PEQUENO DIÁLOGO II

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

M: — Então, até hoje, o que você aprendeu de mais importante?

D: — Aprendi a ser justo.

 

M: — Muito bem. Mas, às vezes, a justiça do homem pode ser injusta! Pensamos estar livres do preconceito, mas sua sombra ainda tolda nossa boa vontade. A inconsciência ronda como um lobo faminto, e, involuntariamente, fazemos escolhas indevidas.

D: — Oh! Eu não havia pensado nisto!

 

M: — Na verdade, tudo é importante. Justiça, humildade, caridade, misericórdia, lealdade, magnanimidade, coragem, amizade, temperança, paciência, não-julgamento etc. são virtudes equivalentes; são irmãs univitelinas. Pense nisto: como é possível haver plena justiça se há julgamento? Como pode haver misericórdia se não há fraternidade? Como podem sobrepujar a paciência e a temperança se ainda preponderam os quereres e as ilusões? Então, fazer o bem não importando a quem é apenas parte da coisa. A coisa inteira é fazer ao outro e pelo outro sempre mais do que você faz a você.

D: — Mas, fazendo ao outro e pelo outro sempre mais do que faço por mim, não poderei estar errando? Não poderei estar me descomedindo e exagerando?

 

M: — Errar para mais é ainda um erro, sim; mas é melhor errar para mais do que errar para menos. A misericórdia sobreleva a parcimônia.

D: — Compreendo. Obrigado.

 

 

 

É melhor errar para mais do que errar para menos!