M:
— Então,
até hoje, o que você aprendeu de mais importante?
D:
— Aprendi a
ser justo.
M:
— Muito bem.
Mas, às vezes, a justiça do homem pode ser injusta! Pensamos
estar livres do preconceito, mas sua sombra ainda tolda
nossa boa vontade. A inconsciência ronda como um lobo
faminto, e, involuntariamente, fazemos escolhas indevidas.
D:
— Oh! Eu não
havia pensado nisto!
M:
— Na verdade,
tudo é importante. Justiça, humildade, caridade, misericórdia,
lealdade, magnanimidade, coragem, amizade, temperança, paciência,
não-julgamento etc. são virtudes equivalentes; são irmãs
univitelinas. Pense nisto: como é possível haver plena justiça
se há julgamento? Como pode haver misericórdia se não
há fraternidade? Como podem sobrepujar a paciência e a temperança
se ainda preponderam
os quereres e as ilusões? Então, fazer o bem não importando
a quem é apenas parte da coisa. A coisa inteira é fazer ao outro
e pelo outro sempre mais do que você faz a você.
D:
— Mas, fazendo
ao outro e pelo outro sempre mais
do que faço por mim, não poderei estar errando? Não
poderei estar me descomedindo e exagerando?
M:
— Errar para
mais é ainda um erro, sim; mas é melhor errar para mais do que
errar para menos. A misericórdia sobreleva a parcimônia.
D:
— Compreendo.
Obrigado.
É
melhor errar para mais do que errar para menos!