PIERRE-JOSEPH PROUDHON – Pensamentos

 

 

 

Pierre-Joseph Proudhon

Pierre-Joseph Proudhon

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Objetivo do Estudo

 

 

 

Este estudo se constitui de uma pequena coletânea de sentenças (algumas muito interessantes e atualíssimas, mais do que atualíssimas, eternas) de um dos mais influentes teóricos e escritores do Movimento Anarquista FrancêsPierre-Joseph Proudhon cujas idéias influenciaram organizações de trabalhadores no mundo inteiro, e contribuíram para a formação dos movimentos sindicais mais poderosos da Europa, em países como Espanha, França, Itália e Rússia.

 

 

 

 

 

Breve Biografia

 

 

 

Pierre-Joseph Proudhon (Besançon, 15 de janeiro de 1809 – Passy, 19 de janeiro de 1865) foi um filósofo político e membro do Parlamento Francês. É considerado um dos mais influentes teóricos e escritores do Anarquismo, sendo também o primeiro a se autoproclamar anarquista, até então um termo considerado pejorativo entre os revolucionários. Foi ainda em vida chamado de socialista utópico por Marx e seus seguidores, rótulo sobre o qual jamais se reconheceu. Após a Revolução de 1848 (série de revoluções na Europa Central e Oriental que eclodiram em função de regimes governamentais autocráticos, de crises econômicas, do aumento da condição financeira e da falta de representação política das classes médias e do nacionalismo despertado nas minorias da Europa Central e Oriental, que abalaram as monarquias da Europa, onde tinham fracassado as tentativas de reformas políticas e econômicas), passou a se denominar federalista.

 

Proudhon foi também tipógrafo, aprendendo por conta própria o idioma latim para imprimir melhor livros nesta língua. Sua afirmação mais conhecida é que a propriedade é roubo, está presente em seu primeiro e maior trabalho O que é a Propriedade?

 

A publicação do livro atraiu a atenção das autoridades francesas. Atraindo também o interesse de Karl Marx, que começou a se corresponder com seu autor. Os dois se influenciaram mutuamente: encontraram-se em Paris por ocasião do exílio de Marx. A amizade de ambos finalmente chegou ao fim quando Marx respondeu ao seu texto (Sistemas de Contradições Econômicas ou Filosofia da Miséria) com outro provocadoramente intitulado A Miséria da Filosofia.

 

Proudhon favoreceu as associações dos trabalhadores ou cooperativas, bem como o propriedade coletiva dos trabalhadores da cidade e do campo em relação aos meios de produção, em contraposição à nacionalização da terra e dos espaços de trabalho. Ele considerava que a revolução social poderia ser alcançada através de formas pacíficas.

 

Proudhon também tentaria criar um banco operário, semelhante, em alguns aspectos, às atuais cooperativas de crédito que beneficiaria os trabalhadores com empréstimos sem juros. Malograda a tentativa, a idéia seria apropriada por capitalistas e acionistas, que incorporariam imposição de juros em seus empréstimos.

 

 

 

Pensamentos Proudhonianos

 

 

 

Quando eu tiver caído, vítima do que estou decidido a combater, terei ao menos a consolação de pensar que quando a minha voz se calar o meu pensamento obterá justiça, e que, cedo ou tarde, os meus próprios inimigos serão meus apologistas.

 

A propriedade é um roubo.

 

Ser governado significa ser observado, inspecionado, espionado, dirigido, legislado, regulamentado, cercado, doutrinado, admoestado, controlado, avaliado, censurado, comandado, e por criaturas que, para isso, não têm o direito, nem a sabedoria, nem a virtude... Ser governado significa que todo movimento, operação ou transação que realizamos é anotada, registrada, catalogado em censos, taxada, selada, avaliada monetariamente, patenteada, licenciada, autorizada, recomendada ou desaconselhada, frustrada, reformada, endireitada, corrigida. Submeter-se ao Governo significa consentir em ser tributado, treinado, redimido, explorado, monopolizado, extorquido, pressionado, mistificado, roubado, tudo isto em nome da utilidade pública e do bem comum. Então, ao primeiro sinal de resistência, à primeira palavra de protesto, somos reprimidos, multados, desprezados, humilhados, perseguidos, empurrados, espancados, garroteados, aprisionados, fuzilados, metralhados, julgados, sentenciados, deportados, sacrificados, vendidos, traídos e, para completar, ridicularizados, escarnecidos, ultrajados e desonrados. Isto é o Governo, esta é a sua justiça e sua moralidade! Oh!, personalidade humana! Como pudeste te curvar à tamanha sujeição durante sessenta séculos?

 

 

 

 

O homem pode amar o seu semelhante até o ponto de morrer por ele; mas, não o ama tanto que trabalhe em seu favor.

 

Aquele que botar as mãos sobre mim para me governar é um usurpador, um tirano. Eu o declaro meu inimigo.

 

O salário é um tipo de submissão.

 

Atuar é combater.

 

Quer dizer, então, que Deus nos teria transmitindo, durante seis mil anos, uma idéia que podia poupar milhões de vítimas, a distribuição a um tempo espacial sintética do trabalho! Em contrapartida, \ele nos teria dado, por meio de seus servidores Moisés, Buddha, Zarathustra, Mohammed e outros, esses insípidos rituais, opróbrio de nossa razão, que fizeram degolar mais homens que os números possam conter!

 

Os grandes só nos parecem grandes porque estamos de joelhos. Levantemo-nos.

 

Pereça a pátria e salve-se a Humanidade

 

A política é a Ciência da Liberdade.

 

Os jornais são os cemitérios das idéias.

 

A vida do homem se divide em cinco períodos: infância, adolescência, mocidade, virilidade e velhice. No primeiro período o homem ama a mulher como mãe; no segundo, como irmã; no terceiro, como amante; no quarto, como esposa; no quinto, como filha.

 

O luxo pode ser definido fisiologicamente da seguinte forma: a arte de nos alimentarmos pela pele, pelos olhos, pelos ouvidos, pelas narinas e pela imaginação.

 

Um povo que julga garantir a liberdade exilando sucessivamente os cidadãos mais idôneos e que melhor o serviram, prova, por isto só, que é indigno da liberdade.1

 

Suprimamos as tarifas, e assim será declarada a aliança dos povos, reconhecida a sua solidariedade e proclamada a sua igualdade.

 

A paz obtida com a ponta de uma espada não passa de uma simples trégua.

 

Todas as minhas idéias econômicas desenvolvidas ao longo de vinte e cinco anos podem ser resumida nas palavras: federação-agrícola-industrial. Todas as minhas idéias políticas se resumem a uma fórmula semelhante: federação-política ou descentralização.

 

Protesto contra toda a ordem com que alguma autoridade pode se sentir satisfeita com base na alegada necessidade de algum excesso de governar o meu livre arbítrio.

 

As leis: nós sabemos o que são e o que representam! Elas são teias de aranha, verdadeiras as correntes de aço dos ricos e dos poderosos para os pobres e os fracos, redes de pesca nas mãos do Governo.

 

O que é a escravidão? Em uma palavra: é assassinato. O poder de tirar de um homem seu pensamento, sua vontade e sua personalidade é um poder de vida e morte. Escravizar o homem é matá-lo.

 

O que é a propriedade! É roubo!

 

Meu nome e o seu são candidatos à verdade.

 

A eternidade nos precedeu, a eternidade nos seguirá.

 

Eu não construí nenhum sistema. Peço apenas o fim dos privilégios, a abolição da escravatura, a igualdade de direitos e o reino da lei. Peço justiça, nada mais – que é o alfa e o ômega de qualquer argumentação.

 

A ignorância é a única causa da pobreza que nos devora e de todas as calamidades que afligem a raça humana.2

 

Os elementos da Justiça são idênticas aos da Álgebra.

 

 

 

 

A propriedade é o direito de aumento reivindicado pelo proprietário sobre qualquer coisa que ele tenha carimbado como sua.

 

O proprietário, nada produzindo, nada implementando e tudo recebendo em troca de nada, ou é um parasita ou é um ladrão.

 

O Comunismo é uma desigualdade, mas, não como é a propriedade. A propriedade é a exploração dos fracos pelos fortes. O Comunismo é a exploração dos fortes pelos fracos.

 

O Comunismo é essencialmente oposto ao livre exercício de nossas faculdades, aos nossos desejos mais nobres, aos nossos sentimentos mais profundos.

 

O Comunismo viola a soberania da consciência e a afirmação da igualdade. A primeira (a soberania da consciência), ao restringir a espontaneidade da mente e do coração, bem como a liberdade de pensamento e de ação. A segunda (a afirmação da igualdade), colocando o trabalho e a preguiça, a habilidade e a estupidez, e até mesmo o vício e a virtude em pé de igualdade, no ponto de conforto. Quanto ao resto, se a propriedade é impossível por conta do desejo de acumular, o Comunismo logo se tornaria igual através do desejo de fugir.

 

Da mesma forma que o homem procura justiça na igualdade, assim também a sociedade busca ordem no Anarquismo.3

 

 

 

Anarquismo é ordem sem Poder; Governo é guerra civil.

 

Deus – o grande desconhecido tornou-se para mim uma hipótese, quero dizer, um instrumento dialético necessário.

 

O trabalho, como toda mercadoria, está sujeito a flutuações. Daí, os riscos do proletariado.

 

O Poder instrumento de força coletiva criado pela sociedade para servir como mediador entre o Capital e o trabalho tornou-se inevitavelmente acorrentado ao Capital e dirigido contra o proletariado.

 

A merda toda é a seguinte: os homens mais ignorantes e menos competentes de um país são, quase sempre, os que o representam. [E toca de ajuste fiscal! E toca de bandeirinha na conta de luz! E toca de corrupção! E toca de tráfico de influência! E toca de inside information! E toca de contas em paraísos fiscais! E toca de mensalão! E toca de petrolão! E toca de Lava Jato! E toca de não-fui-eu! E toca de enfiada de mentiras! E toca de o povão pagar a conta! E toca de mal-estar! E toca de sei-lá-mais-o-quê!]

 

 

 

 

A liberdade não é a filha de ordem, mas, a mãe de ordem.

 

Quando os atos falam, as palavras não são nada.

 

No Comunismo, a desigualdade vem colocando a mediocridade em um nível de excelência.

 

Todos os Partidos, sem exceção, quando buscam o Poder, são variedades de Absolutismo.

 

Os bens dos ricos são propriedades roubadas.4

 

A verdade cristã não ultrapassou a idade dos apóstolos; o Evangelho, comentado e simbolizado por gregos e romanos, repleto de fábulas pagãs, tornou-se um sinal de contradição; e até hoje o reinado da igreja infalível apenas engendrou um grande obscurecimento.

 

Outrora, a nobreza e o clero não contribuíam para as despesas do Estado, senão a título de ajuda voluntária e doações. Os seus bens eram inacessíveis, mesmo para pagamento de dívidas, enquanto o plebeu, sobrecarregado de tributos e de impostos era incomodado sem descanso, tanto pelos cobradores do rei como pelos dos nobres e do clero.

 

Portanto, tudo o que transaciona das mãos do ocupante para as do proprietário, a titulo de lucro e como preço da licença para ocupar, é irrevogavelmente adquirido pelo segundo, perdido pelo primeiro, nada podendo voltar a este senão como doação, esmola, salário de serviços ou pagamento de mercadorias por ele entregues.

 

O trabalhador conserva, mesmo depois de receber seu salário, um direito natural de propriedade sobre a coisa que ele produziu. O trabalho dos operários criou um valor, logo, este valor é propriedade destes.

 

[Os mutualistas] reconhecem de bom gosto, como os economistas da escola puramente liberal, que a liberdade é a primeira das forças econômicas, e a esta se deve confiar tudo o que pode fazer por si só; contudo, onde a liberdade não pode chegar, domina o bom senso, a justiça e os interesses gerais, que intervenha a força coletiva, que não é esta senão a mutualidade mesma…

 

Não é possível vender por muito tempo nenhuma mercadoria acima do preço justo. Se isto ocorre, é porque o consumidor não é livre. A moral pública e a regularidade das transações ganhariam se e somente se generalizasse a venda a preço fixo; os negócios iriam melhorar para todos. Não haveria tão grandes e rápidas fortunas, mas, haveria menos quebras e falências, menos indivíduos arruinados e desesperados. Um país onde se vendessem as coisas só pelo que valem, sem especulações, haveria resolvido o duplo problema do valor e da igualdade.

 

A educação constitui uma arte, a mais difícil de todas as artes. É uma ciência – a mais complexa de todas as ciências já que consiste em informar as mesmas verdades dos espíritos que não são semelhantes; a ter os mesmos deveres dos corações que não se abrem do mesmo lado da Justiça.

 

O homem não é homem senão pela sociedade, a qual, por sua vez, não se mantém senão pelo equilíbrio e pela harmonia das forças que a compõem.

 

A Justiça não é somente uma idéia. Ela é também uma realidade. A condição de ser previamente uma realidade é o que faz com que ela possa se tornar uma idéia. É por isto, enfim, que o Direito e o Dever (em suma, a Lei Moral) se tornam obrigatórios, constituindo a essência do nosso ser, o que não seria possível se fossem reduzidos apenas a uma idéia pura.

 

A Justiça não é, pois, uma representação sem conteúdo, mas, uma forma de prática social. Ela reside na relação de igualdade e de reciprocidade: é uma modalidade da ação, esse ato no qual os homens se reconhecem nas suas dignidade e igualdade, participando igualmente em uma obra coletiva na reciprocidade dos seus interesses.

 

 

 

 

Propriedade e autoridade: princípios causadores da miséria e da opressão.

 

Nem a hereditariedade, nem a eleição, nem o sufrágio universal, nem a excelência do soberano, nem a consagração da religião fazem a realeza legítima. Sob qualquer forma que se apresente, monárquica, oligárquica ou democrática, o governo do homem pelo homem é ilegal e absurdo.

 

A negação da propriedade é necessária para a abolição da miséria e para a emancipação do proletariado.

 

Eu defino liberdade como o direito de fazer qualquer coisa que não prejudique outros.

 

A vida, a saúde e o vigor dependem da ação. É pela ação do que um organismo desenvolve as suas faculdades, aumenta a sua energia e alcança o cumprimento de seu destino.

 

Um perigo comum tende a conduzir à concórdia.5

 

Todas as constituições políticas, todos os sistemas de Governo, incluindo o Federalismo, podem se resumir a esta fórmula: o equilíbrio da autoridade pela liberdade e vice-versa. É devido a isto que as categorias adotadas desde Aristóteles pela imensidão dos autores e com a ajuda dos quais os Governos se classificam, os Estados se diferenciam, as nações se distinguem...

 

Se o Absolutismo Democrático é instável, o Constitucionalismo Burguês não o é menos. O primeiro era retrógrado, desenfreado, sem princípios, desdenhoso do direito, hostil à liberdade, destruidor de toda a segurança e confiança. O Sistema Constitucional, com as suas formas legais, o seu espírito jurídico, o seu temperamento contido, as suas solenidades parlamentares, mostra-se nitidamente, no fim de contas, como um vasto sistema de exploração e intriga, no qual a política pende para a agiotagem, no qual o imposto não é senão a lista civil de uma casta e o poder monopolizado o auxiliar de um monopólio.

 

A verdade, repito, é que não existem nem podem existir Governos de primeira espécie (puros) senão em teoria: todo o Governo, de fato, é necessariamente misto, que lhe chamem Monarquia ou Democracia, pouco importa. Esta observação é importante; ela, por si só, permite transportar a um erro de dialética as inumeráveis decepções, corrupções e revoluções da política.

 

Não acrediteis na palavra dos agitadores que gritam: Liberdade, Igualdade, Nacionalidade. Eles não sabem nada: são mortos que têm a pretensão de ressuscitar mortos. O público os escuta um instante, como faz com os bobos e os charlatões; depois, se vai, com a razão vazia e a consciência desolada.

 

Na evolução dos Estados, a Autoridade e a Liberdade estão em sucessão lógica e cronológica; a primeira está em recessão contínua, a segunda em ascensão. O Governo, expressão da Autoridade, é insensivelmente subalternizado pelos representantes ou órgãos da Liberdade, a saber: o Poder Central pelos deputados dos departamentos ou províncias; a autoridade provincial pelos delegados das comunas, e a autoridade municipal pelos seus habitantes. Deste modo, a liberdade aspira a se tornar preponderante, a autoridade a se tornar serva da liberdade, e o princípio contratual a substituir por todo lado.

 

Não é de se estranhar que a idéia de Federação tenha permanecido até nossos dias como que perdida no esplendor dos grandes Estados. Até nossos dias, os preconceitos e os abusos de toda espécie abundam e punem nos Estados Federativos com a mesma intensidade que nas Monarquias Feudais ou Unitárias, preconceitos de nobreza, privilégios de burguesia, autoridade da Igreja, resultando daí opressão do povo e a escravidão do espírito. A Liberdade sempre ficou como que nas malhas de uma camisa-de-força, e a civilização mergulhada em um invencível status quo. A idéia federalista mantinha-se despercebida, incompreensível, impenetrável...

 

E, trajado com a ganância,

vou abusando da ignorância

e amontoando bens ao luar

– u'a Ferrari na sala de estar!

 

A sociedade se encontra dividida em duas classes: uma de proprietários-capitalistas-empreiteiros, outra de proletários-assalariados; uma, de ricos, outra, de pobres. Por isto, o edifício político será sempre instável.

 

Todas as “cracias” são gangrenas das nações e espantalhos da liberdade.

 

Buscar uma origem racional e legítima ao que não é nem pode ser senão roubo, peculato e rapina constitui o cúmulo da loucura proprietária, o mais alto grau de encantamento com que a perversidade do egoísmo pode enganar as pessoas, aliás, ditas esclarecidas.

 

Ou os aforismos da Economia Política são falsos ou a propriedade, que os contradiz, é impossível.

 

A concorrência não é senão um duelo decidido pelo dinheiro.

 

Por que os homens deixariam de fazer a guerra, quando seu pensamento está repleto dela? Quando seu entendimento, sua imaginação, sua dialética, sua indústria, sua religião, suas artes, relacionam-se com ela, quando tudo, neles e em torno deles, é oposição, contradição, antagonismo?

 

Guerra    Monstro Infernal.

 

É em parte à tendência dos espíritos para a paz, a essa antiga esperança de uma compressão das discórdias, que se deve o movimento messiânico do qual Augusto foi o ator principal, Virgílio, o cantor, o Evangelho, o código e Jesus Cristo, o Deus.

 

O Pacificador também é um conquistador, cujo reino se estabelece pelo triunfo.

 

Bispos, abades e religiosos tomados por um fervor guerreiro... Uma blasfêmia contra o Cristo.

 

O que comprometeu a paz de Viena foi a própria paz, ou seja, as idéias que ela expressava e que podem ser todas reduzidas a um termo único – o estabelecimento das Monarquias Constitucionais.

 

O que um país ganha com a guerra? Nada!

 

A guerra e a paz, uma correlativa à outra, afirmando igualmente sua realidade e sua necessidade, são duas funções mestras do gênero humano. Elas se alternam na história como, na vida do indivíduo, a vigília e o sono. Como no trabalhador, o dispêndio de forças e sua renovação; como na Economia Política, a produção e o consumo. Portanto, a paz é ainda a guerra, e a guerra é a paz; é pueril imaginar que elas se excluam.

 

Existem pessoas, afirma o Sr. De Ficquelmont, que parecem conceber o curso do mundo como um drama dividido em atos. Elas imaginam que durante os entreatos podem se entregar, sem medo de serem perturbadas, a seus prazeres e seus negócios particulares. Elas não enxergam que estes intervalos, durante os quais os acontecimentos parecem interrompidos, são o momento interessante do drama. É durante esta calma aparente que se preparam as causas do ruído que será feito mais tarde. São as idéias que formam a corrente dos tempos. Aqueles que só vêem as coisas grandes, que só escutam as detonações, não compreendem nada da História.

 

Segundo Aristóteles, a guerra mais natural é aquela feita contra os animais ferozes e contra os homens que se assemelham a eles.

 

Qualquer hostilidade é bozerra

– misto de insanidade e afronta.

Um vivo não ganha uma guerra;

quem se estupora paga a conta.

 

Não existe uma guerra natural:

isto é aristotelicidade-aristotélica.

Qualquer guerra é contranatural;

não há guerra que seja benéfica.

 

Segundo a tradição filosófica doutrinária, o direito de guerra não passa de uma ficção.

 

Hugo Grotius vê na guerra o efeito da ausência de qualquer justiça, a negação de qualquer autoridade judiciária.

 

Samuel Pufendorf declara que a paz é o que distingue o homem dos animais.

 

Emer de Vattel admitia que a guerra é esse estado no qual se persegue o próprio direito pela força.

 

A guerra, reduzindo-se unicamente aos meios de rigor, sem julgamento prévio, é tudo o que há de mais oposto à justiça. É um efeito da ausência de justiça e de autoridade internacional.

 

Quer se trate de destruir as forças do inimigo, quer simplesmente de paralisá-las, o que é menos desumano, é evidente que a guerra será sempre um estado extrajudiciário.

 

O direito da guerra é uma palavra vazia, no máximo, uma ficção legal... Considerar a guerra como uma forma de judicatura seria ultrajar a justiça.

 

Todo o aparelho jurídico que justifica uma guerra recobre um puro nada.

 

Johann Peter Friedrich Ancillon dizia que a força e o direito são idéias que se repelem: uma nunca poderia fundar a outra.

 

Não, a força nunca pode fazer o Direito. Se, por vezes, ela intervém nas obras da justiça, é como meio de suplício ou de constrição, como a algema do policial e o machado do carrasco. Seria monstruoso ver aí a base ou a expressão de um Direito.

 

Capital, no campo político é análogo a Governo... A idéia econômica de Capitalismo, as políticas de Governo ou de autoridade, e a idéia teológica de igreja são três ideais idênticos, de várias formas, vinculados. Atacar uma delas é o equivalente a atacar todas elas. O que o Capital faz ao trabalho, e o Estado à Liberdade, a Igreja faz com o espírito. Esta trindade do Absolutismo é tão perniciosa na prática quanto o é na Filosofia. O meio mais efetivo de oprimir os povos seria simultaneamente escravizar seu corpo, sua vontade e sua razão.

 

Propriedade, atuando pela exclusão e pela transgressão, frente a uma população em crescimento, tem sido o princípio vital e a causa definitiva de todas as revoluções.

 

A queda e a morte de sociedades se dão devido ao poder de acumulação implicado na propriedade.

 

Eis a totalidade do meu sistema: liberdade de consciência, liberdade de imprensa, liberdade de trabalho, livre troca, liberdade na educação, livre competição, livre disposição dos frutos do trabalho e da indústria, liberdade ad infinitum, liberdade absoluta, liberdade para todos e sempre.

 

 

 

 

 

 

Repetecos Repetitivos
(Contudo, Educativos)

 

 

 

Imposto não cai no goto

nem de velho gagá nem de garoto.

E quem suporta censura?

Nunca mais esse cocô de ditadura!

 

Quem topa submissão?

Nem santo nem moleque-do-surrão!

Ora, nem por um peido lisonjeado!

 

Mas, Anarquismo não solve,

e desobediência civil só convolve.

Então, haverá uma solução?

Só faço repetir: a Voz do Coração.

 

Todavia, reinam os moucos

(pois, dessurdos são muito poucos)

que só pensam em esborniar

– dê a surubada no que tiver de dar!

 

E, de raça-raiz em raça-raiz,

a coisa só não esboroa por um triz!

Mas, não se vive eternamente

sem enfrentar o Espelho de frente!

 

E aí, a porca torcerá o rabo,

seja ricalhaz, seja burro-sem-rabo.

Ou será que alguém pensa

que se ajoelhar e rezar dispensa?

 

 

 

                     

Corações Melancólicos

 

 

 

______

Notas:

1. Qualquer semelhança com o Brasil do período ditatorial (1964 a 1985) não é mera coincidência!

2. A ignorância, na verdade, é a mãe de tudo o que não presta. Por isto, encarnamos; por isto, compensamos. Mas, talvez, haja algo mais tenebroso e retardante do que a mãe-ignorância: e a avó-ignorância – aquela que justifica todos os desconcertos e todas as barbaridades como sendo a Vontade de Deus.

3. Anarquismo (que significa "sem governantes" ou "sem poder") é uma Filosofia Política que engloba teorias, métodos e ações que objetivam a eliminação total de todas as formas de Governo compulsório e de Estado. De um modo geral, os anarquistas são contra qualquer tipo de ordem hierárquica que não seja livremente aceita, e, assim, preconizam tipos de organizações libertárias baseadas na livre associação. Pierre-Joseph Proudhon é considerado o primeiro a se autoproclamar anarquista, rótulo que adotou em sua obra O Que É a Propriedade?, publicada em 1840, razão pela qual alguns afirmam Proudhon como o precursor da Teoria Anarquista Moderna. Seja como for, por tudo o que o Misticismo nos ensina, a igualdade (inexistência de diferenças qualitativas e/ou quantitativas) é impossível. Todavia, isto não justifica, nem aqui nem na China, a exploração desumana e desfraterna do menos capaz e menos vigoroso pelo mais sabido e mais forte.

4. Ainda que nem sempre seja assim, o que é raro, na imensa maioria das vezes é. O fato incontestável é que ninguém fica arquimilionário sem burlar a lei e/ou sem explorar os sem-porra-nenhuma.

5. Um exemplo disto foi o Diretas Já – movimento civil de reivindicação por eleições presidenciais diretas no Brasil ocorrido em 1983-1984.

 

Páginas da Internet consultadas:

http://viciadosemthgblog.blogspot.com.br/

http://imgarcade.com/1/fogos-de-artificio-gif/

http://www.canstockphoto.com.br/est%
C3%A1tua-liberdade-11106739.html

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http://www.google.com.br/

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organizacoes/Anarquia/

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citacoes/a/pierre-joseph-proudhon

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gifs/dinheiro.html

http://debforlegislature.blogspot.com.br/

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Pierre-Joseph_Proudhon

 

Música de fundo:

Bud's Scam (Wall Street)
Compositor: Stewart Copeland

Fonte:

http://www.kinomania.ru/film/441116/soundtracks/

 

Direitos autorais:

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