Nota
1. Eu conheço uma certa autoridade
que fala, peida e arrota ao mesmo tempo. É tudo ao mesmo tempo
mesmo. Acreditem se quiserem. Parece filme de terror aerofágico-fermentativo.
Um verdadeiro horror! Peida quando fala, arrota quando peida e peida
e arrota em variados tons e modalidades. É uma verdadeira orquestra!
E acaba não falando nada que preste! E enquanto pensa se vai
falar ou no que vai falar, se vai arrotar ou se vai peidar, fica furiosamente
tirando meleca. Outro dia não me contive e disse para essa
criatura: — Meu amigo, preste atenção. Você
precisa tomar cuidado. Você já passou dos cinqüenta.
Mas mais cuidado você deve ter com esse seu nariz. Cada dia
ele está ficando maior de tanta meleca que você tira.
A cor dele até já não é nem mais a mesma
de trinta anos atrás. Está com uma cor meio tirante
a roxo. Vê se tira menos meleca a ver se ele volta para o lugar
e muda de cor. Chazinho de 'chamaímelon'* importado
da Grécia costuma dar jeito nessas coisas.
Bem, o sentido que desejo expressar
e imprimir com o neologismo 'pensapeido' e com a imagem pensamentos
são como peidos (alguns pensamentos) refere-se
às artimanhas (procedimentos para levar alguém ao engano)
e às orquestrações (articulações
de maldades e de mais-valias) produzidas por certas pessoas que vivem,
quase que exclusivamente, para desnortear (desencaminhar) e usurpar
o que conseguem desnortear (desencaminhar) e usurpar do próximo
e do país (Estado). Isso acontece no Mundo inteiro. A arquitetação
permanente acaba degenerando e destruindo o indivíduo por dentro
em um processo autofágico-entrópico semelhante a uma
flatulência do Cósmico, que no atual estágio recicla
por ingestão/digestão mundos e seres. Só que
o Cósmico não engendra nada, mas algumas criaturas parece
só viverem para isso. Resumindo: um 'pensapeido' é,
ao mesmo tempo, agente e paciente, produtor e destruidor, ato e conseqüência
de uma vontade–2, menor e subserviente, que
se sujeita à uma vontade–1 servil e
de natureza destrutiva (produzida e alimentada pelo próprio
indivíduo) – para o 'engendrador' e para o(s)
outro(s) por ele manipulados. As conseqüências são
obviamente funestas.
* Camomila
em grego. Em latim é camomilla.