PERPETUANDO A TRADIÇÃO


Rodolfo Domenico Pizzinga

http://paxprofundis.org

 

Música de fundo: Castigo (Dolores Duran)
http://www.musicasmaq.com.br/castigo.htm

 

Alguns homens lutam um dia.
São bons.
Outros lutam um ano.
São melhores.
Os que lutam vários anos
são ótimos.
Mas, há aqueles que lutam a vida toda.
Esses são imprescindíveis.

Bertold Brecht (1898-1956)

 

 

OBJETIVO

 

         Este ensaio pretende repercutir e analisar o como e o porquê de a Tradição (geralmente entendida como perene, hermética, oculta, iniciática e idêntica a si mesma) estar perpetuada nas fábulas, nas lendas, nos jogos, nos símbolos, nas brincadeiras infantis, nas parábolas e em outras manifestações. Dela, o ser singular e a humanidade coletivamente vêm usufruindo e se beneficiando, geralmente, de maneira inconsciente. Então, que se faça a LLUZ. A difusão do que se seguirá, contemporaneamente, já se encontra em diversos sites da Internet, e pretende, tão-somente, produzir e estimular harmonia, paz e desejo de reintegração e de reconciliação em todos e para todos: minerais, vegetais, animais e seres autoconscientes. Então, repete-se: que se faça a LLUZ, pois ela haverá de ser feita.

 

INTRODUÇÃO

 

          O que se entende por Tradição? Há uma tradição esotérica(1), atemporal(2) e, desde sempre, idêntica a si mesma, perpétua e irredutível — presente desde a mais remota e inexistente Antigüidade — em todas as filosofias e religiões. É uma sabedoria unificada e unificante que abrange todo o conhecimento humano acumulado (e por acumular), depositária de um Saber Holístico – portanto universal – que contém e abarca todas as soluções para todos os problemas e todas as dificuldades que permeiam os variados campos nos quais a humanidade obrigatoriamente tem que atuar. Esta Sabedoria era (e continua sendo) ministrada no seio das Escolas e das Fraternidades Iniciáticas, cujos temas envolvem: ética, moral, significado da iniciação, leis do simbolismo, significado (esotérico) dos números, cabala (KaBaLa), cristalografia, fisiologia oculta, Leis do Universo, ontologia, teclado cósmico, leis da transmutação, visualização, criação mental, alquimia mística transcendental, filosofias antigas, alfabetos místicos, constituição dual e setenária do homem, Doutrina Palingenética, sobre o VERBUM... e muitos outros temas que são veiculados lenta e consistentemente, à medida que o estudante vai demonstrando que está apto a prosseguir em seus estudos. A lei universal que regula o aprendizado é a Meritocracia. Mas, que não se esqueça ou se confunda: a verdadeira Sabedoria só poderá ser adquirida no santuário sagrado da consciência. De boca a ouvido. De Iniciador para iniciado. De Mestre para discípulo. De coração para coração. Infeliz daquele que, tendo aprendido, profane o que aprendeu. Execrado aquele que passar a Palavra... Essa Sabedoria recebeu no passado diversas denominações, como, por exemplo, Magia dos Deuses, Sabedoria Sagrada, Caminho da Unidade, Sabedoria Secreta, Sabedoria Sagrada de Avallon, Iniciação no Templo do Espírito Santo, Comunhão Cósmica etc. Este trabalho-reflexão tem a intenção de apresentar, resumidamente, algumas leis e conceitos tradicionais imorredouros que estão embutidos ocultamente em diversas atividades humanas, e que, de forma segura, porém inconsciente para a maioria dos seres, têm proporcionado, paulatinamente, a reconciliação e a reintegração do ser singular consigo, com o outro, com todos e com a Consciência Cósmica, da Qual cada natureza naturada foi, é e será parte integrante, necessária e inalienável. E tudo, simbolicamente, pela honra e pela glória do D’US Único, no qual se manifesta, ininterruptamente, a Unidade da Vida, a Unidade da Verdade, a Unidade da LLUZ, a Unidade do Poder, a Unidade da Justiça e a Unidade do Reino Eterno. É, também, um trabalho-homenagem à '.'G'.'L'.'B'.' que, irrefragavelmente e fraternalmente, está atenta à reintegração das consciências. Por isso, cabe recordar a Regra de São Bento: Fiat Pax in Virtute Tua. A meta dos entes singulares, portanto, com o auxílio da '.'G'.'L'.'B'.', deve ser a transubstanciação do limitado em ilimitado, quando, meritocraticamente, haverá de acontecer a inconsútil realização interna do Cristo Cósmico. AKHNATON (1400 a.C) e os Trinta e Nove... Buda... Jesus... Sâr Alden... Outros... Perpetuando a Tradição.

 

PENTAGRAMA DE FAUSTO

 

         O Pentagrama é um símbolo – um instrumento de meditação e de trabalho. Ele exprime, como ensinou Éliphas Lèvi (Paris, 8 de fevereiro de 1810 - Paris, 31 de maio de 1875), a dominação do Espírito sobre os elementos. A chave do seu significado é o número 5 (CINCO), que está associado, minimamente, à letra hebraica HE – a Quintessência dos Alquimistas (Adeptos), que, em verdade, é a Prima Materia. Ela é, segundo velhos manuscritos, a matriz da qual defluem os demais elementos: Fogo, Água, Ar e Terra. O Pentagrama – Estrela Flamejante – representa a sabedoria dos magos. É o sinal do Verbum Dimissum. Para os irmãos da Senda Direita é o bem, a ordem, a Iniciação, a estrela da manhã, a vitória, enfim, a LLUZ. O Pentagrama está, obviamente, associado ao ser humano e ao Homem Ideal Unificado. Nele estão inseridas as chaves do dois mundos: o visível e o invisível. Paracelso indicava este Pentáculo como mais hermético e mais poderoso do que o próprio Selo de Salomão. No Pentagrama estão inscritas as proporções exatas do Athanor essencial à realização da Grande Obra. O valor secreto reduzido do Pentagrama é o Hexagrama, que, por sua vez, oculta a Trindade. Esta Trindade, a seu turno, está velada no valor pleno da letra hebraica ALeF (1 + 30 + 80). Por isso, como disse Hermes – o Três Vezes Grande – Assim como em cima, é embaixo. Mas... Aquele que alcançou determinado grau encontra Nele uma certa Palavra... E, também, outras palavras... As vogais... Algumas informações devem ainda ser acrescentadas. No ângulo superior estão representados os Olhos Daquele Que Tudo Vê — O OLHO. É o OLHO da Consciência e simboliza o SOL. Nos Mistérios de Mitra o OLHO DIREITO era o símbolo do SOL. Marte – a força – está nos dois braços; e Saturno, nos pés, simbolizando a perfeição do Magistério. As letras Alfa e Ômega representam o princípio e o fim de todas as coisas, que, em verdade, nunca tiveram princípio, nem poderão ter fim. Dentre as múltiplas ilusões que carregamos em nosso balaio de equívocos, há quatro que são aterradoras: 1º) crença antropomórfica infundada em um deus criador e punitivo; 2º) crença em demônios que brigaram com deus; 3º) crença em um céu físico e perpétuo para onde irão os bem-comportados; e 4º) crença em um inferno físico e perpétuo para onde irão os travessos. Haveremos de aprender que o céu e o inferno são obras nossas e, portanto, estão em nosso interior. Se assim compreendermos, nos esforçaremos para alquimiar nossos leprosos e transformá-los no ouro mais puro.

       Os algarismos 1 e 2 sobre a sílaba TE indicam o binário macho e fêmea – origem de qualquer manifestação. Os algarismos 1, 2 e 3 sobre a sílaba TRA advertem para a existência da Trindade Pai, Mãe e Filho – o LOGOS. IHVH representa a Eterna Presença; é o NOME... IEOE. No princípio era o ponto... O ponto se distendeu em curva... E formou um círculo... Em conformidade com as leis da atração e da repulsão formou-se o Triângulo de Três Lados Iguais – TETRACTYS. Três Letras T... Quanto aos outros significados... Mérito... Mérito... Mérito...

 


Figura 1: O Pentagrama de Fausto (Tetragrammaton)
Fonte:
http://www.rosacruz.org.ar/isol/tetragrammaton.htm

Acesso: 7 de Novembro de 2003

 

SUÁSTICA/SAUVÁSTICA

 

         A Suástica (palavra que deriva do sânscrito – Svastika) ou cruz gamada é um símbolo místico-iniciático encontrado em várias culturas no curso da eviternidade inexistente. O tempo é. Quando os braços (hastes) desta cruz estão voltados para a direita recebe a denominação de Svastika; quando estão direcionados para a esquerda recebe o nome de Sauvasika. Todavia, esta distinção geralmente é desconsiderada. Os antigos astecas, os celtas, os gregos, os hindus e os budistas, entre tantos outros povos, conheceram este símbolo e dele se utilizaram para representar uma sabedoria oculta específica. Particularmente no Budismo representa o Selo Sobre o Coração de Buda. Entre os celtas estava associada ao culto do Deus Solar. Seus quatro braços patenteiam os quatro mundos, quais sejam: OLaM ATzILUTh (Mundo Arquetípico das Emanações — KeTheR, ChoKMaH, BINaH), OLaM BRIAH (Mundo da Criação — CheSeD, GeBURaH, ThiPhAReTh), OLaM IeTzIRaH (Mundo da Formação — NeTzaCh, HOD, IeSOD) e OLaM AShIaH (Mundo da Ação — MaLKhUTh).

 

MUNDO
NOME
SIGNIFICADO
SENTIDO
LETRA
Espiritual
ATzILUTh
Arquetípico
Ilimitado
IOD
Mental
BRIAH
Criativo
Arcanjos
HE
Astral
IeTzIRaH
Formativo
Anjos
VAV
Físico
AShIaH
Material
Ação
HE

Quadro 1: Os Quatro Mundos

 

LETRA
VALOR EXTERNO
VALOR PLENO
VALOR OCULTO
VALOR AThBaSh
SIMBOLISMO
IOD
10
20 ou 14
10 ou 4
40
PAI
HE
5
15, 10 ou 6
10, 5 ou 1
90
MÃE SUPREMA
VAV
6
22, 13 ou 12
16, 7 ou 6
80
FILHO
HE
5
15, 10 ou 6
10, 5 ou 1
90
FILHA

Quadro 2: IHVH

 

         Neste símbolo está inscrita a Energia Cósmica – um movimento de rotação em torno de um centro (CENTRO DA IDÉIA). A Suástica também simboliza e remete para algumas idéias fundamentais. São elas: manifestação, ciclos cósmicos, respiração universal e perpétua renovação. O ponto central não está limitado a um único ente. Em outras palavras: O Princípio está em todo o Kósmos e, assim, em toda a Humanidade, e toda a natureza naturada está Nele. A Suástica representa, enfim, Vitalis Vitalia – vida da Vida. Pode-se, ainda, pensar em associá-la à quaternidade inferior ou aos quatro membros inferiores do ser autoconsciente e aos Quatro Arcanjos da Face. Por último, recorda-se: 4 = 10 = 1, porque 1 + 2 + 3 + 4 = 10 = 1 conforme ensinava Pitágoras em sua Escola Iniciática. Que o estudante das coisas sagradas se lembre sempre: Fiat voluntas mea (magia singular egoísta), Fiat voluntas nostra (magia coletiva egoísta) e FIAT VOLUNTAS TUA (MAGIA SAGRADA).

 

MIHI FIAT SECUNDUM VERBUM TUUM

 

 

       O quatro também está vinculado ao Arcano IV do Tarô – o Imperador. Toda autoridade tem sua origem no Nome Sagrado - IHVH do qual toda Lei procede. Mas em Lucas XI,9 está escrito: Pedi e vos será dado/Buscai e achareis/Batei e vos será aberto. Em termos esotéricos e místicos isto significa: No Coração... Quatro Cavidades... Um Local Secreto... A Rosa+Cruz... A Senda Cardíaca Martinista... O que não foi adulterado na Bíblia esconde segredos que só podem ser conhecidos In Corde.

 

 

 

 

Figura 2: Svastika
Fonte: http://www.arbre-celtique.com

Acesso: 9 de Julho de 2004

                                               

Figura 3: Svasti nah indrah vriddhashravah…  
Fonte: http://www.vedanet.com
Acesso: 9 de Julho de 2004

 

 

RITUAL DA LAVAGEM DOS PÉS

 

         No Evangelho de João, XIII, está revelado um momento singular da vida do AMeN da Era Pisciana – o Mestre Jesus. Esta passagem, entendida de forma meramente ritualística pelos teólogos como sendo um ato de humildade, oculta um princípio místico que, na época, o próprio Avatar não divulgou publicamente. Limitou-se a dizer: O que faço agora será conhecido depois. Dos pequeninos (Iniciados). Se esta frase foi realmente proferida por Ele, não importa. Importa, isto sim, o Exercício.

         O simbolismo ritualístico-esotérico da lavagem dos pés só tem validade e resultado místico-iniciático, se acompanhado da entoação do som vocálico IAO, que atrai forças cósmicas de altíssimas freqüências, que purificam e harmonizam aquele que pratica o experimento. A vogal I representa o fogo solar do meio-dia. Tem ação direta sobre as glândulas pituitária e pineal e estimula o desenvolvimento da clarividência. A vogal A atua purificando e transmutando as vibrações grosseiras e de baixa freqüência do ser humano. Está diretamente ligada aos pulmões e ao inexistente tempo. A vogal O simboliza um pôr-do-sol microscópico. Estimula o chacra cardíaco e fortalece a intuição. Os místicos sempre souberam que o mantra IAO liberta a contraparte anímico-espiritual do ser, permitindo vivências e experiências místicas em oitavas mais elevadas do Teclado Universal, ou seja, da Consciência Cósmica. A Sociedade Brasileira de Reiki ensina a seus confrades um ritual, reproduzido abaixo, cuja finalidade é, terapeuticamente, libertar a personalidade-alma de suas limitações originadas pelo processo encarnativo, e estimular gradualmente o despertamento da LUZ MAIOR no ser. O Ritual é o que segue:

 

1 - Visualize o Mestre Jesus [ou AKHNATON ou um outro Mestre de sua preferência] e um Facho de Luz que emana de Sua Fronte até seu pé esquerdo e entoe o som vocálico I;
2 - Visualize outro Facho de Luz emanando do Seu Coração e indo ter ao seu pé direito. Entoe o mantra A;
3 - Visualize um terceiro Raio de Luz emanado do Seu plexo solar e mantenha a concentração nos três Raios de Luz, e, em seguida, imagine que eles sobem através de vossas pernas e coxas; [entoar a vogal O];
4 - Pronuncie o nome místico IAO, e envie, do fundo seu ser, a seguinte oração: Procuro-Vos, Oh Senhor! Guiai-me, não como eu quero, mas como Vós o desejais, para que eu possa Vos achar e entrar no Vosso Eterno Amor.(4)



         Esta é uma experiência sagrada: Que seja feita a TUA VONTADE, e não a minha. MIHI FIAT SECUNDUM VERBUM TUUM. O mantra IAO tem valor numérico-cabalístico igual a 17 (dezessete), ou seja, 10 + 1 + 6 e está oculto na Tetractys Pitagórica. A própria palavra IEVE (IHVH ou IEOE ou, ainda, IHOH) esconde o DEZESSETE, se se tomar o valor absoluto do IOD para aplicar a adição teosófica. Isto equivale a 1 + 5 + 6 + 5. E o Décimo-sétimo Arcano Maior do Tarô é a Estrela – O Arcano do Crescimento. O verdadeiro místico faz como fizeram, entre outros, Jacob Boehme e Louis-Claude de Saint-Martin: aspira e trabalha para alcançar a perfeição ilimitada – D’US, o D’US INTERNO. Sabem todos, entretanto, que esta ascensão/reintegração é assintótica. Por último, adverte-se: um exame mais acurado deverá ser encetado sobre o som vocálico IEHOUA. E, por outro lado, cada uma das SETE VOGAIS (A, E, I, O, U, M e S) está articulada com um centro psíquico do ser. O som IAO deve ser pronunciado

 

IIIIIII...AAAAAAA...OOOOOOO

 

 

Love is the Law;
Love under Will.

O Amor é a LEI;
Amor sob a VONTADE.

 

 

         O número SETE admite múltiplas relações, como por exemplo 3 x 7 = 21 — os VINTE E UM PASSOS DA OBRA — e 21 x 2 = 42 — as QUARENTA E DUAS LEIS DE MAAT, vinculadas aos Mistérios Egípcios Antigos, condição sine qua non para o cumprimento do irrevogável compromisso do Iniciado Rosacruz que humildemente solicita a INICIAÇÃO DO SÉTIMO GRAU DO FARAÓ. A própria palavra CROMAAT contém SETE LETRAS e significa viver na, pela e com a VERDADE. AMORCUS (O MESTRE CÓSMICO MULTIMENTAL)... O número SETE ainda pode, por exemplo, ser entendido como , isto é, 7 x 7 x 7 = 343, que, por Gematria (um dos procedimentos ensinados no Hochmat Há-Tzeruf de Abraão Abuláfia, 1240-?) admite a forma 334. Se 3(43) simboliza, por exemplo, a existência do ente antes da encarnação, já 3(34) expressa a vida durante o processo encarnativo. Em ambos os simbolismos a soma dos algarismos dos referidos números é 10 — que se reduz a UM. UNIDADE. Em outros ensaios tive a oportunidade de dar diversos exemplos da importância do número SETE. Por enquanto, para concluir este item, apresentarei abaixo a ordem astronômico-cabalístico-caldaica dos SETE Planetas dos Antigos. Os antigos associavam os Planetas (astros) então conhecidos a SETE números, quais sejam: Lua = 1, Mercúrio = 4, Vênus = 8, Sol = 3, Marte = 2, Júpiter = 5 e Saturno = 7. O entendimento era de que a vida e a geração eram governadas pela Lua; a essência imaginativa e a intuição eram regidas por Mercúrio; Vênus comandava os apetites e os desejos; a vitalidade do prana (Nous) estava associada ao Sol; Marte vinculava-se ao Corpo dos Desejos; o Poder Vital correspondia a Júpiter; e Saturno recordava o mais elevado dos Sete círculos entre os Atributos Gnósticos. Agora, se se correlacionam os valores numéricos dos Planetas às posições dos algarismos do número Pi, os valores de Pi são: 3, 1, 6, 4, 1, 5 e 2, cuja soma é curiosamente(!?) igual a 22 (vinte e dois). Pode-se ainda conjecturar, poética, filosófica e simbolicamente, que o número SETE, como especulou um Iniciado da AMORC, esteja associado às Sete Pétalas de uma Rosa, quais sejam: VERDADE, COMPAIXÃO, TOLERÂNCIA, ASPIRAÇÃO, LEALDADE, FORTALEZA, HUMILDADE. Há que se estudar e refletir muito sobre os números 7, 49, 334 e 343.

 

Saturno
Júpiter
Marte
Sol
Vênus
Mercúrio
Lua
7
5
2
3
8
4
1

Figura 4: Valor Numérico dos Planetas dos Antigos

 

Saturno
Júpiter
Marte
Sol
Vênus
Mercúrio
Lua
2
5
1
4
6
1
3

Figura 5: Correlação Numérica dos Planetas dos
Antigos com as Posições dos Algarismos de Pi

 

Connais-toi toi même,
et tu connaîtras l'Univers et les Dieux

 

 

O JOGO DE XADREZ

 

         A história lendária de Lahur Sessa (o descobridor do Jogo de Xadrez) é conhecida. Como também é conhecida a impossibilidade que teve o Rei Iadava (Índia) de cumprir sua promessa de recompensar o inventor do jogo. O prêmio de [(dois elevado à potência sessenta e quatro) menos (um)] grãos de trigo não pôde ser pago(4). O prêmio é um problema de soma de termos de uma progressão geométrica, na qual a1 = 1, r = 2 e n = 64. O prêmio era (e continua sendo) impossível de ser pago. O número da dívida em grãos de trigo é o que segue:

18. 446. 744. 073.709. 551. 615

         Seria necessário que toda a Terra fosse semeada muitas vezes, para que fosse colhida uma quantidade suficiente de trigo para saldar a dívida. Afirmam os matemáticos que, mesmo que a Terra inteira fosse semeada de norte a sul com uma colheita por ano, só poderia produzir a quantidade de trigo que representava a dívida do Rei Iadava, ao término de, aproximadamente, de 450 séculos! Por outro lado, se pudéssemos contar os grãos, a razão de 1 por segundo, dia e noite sem parar, gastaríamos 5 850 milhões de séculos!

          Sessa, entretanto, abriu mão do seu pedido. Não quis constranger seu Soberano. Mas, deu o seguinte conselho ao monarca: Meditai — ó meu Rei! — sobre a grande verdade que os brâmanes prudentes tantas vezes repetem: os homens mais experientes iludem-se, não só diante da aparência enganadora dos números, mas, também, com a falsa modéstia dos ambiciosos. Infeliz daquele que assume o compromisso de uma dívida cuja grandeza não pode avaliar com a tábua de cálculo de sua própria argúcia. Mais avisado é o que muito pondera e nada promete! Menos aprendemos com a ciência vã do que com a experiência da vida e com as lições de todos os dias e a toda hora desprezadas! O homem que mais vive, mais sujeito está às inquietações morais, mesmo que não as deseje. Encontra-se ora triste, ora alegre; hoje fervoroso, amanhã tíbio; já ativo, já preguiçoso. Compostura alternada com leviandade. Só o verdadeiro Sábio instruído nas Regras Místicas se eleva acima dessas vicissitudes e paira acima de todas essas dicotomias! O Rei, perplexo com o que vira e ouvira, contratou o jovem Sessa para integrar o Conselho do Reino, na qualidade de Primeiro-vizir. O que não é conhecido, entretanto, é o simbolismo do jogo, vale dizer, do tabuleiro e das pedras. Desde já se propõe a seguinte questão: Será que o formulador do Jogo de Xadrez desconhecia as leis nele ocultas? Ou... O gigantesco número da dívida do Rei, se tratado teosoficamente, se reduz à UNIDADE! A UNIDADE do Universo! A UNIDADE da vida! A UNIDADE do ser setenário, que é múltiplo e é UM!

         O tabuleiro de xadrez (composto de 32 casas brancas e de 32 casas negras) simboliza a existência, na qual cada ente faz suas jogadas (escolhas). Se oportunas, honestas, harmônicas e altruístas o resultado será o êxito, e, provavelmente, a iluminação interior. Se não, o fracasso, ainda que o malogro e a ruína possam surgir apenas no inverno da existência. Ou em outra(s) existência(s). A Lei da Retribuição (Reciprocidade ou Compensação) haverá de ser cumprida, e só será efetivada quando o necessário ajuste for útil e benéfico para aquele que necessita aprender. E assim, esta conformação geralmente acontece por três vias (não exclusivas): DOR, AMOR e/ou COMPREENSÃO. O Universo e a Consciência Cósmica não punem ou premiam. Educam com vistas à reintegração do ente. Aliás, o processo é auto-educativo. A Divindade (que está em cada ente) não obriga nem desobriga. Aquele que compreende este fato esforça-se para agir exclusivamente na esfera dos Imperativos Categóricos. Kant compreendeu esta Lei perfeitamente. O Iniciado não pede nada, nem espera nada. Quando ora ou medita proclama: FIAT VOLUNTAS TUA. Trabalha para o bem comum e serve incognitamente, pois, conhecendo ou não a KaBaLa, segue a Divisa de Ouro de Abraão Abuláfia (1240-?): "Basta permutar as letras rapidamente para frente e para trás na sua boca para evocar os 'pensamentos' do coração que produzem percepções elevadas... Você irá entender, então, o conceito das Essências 'Superiores' e 'Inferiores' dentro de si mesmo, e não mais irá precisar se preocupar em procurar livros, amigos ou rabinos para ensinar-lhe o que lhe falta de Sabedoria; pois seu Mestre está no seu coração e o seu Deus está dentro de você. Peça-Lhe tudo, e Ele irá responder a tudo corretamente." Abufália, com essa Regra, pretendia, para si e para todos, libertar a personalidade-alma dos laços que a acorrentam. A Sabedoria assim adquirida, ele (o Iniciado) a distribui generosamente a todos os seus irmãos. Sem qualquer distinção.

         Voltando ao tabuleiro, as peças do xadrez formam dois pequenos exércitos, que são alinhados no tabuleiro de maneira a ficarem situados um diante do outro. O tabuleiro é composto de 64 casas de duas cores, pretas e brancas, dispostas alternadamente. Cada um dos jogadores tem à sua disposição 16 peças: oito Peões, dois Bispos, dois Cavalos, duas Torres, uma Rainha e um Rei. Adicionando-se teosoficamente o número de casas encontra-se 10 (64 = 6 + 4). A redução de 10 conduz à Unidade (1 + 0 = 1). O Arcano X do Tarô e o Livro do Eclesiastes vinculam-se magnificamente ao tema ora examinado. Que é que foi? É o mesmo que há de ser... Não há nada novo debaixo do Sol(5). Examinando-se o Arcano X, algumas idéias podem ser apresentadas para reflexão: Será o macaco, realmente, antepassado do homem? Ou o homem é o antepassado do macaco, este produto degradado e degenerado daquele? Poderiam os reinos da natureza (considerados) inferiores ao homem (mineral, vegetal e animal) ser resíduos exteriorizados pelo proto-ser primordial? Em que realmente se baseia a Lei da Evolução (Reintegração)? Por que a Esfinge - no Arcano X – pretende representar o ponto de saída e, ao mesmo tempo, o ponto de chegada (retorno) da Consciência tornada autoconsciente no homem? Poderá a Esfinge representar a unidade dos reinos? Será o cão o símbolo da aspiração animal à reintegração? Será o círculo (ouroboros) o símbolo representativo de um processo cósmico circular incriado e interminável de exteriorização (mânvântâra) e de interiorização (prâlâya) da Respiração Cósmica Divina? Será este drama universal o leitmotiv que inspirou a Parábola do Filho Pródigo? Poderá o círculo ser ultrapassado? Qual o significado simbólico do Anel Não Passarás? Há alguma lei cósmica que faça prevalecer a seleção espiritual sobre a seleção natural? Qual a influência do esoterismo (se há alguma) sobre o exoterismo? Que significam os conceitos de queda, de perdição de redenção e de salvação? Será a liberdade apenas liberdade em si? Que leis e que mistérios esconde a encarnação Verbo, pleno de Graça e de Verdade, no Mundo da Serpente (Mundo da Concretização)? Qual o simbolismo da própria Serpente? Será a reintegração limitada ou ilimitada (assintótica)? Qual o significado da afirmação: ...Muita sabedoria, muito desgosto. Quanto mais conhecimento, mais sofrimento...(6)? Quais as reflexões que o pensador pode extrair do conceito físico-iniciático de que o Universo é um círculo fechado (sem limites) do qual nada escapa e nada entra? Quais os significados místicos e esotéricos do Natal (entrada), da Ascensão (saída) e da Ressurreição – Páscoa – (Boa Nova)? Poderão ser ultrapassados o inferno individual (egoísmo) e o inferno cósmico (energia constante universal)? Há, no Universo, a possibilidade de se operarem milagres? Por que o tabuleiro de xadrez possui, exatamente, 32 casas brancas e 32 casas negras? Como é possível explicar que, na história dos organismos vivos, se evidencie o triunfo da associação e da cooperação sobre o do isolamento e da dissociação? O que está embutido e oculto no conselho: Sede prudentes como as serpentes e sem malícia como as pombas(8)? Há alguma semelhança entre a cruz e tabuleiro de xadrez? Qual o significado espiritual e místico das quatro linhas de esforço CALAR, QUERER, OUSAR e SABER simbolizadas pela Esfinge?(8) Este axioma também está simbolizado pelas TORRES.

 

Figura 6: Jogo de Xadrez

 

         Como o tabuleiro possui 32 casas brancas (3 + 2 = 5) e 32 casas negras (3 + 2 = 5), aí estão evidenciadas as Leis amorosas e educativas - que se sintetizam em uma - do Dharma e do Kharma. Muitas reflexões podem ser elaboradas sobre os números cinco e trinta e dois. Resumidamente, em primeiro lugar, o número 32 está cabalisticamente associado às Cinqüenta Portas da Inteligência. A Trigésima Segunda está inclusa na Quarta Classe (Ordens dos Céus – Mundo das Esferas) e seu Planeta é Mercúrio. A Qüinquagésima Porta o homem mortal não viu e...nenhuma pesquisa do espírito penetrou. Esta é...a Porta pela qual Moisés não conseguiu entrar(9). Há, também, 32 Caminhos da Sabedoria, sendo o primeiro denominado de Inteligência Admirável. Nenhuma criatura pode atingir sua essência, e, assim, há uma relação direta entre a 50ª Porta e o 1º Caminho. Em Cabala (KaBaLa) há 72 (setenta e dois Nomes). O trigésimo segundo (LECABEL) simboliza a Divindade Inspiradora. Trinta e dois, entre tantas outras possibilidades de reflexão, pode ser considerado, enfim, como conseqüência da soma de dez mais vinte e dois, ou seja, dos Dez Nomes Primordiais ou princípios metafísicos da criação (Sephiroth) com as Vinte e Duas Letras que compõem o alfabeto hebraico. O Sepher Yezirah, no capítulo II, seção 5, ensina que toda criatura e toda palavra emanam de um Nome, e, preliminarmente, há 231 (duzentas e trinta e uma) formações, porque o número de combinações possíveis das 22 letras do alfabeto hebraico, duas a duas sem permutação, é expresso pela fórmula N(N – 1)/2. A disposição deste entendimento gera 7 (sete) triângulos com 6, 15, 24, 33, 42, 51 e 60 pares de letras. Dez é o número do sagrado IOD, equivalente, por um lado a MeM, e, por outro, a ALeF. Está, outrossim, vinculado à Sagrada Tetractys (1 + 2 + 3 + 4).

         As pedras do xadrez, a seu turno, têm um significado especial, a seguir resumido. Rei e Rainha podem representar o Enxofre e o Mercúrio dos alquimistas, como também a dualidade andrógina universal. São o Sol e a Lua que se afastaram, e que um dia e haverão de se reencontrar no transcurso da Grande Obra. Este simbolismo está presente também no baralho comum. As Torres representam as Colunas do Templo e, também, a dualidade cósmica. Vem logo à lembrança o número dois, que está associado à letra hebraica BETh, que preside a primeira palavra do Gênese (BRAShITh). BRA cria; ShITh descansa. Esta dualidade está permanentemente presente nos contrários da realidade mâyâvica: luz/trevas, masculino/feminino, dia/noite, 0/1, inspiração/expiração, úmido/seco, vida/morte, bem/mal, diástole/sístole, expansão/contração... Os Cavalos podem estar associados à letra hebraica LaMeD, de valor externo igual a trinta. LaMeD é a 12ª letra do aludido alfabeto, e está, portanto, vinculada à Lâmina XII do Tarô – o Enforcado. E quem é Ele? Três em um. O Santo, o Justo e o Iniciado. O Enforcado é o representante da Humanidade que se encontra entre dois reinos – o deste mundo e o dos céus(10). A maturidade interior conduz à compreensão de que inferno e céu são instâncias pessoais. Estágios sucessivos a serem ultrapassados e alcançados. A observação é plural, pois, acredita-se, que nem céu nem inferno sejam planos definitivos na trajetória reintegradora do ente em sua peregrinação e busca pela compreensão e realização da Divindade Interior. A estagnação é o nada. Do nada, nada. A não-existência não pode gerar coisa nenhuma. Por isso, o próprio Universo não pode ter sido gerado, pois Aquilo que o gerasse já seria o Universo. Assim como D’US, o Universo é. A percepção do inexistente nada já é em si alguma coisa. O Enforcado é, em suma, a síntese da Santidade, da Justiça e da Iniciação. Os Bispos podem ter significações distintas. Uma delas é a de representarem e de recordarem o aspecto teológico da compreensão esotérica da vida e do Universo. É a ilusão teo-teleológica vigorante nas consciências. Os 8 (oito) {mais 8 (oito)} Peões — a alma do xadrez (Les pions sont l'âme des échecs, segundo François-André Danican Philidor - (1726-1795), campeão mundial durante 50 anos (1745-1795) — podem estar associados aos números 36 e 666... O ser humano finito no mundo de ilusão (o animal no tempo)... Às 8 Virtudes da Senda Óctupla ... À 8ª Lâmina do Tarô... À letra hebraica JeTh... Quando o oito é ultrapassado, alcança-se o nove – que equivale a três voltas completas em torno do Triângulo. De qualquer sorte, VIII é o Arcano da JUSTIÇA. Os oito peões acabam por lembrar a todos que: Cada um é livre, não quando julga ou age segundo o seu caráter ou o seu temperamento, mas quando julga ou age segundo a Balança da Justiça ou a ‘consciência(11). O tabuleiro de xadrez, enfim, representa o jogo da vida. Quem pode afirmar que uma dada jogada não será a última? E, no total, dezesseis pedras são brancas e outras tantas são negras! O Arcano Dezesseis é exatamente a Torre. E a Lei fundamental que expressa é: ...Aquele que se revolta contra seu ‘si mesmo superior’, não viverá mais sob a Lei da Vertical, mas sob a da Horizontal, isto é, será fugitivo errante sobre a Terra(12). Dezesseis pode recordar, ainda, a letra hebraica AIN. A adição teosófica de 16 produz o 7. Então dezesseis pedras representam um sete. Tinta e duas pedras, dois setes. E terceiro sete, onde estará oculto? Quem compreender o mistério de 7 x 7 x 7 = 343, compreenderá, ipso facto, a existência. (3 + 4 + 3 = 10 = 1). Como se viu anteriormente, há uma equivalência místico-esotérico-cabalística entre 343 e 334. Mas, onde se oculta o terceiro sete no jogo de xadrez? Na verdade ele é duplo. Estão – estes dois setes – ocultos nas 32 casas sem pedras para serem ocupadas. Um sete aponta para a SENDA DIREITA (360). O outro sete atrai para a senda esquerda (359). Logo, a escolha é pessoal. De qualquer forma, há um ponto em que o jogo termina. De uma forma ou de outra. E uma nova partida será passível de ser inaugurada. Nascimento. Crescimento. Maturidade. Envelhecimento. Decadência. Morte (transição). Renascimento. SETE.

         O Jogo de Damas (na Idade Média, enquanto os reis jogavam xadrez, as mulheres preferiam jogar damas, talvez, sendo daí originado o nome do jogo como é hoje conhecido) também oculta leis universais irredutíveis. Quem se dispuser a examinar suas regras, certamente encontrará satisfação no conhecimento que haverá de auferir. De qualquer sorte, tanto o jogo de xadrez quanto o de damas refletem a essência da natureza humana, incluindo, portanto, emoções, criatividade e, principalmente, ilusões — sendo a principal delas a ilusão de vitória. Mas, o que faz rir e alegrar pode também fazer chorar e entristecer.

         Vassily Smyslov — campeão mundial de xadrez (1957-1958) — em entrevista ao jornalista e poeta russo Vladimir Anzikeev disse: — Todos devem experimentar suas próprias provas, incluindo sucessos e infortúnios. Do meu ponto de vista, a Terra é um purgatório; nós estamos aqui nos preparando para algo mais elevado. Eu fui me preparando através de ambos: sucessos e quedas... A experiência mais terrível foi a perda da visão. Contudo, evidentemente, isso foi necessário por alguma razão. Talvez para me fazer olhar mais para dentro de mim mesmo, em direção à minha alma. A preparação para a vida em outro plano, através de nossa existência terrena, é o significado da vida humana. Nós deveríamos aumentar nossa bagagem espiritual aqui para tornar possível nossa vida lá. Eu não revelo segredos que ligam o mundo real com o espiritual. É melhor não saber sobre fenômenos místicos e ingressar de maneira errada no mundo divino. Toda pessoa tem suas próprias paixões, que a fazem agir contra as Regras... Hoje em dia, as paixões humanas estão sendo intensificadas pelo poder satânico como nunca foram antes. Os indivíduos são testados todo o tempo e fracassam na maioria das vezes — eles, geralmente, não suportam a pressão. É muito difícil lutar contra as forças diabólicas. Quando eu descumpro leis divinas perco mais do que os outros, porque eu conheço essas leis. Diferentemente de outros, eu sei o que faço, mas nunca tentei convencer os outros ou fazê-los mudar de idéia. Eles farão isso por si mesmos no devido tempo. Todo indivíduo é muito complexo e freqüentemente fecha sua mente, não apenas para o semelhante, mas também para si mesmo. Isso não é tão fácil de compreender. A assistência divina é necessária, como o amor. Se uma pessoa está apaixonada, passa a se conhecer melhor, pois revela algumas peculiaridades que jamais havia imaginado. Entretanto, ela também percebe a pessoa que ama, e igualmente vê nela coisas que estavam ocultas para uma percepção indiferente. Aqui, a alma — que é o olho interno — entra em ação. O sentido da vida é deixar sua alma absorver tanto do Espírito Santo quanto for possível. Deus não precisa dos despreparados. Ele quer aqueles que estão prontos. Deus concede às pessoas oportunidades para melhorarem seus karmas. Provavelmente, eu não esteja completamente pronto ainda, porque uma vez eu estava morrendo, e não morri. Alguns dias atrás eu sonhei com minha mãe. Ela me disse: 'Eu estou esperando por você, porque não vem?' Evidentemente, era muito cedo. Isso significa que eu ainda sou necessário para alguma coisa. Possivelmente, tenha alguma coisa para concluir neste mundo.



BRINCADEIRAS ESOTÉRICAS(13)

 

         O esoterismo e os princípios cósmico-iniciáticos estão presentes na vida do ser desde a infância. Toda criança até o final do primeiro ciclo de vida – aos sete anos – tem amiguinhos invisíveis, que, na verdade, são seres de outras dimensões. Ao chegar à fase adulta, as recordações desse tempo de lazer e de aprendizado subliminal são geralmente esquecidos. Foi dessa forma que algumas brincadeiras infantis foram transmitidas, cuja finalidade é proporcionar equilíbrio motor, intelectual e emocional ao ente em formação, auxiliando-o no despertar da consciência interior por meio de associações positivas e criativas.


Amarelinha


         Dificilmente, uma criança passa pelos primeiros ciclos de vida (0 aos 14 anos) sem brincar de Amarelinha. Através dessa brincadeira infantil é, subliminarmente, transmitida a estrutura da Criação por intermédio da Árvore Sefirótica, que se constitui de um conjunto de três triângulos cujos vértices representam os Sephiroth. O Mundo da Concretização é simbolizado por um ponto isolado, abaixo dos três triângulos. O desenho correto da Amarelinha é o que está apresentado a seguir, do lado esquerdo. À direita, apresenta-se a correspondência cabalística. Em KaBaLa, há o entendimento de que os Sephiroth emanaram um do outro. De Kether – Venerável Espírito – provieram Chokmah e Binah. Esses Três Sephiroth formam o Mundo Superior. Os outros sete Sephiroth (de construção) representam os Seis Dias da Criação mais o sétimo – o dia do repouso. Estes Dez Sephiroth compõem um todo homogêneo e unificado. Tudo é UM; a sensação de divisão ou isolamento no tempo e no espaço é ilusão (mâyâ). Dessa ilusão, provêm as dores, os equívocos, as doenças, as misérias, as discórdias, as cobiças, os desejos, as paixões, enfim, os sofrimentos físicos e emocionais pelos quais passam os seres humanos. Acima de Kether há o Horizonte do Eterno, no qual está AIN SOPh. O Sepher Yezirah resume todo o conhecimento arcaico e tradicional na frase: Ele é Um acima de Três, Três estão acima de Sete, Sete estão acima de Doze, e todos estão ligados(14). À palavra KaBaLa — que significa esotericamente o Poder das Vinte e Duas — está associado o número 52 (K = 20, B = 2 e L = 30). Observe-se que o baralho comum possui 52 cartas! E cada naipe é constituído de 13 cartas. 40 números e 12 figuras!

 

CÉU
HORIZONTE DA INEXISTENTE EVITERNIDADE

Figura 7: Desenho Correto do Jogo Infantil da Amarelinha.
As modificações introduzidas ao longo tempo
não alteram  a  finalidade  educativa  a  que  o jogo se propõe.

 

OUTRAS BRINCADEIRAS

 

       A Estátua (Stop) ensina a importância do silêncio e da meditação e estimula o equilíbrio. Só pela meditação e em silêncio o ser poderá comungar com a Consciência Cósmica. O Rodopio proporciona equilíbrio anímico-espiritual. As Brincadeiras de Roda educam para a compreensão da unidade do Universo. Encorajam, outrossim, o sentido de união. Os Jogos de Bola têm a mesma finalidade. A Batatinha Frita desperta a cautela e a perseverança. A Carniça ensina a vencer os obstáculos que a vida apresenta. Mamãe Posso Ir incentiva a paciência. E assim, os jogos e as brincadeiras infantis, lenta e psicologicamente, preparam a criança para a existência, inspirando, incentivando e estimulando no ser interno as Virtudes Cardeais (Prudência, Justiça, Temperança e Fortaleza), as Virtudes Dianoéticas (Arte, Ciência, Sabedoria, Sapiência e Intelecto), as Virtudes Éticas (Coragem, Temperança, Liberalidade, Magnanimidade, Mansidão, Franqueza, e Justiça) e as Virtudes Teologais (Fé, Esperança e Caridade)(15). Recomenda-se, particularmente, o exame do pensamento de Rudolf Steiner sobre educação.

 


JOGOS PARA ADULTOS

 

       As crianças são ensinadas de uma maneira; os adultos, de outra. Neste item serão analisados apenas dois instrumentos: o Dado e o Baralho.

 

Dado

 

       Aspectos numéricos do Magistério Hermético, ou seja, as 21 (vinte e uma) operações que a Obra impõe para a obtenção do Lapis Alquímico (Pedra Filosofal), aparecem no Dado de Jogar, que oculta um significado específico. A sua forma geométrica é de um cubo (hexahedron – poliedro de seis faces constituído de seis quadrados), portanto, com seis faces com os algarismos dispostos na forma abaixo, e cuja soma é 7 (sete). Desdobrado, forma uma cruz. Peregrinação.

 

1 2 3

6 5 4

 

 

Figura 8: Cubo (Hexahedron)
Fontes: http://www.xtec.es
Acesso: 20/7/2004

 

       O próprio cubo designa a Pedra Filosofal. Mas, segundo os Filósofos da Arte, para ser obtida, são necessárias três repetições sucessivas da mesma série de intervenções, que corresponde a 21 (vinte e uma) operações distintas, ou seja, a soma dos seis números que compõem o dado (1 + 6 + 2 + 5 + 3 + 4). Aqui está embutida a Lei Setenária Universal – 777. As Sete Operações da Grande Obra (Crisopéia) podem se alquimicamente entendidas como segue:

1° passo – Calcinação – transformação por ação do fogo;

2° passo – Sublimação – o puro é separado do impuro;

3° passo – Solução – a quente dissolve gorduras; a frio dissolve sais, substâncias corrosivas e corpos calcinados;

4° passo – Putrefação – o vivo morre e o que está morto ganha nova vida (Iniciação);

5° passo – Destilação – as águas, os líquidos e os óleos são sutilizados (volatilizam-se);

6° passo – Coagulação – pelo fogo é fixa; a frio não é;

7° passo – TINTURA – o imperfeito torna-se perfeito. Iniciação final.

       Na Biblioteca do Palais des Arts, em Lyon, informa Fulcanelli, existe um manuscrito iluminado executado no início do século XVIII, que representa as 21 operações do Magistério Filosofal. Aos vinte e um anos o ente também completa o terceiro ciclo de existência, estando habilitado para transformar em ato o último membro de sua quaternidade inferior, fato que se completa aos 28 anos. Para meditar (Seção 16 do Sepher Yezirah): Duas pedras constroem duas casas, três pedras constroem seis casas, quatro constroem vinte e quatro casas, cinco constroem cento e vinte casas, seis constroem setecentos e vinte casas e SETE constroem cinco mil e quarenta casas. Daí por diante prossegue e calcula o que a boca não pode expressar e o ouvido não pode ouvir. (Observação: o Cabalista utilizou aqui a função Fatorial 7! = 1 x 2 x 3 x 4 x 5 x 6 x 7 = 5040).

       Por último, transcrevem-se abaixo as Sete Perguntas do Catecismo Esotérico apresentadas na obra A Doutrina Secreta, volume VI, de Helena Petrovna Blavatsky, no item referente a Alguns Apontamentos Sobre a Significação da Filosofia Oculta na Vida:

1ª - Que é o Eterno Absoluto?

AQUILO.


2ª - Como veio à existência o Cosmo?

— Por AQUILO.


3ª - Onde estará quando suceder o Prâlâya?

— Em AQUILO.


4ª - De onde procedem a natureza animada e a supostamente inanimada?

— De AQUILO


5ª - De que substância ou Essência se formou o Universo?

— De AQUILO.


6ª - Em que já se converteu, e voltará a converter-se outra vez?

— Em AQUILO.


7ª - Então é AQUILO, ao mesmo tempo, a causa instrumental e material do Universo?

— Que outro, senão AQUILO, é ou poderia sê-lo?

 

Baralho

 

       O próprio Baralho (das 78 Lâminas do Tarô foram suprimidas as 22 maiores e os 4 cavaleiros), constituído de 52 (cinqüenta e duas) cartas de jogar, divididas em quatro naipes, oculta todos os princípios alquímicos que regem a Crisopéia e a própria Grande Obra. Basicamente, pode-se entender que os Quatro Elementos estão representados pelos quatro naipes: Espadas ou Gládios (Ar, Leste, Aquarius, Branco, São Mateus, Saber); Ouros ou Pentáculos (Terra, Sul, Taurus, Amarelo, São Lucas, Querer); Paus ou Bastões (Fogo, Oeste, Leo, Negro, São Marcos, Querer); e Copas ou Taças (Água, Norte, Scorpius, Vermelho, São João, Calar). Os quatro naipes podem, sob outra visada, simbolizar as Quatro Virtudes Cardeais já referidas, pois representam as guardiãs da Tradição Alquímica e das ciências antigas. Podem aludir, outrotanto, às quatro estações térmicas da Obra. Aqui há um mistério que precisa ser decifrado. O Valete, a Dama e o Rei simbolizam os três princípios: Enxofre, Mercúrio e Sal. Também podem remeter às Três Virtudes Teologais que todo postulante deve possuir para começar, prosseguir e concluir o Magistério. A Fé, neste âmbito, tem o caráter de Confiança, ou seja, é a aceitação por parte do Adepto de uma Verdade que Ele conheceu por experiência pessoal. E isto é intransferível. As cartas de Ás a Dez patenteiam o número completo da Obra, na qual o Ás emblema a Pedra dos Filósofos ou Matéria Primeira. As cores das cartas do baralho, negra e vermelha sobre um fundo branco, indicam as cores básicas que aparecem (não necessariamente nesta ordem) ao longo do Magistério. A cor amarela recorda a Pedra pulverizada. A seqüência de cores que aparece no labor alquímico é: negra, branca e, finalmente, vermelha. Não é o sangue também vermelho? Dois naipes negros e dois naipes vermelhos têm a intenção de indicar que os quatro elementos acham-se reunidos na Pedra dos Filósofos, ainda que desordenadamente, dois a dois. Podem indicar, também, as duas vias da Obra: seca e úmida. O Baralho, finalmente, começando pelo Ás (VITRIOL), completa, com a décima terceira carta – o Rei – o trabalho global da Grande Obra. Se, por um lado, o Rei exprime o Andrógino Alquímico Inicial, por outro, designa a Androginia Última, que é o Lapis Filosofal, a meta de todo Alquimista. Por último, o número de cartas do Baralho, por adição, é igual a Sete, isto é: 52 = 5 + 2 = 7. E assim o conhecimento iniciático é subliminarmente perpetuado. Esta descrição sumária representa o que se conhece como alquimia operativa; o místico está mais (pré)ocupado com a ALQUIMIA TRANSCENDENTAL ou interior, cuja sede (athanor) é o CORAÇÃO. Entretanto, rapidamente, uma palavra deve ser dita sobre o processo transmutatório: a transmutação de metais inferiores em ouro é meramente um processo de controle de qualidade da Pedra Filosofal. Os Adeptos nunca estiveram (nem estão) interessados em obter ouro para enriquecimento pessoal. A verdadeira riqueza é a Sabedoria (ShOPhIa) oriunda da Iniciação Interior. A Pedra, depois de produzida, é transformada em um Elixir, cujas qualidades e possibilidades só os Alquimistas conhecem. O que vazou para fora das Escolas Iniciáticas não corresponde integralmente à realidade. Talvez tenha vazado, até, intencionalmente. Este Elixir é conhecido como Medicina Universal. Enfim, a Alquimia não é, certamente, uma nefelibatice romântica. Nem a Operativa, nem a Transcendental. ORA ET LABORA; SOLVE ET COAGULA para que a Lâmpada Perpétua possa se acender e não mais se apagar. Ir e vir, avançar e recuar... É preciso pôr cobro à toda e qualquer recalcitrância. Sugiro uma reflexão sobre a série abaixo (até o NÚMERO 144), na qual cada termo é a soma dos dois termos precedentes. Há uma Lei Mística oculta nesta Seqüência de Fibonacci (Leonardo de Pisa, 1170 ou 1175-1250?)! Se somarmos, por exemplo 1 + 21 + 89 encontraremos 111 e 55 + 89 = 144 (a12 = a11 + a10).

[0], 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144

       Sendo an, o termo de ordem n (desconsiderando o zero), para n maior ou igual a 3, teremos sempre:

an = an-1 + an-2

a3 = a2 + a1

a4 = a3 + a2

a5 = a4 + a3

.................

a12 = a11 + a10

 

INICIAÇÃO: CAIR + LEVANTAR = APRENDER

 

       O Manual Rosacruz, elaborado sob a supervisão do Dr. Havey Spencer Lewis (SÂR Alden), PhD, FRC e 1º Imperator para o atual Ciclo Iniciático da Ordem Rosacruz-AMORC, publicado em português em 1964 pela então Grande Loja do Brasil, 2ª edição, dá a seguinte definição para o conceito de INICIAÇÃO:

 

Rito, cerimônia ou processo pelo qual ao indivíduo é apresentado um conhecimento especial. As antigas iniciações nos mistérios objetivavam revelar, em forma dramática, uma gnose ou sabedoria secreta, ao candidato. Essas iniciações, geralmente, eram divididas em quatro partes; cada uma delas consistia de um rito solene.   As iniciações  Rosacruzes  são  dessa  natureza.

 

 

PARÁBOLAS

 

       Uma parábola é uma narração simbólico-alegórica que, por comparação, evoca Leis e Princípios de ordem mais elevada. A questão é que esta ordem mais elevada, superior, por assim dizer, embute sempre conceitos esotéricos geralmente desconhecidos. Todas as parábolas são assim. O próprio Bobo da Corte (representado no baralho pelo Curinga) tem sua origem adentro da Sabedoria Sufi. O significado oculto de suas brincadeiras era fazer com que os circunstantes refletissem. Por meio do riso, das histórias sem pé nem cabeça, das pantomimas, da hilaridade, da ironia e da aparente ingenuidade, o Bobo despertava a subjetividade dos que o viam e o ouviam. Em Shakespeare, o Bobo é um personagem recorrente, que com sua fictícia ingenuidade insultava e produzia comentários acres e zombeteiros, dialogando diretamente com a platéia. O Bobo da Corte produzia, enfim, psicologicamente, a decantação das desgraças, das paixões, das injúrias, das desarmonias, dos desequilíbrios, das falsidades e de toda sorte de incongruências naqueles que o ouviam. A regra de ouro seguida por todos os Bobos é: Falar quando necessário e apropriado; manter silêncio se o momento impuser. Pensamentos verbalizados inadequadamente e extemporaneamente, além de serem desprovidos de valor, provocam desespero, rancor e cinismo nos ouvintes. Os comediantes de hoje têm uma função extremamente importante e educativa no desenvolvimento da consciência crítica da população. Um bom artista é, sem exagero, um pedagogista a serviço do desenvolvimento das consciências, individuais e coletivas. Há, portanto e inquestionavelmente, várias formas de educar e de aprender. Aprender a Aprender é, entretanto, um estágio ulterior no decurso da existência.

       Para este ensaio-reflexão escolheu-se apenas uma parábola para cogitação: O Tributo a César. Daí, pois, a César o que é de César, e a D’US o que é de D’US(16). Quem é César? Quem é D’US? Qualquer reflexão que se faça sobre esta Parábola, deverá incluir a possibilidade de que Jesus também tenha desejado se referir, com este ensinamento, aos corpos físico e espiritual dos seres encarnados neste plano. As parábolas, consabidamente, admitem várias interpretações. Ainda que o membro mais elevado da constituição setenária do ente não esteja desenvolvido nesta Raça-raiz (quinta) desta Ronda (quarta), o homem já possui um eu (ou personalidade-alma), que recebe os influxos superiores de Manas, que com Buddhi e Athma, compõe o TRIÂNGULO SUPERIOR do homem setenário (4 + 3): Corpo Físico, Corpo Etérico, Corpo Astral, Eu, Manas, Buddhi e Athma. Em realidade, Manas e Buddhi também não estão desenvolvidos nos seres contemporâneos. O homem – como tudo no Universo – é um ser dual. Alimentar adequadamente o corpo, exercitá-lo, hidratá-lo, enfim, cuidar da saúde, é parte da coisa. Não a coisa toda. O aspecto subtil do ser – que se sutiliza progressiva e ascensionalmente – precisa também de atenção. Em verdade, é esse eu interno (o Triângulo Superior) que é imperecível, e do qual a consciência deve se conscientizar. A ponte é o Antakharana. A morte é oriunda da inconsciência, produtora dos desejos, das paixões, das cobiças e de todos os equívocos praticados ao longo da vida, cuja sede é o Corpo Astral. Portanto, dar a D’US o que é de D’US, significa, esotericamente, elevar a consciência pessoal ao nível da Consciência, e realizar paulatinamente as VERDADES DA ATUALIDADE PERMANENTE DO CÓSMICO. Assintoticamente, de verdade relativa em verdade relativa, o ente deve lutar e se esforçar para conquistar o CENTRO DA IDÉIA – ainda que em termos absolutos isto seja não-acontecível, pois o fenômeno místico da redenção (reintegração) absoluta é inviável e cosmicamente impossível de poder se realizar. A peregrinação se resume em procurar realizar, permanentemente, as ilimitadas oitavas que compõem o todo ilimitado da Sempiterna Divindade. AUM. TAT. SAT. O caminho... O caminho é pessoal, intransferível, solitário e muitas vezes, doloroso. São instrumentos dessa peregrinação, entre outros, a oração e a meditação. Também, humildade, caridade, misericórdia, solidariedade, fraternidade e todas as outra Virtudes já referidas. A iniciação desfaz vagarosamente a presumida consutilidade. Mas, uma reflexão final se impõe: Não será o próprio Universo permanente, incriado, inconsútil, imutável (energeticamente) e irredutível? Por isso disse Jesus: AHIH ASHER AHIH (Sou o que Sou). Esta compreensão também deverá, no inexistente tempo, ser realizada por todos os seres, já que todos também formam, com seus Pais, uma unidade indissolvível. No âmago de cada ser habita um Mestre que deseja se expressar. Esta união – existente em potência – só poderá se transformar em realidade realizada pela perseverança, pelo mérito e pela vontade, que transmutarão a ignorância e a ilusão em conhecimento, e este, em Sabedoria. Jesus permitiu que o Cristo Cósmico (Solar) se manifestasse Nele e por Ele por amor incondicional à humanidade sofredora e indigente. Uma etapa da missão individual de cada ser estará concluída, quando verso e reverso se constituírem em uma unidade consciente, isto é:

 

[(21 + 501 + 21) + 345], ou seja, 543 + 345 = 888

 

       AHIH é o Primeiro Nome... EHIEH – O Nome da Essência Divina que habita em cada ser vivente aguardando seu desvelamento. Conforme está afirmado em uma Estância do Livro de Dzyan: D’US se divide para consumar o supremo sacrifício. O Reino está dentro. E está fora. Mas só dentro poderá ser conhecido, realizado e perpetuado. Daí a superlativa importância do recolhimento interior. No CORAÇÃO...

        Os cientistas, curiosamente, mas não por acaso, algumas ou muitas vezes, intuem Leis Cósmicas sobre as quais, geralmente, só enxergam o aspecto científico puro ou aplicado. Isto, nem sempre é bom. O pior exemplo que me vem à lembrança, de péssima memória, são as aplicações bélicas da energia nuclear. Nutro a desalentada certeza de que esses artefatos nucleares (sinônimo de engenho maldito construído para um fim determinado, que é, horriferamente, o de aniquilar vidas humanas) estão nas mãos de mais grupos e países do que podem conceber os ingênuos leitores de jornal e os assistentes de televisão. Mas, fanatismo não dá só neste ou naquele grupo, seja religioso, seja político, seja lá o que for. É um atributo da ignorância, maior ou menor, relativamente ao Universo e ao próprio homem como ser (aparentemente) singular. Já trabalhei esse tema em outros ensaios e acho que não devo repeti-lo neste momento de novo. Seria cansativo. Por isso, gostaria de sugerir um exercício meditativo. Por acaso(?!) — bem, eu não acredito mesmo em acaso(s) — de um site que visitei recentemente (http://www.clowder.net/hop/index.html), recolhi as imagens digitais abaixo reproduzidas. Nada comentarei sobre elas. Cada um deve encontrar seu(s) próprio(s) caminho(s) e aproximar-se, no seu ritmo pessoal, do D'US de seu Coração. Se eu explicasse o que senti e/ou compreendi ao fitar as imagens que se seguirão, poderia influenciar na dialética místico-científica que certamente acontecerá com todos os que se dispuserem, com calma, a relaxar e a refletir por dois ou três minutos, no máximo, sobre as figuras abaixo. Então, como sugestão, fixe o olhar sobre a figura 9 — SEM TENTAR VER O QUE ACONTECE NAS IMAGENS SEGUINTES para depois repetir o mesmo experimento com as figuras 10 e 11. Não tente analisar as imagens. Relaxe. Tenho a mais plena convicção de que uma Voz Insonora dirá alguma coisa e uma nova porta será aberta. Quem poderá saber... Talvez um insight do Palácio da Eterna Luz onde pulsa o Ponto que dá continuamente origem ao Círculo em seus incessantes esforços para existir! Resumindo um entendimento: o Homem é um fractal do Universo, que, por sua vez, é um fractal do PONTO. Enfim, só se conhecendo, o ente poderá conhecer os Deuses e o próprio Universo. Poderá optar, se assim o desejar, em ser dissolvido... ou devorado. Enfim de novo: como diz Vivente Velado, Abade da OS+B para o Terceiro Mundo, A vida em si é um processo iniciático, que deve ser entendido, para que haja ascensão. Enfim pela última vez: Mas, dasaventurado o ente que procura se conhecer, que persegue a ascensão e que busca a Iniciação apenas para não ser devorado, como mero hobby es(x)otérico ou para alcançar um presumido 'poder' para dele fazer uso em proveito próprio ou de uma comunidade à qual pertença. Seria melhor que este pobre desgraçado não se conhecesse e não conhecesse um grão dos Mistérios, pois a espada que fere será aquela que ferirá. A regra é: Imperativos Categóricos Sempre.

 

Figura 9: ? ? ? ? ? ? ?

 

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Figura 10:  ? ? ? ? ? ? ?

 

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Figura 11:   ? ? ? ? ? ?

 

 

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

 


       Para este modesto ensaio acredita-se que não sejam necessárias conclusões, recomendações, ou mesmo, considerações finais. Mas, pensa-se que seja apropriado reproduzir o Credo do Cristo Cósmico(17) oferecido pela Ordo Svmmvm Bonvm, sobre o qual recomenda-se seja procedida uma consubstanciada reflexão. Se verbalizado com uma intencionalidade apropriada e adequada, produzirá um efeito irredutível que só o experimentador poderá conhecer. Minimamente, acontecerá o início da amalgamação consciente e permanente do ser com o Cristo Cósmico Interior. Mantido o propósito pelo exercício da vontade a união será efetivada ad perpetuam rei memoriam.

 

Creio na Luz Eterna como Pessoa;
Creio na Pessoa como pronunciadora do Logos;
Creio no Logos como enunciação do Sol Verdadeiro,
Aquele que está no Centro de Tudo, eternamente.
Invoco, agora, o Poder da Transformação,
Pelo qual eu serei a Pessoa,
Tal qual o Cristo a é.
E assim, crendo, caminho para essa meta,
Objetivo da minha vida, que a justifica plenamente.

 

       Como afirma o Frater Vicente Velado, e com o qual eu concordo,... Uma vez declarado esse Credo tudo está dito. Não há mais nada por dizer, nem caminho de volta; realmente não há retorno possível, pois seria como alguém retornar ao útero materno imediatamente após o parto, retrocedendo. A palavra crendo utilizada nesta Oração tem o sentido de confiar. Esta confiança deve ser adquirida e estabilizada através de experiências pretéritas que justifiquem esta assertiva, cujo caráter é estritamente iniciático. Estas experiências devem ser mantidas como sacrossantas no Sanctum Sanctorum de cada aspirante. Isto é: no CORAÇÃO. No Mistério do Golgotha, o SANGUE derramado por Jesus eterificou-se, permanecendo na aura da Terra. A Humanidade, herdeira desse supremo sacrifício, haverá de, oportunamente, realizar interiormente a Iniciação Solar e manifestar conscientemente o Cristo Cósmico, pois muito mais do que ser uma com seu Pai, é uma com a própria Essência Crística. Este é o supremo Batismo Pelo Fogo. E que assim seja, pois todos são chamados e todos são escolhidos. O que está, desde sempre, incluído, não poderá, jamais, ser excluído. A verborréia recorrente sobre o averno e sobre a danação perpétua é tão-somente um instrumento de dominação das consciências desavisadas. Foi e ainda é utilizado para torturar e submeter os desacautelados e os crédulos. O que não deixa de ser uma forma de inquisição mental. O próprio sacramento da confissão auricular é um bom exemplo de submissão e de exercício do poder. Apenas o SVMMVM BONVM é vitalício. Mas precisa ser conquistado. A bem da verdade, Ele quer e precisa ser conquistado. Este entendimento esotérico-iniciático não interessa aos arautos da balbúrdia, pois não prevaleceriam sobre as mentes libertas do medo e dos castigos presumidamente impostos aos pecadores depois da morte. O outro aspecto deste desvalor é a repetição papagaial de promessas e de maravilhas, que não foram sequer compreendidas e muito menos realizadas pelos prometedores, que, atrevidamente, manipulam o inferno pessoal dos seres que se encontram fragilizados, impondo condutas, muitas vezes profundamente detrimentosos, aos confrades debilitados e inermes para reagirem por si mesmos às desventuras que a encarnação propicia como forma de abençoado e amoroso aprendizado. Este aprendizado está vinculado à Lei da Reciprocidade ou da Retribuição. Como a morte inexiste... E o inferno também... E como não há prêmio nem castigo no Universo... Por isso, ALeF e TaV podem apresentar, dependendo da operação cabalística que esteja sendo efetuada, entre outros, os valores 1 ou 400, e vice-versa. E assim, assintoticamente, o ser haverá de passar da condição de deus mortal, para a de HOMEM IMORTAL. Este é o desígnio da Divindade no interior de cada ser e a explicação sintética do sacrifício ao qual, entre outros, voluntariamente, se submeteu o Mestre Jesus, para os seres, pelos seres, com os seres e nos seres que viajam rumo à Cristificação consciente. Paz Profunda a todos os entes. E que possam todos – inclusive o autor deste rascunho – ser dignos do irredutível e invulnerável Sacrifício da Crucifixão, pois, na reintegração cósmica, a inconsutilidade não admite costuras, emendas, cerzimentos, pespontos ou meias-solas. Na há, por evidente, outrossim, nenhuma interferência de pedágios, jeitinhos, bolas, dízimos, jejuns hipotéticos, pistolões, promessas, gorjetas, maracutaias, abstinências absurdas, autoflagelações, capilés, tráfico de influência, pedidos, perdões, penitências, panamás, percentuais, jabaculês, subornos, carteiradas, indulgências plenárias, propinas, fraudes, gratificações e falcatruas. A mentira não prevalecerá. Isto é um PONTO FINAL. Trabalho e mérito são, exclusivamente, as palavras-chaves que abrem as portas do Tabernáculo da Iluminação. Todas as virtudes a ele obrigatoriamente inerentes já foram anteriormente enunciadas, e devem, irredutivelmente, estar ancoradas, exclusivamente, em Imperativos Categóricos. A LEI DA ASSUNÇÃO invertida só poderá ser operada em um corpo são e, concomitantemente, em uma mente sã. É necessário que a entrega seja total, sem reservas. Só assim poderá se operar a Vontade de D’US. E que assim seja feita a VONTADE DELE, jamais a deste autor ou a do eventual leitor destas linhas mal arrumadas. Finalmente, peço perdão se algumas reflexões apresentadas causaram algum tipo de mal-estar, ou mesmo de desconfiança ou de estranheza. Esta, certamente, não foi a intenção. O intento, conforme se afirmou no intróito, foi de produzir e estimular harmonia, paz e desejo de reintegração e de reconciliação em todos e para todos: minerais, vegetais, animais e seres autoconscientes. Então, repete-se mais uma vez: que se faça a LLUZ, pois ela haverá de ser feita. Aliás, ela já está feita e já está disponível. Sempre esteve. Para todos e em todos. No CORAÇÃO. Quando encontrada, que a arrogância e a vaidade não se manifestem. A hipotética demonstração de grandeza e atos de sabichosidade (recomendo consultar o significado do vocábulo sabichoso) perante a turba arrastará o Iluminado de novo para a deficiência e para a inferioridade. Nem o ILLUMINADO está livre desta escorregadela, mas, certamente, está mais atento e mais preparado para vencer a insolência que ronda seu coração. Demonstrações naturais ofendem e calam o D'US INTERIOR. A conquista da Sabedoria (ShOPhIa) — é preciso ter sempre presente — é um mero acidente no Caminho Iniciático. A ShOPhIa jamais poderá ser alcançada in totum. Nem a soma de todos os Fragmentos de Sabedoria trará ao ILLUMINADO a PERFEIÇÃO ABSOLUTA. Quem alcançou esta compreensão passará incólume, pelo menos, pelas TRÊS PRIMEIRAS TENTAÇÕES.

 

AUM  MANI  ...  PADME  HUM

 

 

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DADOS SOBRE O AUTOR

 

Mestre em Educação, UFRJ, 1980. Doutor em Filosofia, UGF, 1988. Professor Adjunto IV (aposentado) do CEFET-RJ. Consultor em Administração Escolar. Presidente do Comitê Editorial da Revista Tecnologia & Cultura do CEFET-RJ. Professor de Metodologia da Ciência e da Pesquisa Científica e Coordenador Acadêmico do Instituto de Desenvolvimento Humano - IDHGE.

 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

1. O vocábulo esotérico, em misticismo, refere-se àquilo que é interior, privativo e inato, como é o caso, por exemplo, da Iluminação Cósmica e dos aspectos herméticos inerentes à KaBaLa, entre outros temas. Incluem-se, neste entendimento, os conhecimentos arcaicos, arcanos e tradicionais transmitidos aos iniciados das fraternidades e/ou ordens autênticas. Cs. o Manual Rosacruz de autoria de Harvey Spencer Lewis, 2ª edição, Grande Loja do Brasil, (AMORC), Curitiba, 1964.

2. Tempo é a duração da consciência. O Universo é. Logo, o tempo é e não é. As compreensões ou as percepções de passado e de futuro são ilusões provocadas pelas múltiplas imperfeições dos sentidos (mâyâ). Por isso, geralmente, o tempo está associado à idéia de espaço. Durante o sono, por exemplo, não há consciência, nem de tempo, nem de espaço. Entropia e neguentropia são conceitos criados pelos físicos para explicar aquilo que não é compreendido. O mesmo vem acontecendo com as diversas teorias atômicas. Contemporaneamente examina-se a Teoria das Cordas. E o conhecimento sobre os fractais está abrindo mais uma porta para a compreensão do Universo e da existência. Mas, se se refletisse sobre o pensamento pré-socrático, talvez... Assim, figurativamente, no inexistente Princípio... o PONTO... Enfim a TETRACTYS... 777... No Universo tudo é Número. Tudo é Lei. Tudo é Ordem. Tudo é unidade no seio de uma aparente, ilusória e caótica(?) multiplicidade! A Geometria Sagrada preside o Cosmos. Portanto, não há caos. O Universo é harmônico, estável e equilibrado. Manifesta-se por sucessivos e incriados mânvântâras e prâlâyas. E o número que regula estes acontecimentos é 311 040 x 109 anos solares. E o Grande Ciclo de Precessão Equinocial tem a duração de 25 920 anos solares. E um ciclo completo de vida dura, em média, 144 anos solares. Quem se dispuser a investigar a relação existente entre esses três números compreenderá maravilhas. Tudo é Número, Ordem e Lei. Tudo é Harmonia. O mal inexiste como coisa efetiva. A manifestação do aparente mal – produto espúrio da ausência de Conhecimento - é decorrente da incapacidade da percepção do não-mal. No Universo prevalece o SVMMVM BONVM.

3. www.antares.com.br/~sbr/ritual2-2.htm
Acesso em 09/10 2003.

4. A fórmula que permite calcular o termo geral de uma progressão geométrica é: an = a1.rn – 1. A soma dos n primeiros termos de uma progressão geométrica pode ser obtida pela fórmula: Sn = [an.r – a1] / r –1. Fazendo-se a substituição de an, tem-se Sn = [(a1.rn – 1)r – a1] / r – 1. Substituindo-se por grãos de trigo, obtém-se:
grãos de trigo, ou seja, 18 446 744 073 709 551 615 grãos.

5. Livro de Eclesiastes, 1, 19.

6. Id., 1, 14 – 18.

7. Evangelho de Marcos, 10, 16.

8. Cs. a obra Meditações Sobre os 22 Arcanos Maiores do Tarô, por um autor que quis se manter no anonimato, São Paulo, Paulus, pp. 241 a 271.

9. A Cabala: Tradição Secreta do Ocidente, Papus, São Paulo, Sociedade das Ciências Antigas, 1983, p. 160.

10. Meditações... obra citada na referência n° 8, p. 339.

11. Id., p. 205.

12. Id., p. 440.

13. www.gnosionline.org/
Curiosidades/Brincadeiras_Esotericas.shtml

Acesso em 29/08/2003.

14. Cs. A Cabala Desvendada, 2ª ed., Ordem Rosacruz – AMORC, Curitiba, 1985, passim. No Jogo da Amarelinha, a criança, na verdade, faz o caminho inverso, ou seja, trilha o caminho da reintegração com a ORIGEM – que está nela própria e em toda natureza naturada. Natura Naturans e Natura Naturata são uma só e a mesma coisa. Tudo é UM no Universo.

15. Revisitar os pensamentos platônico e aristotélico. Cf. tb., por exemplo, as reflexões de Agostinho, Tomás de Aquino, Hume, Rousseau, Bergson, Kant, Schiller, Hegel, Rudolf Steiner, H. P. Blavatsky, Éliphas Lèvi, Papus, Saint-Yves D’Alveydre, H. S. Lewis, Ralph M. Lewis, Friedrich Weinreb, Fulcanelli, Louis-Claude de Saint-Martin, Raymond Bernard, Christian Bernard e Vicente Velado. No âmbito específico da Filosofia Portuguesa, sugere-se, minimamente, a consulta às obras de Amorim Vianna, de Cunha Seixas, de Domingos Tarrozo, de Antero de Quental, de Sampaio Bruno, de Leonardo Coimbra e, particularmente, de Fernando Pessoa.

16. Evangelho de Lucas, 20 – 26.

17. http://www.svmmvmbonvm.org/
cristo/cristo.htm

Consulta efetuada em 10/11/2003.

 

O NASCER DO SOL É DE QUEM OLHA PARA O LESTE

 

 

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PAZ PROFUNDA