Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

O ratinho estava na toca, encurralado pelo gato, que, do lado de fora, miava: — Miau! Rinhau! Miau!

O tempo passava e ele ouvia: — Rinhau! Miau! Rinhau!

Depois de um tempo interminável e já com muita fome, o rato ouviu: — Au! Au! Au!

Então deduziu: se há um cão lá fora, o gato escafedeu-se. Saiu rapidinho disparado em busca de comida. Nem bem havia saído da toca, o gato nhoc!

Inconformado, já na boca do gato, perguntou: — Ora, seu gato sem-vergonha! Que sacanagem é essa?

E o gato, ronronando, respondeu: — Meu filho, sacanagem coisa nenhuma! Malandragem! Neste mundo globalizado de hoje, quem não fala pelo menos dois idiomas morre de fome.

 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

Miau! Cri$e? Perda? Que perda?

A abundância que nunca existiu

– exatamente porque nunca existiu –

não pode ser considerada perda.

 

 

Todos os má-fesistas de plantão

estão a andar pelos cantos miando

com suas hemorróidas sangrando.

Se soubessem ouvir a Voz do Coração...

 

 

Perda! Sim, isto é uma perda!

Penso na perda do Eu Interior.

Retrocesso... Entropia... Dor...

Isto é uma inestimável perda!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fundo musical:

The Sting (Marvin Hamlisch)

Fonte:

http://members.lycos.co.uk/Erlend/sounds.htm