
do ser humano, causando, por exemplo patologias que afetam o sistema respiratório
e o sistema cardiovascular. Este problema tem se acentuado nos países
industrializados, principalmente nos que estão em desenvolvimento
como, por exemplo, Brasil, Rússia, China, México e Índia.
O setor industrial destes países tem crescido muito, porém
de forma desajustada e desordenada, agredindo o meio ambiente. Nas décadas
de 1970 e 1980, na cidade de Cubatão, litoral de São Paulo,
a chuva ácida provocou muitos danos ao meio ambiente e aos seres
humanos. Os ácidos poluentes, lançados no ar pelas indústrias
do ABCD, estavam gerando muitos problemas de saúde na população
da Cidade. Foram relatados, inclusive, casos de crianças que nasciam
sem cérebro (anencefalia) ou com outros defeitos físicos.
A chuva ácida também provocou desmatamentos significativos
na Mata Atlântica da Serra do Mar.
A
Poluição e a Perda de Biodiversidade
A
diminuição ou perda da biodiversidade está
intimamente ligada ao intenso desmatamento de florestas e à poluição
ocasionada pelas queimadas. As madeireiras, que retiram a madeira de forma
predatória sem promover programas de reflorestamento (principalmente
nos países do hemisfério sul onde se situam as florestas tropicais
e os grandes projetos agropecuários baseados na monocultura e na
criação de gado) são as principais causadoras do desmatamento.
Segundo dados de órgãos ligados às Nações
Unidas, aproximadamente 50% das florestas tropicais da Terra já foram
irreversivelmente perdidos. A redução dessas áreas,
nas mais diversas regiões, apresenta riscos significativos para o
principal banco genético da Terra. As formas inadequadas de aproveitamento
econômico das florestas têm levado à esterilização
dos solos, alterações climáticas, tal como o aparecimento
de secas prolongadas e aumento de catástrofes naturais, como furacões
e enchentes. Não é isso que estamos todos assistindo?