INTRODUÇÃO
AO PENSAMENTO PITAGÓRICO
Rodolfo Domenico Pizzinga
http://www.rdpizzinga.pro.br
Música
de fundo: All by Myself
Fonte: http://www.musicasmaq.com.br/
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Toda
vez que desejo falar com Pitágoras, por exemplo, vou
à praia e ando por algum tempo — e daí
Pitágoras fala comigo.
Richard
Buckminster Fuller
(1895–1983)
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INTRODUÇÃO
Desde
a mais remota Antigüidade os números vêm sendo utilizados
para medir extensões e quantidades, dar forma inteligível
a símbolos mitológicos e religiosos, fundamentar conceitos
filosóficos, matemáticos, metafísicos e místicos
e, ainda, estruturar as relações que regulam o ritmo e
a harmonia da música, a métrica ou o ritmo dos versos.
Na atualidade, os números, praticamente, são usados para
representar abstrações da experiência objetiva.
Nas escolas iniciáticas têm outra função.
O número subjaz na raiz do Universo manifestado. Também,
é impossível, por exemplo, fazer ciência sem o concurso
dos números.
Há três sistemas
básicos para representar os números: simples traços,
correlação entre letras e números e algarismos
arábicos. Entretanto, à medida que o homem progride e
obtém trânsito ascensional ao conhecimento, fica cada vez
mais patente o fato de que ele – homem – é o fator
primacial, e que tanto sua necessidade de ordem quanto sua percepção
do mundo (micro e Macro), impõem que suas descobertas e suas
experiências sejam expressas sob a forma de símbolos e
de conceitos com base em um sistema numérico específico.
Assim, o número deriva, em última instância, do
real (sensações e percepções objetivas)
e do subconsciente (elementos subconscientes associados às percepções
e sensações). Há, portanto, uma permanente dualidade,
que se reflete e dá estrutura, sistema e ordem, particularmente
a todas as religiões tradicionais, sistemas filosóficos
e fraternidades iniciáticas. Nesse sentido, em todas as fraternidades
místicas é dada importância fundamental ao estudo
dos números, no que concerne à estrutura do micro e do
macrocosmo.
Assim, para Platão,
Kant e Hegel o conceito de número é transcendental. Já
Aristóteles interpretava que o número é a ousia
de todas as coisas. De qualquer forma, dependendo do filósofo
ou da corrente filosófica ou científica estudada (Pitágoras,
Locke, Hume, Stuart Mill, os Marxistas, Wittgenestein, Carnap, o Círculo
de Viena, Poincaré, Hamilton, Brunschvicg, Santo Tomás,
Escolásticos, Russell, Whitehead, Le Masson, Santo Agostinho,
Maugé, Leonardo Coimbra, Cunha Seixas, Peano, Dedekind, Fermat,
Hilbert, Cantor, Church, Gauss, Weierstrass, Banach, Lebesgue, Euclides,
Frege, Leibniz, Newton, Descartes, Warsmann, por exemplo), o conceito
de número poderá assumir conotações empíricas,
lógicas ou transcendentais. Contudo, a única possibilidade
de universalização do conceito só acontecerá
quando filosofia, religião e ciência expressarem–se
com univocidade, ou seja, servindo–se apenas de uma forma de interpretação.
Esta última afirmação pode parecer utópica
e até, de certa forma, irracional. Contradita–se, refletindo,
que a irracionalidade está, por exemplo, nas díades alopatia
e homeopatia, positivismo e espiritualismo, analogicidade e univocidade,
esoterismo e exoterismo, Budismo e Catolicismo, mesmo e outro, material
e espiritual, química e alquimia, noite e dia, vida e Vida, e,
entre tantas outras, deus e Deus. Só pela compreensão
unívoca do Universo, o ser humano libertar–se–á
de si mesmo e das falsas verdades que admitiu para si e impôs
aos seus iguais (e, até e principalmente, àqueles que,
em sua superlativa ignorância e mediocridade, considera desiguais
e sem importância, como os próprios animais), cujo resultado
sempre foi e continua a ser o conjunto de desgraças, de misérias,
e de desarmonias que vêm sistematicamente comprometendo e minimizando
sua própria existência enquanto ser humano manifestado
no Mundo da Concretização. A prevalecerem os conceitos
de Guilherme de Alvérnia, de Santo Agostinho e de Santo Tomás,
no qual só Deus tem o ser por essência, [enquanto]
as criaturas o têm por participação (analogicidade),
em detrimento do de Duns Escoto, que se reportando a Aristóteles,
considerou que a noção de ser [é] comum
a todas as coisas existentes, daí tanto às criaturas como
a Deus (univocidade), a harmonia do ser singular com o Ser é
impossível, não porque a univocidade não seja,
mas porque ainda prepondera a antinomia entre doxa e ShOPhIa,
melhor, entre uma presumida sabedoria e TRANS–ShOPhIa.
Na verdade, entrementes, mâyâ jamais poderá
ser dissipada integralmente. Por isso, a peregrinação
será sempre assintótica.
A religião egípcia
é geralmente considerada politeísta, mas há textos
antigos que claramente afirmam que o Deus Único – Um –
é autocriado e criador de outros deuses e dos homens. Entretanto,
quer se considere a religião egípcia (antiga) como politeísta
ou como monoteísta, foi no próprio Egito que, histórica
e tradicionalmente, começou o movimento monoteísta liderado
pelo FARAÓ AMENHOTEP IV, que introduziu o conceito
do Deus Único. Quando esse Faraó rompeu com as antigas
tradições e com os sacerdotes de Amon, mudou seu nome
para AKHNATON, que significa Está Bem com Aton,
Glória de Aton, Vivendo em MAAT
— a Verdade. Em sua convicção, AKHNATON
idealizou o Sol físico como símbolo do Deus Único.
Sua esposa NEFERTITI
apoiou integralmente a nova religião e o novo conceito de monoteísmo
introduzido pelo esposo. Evidentemente que uma ruptura dessa magnitude,
associada a questões políticas e estratégicas que
presidiam a economia interna egípcia, acabou por produzir o caldo
fermentativo que, após a morte do Faraó, desembocou na
supressão dessas novas idéias e na perseguição
implacável dos seguidores da nova ordem por ele formulada. A
antiga religião ressurgiu e as idéias de AKHNATON
entraram em dormência por um longo período. A guarda e
a posse desse novo conhecimento ficaram sob a responsabilidade de abnegados
servidores incógnitos que, sob juramento solene, comprometeram–se,
à semelhança posterior dos Rosacruzes, dos Templários,
dos Martinistas e de outras agremiações iniciáticas
autênticas, a não deixar fenecer a Tradição
(que em verdade vinha de longe, muito provavelmente da Atlântida
ou anteriormente à ela). Na verdade, este não é
um fato singular. Sempre que a Luz tenta se mostrar, seus adversários
prontamente se lançam em campanhas difamatórias e violentas,
no sentido de a suprimir. Basta consultar as Atas do Quinto Concílio
da Igreja Católica levado a efeito na Cidade de Constantinopla,
em 553 d.C. O Catolicismo de hoje praticamente nada conserva do movimento
gnóstico que o originou, e Orígenes foi esquecido.
Em
Heliópolis, a Assembléia de Ra – o Deus–Sol
ou Deus Supremo – formava um grupo de nove ou uma novena, e se
O incluirmos, o grupo era formado por dez deuses:
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RA |
|
SHU |
|
TEFNUT |
SEB |
|
NUT |
OSÍRIS |
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ÍSIS |
SET |
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NEPHTYS |
|
HÓRUS |
|
Esquema 1: Assembléia de RA
(Nesta Assembléia, RA representa o Deus–Uno
e os outros Deuses são companheiros de RA)
No sistema teológico
de Mênfis, Ptah era o criador (autogerado) de deuses e de homens,
e, semelhante ao sistema heliopolitano, cada deus possuía também
atributos específicos. Entretanto, considerando–se, por
exemplo, o sistema da Cidade do Sol, ainda que a díade seja mais
poderosa, é a tríade que representa a síntese dos
atributos de Ra, a Fonte Única da Vida (p. ex., Osíris,
Ísis e Horus). Tanto as tríades quanto a novena perfazem,
nos dois sistemas, unidades, das quais a multiplicidade é uma
extensão ou emanação. A Divindade não se
fraciona.
No Hinduísmo, o simbolismo
do número três é evidente e inspirador, aparecendo
na trindade Brahma–Vishnu–Shiva, como Criador, Preservador
e Destruidor. Brahma é a Primeira Criação e representa
a Mais Elevada Realidade e está associado à Palavra Sagrada
AUM e suas letras. O ato de meditar sobre
esta Palavra (ou sobre sua outra forma, OM)
é um caminho para o alcançamento da harmonização
mística, vale dizer, da unificação consciente com
Brahma. Vishnu – o Conservador ou Preservador – é
a instância da qual provêm os Avatares, como uma repetição
de sua forma através das encarnações, segundo esta
doutrina. Shiva, que simboliza o pensamento, significa a luta contra
o presumido mal(?) e a destruição das más idéias.
Por outro lado, a série correspondente aos Três Vedas está
associada às letras A–U–M,
formando tríades específicas, a saber:
A |
U
|
M |
RIG
VEDA |
YAJUR
VEDA |
SAMA
VEDA |
TERRA |
REINO
INTERMEDIÁRIO |
CÉU |
VIGÍLIA |
ESTADO
DE SONHO |
SONO
PROFUNDO |
FALA |
MENTE |
SOPRO
VITAL |
CONHECIDO |
O
QUE ESTÁ
PARA SER CONHECIDO |
DESCONHECIDO |
Quadro 1: Três Vedas
Assim, Deus e homem, na religião
e na mitologia, constituem uma dualidade, embora o místico possa
conceber a realidade como um Todo Irredutível e Homogêneo,
mas com Planos distintos de manifestação da Consciência.
Nos Upanishads, Brahma representa Aquilo Com o Qual o místico
poderá (re)integrar–se. O caminho do ser individual (atman)
é tornar–se idealmente um com Brahma, a realidade última
(Atman). AQUILO.
A idéia de Macrocosmo
(Universo) e de microcosmo (homem) e sua correlação é
discutida e examinada em diversas obras filosóficas, mitológicas,
teológicas e místicas. O Guia Sagrado de John
Heydon (1629 –1662), por exemplo, que é uma ampliação
da Tábua de Esmeralda de Hermes Trismegistus, publicado
no século XVII, afirma que o que é inferior, ou aquilo
que está em baixo (mundo e homem), é semelhante ao que
é superior, ou aquilo que está em cima (Universo e macrocosmo),
havendo uma matéria única e universal para o todo.1
No ensaio neopitagórico
A Taboa de Esmeralda, Hermes Leo, ao tentar interpretar o conjunto
de símbolos e a idéia dominante de Hermes Trismegistus
da Tábua de mesmo nome, reportou–se a Eduardo Schuré,
que ensinou haver duas chaves para abrir o sacrário da ciência
hermética, quais sejam :
O exterior é como
o interior das cousas; o pequeno, como o grande; somente existe
uma Lei e o que trabalha é Um; nada é pequeno, nada
grande é, na economia divina.
Os homens são deuses
mortais e os deuses são homens imortais.2
Essas idéias básicas
também aparecem correlacionadas na Cidade Celestial, no Templo
Sagrado e no Jardim Cósmico, e a própria Palavra (ou Logos)
exemplifica, por último, a correlação entre Macrocosmo
e microcosmo, entre Criador e criatura, entre Deus e o homem. No princípio
era a Palavra... O VERBUM INENARRABILE...
Todavia, uma compreensão ainda que fragmentária da estrutura
da Criação, só poderá ser realizada na consciência
do ser pela transcensão das fronteiras desta própria consciência.
Equívocos dialéticos ou teológicos sucessivos haverão
de ser cometidos, se a apreciação do Absoluto e das suas
funções forem compreendidas e explicadas tão–somente
pela razão ou exclusivamente pela fé. Porque os meus
pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos
caminhos os meus caminhos... (Isaías, LV, 8 e 9).
Mas o juízo perfeito do que possa ser o Absoluto é uma
quimera irredutível. E o místico que compreendeu este
princípio está empenhado, realmente, na construção
ad æternum de seu Mestre–Deus Interior. Por isso,
muitas vezes é chamado de ateu pelos ignorantes, quando, verdadeiramente,
ateu é todo aquele que se ajoelha e adora um deus antropomórfico
criado à sua semelhança.
A filosofia de expressão
portuguesa, por exemplo, em seu multissecular caminho especulativo também
privilegiou em suas lucubrações a tríade Deus–Mundo–Homem.
Se durante muito tempo o pensamento lusitânico esteve atrelado
aos dogmas teológicos, com Amorim Vianna, com Cunha Seixas, com
Domingos Tarrozo e, principalmente, com Leonardo Coimbra, alcançou
maioridade, apresentando–se ao mundo como pensamento emancipado,
livre, original e independente, ainda que sustentando resquícios
teológicos. Por outro lado, ainda que tenha mantido e agasalhado
algumas vinculações de origem católica, a teodicéia
portuguesa tem, ao correr da pena de seus pensadores, se mostrado paulatinamente
renovada, autêntica e progressista. De António de Lisboa
a Amorim Vianna, e deste a Leonardo Coimbra, o pensamento lusíada
passou sucessivamente de uma interpretação marcadamente
teológica, para um Deísmo Racionalista inusitado até
então, desembocando em um original Criacionismo Gnosiológico,
que afirma que o conhecimento resulta de uma atividade racional
que elabora intuições. Entretanto, espera–se
mais – muito mais – daquelas plagas. Terra que produziu
Camões, Pessoa, Antero, Leonardo e tantos outros (como os saudosos
António Quadros e Eduardo Soveral) já está a dever
uma síntese mais atualizada e menos teológica de sua trajetória
reflexiva. Esta síntese, entre outras especulações,
obrigatoriamente, deverá examinar, tanto em profundidade quanto
em extensão, um dos trechos mais difíceis e obscuros da
exegese platônica e inserida no Mênon, qual seja: se
tais condições se apresentam o resultado será um
e em tais outras será outro. Este pensamento precisa
ser aprofundado. De qualquer forma, os antigos – e os mais antigos
– detinham um saber que se perdeu (ou se ocultou) e que, modernamente,
volta a ser evocado (Teoria das Reminiscências). No começo
do século XX a Teoria da Relatividade não explicitou que
nenhum sinal ou energia pode se transmitir com velocidade maior
que a da luz? Que a massa de uma partícula é
função de sua velocidade? Que os efeitos de um
campo gravitacional podem ser simulados mediante uma aceleração
adequada? Que massa e energia são equivalentes?
E que tempo e comprimento são relativos? Entretanto,
não se tem ainda uma explicação conveniente para
a velocidade do pensamento, para a projeção psíquica
e para a sensação fugaz e efêmera de ubiqüidade
internalizada no momento absolutamente determinado da Comunhão
Cósmica. Esta síntese, que está em via de conseguimento
pelos precursores dos futuros Teocientistas Dialógicos, é
já, em parte, devedora do pensamento luso–brasileiro. Nutre–se
a firme convicção de que a anamnésia acabará
por dar lugar à reintegração cósmica consciente
e permanente. O condão que está regendo esta esperada
transformação tem como substrato o Amor, a Amizade, a
Munificência e a Fraternidade; a coisa está a ser costurada
nos Planos Superiores de tal sorte que todos os seres possam vir a conviver
em harmonia, tolerância, prosperidade, solidariedade e profunda
paz. Meditar, então, sobre um dos pensamentos do escritor inglês
Thomas Fuller (1608–1661) creio que será inspirador: Aquele
que cai em falta é um homem; o que sofre por ela é um
santo; o que se gaba dela é um demônio. Fuller também
disse: Os que adoram Deus apenas porque o temem, adorariam também
o diabo, se ele lhes aparecesse. Por isso são ateus pensando
que são crentes.
Contemporaneamente, a Teoria
das Cordas tem tentado apresentar profundas mudanças na maneira
de sondar as propriedades ultramicroscópicas do Universo. Leonardo
Coimbra ficaria feliz em verificar que a ciência tem lutado para
não se cousificar. Mas, o CAMINHO DA LUZ INEXTINGUÍVEL
só pode ser trilhado IN CORDE. Por isso, os
irmãos de Saint–Martin referem–se muito discretamente
à SENDA CARDÍACA.
Diversas teorias filosóficas,
metafísicas e místicas empenharam–se, ao longo do
tempo, na busca de uma explicação inteligível,
que correlacionasse coerentemente a possibilidade da existência
de Deus com a inquestionabilidade do Universo, e, de entremeio, o homem,
como realidade necessária segundo alguns sistemas, possibilidade
contingente no entendimento particular de outros. Como muitas são
as teorias que abordaram este tema, escolheu–se, tão–somente,
para este ensaio, revisitar, muito sucintamente, o pensamento Pitagórico.
PITÁGORAS
(571–70 a.C., 497–96 a.C.)
Diversos escritos são
atribuídos a Pitágoras (cujo Nome Iniciático recebido
nas Escolas Secretas do Antigo Egito era PTAH-GO-RA,
que significa Aquele
cuja Sabedoria é tão grande quanto o Sol),
mas, possivelmente, seus ensinamentos foram predominantemente orais,
e os documentos que chegaram à contemporaneidade são provavelmente
inautênticos ou, no mínimo, interpretações
de épocas posteriores. Entretanto, é possível que
fragmentos de seu pensamento não se tenham perdido. As etapas
da vida de Pitágoras foram historiadas pelo mais respeitado dos
antigos biógrafos – Diógenes Laércio –
e a teoria pitagórica é conhecida, basicamente, através
de quatro fontes principais: Filolau, membro da comunidade pitagórica;
Nicômaco, que escreveu Introdução à Aritmética;
Platão, que adequou os conceitos de Pitágoras em conformidade
com sua compreensão pessoal; e Aristóteles, que, ainda
que discordando dos pitagóricos, pois não tinha como distinguir
o pensamento original de Pitágoras do de seus discípulos,
citou e resumiu suas reflexões, tendo como fonte principal de
consulta os escritos de Filolau. Ao invés do ar, da água
ou do fogo, o Número, segundo
Pitágoras, é o Princípio Primeiro de todas as coisas
– a essência do Universo criado, a existência, o Ser
– e o Universo é um sistema organizado em bases numéricas
que guardam entre si relações harmônicas. Os números
– e a própria matemática – são representativos
de princípios universais; é por isso que todos os seres
humanos acolhem a tendência inata de pensar, de viver e de agir
de acordo com uma determinada lei e sob um sistema definido. Assim,
número, criação, cosmologia e música (os
pitagóricos utilizavam sons vocálicos em exercícios
catárticos – a palavra catarse é originária
do grego kátharsis – preliminares para harmonização)
correlacionam–se por leis imutáveis. O Número era,
nesse sentido, a physis das próprias coisas. E Deus,
para Pitágoras, era uma verdade viva e absoluta revestida de
LUZ. O VERBUM é o
Número manifestado pela forma. E a música,
que tinha, como se sabe, uma importância fundamental no processo
de harmonização do micro com o Macro, era o próprio
Deus, ou por outro lado e igualmente, Deus é a música
suprema expressa e manifesta no Universo pela perene rotação
dos corpos celestes, que em virtude desse movimento produzem, ininterruptamente,
a Música ou Harmonia das Esferas. Entendia Pitágoras que
a mais alta aplicação da ciência deveria ser no
campo da medicina; a harmonia é expressa pelo belo; a força
é a razão; e a felicidade é a busca da perfeição.
Na realidade, a obra pitagórica, ao que tudo indica, concentrou
sua doutrina em uma sentença de aplicação universal,
mas até hoje ainda não devidamente compreendida, pois
envolve leis ainda por serem esclarecidas: Não
há mal nenhum que não seja preferível à
anarquia. E assim, o Panteísmo Numérico
ou Aritmético de Pitágoras (que não era, na verdade,
um Panteísmo como é concebido pelos filósofos),
aprendido em parte no Egito, obtido em parte na Babilônia (capital
da antiga Caldéia) com os Iniciados herdeiros dos ensinamentos
de Zoroastro (Pérsia, século VII a. C.), tinha por base
a idéia de que os números têm sua origem na Unidade
(UM), ainda que essa Unidade não seja em si mesma um número.
Por isso, anarquia é diametralmente oposta e se contrapõe,
em todos os planos, à Harmonia. Para os pitagóricos Um
não é número, mas é a origem dos números,
e, acorde com esse conceito, Um torna–se muitos e os muitos se
unem outra vez ao Um, fonte primordial inesgotável –
segundo o próprio Heráclito – da qual tudo brota
e à qual tudo retorna. Esse era também o entendimento
de Pitágoras. Isso é, outrossim, o que está escrito
no livro sagrado do Hinduísmo – o Bhagavad Gita.
Esse foi, também, o entendimento de Dionísio, o Pseudo–Areopagite,
de vez que propugnou que a consciência e o amor de Deus estão
no interior do ser e não totalmente ou exclusivamente isolados
ou separados. Não há, portanto, separação
entre Deus e o ser. Há separação, sim, entre o
ser e Deus. Isto está simbolizado na TETRACTYS,
o Triângulo Eqüilátero Perfeito:
Figura 1: Tetractys
A TETRACTYS simboliza
o padrão da criação, ou seja, a relação
entre o UM e os muitos, e, nesse sentido, o número Dez é
considerado perfeito. O poder do número dez reside na TÉTRADA,
pois se ultrapassada, ultrapassa–se, também, o Dez. E Dez
não são nove, nem onze. É Dez. Ao se avançar
do um até o quatro surge o Dez, a mãe primordial de todas
as coisas. Sob outro aspecto, o número três também
é perfeito, porque contém o início, o meio e o
fim; e o triângulo é a mais elementar figura que pode ser
representada. Por esse motivo a TETRACTYS é representada
por um triângulo eqüilateral. É importante ressaltar
que, para os pitagóricos, três é um número
não–composto, sagrado, perfeito e sumamente poderoso. A
perfeição progressiva do mundo se dá pelo três,
e Deus (ou Mente Cósmica) ordena o criado por número,
peso e medida. Três é o número que representa a
Harmonia Cósmica (7 –› 8 –›
9). Essa lei universal perdurou até a contemporaneidade, e diversas
escolas de pensamento mantêm esse princípio como pedra
angular de suas doutrinas. A Lei do Triângulo, simplificadamente,
contempla o princípio de que a criação origina–se
de dois princípios vibratoriamente opostos, que, ao se unirem,
produzem um terceiro, que, eventualmente, será um dos princípios
de uma nova manifestação.
A
+ B –› C
C
+ D –› E
E
+ F –› G
.............
.............
O
exemplo máximo do cumprimento dessa Lei é a própria
criação: masculino (positivo) + feminino (negativo) =
criação (natura naturata). O princípio
feminino é a própria Natureza Naturante Universal. Outras
figuras apareciam da união dos números – os gnômones
– que podiam ser quadrados ou retangulares. Os quadrados baseiam–se
em um, e os retângulos em dois, a saber:
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1 +
3 + 5 + 7 = 16 |
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2
+ 4 + 6 + 8 = 20 |
Figura 2: Gnômones
Figura 3: Figuras Pitagóricas Elementares
Sintetizando esses dois conceitos
– perfeição e estabilidade – Pitágoras
geometrizou um Emblema, cujo esoterismo iniciático colheu na
Babilônia, que demonstra que a área de um quadrado construído
sobre a hipotenusa de um triângulo retângulo (a2)
é igual à soma das áreas de dois quadrados menores
construídos sobre os catetos do mesmo triângulo(b2
e c2):
Figura
4: Emblema Pitagórico
Também, entre outras
muitas descobertas, fazem parte do conhecimento pitagórico os
conceitos de média aritmética, de média geométrica
e de média harmônica, que foram observadas, por exemplo,
no comprimento das cordas dos instrumentos musicais.
Segundo Ralph M. Lewis, no
livro Símbolos Antigos e Sagrados, o Teorema demonstra
que o triângulo é um símbolo da criação
perfeita, porque contém tudo e sustentará tudo o que possa
ser adequadamente construído sobre ele.3 Mais
tarde, o Teorema de Pitágoras veio a se constituir no Quadragésimo
Sétimo Problema de Euclides.
O livro O Universo dos
Números, editado pela Ordem Rosacruz, AMORC, assim resume
o sistema pitagórico:
Sistemas como o dos pitagóricos são um meio de
representar a compreensão humana de ordem. O estudo das ciências,
de acordo com os pitagóricos, e o estudo da teoria dos números
com base na criação auxiliam a consecução
da harmonia entre a alma e aquilo sobre o que se medita. Trata–se,
portanto, de um meio de harmonização com o cosmos
e com Deus. O Um se torna muitos, mas os muitos também exibem
a ordem e o padrão arquetípico no nível humano.4
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A influência da Irmandade
Pitagórica estendeu–se dos gregos, como em Platão,
até Newton, passando por pensadores como Robert Fludd, John Heydon
e Thomas Vaughan, e cientistas como Copérnico, Kepler e Galileu.
Atualmente, os ensinamentos de Pitágoras, colhidos, como se afirmou,
em parte, provavelmente, dos egípcios e dos babilônios,
continuam a fazer parte da cultura, da ciência e das meditações
de diversas fraternidades hodiernas, bem como continuam a alicerçar
o entendimento preliminar da matemática.
Por outro lado, mas oportunamente,
é recomendável e esclarecedor neste instante observar
que a física contemporânea tem levado o ser humano a uma
visão bastante similar àquela adotada pelos filósofos
e místicos de todos os tempos e tradições. Homens
como Planck, Einstein, Oppenheimer, Bohr, De Broglie e Heisenberg reconheceram
que o acervo da física atual não passa de um refinamento
da velha sabedoria. Pitágoras, Buda e Lao Tsé enfrentaram
os mesmos problemas epistemológicos que hoje a física
começa a resgatar. A Teoria Quântica e a Teoria da Relatividade
deram o primeiro grande passo. Contemporaneamente, a Teoria das Cordas,
conforme já se afirmou, aprofunda novas possibilidades.
A distinção
entre matéria e espírito, animado e inanimado, teve sua
origem no transcurso do quinto século a.C., no qual se buscava
uma utópica conciliação entre o Ser Imutável
de Parmênides e o vir–a–ser heraclitiano.
Essas lucubrações deram origem ao conceito de átomo,
explicitado nas filosofias de Leucipo e de Demócrito. A partir
dessa nova perspectiva, ficou estabelecida uma linha demarcatória
absolutamente nítida entre espírito e matéria.
A base do conhecimento ocidental veio, a partir daí, a ser sistematizada
e organizada por Aristóteles, prevalecendo por mais de dois mil
anos. O preliminar estabelecimento de uma fronteira entre o espiritual
e o material, o decorrente desinteresse pelo mundo material (a atenção
centrou–se no mundo espiritual, na alma humana e nos problemas
éticos) e a supremacia dogmática do Catolicismo (que por
não compreender, paulatinamente deturpou e degenerou os ensinamentos
do Humilde Peixe, apoiando, inclusive, a parte do aristotelismo que
interessava, para dar sustentação ao aviltamento progressivo
do já aviltado Cristianismo Gnóstico, durante toda a Idade
Média) mergulharam o mundo na mais tenebrosa lentidão.
A ciência teve que pacientemente esperar. Só com o Renascimento
a Humanidade começou a se libertar das imposições
eclesiais e da compreensão mal formulada de alguns aspectos da
doutrina aristotélica. Os conceitos de Ato e de Potência,
que interpretam ou levam a interpretar a Deus ou Consciência Cósmica
como Ato Puro, no qual nada está ou existe em potência,
gerou conseqüências, por um lado extremamente valiosas que
deram apoiamento a muitos dogmas da teologia católica, e, por
outro, produziu preconceitos terríveis que sustentaram (e ainda
sustentam) o autoritarismo e o medo eclesiais, apocopando e retardando
por séculos o evolver da confraria católica romana. O
entendimento do Estagirita sobre a mulher e sobre aqueles que seriam
incapazes de alcançar a felicidade (servos e escravos, estes
últimos recrutados entre os bárbaros feitos prisioneiros
nas batalhas), originou os maiores equívocos e sofrimentos durante
mais de vinte séculos. Esqueceu–se Aristóteles de
que aquele que tiver morto pela espada pela espada será
morto. Aquele que oprime, mais cedo ou mais tarde, como
advertiu Éliphas Lèvi, será oprimido, porque o
crime acarreta sua própria compensação ou até
dissolução daquele que oprime. Terá se esquecido
Aristóteles da unidade da vida, da unidade da verdade, da unidade
da Luz, da unidade do poder, da unidade da justiça e da unidade
do Universo? Escravidão e preconceito são sinônimos
de pobreza, de miséria, de cegueira e de surdez. É claro
que as hierarquias autoritárias de poder se locupletaram ao limite
do absurdo desses (pré)conceitos. Daí a escravidão
(que já existia, mas foi, além de mantida, aprimorada).
Daí as guerras santas, a Inquisição e o Santo Ofício.
Daí a manutenção do inexplicável preconceito
contra a mulher, que ainda que tenha tido com a instalação
do Supremo Conselho da Ordem Rosacruz e com o surgimento do Cristianismo
dois momentos importantes em sua emancipação, esta –
a mulher – só veio a conquistar, lentamente e com muita
dor, o processo real de paridade e de libertação neste
penúltimo século. Daí o fracionamento da Unidade.
Ainda que Aristóteles tenha ampliado o platonismo, cometeu equívocos
flagrantes e induziu a erro as mentes mesquinhas, despreparadas e preconceituosas.
Um novo interesse em torno da natureza, malgrado essas forças
trevosas e coercitivas, começou a se descortinar. A simpatia
pela matemática floresceu livremente, e Galileu foi o primeiro
pensador a compatibilizar o conhecimento empírico com os números,
vale dizer, com os princípios matemáticos. Entretanto,
pagou seu preço. O pensamento filosófico, já não
mais escravo dos dogmas teológicos – ou pelo menos em processo
de franca libertação – alcançou sua formulação
extrema (mas ainda mantendo equivocidade) com Descartes, no século
XVII, que dividiu a natureza em dois reinos separados e independentes:
mente (res cogitans) e matéria (res extensa).
O modelo mecanicista oriundo dessa partição prevaleceu
até o fim do século XIX, com a predominância da
física clássica newtoniana, que caminhava paralelamente
com o protetor e o coercitivo acolhimento de uma divindade monárquico–totalitária.
A ciência, assim como tudo, era governada pelas leis divinas,
que os homens, vaidosamente, presumiam já ter conhecimentos suficientes,
e o mundo achava–se submetido a leis eternas e invariáveis.
Massa, tempo e espaço eram, então, conceitos absolutos,
inalteráveis. A Relatividade mudou isso. O Cartesianismo e o
Mecanicismo, todavia, ainda que contemplassem alguns equívocos
flagrantes e proporcionassem conseqüências adversas para
o avanço da reflexão, impulsionaram a física clássica
e a tecnologia a um desenvolvimento incontestável. Mas, o que
é fascinante, fantástico e inquestionável, é
o fato de a física contemporânea do cansado século
XX, ter estado a demonstrar a cada instante, que essa fragmentação
foi um misto de inexatidão bem–intencionada e de miragem
ilusória. Já superando esse equivocado fracionamento,
os cientistas têm–se voltado agora para a velha (sempre
nova) IDÉIA DE UNIDADE (TUDO É
UM), cujo berço admitido(!) foi a Grécia
antiga e as filosofias orientais. A própria Alquimia voltou a
estar na ordem do dia das cogitações de filósofos
e de cientistas, pois as visões fragmentária da sociedade,
do próprio indivíduo e da Natureza têm–se
mostrado insubsistentes e a razão última de todas as crises
sociais, econômicas, culturais e ecológicas. Acabou por
ficar patente para o pensamento, que aquela inconsistente postulação
só produziu o crescimento da violência, o aumento e o aparecimento
de várias doenças, a desordem econômica e o desajustamento
político em vários níveis, comprometendo a vida
e o meio ambiente. Com os ajustamentos convenientes, talvez tenha chegado
o momento de se reexaminar o pensamento anterior ao século VI
a.C. e de filósofos neoplatônicos – como é
o caso de Plotino – nos quais ciência, política e
religião não se encontravam disjungidas. Talvez, repete–se,
tenha também chegado o momento de observar a Teoria da Relatividade
e a própria Alquimia sob outro ângulo que não seja
apenas físico e presumidamente apenas materialmente transmutatório.
Infelizmente, Vril, the Power of the Coming Race, de Bulwer
Lytton, não colmatou todos os vazios da ignorância humana.
A própria palavra VRIL esconde um segredo
a ser desocultado.
Antes, porém, de se
concluir este resumido rascunho do pensamento pitagórico, apresentam–se
alguns excertos dos Versos Áureos atribuídos a Pitágoras,
todavia, supostamente, escritos por Lysis e outros pitagóricos.
A tradução é de Dario Veloso (fundador do Instituto
Neo–Pitagórico – 1909 – sediado em Curitiba)
do original francês de Fabre d’Olivet: Tuas
loucas paixões aprende a dominá–las./ Aprende: tudo
cede à constância do tempo./ Mesmo entre os imortais consigas
ser um Deus. A absorção do múltiplo
no UM – Panteísmo(!) Numérico Pitagórico
– admite que o ser, imagem e semelhança do Ser, seja, na
verdade, um Ser (semiconsciente) em ascensão. Por isso ser e
Ser são UM. E, assim, Nihil novi sub sole.
O homem é, pitagoricamente especulando, um microdeus, e as leis
que regem o UM regem também a TÉTRADA.
A inadequada compreensão
do pensamento pitagórico, a fixação da razão
no limite da noesis, a dicotomia aristotélica Potência–Ato
e o dualismo radical Motor Imóvel ou Ato Puro
e matéria eterna vêm agrilhoando e apertando o pensamento
em uma camisa–de–força de difícil libertação.
Enquanto o pensamento se mantiver fragmentado, a percepção
do Todo só se verificará por uma fresta, e a doutrina
de Mani, sub–repticiamente, ainda que amplamente confutada por
Santo Agostinho (que a abraçou e depois a desdenhou), prevalecerá.
A redução do quadrado a um triângulo na Tetractys
esconde mais do que revela. É preciso, portanto, mais realizar
do que compreender. Tudo é mâyâ. Vencer,
paulatinamente, mâyâ é preciso!
Antes de encerrar definitivamente
este ensaio, serão incluídas algumas anotações
sobre o pensamento numérico pitagórico. Além de
pares e ímpares, na Escola de Crotona eram ensinadas outras categorias
de números, por exemplo: PERFEITOS, EXCESSIVOS, DEFICIENTES,
LEVEMENTE IMPERFEITOS etc.
PERFEITOS:
são aqueles cuja soma dos divisores é igual ao próprio
número (sem deixar resto). Um número natural n > 1
é dito perfeito, quando é igual à soma de seus
divisores d, sendo d < n. Uma outra forma de definir um número
perfeito é: Um número é considerado perfeito se
é igual à soma de seus divisores próprios. Divisores
próprios de um número positivo n são todos os divisores
inteiros positivos de n exceto o próprio n.
Exemplo: 6 —› 1 + 2 + 3 = 6, que também é
o valor secreto de TRÊS. Outros números perfeitos são:
28, 496, 8.128, 33.550.336 e 8.589.869.056.
O maior número perfeito registrado na literatura é:
2.305.843.008.139.952.128
A existência ou não de números perfeitos ímpares
continua sendo um desafio para a Teoria dos Números.
EXCESSIVOS:
são aqueles cuja soma dos divisores é maior do que o próprio
número (sem deixar resto).
Exemplo: 24 —› 1 + 2 + 3 + 4 + 6 + 8 + 12 = 36
DEFICIENTES:
são aqueles cuja soma dos divisores é menor do que o próprio
número (sem deixar resto).
Exemplo: 8 —› 1 + 2 + 4 = 7.
DEZ é um número especial (mistério!), pois só
é deficiente na aparência. TETRACTYS
= 1 + 2 + 3 + 4 = 10
LEVEMENTE
IMPERFEITOS: são aqueles resultantes da operação
2n, pois a soma de seus divisores próprios resulta
sempre em uma unidade a menos do que o próprio número.
Exemplos:
22 = 2 x 2 = 4 (divisores 1 e 2, soma = 3)
23 = 2 x 2 x 2 = 8 (divisores 1, 2 e 4, soma = 7)
24 = 2 x 2 x 2 x 2 = 16 (divisores 1, 2, 4 e 8, soma = 15)
25 = 2 x 2 x 2 x 2 x 2 = 32 (divisores 1, 2, 4, 8 e 16, soma
= 31)
DADOS
SOBRE O AUTOR
Mestre
em Educação, UFRJ, 1980. Doutor em Filosofia, UGF, 1988.
Professor Adjunto IV (aposentado) do CEFET–RJ. Consultor em Administração
Escolar. Presidente do Comitê Editorial da Revista Tecnologia
& Cultura do CEFET–RJ. Professor de Metodologia da Ciência
e da Pesquisa Científica e Coordenador Acadêmico do Instituto
de Desenvolvimento Humano – IDHGE.
NOTAS
COMPLEMENTARES E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1.
Cs. O Universo dos Números, Ordem Rosacruz – AMORC,
2ª ed. pp. 28–9. John Heydon afirmava que Deus é nosso
Guia Sagrado. Sua obra–mestra Holy Guide, de 1662, está
baseada em três pilares: alquimia e filosofia hermética,
teoria e simbolismo numérico de Pitágoras e princípios
rosacruzes. Contém A Nova Atlântida, de Francis
Bacon em seu prefácio e a Fama Fraternitatis no livro
final. Nessa obra, Heydon asseverou que Um é o número
de Deus e da felicidade; Dois é o número da matéria;
Três é o número a perfeição; Quatro
representa a Terra e é o número da natureza e da saúde;
Cinco é o número da juventude; Seis é o equilíbrio
do mundo; Sete representa a virtude; Oito é o número da
sabedoria; Nove é o número dos corpos em modificação;
e Dez é o número universal. Op. cit., pp. 180–3.
2. Op. cit., pp. 17–8.
3. Op. cit., pp. 15–6. Proclo narrou que Pitágoras sacrificou(!?)
um boi(!?) em homenagem à descoberta do Teorema que leva seu
nome. Terá isto acontecido? Eu não acredito. Por outro
lado, o entendimento matemático do famoso Teorema é o
que segue:
Área
do quadrado maior = a2
Área do quadrado médio = b2
Área do quadrado menor = c2
Então: a2 = b2 + c2 |
|
Há, presentemente,
múltiplas maneiras de se atestar a veracidade deste TEOREMA.
A própria figura mostrada logo acima embute uma outra demonstração
que pode ser encontrada em diversos sites da Internet. A comprovação
que Pitágoras usou para demonstrá–Lo continua sendo
um mistério guardado nos Tabernáculos das Fraternidades
Iniciáticas Autênticas. Pode–se, talvez, conjecturar
que o Hierofante de Samos tenha utilizado como prova uma comparação
elementar entre figuras geométricas simples. O livro The
Pythagorean Proposition, de autoria de Elisha Scott Loomis apresenta
367 provas para o Teorema. Uma dessas demonstrações, bastante
conhecida e muito bonita, é a que apresento abaixo, tendo sido
adaptada do site abaixo (Acesso em: 15/12/2003):
http://www.matematica.br/historia/teopitagoras.html
Considere
dois quadrados, ambos com lados iguais a (a+b). O primeiro é
composto por seis figuras geométricas: um quadrado de lado a,
um quadrado de do b e quatro triângulos retângulos de catetos
a e b. Se se denominar de S a área de um desses triângulos,
e sendo a área total da figura (a+b)2, otém–se:
(a+b)2 = a2 + b2 + 4S (1)
O segundo quadrado é
composto, também, de quatro triângulos retângulos
iguais aos anteriores e de um quadrado de lado c, equivalente à
hipotenusa dos triângulos. Logo, nesse quadrado, tem–se:
(a+b)2
= c2 + 4S (2)
Igualando os segundos membros
das equações (2) e (1), resulta:
c2 + 4S = a2 + b2 + 4S
E cancelando 4S em ambos os
membros da equação (3), a conclusão lógica
que valida o Teorema é:
c2
= a2 + b2
No Teorema do Sábio
de Samos as três expressões matemáticas que satisfazem
as condições para representar a hipotenusa e os dois catetos
são:
Hipotenusa: 2n2 + 2n + 1
Cateto maior: 2n2 + 2n
Cateto menor: 2n + 1
Nestas três expressões
n tem, obrigatoriamente, que ser diferente de zero. Para o Triângulo
de Ouro tem–se n = 1. Portanto:
Hipotenusa: 2 (1)2 + 2 (1) + 1 = 5
Cateto maior: 2 (1)2 + 2 (1) = 4
Cateto menor: 2 (1) + 1 = 3
TRÊS,
já se teve oportunidade de referir, representa a manifestação
perfeita, os SAGRADOS SEPHIROTH SUPERIORES
e as TRÊS MATRIZES DO ALFABETO HEBRAICO. Em outro
sentido, o conceito de homem (pai) pode por ele também
ser expresso. 3 encontra seu apogeu, sua culminação ou
seu ponto máximo em 3 x 3 (32), vale dizer, 9. 4 (quatro)
é o número da mulher (mãe, matriz,
porta do devenir), e sua perfeição é alcançada
em 16, ou seja 4 x 4 (42). A consulta ao Gênese
I (Sepher Bereshith) demonstrará cabalmente que um ciclo
de criação é composto de três dias com quatro
atos criativos. E a criação integral compõe–se
de dez expressões ao longo de seis dias. Com a oitava expressão
foi criado o homem; sede férteis e multiplicai–vos
foi a sua nona expressão; e a décima expressão
referiu–se à alimentação do homem. No Gênese
II há um segundo relato modificado da Criação,
mas mantido o princípio das Dez Expressões Criativas.
À esta altura desta pesquisa também parece já ter
ficado patente, que a Bíblia pode ser lida de quatro
maneiras distintas: histórica, alegórica, teológica
ou esotérico–cabalística. A única absolutamente
correta é a última. Entretanto, para desencanto dos menos
esforçados, muitas são as dificuldades para a correta
decifração de seus dédalos. Entre tantas operações
que se inserem na KaBaLa Literal, três precisam integralmente
ser conhecidas, quais sejam: Notaricon, Gematria e
Temura. E a Bíblia Sagrada nada mais é
do que pura e genuína KaBaLa. Talvez as maiores maldades
teológicas tenham sido a ocultação deliberada deste
arcano saber, e as supressões e adulterações daquilo
que era julgado incompreensível, desnecessário ou temerário.
Um exemplo foi o decreto supressório da LEI DA NECESSIDADE,
por imposição de Justiniano.
Voltando ao Teorema de Pitágoras,
pode–se aduzir que, juntos, homem e mulher (ativo e passivo),
contemplam sua máxima realização e perfeição
em 9 + 16 = 25, ou seja, a suprema realização
de 5 (que é o número do filho). Em outros
termos: princípio positivo equivale ao 3, princípio maternal
(negativo) equivale ao 4 e caráter duplo (filho) equivale ao
5. 3 é masculino ativo, solar e dourado; 4 é feminino,
passivo, lunar e prateado; e 5 representa a síntese desses dois
princípios. 3, 4 e 5 são os únicos números
inteiros seqüenciais aplicáveis ao Teorema de Pitágoras:
32 + 42 = 52 –›
9 + 16 = 25.
Friedrich Weinreb propôs:
3: HOMEM (9: Ápice do Princípio Masculino)
4: MULHER (16: Ápice do Princípio Feminino)
5: FILHO (25: Síntese dos dois Príncípios)
O Triângulo de Pitágoras,
em última instância, regula o funcionamento do Mundo Divino,
do universo intelectual e do plano físico. Na Esfera Divina,
a hipotenusa representa a Lei Universal, e os dois catetos a Potência
Suprema e a realização ilimitada das virtualidades do
Absoluto. No plano intelectual – conforme o entendimento de J.
E. Bucheli – a hipotenusa é a religião e os catetos
simbolizam quadruplamente a fecundação e a realização
das idéias do Ser: afirmação, negação,
discussão e solução. No domínio físico,
a inspiração é representada pela hipotenusa, e
os catetos formam a ação fecunda da Natureza e a realização
dos atos humanos por meio da verdade, da justiça, da vontade
e da energia. Há um paralelismo esotérico–cultural
que pode ser verificado ao se consultarem as lâminas correspondentes
aos Arcanos III, IV e V do Tarô. Todavia, o Teorema resolvido
para 3, 4 e 5 dá: 9 + 16 = 25. E assim, em um plano mais elevado
têm–se os números 9, 16 (que se desdobra em 10 e
6) e 25 (que se desdobra, por sua vez, em 20 e 5). Nesse sentido, outras
relações aparecem para os números 9, 10, 6, 20
e 5. Novamente se podem obter informações adicionais se
se consultarem as Lâminas IX, X, VI e XI dos Arcanos Maiores do
Tarô. A correlação para o número 20 não
se faz com a Lâmina XX e sim com a XI. Observe–se que XI
equivale a 2, e 20 nada mais é do que 2 em um nível que
lhe é imediatamente superior. Aliás, o Tarô é
outra obra irredutível.
4. Op. cit., p. 42. A busca por analogias entre os números e
as coisas foi certamente um dos pilares – talvez o mais importante
– da Escola Pitagórica. Uma das fórmulas desenvolvidas
pelos pitagóricos demonstra que qualquer quadrado pode ser obtido
pela soma de números ímpares sucessivos, a saber: 1 +
3 + 5 + 7 ... (2n – 1) = n2 .
SITES
CONSULTADOS
http://www.jimloy.com/geometry/pythag.htm
http://mathforum.org/library/drmath/view/62539.html
http://www.educ.fc.ul.pt/icm/icm99/icm16/curiosidades.htm
http://www.eb23–guifoes.rcts.pt/NetMate/sitio/jogos.htm
http://portfoliomatematica.no.sapo.pt/curiosidades1.htm
http://www.politestes.hpg.ig.com.br/matematic.htm
(excelente site)
ANEXO
I
ESCOLA DE ATENAS (Causarum Cognitio)
Rafaello Sanzio
Afresco Pintado de 1509 A 1510
STANZA DELLA SEGNATURA (Palazzi Pontifici, Vaticano)
http://www.fflch.usp.br/dh/heros/cursos/
Detalhe:
Pitágoras demonstrando uma das suas proposições
geométricas
ANEXO
II
DEMONSTRAÇÃO DO TEOREMA DE PITÁGORAS USANDO–SE
OS QUADRADOS MÁGICOS
(Adaptado de Elisha Scott Loomis)
Considere
a figura abaixo. Sobre os dois catetos e sobre a hipotenusa estão
desenhados três quadrados com 9, 16 e 25 subquadrados cada um.
Colocando-se
números nos subquadrados, tem–se:
52 |
47 |
48 |
45 |
49 |
53 |
50 |
51 |
46 |
8 |
13 |
14 |
11 |
7 |
18 |
17 |
4 |
19 |
6 |
5 |
16 |
12 |
9 |
10 |
15 |
37 |
18 |
19 |
16 |
35 |
17 |
24 |
23 |
28 |
33 |
36 |
29 |
25 |
21 |
14 |
20 |
22 |
27 |
26 |
30 |
15 |
32 |
31 |
34 |
13 |
Consultando–se
os três quadrados, tem–se:
a)
Constante do quadrado construído sobre a hipotenusa: 125
b)
Constante do quadrado construído sobre o cateto menor: 147
c)
Constante do quadrado construído sobre o cateto maior: 46
d)
Soma dos números no quadrado–hipotenusa: 625
e)
Soma dos números no quadrado–cateto menor: 441
f)
Soma dos números no quadrado–cateto maior: 184
g
Demonstração: 625 = 184 + 441
ANEXO
III
CONSTRUÇÃO DE QUADRADOS MÁGICOS COM CAPICUAS (seqüência
de algarismos que permanece a mesma se lida na ordem direta
ou na ordem inversa)
161
|
111 |
181
|
171
|
151 |
131 |
121 |
191
|
141 |
6006
|
1001
|
8008
|
7007
|
5005
|
3003
|
2002
|
9009
|
4004
|