ÍON

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Introdução e Objetivo do Estudo

 

 

 

– Íon – pertence ao primeiro grupo dos diálogos de Platão (Atenas, 428/427 a.C. – Atenas, 348/347 a.C.) e relata a conversa entre Sócrates e Íon de Éfeso, um rapsodo (recitador profissional de poesias épicas) muito conhecido em Atenas. Os rapsodos, ao contrário dos aedos (cantores que apresentavam suas composições religiosas ou épicas acompanhando-se ao som da cítara), declamavam e recitavam versos que não eram de sua própria autoria nos concursos das numerosas festas e solenidades religiosas das cidades gregas.

 

A data exata da elaboração da obra não é conhecida, mas a partir de diversas informações contidas no texto é possível situá-la entre 394 a.C. e 391 a.C. O diálogo, bastante curto, se comparado aos demais diálogos platônicos, cujos únicos personagens são Sócrates e Íon de Éfeso, ocupa apenas dezenove páginas da edição de Louis Méridier (1879 – 1933).

 

Íon, recém-chegado a Atenas, conta a Sócrates que acabara de vencer o concurso do festival de Asclépio, em Epidauro (cidade da Grécia antiga, situada na Argólida, localizada na região do Peloponeso, às margens do Mar Egeu e célebre pelo Santuário de Esculápio, Deus da Medicina, que atraía doentes de todo o mundo), e se gaba de sua capacidade de declamar e comentar os poemas homéricos. Logo no começo da obra, diz Íon: — Enfeitei tão bem Homero, que penso que sou digno de ser cingido com coroa de ouro pelos homéridas. Depois de cumprimentar o rapsodo, Sócrates começa a interrogá-lo.

 

 

 

Fragmentos Iônicos

 

 

 

É necessário passar o tempo com os bons poetas, sobretudo com Homero – o melhor e o mais divino dos poetas e apreender o seu pensamento, não só os versos épicos.

 

Ao rapsodo é necessário se tornar intérprete do pensamento do poeta aos ouvintes. E será incapaz de fazer isto de maneira bela, se não conhecer o que o poeta diz.

 

Quando, por exemplo, muitas pessoas falam a respeito da Aritmética1 e alguém diz algo melhor, é evidente que se reconhecerá aquele que discorre bem.

 

A mesma pessoa reconhecerá sempre, quando muitas pessoas falam a respeito das mesmas coisas, quem diz bem e quem diz mal; ou então, se ela não reconhecer quem fala mal é evidente que não reconhecerá quem fala bem, ao menos sobre o mesmo tema.

 

 

 

 

Os poetas, quase todos, fazem as mesmas coisas.

 

Há uma arte poética como um todo.

 

Na pintura há e houve muitos pintores bons e muitos medíocres.

 

Alguém que seja capaz de discorrer sobre Polignoto, filho de Aglaofonte, demonstrando ser perito sobre o que ele desenha bem e sobre o que não desenha, será também capaz de fazer o mesmo sobre outros pintores.

 

Em cada um de nós, se manifesta uma Potência Divina que nos movimenta, como na Pedra que Eurípides nomeou de Magnética, e que muitos a chamam de Pedra de Hércules.2 Esta Pedra não só atrai os anéis de ferro, como a eles infunde poder, de modo a novamente fazê-los ter o mesmo poder que a Pedra, isto é, atrair outros anéis. É daquela Pedra que pende a Potência para todos estes anéis. No caso das declamações de poesias, os espectadores são o último dos anéis a receber o poder que, sob o efeito da Pedra de Hércules, passa de um para o outro. O primeiro é o próprio poeta; o do meio é o rapsodo. Os Deuses, através de ambos, dirigem as almas dos homens para onde quiserem, fazendo passar o poder de uns para os outros.

 

Todos os bons poetas épicos, não por técnica, mas sendo inspirados e possuídos, dizem todos belos poemas. Já os bons poetas líricos se assemelham aos coribantes3, que, não estando conscientes, dançam em harmonia e no ritmo.

 

Leve é coisa do poeta, sendo alada e sagrada. Inicialmente, o poeta não consegue compor, antes de se tornar inspirado, de ficar fora de si, quando o pensamento não habita mais nele. Até que tenha esta aquisição, todo homem é incapaz de compor e de proferir oráculos. Então, já não é mais por técnica que os poetas fazem e dizem muitas e belas coisas sobre os acontecimentos, mas por parte Divina, pelo Poder Divino.

 

Os Deuses, extraindo o pensamento dos poetas, usa-os como auxiliares, profetas e adivinhos divinos, a fim de que nós, os ouvintes, saibamos que não são eles que falam coisas assim muito dignas, pois o seu pensamento não está presente, mas são os próprios Deuses os comunicantes, que, através deles, se comunicam conosco.

 

Alguns poemas não são humanos nem dos homens, mas Divinos e dos Deuses; os poetas nada mais são que intérpretes dos Deuses, e cada um é possuído pelo deus que o possuir. E assim, os Deuses – mostrando estas coisas de propósito, através do mais medíocre poeta transmitem os mais belos versos líricos.

 

É por parte Divina que os poetas interpretam para nós as coisas que estão junto dos deuses.

 

Quando os rapsodos se emocionavam, produziam estes mesmos efeitos na maioria dos espectadores, que chorando e olhando de maneira terrível, ficavam assombrados com as coisas que eram ditas.

 

Não é por técnica nem por ciência que os rapsodos recitam, mas por possessão Divina, tal como os coribantes que só sentem intensamente aquela parte do verso lírico pela qual são possuídos pelo Deus que os inspira.4

 

A cada uma das técnicas, foi dada por Deus uma função que a torna capaz de ser conhecida, pois não conheceremos pela técnica do piloto o que conhecemos pela técnica médica. Aquilo que conhecemos através de uma técnica não conheceremos através de outra.

 

Conhecemos uma mesma coisa necessariamente por intermédio de uma técnica, porém nunca conheceremos esta mesma coisa por outra técnica; uma vez que se trate de uma técnica diferente, é necessário que seja outro o objeto do seu conhecimento.

 

 

 

 

É muito mais belo ser reconhecido como homem divino do que como homem injusto.

 

 

 

 

 

 

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Notas:

1. Para se distrair, tente resolver este probleminha de Aritmética: Luiz Pancrácio recebeu de presente um relógio que atrasa 12 segundos a cada 12 horas. Em 15 dias, quantos minutos este relógio atrasou?

Resposta: Se o dia tem 24 horas, após 15 dias, o relógio atrasou 360 segundos [(12 + 12) x 15]. Para transformar em minutos, é preciso tão-só dividir por 60 (1 minuto tem 60 segundos). Solução:

 

 

2. O médico, astrólogo, matemático, filósofo, físico e professor italiano Geronimo Cardano (1501 – 1576), por exemplo, sustentou no De Subtilitate Rerum (Sobre a Subtileza das Coisas) que as pedras vivem, envelhecem e morrem, e que, envelhecida, a Pedra de Hércules não mais atrai o ferro.

3. Os coribantes eram Sacerdotes de Réia (na mitologia grega, Réia era uma titã, filha de Urano e de Gaia), peritos na arte de trabalhar em metais. Como divindades misteriosas, receberam honras divinas por haverem contribuído para a salvação de Zeus, quando ameaçado pela voracidade paterna.

4. Não é a mesma coisa, claro, mas aproveito para recordar, nesta nota, a resposta dada pelo Dr. Harvey Spencer Lewis quando lhe perguntaram quem lhe transmitira as origens da AMORC: — Was the AMORCUS. Foi o AMORCUS. AMORCUS – soma dos 39 Illuminati (Rosas Místicas) com o Mestre Akhenaton, o Faraó do Sol, que ascenderam à Quarta Dimensão – como explica o Rev. Illuminatus Frater Velado, 7 Ph.D. e Irmão Leigo da Ordem Rosacruz na monografia Um Estudo Sobre o Profeta do Sol – O Princípio R+C (ou as Origens do Rosacrucianismo), é um Mestre Multimental Universal, e literalmente significa Akhenaton Magister Omnes Rosæ Circa Universus Spira, ou seja: Akhenaton Mestre de Todas as Rosas em Torno da Espiral. A Spira Legis (Espirais da Lei) é o evento cósmico que produz continuamente a evolução de tudo. O AMORCUS, produzindo o Quadrado Metafísico, representado pelo número 40 (4 + 0 = 4), é a base na qual está assentada a Pirâmide Esotérica da Egrégora Rosacruz.

 

 

Amorcus Universalis

Amorcus Universalis
(Frater Velado, 2002 CE)

 

 

Egrégora Rosacruz

Egrégora Rosacruz


 



 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.educ.fc.ul.pt/icm/
icm2000/icm26/cardano.htm

http://media.photobucket.com/image/animated
%20judge/celebritypromoter/trade-judge.gif?o=3

http://www.clker.com/clipart-
scales-of-justice-5.html

http://www.cienciasnaturalesyexactas.
mex.tl/256888_Acerca-de-Nosotros.html

http://jairodelimaalves.blogspot.com/2008/08/
o-poder-da-egrgora-rosacruz-a00.html

http://maat-order.org/communicator/?p=2663

http://svmmvmbonvm.org/PrincipioRC.pdf

http://www.geocities.ws/saladefisica9/
biografias/gilbert.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Reia

http://pt.wikipedia.org/wiki/Coribante

http://www.gifsoup.com/view/
976169/vegeta-talking.html

http://br.answers.yahoo.com/question/
index?qid=20110105170425AAtoyke

http://greciantiga.org/arquivo.asp?num=0337

http://www.consciencia.org/docs/ion.pdf

 

Música de fundo:

Afto to Agori

Fonte:

http://www.navis.gr/midi/midi.htm#Greek

 

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