QUESTIONAMENTO CONSTANTE
(mais um poeminha sem pé nem cabeça)

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

Abælardus* e Heloise

 

 

Hæc quippe prima Sapientiæ clavis definitur assidua scilicet seu frequens interrogatio... Dubitando enim ad inquisitionem venimus; inquirendo veritatem percipimus..

 

A primeira chave para a Sabedoria é o questionamento constante... Através do duvidar, somos levados a inquirir; pela reflexão poderemos perceber a verdade.

 

Sic et Non (Prologus)
Petrus Abælardus (1079 – 1142)

 

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* Petrus Abælardus (1079 – 1142) ficou conhecido (e mais ou menos odiado) por sua invejada liberdade e pelo seu relacionamento com a linda Heloise (sobrinha de um tal cônego Fulberto, que ninguém mais se lembra quem foi e o que fez, se fez alguma coisa digna de nota), de quem fala em sua História das Minhas Calamidades. Este mesmo enfant de putain Fulberto (de Merde-Puant), portador de um horrético ciúme-tesão-recolhido-encruado-masturbatório, sem dó nem piedade, mandou castrar Abælardus por causa do seu envolvimento amoroso (não-autorizado) com Heloise. Depois desta infernal desgraceira capadora, Heloise entrou para um convento (onde acabou vindo a falecer) e Abælardus castratus se recolheu em um mosteiro. A partir desse período doloroso, trocaram cartas regularmente. Do relacionamento entre os dois, nasceu um filho, Astrolábio. Se você não viu, vale muito a pena ver o filme Em Nome de Deus (Stealing Heaven), que conta a miserável história da vida deste casal-símbolo do puro amor do Catolicismo medieval.

 

 

 

 

Não tentem me açaimar

nem ousem me ameaçar;

sempre exalarei o que sei,

para o pobre ou para o rei.

 

 

Podem até me castrar,

e, inclusive, me queimar;

mas, até ao jazigo descer,

doarei meu parco saber.

 

 

Para pecadores e bentos,

bramarei aos quatro ventos:

— quem espera desalcança;

dorminhoco avulta a pança.

 

 

Quem quiser ser, comigo;

quem não, coce o umbigo.

Depois, não planja o leite

derramado sem deleite!

 

 

– que se achava muito esperto.

Sim, capou o amor do amado;

mas sempre foi ele o capado.

 

 

Como sismos intermitentes,

assim obram muitas gentes:

ora, quietinhas, não castram;

ora, subitamente, desastram.

 

 

Bem, tenho que dar um fim

a esta composição-folhetim.

Epilogando, direi o seguinte:

 

 

 

 

Música de fundo:

Fechei a Porta
Compositores: Sebastião Mota & Ferreira dos Santos
Intérprete: Jamelão

Fonte:

http://www.charles50tao.com.br/samba_II.htm