PEDRO SIMON

(Reflexões e Pensamentos)

 

 

 

Pedro Simon

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Objetivo do Estudo

 

 

 

 

Pedro Jorge Simon – franciscano da Ordem Terceira de São Francisco, o que significa voto de pobreza e intenção permanente de amor e de solidariedade – aos 79 anos, é o último autêntico do PMDB. É mais um brasileiro honrado que tem trabalhado incansavelmente pelo Brasil; sua biografia atesta isto. Neste sentido, este estudo recorda e revela algumas de suas reflexões e alguns de seus pensamentos franciscano-simonianos, que, em determinados momentos da história política do País, foram cruciais para que fossem implementadas mudanças necessárias para correções de rumo e acertos inadiáveis. Hoje, com o descarado, retrógrado e insuportável fisiologismo que se instalou no Congresso Nacional, como ele mesmo diz, tornou-se, em seu Partido, o PMDB (que ele insiste em chamar de MDB), um zero à esquerda. Zero à esquerda, mas nem tanto! Continue Pedro! Se Ulysses Guimarães era cognominado de o Doutor Diretas, você, sem qualquer favor, pode muito bem ser considerado o Doutor Virtude. O Congresso Nacional – com raras e honrosas exceções, como você, por exemplo – longe está de representar os homens e as mulheres de bem deste País. Infelizmente, a hereditariedade das capitanias hereditárias1 e o coronelismo-mandonismo ainda não acabaram no Brasil.

 

 

 

 

Breve Biografia de Pedro Simon

 

 

 

Pedro Simon

 

 

Pedro Jorge Simon (Caxias do Sul, 31 de janeiro de 1930) é um advogado, professor universitário e político brasileiro. É atualmente Senador pelo estado do Rio Grande do Sul, filiado ao PMDB. É descendente de imigrantes libaneses que chegaram a Caxias do Sul em 1922, originários de El Kufur, junto com outras famílias, todas católicas. Estudou no colégio Nossa Senhora do Carmo, em Caxias do Sul, e no Colégio Rosário, em Porto Alegre, onde foi presidente do grêmio estudantil.

 

Formou-se em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Depois, pós-graduou-se em Economia Política, sendo também especialista em Direito Penal. Foi professor da Universidade de Caxias do Sul. Em sua vida universitária, teve passagens pela Sorbonne e pela Faculdade de Direito de Roma. Graças à sua militância no movimento estudantil, foi presidente da União Gaúcha dos Estudantes Secundários, presidente do Centro Acadêmico Maurício Cardoso, presidente da Federação de Estudantes de Faculdades e Escolas Superiores Católicas do Brasil, presidente o I Congresso de Estudantes de Direito da América Latina e diretor do primeiro curso de formação de lideranças sindicais realizado em Porto Alegre, além de ter sido o secretário-geral da 5ª Reunião Penitenciária Brasileira, organizada pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Em outubro de 1956, foi eleito presidente da Junta Governativa da UNE. Presidiu, ainda, a implementação da Aços Finos Piratini e a comissão de implantação do III Pólo Petroquímico do Rio Grande do Sul.

 

É viúvo de Tânia Simon, com quem morava em cima da loja de sua família, a Salem, na Avenida Protásio Alves, em Porto Alegre, do outro lado do antigo cinema Ritz. Tiveram três filhos, o mais velho, Tiago, estudou Direito na PUCRS e na UFRGS.

 

Sua estréia na política aconteceu quando filiado ao PTB e eleito vereador em Caxias do Sul, em 1958, sendo eleito deputado estadual, em 1962. Implantado o bipartidarismo pelo Regime Militar através do Ato Institucional nº 2 de 27 de outubro de 1965, fez opção pela legenda do MDB, sendo reeleito deputado estadual em 1966, 1970 e 1974, nestas últimas duas eleições foi o mais votado. No MDB, apesar da herança trabalhista, foi um opositor de Leonel Brizola. Emérito colaborador de Ulysses Guimarães, foi presidente do diretório regional do MDB em seu Estado sendo eleito Senador em 1978 e ingressando no PMDB com a reforma partidária decretada ano seguinte pelo Governo Federal. Na disputa pelo governo do Rio Grande do Sul, no ano de 1982, foi derrotado graças à divisão de votos entre as correntes oposicionistas representadas por ele e pelo deputado federal Alceu Collares, então candidato pelo PDT, e, assim, a vitória coube a Jair Soares, do PDS. A seguir, foi alçado a primeira vice-presidência do PMDB, em 1983, e coordenador nacional das Diretas-Já, em 1984. Com a rejeição da emenda, articulou com seu Partido e os dissidentes da Frente Liberal a formação da Aliança Democrática que elegeu Tancredo Neves e José Sarney para a presidência e vice-presidência da República em 1985. Escolhido Ministro da Agricultura por Tancredo Neves foi confirmado no cargo por José Sarney após o falecimento de Tancredo, em 21 de abril de 1985, permanecendo na Esplanada dos Ministérios até o início de 1986 quando renunciou para poder se candidatar ao governo do Rio Grande do Sul em campanha vitoriosa. Renunciou ao Governo do Estado em abril de 1990, sendo substituído pelo seu vice, Sinval Guazzelli, e seis meses mais tarde foi eleito Senador. De volta à Câmara Alta do País, foi coordenador e membro titular da comissão parlamentar mista de inquérito que levou ao impeachment do Presidente Fernando Collor (CPI do Impeachment), em 1992, sendo escolhido a seguir como líder do Governo Itamar Franco no Senado Federal. Foi membro da CPI do Orçamento (CPI dos anões do orçamento), instituída após denúncias feitas por José Carlos Alves do Santos. Vice-líder de sua bancada, foi reeleito Senador em 1998 e chegou a ter seu nome cogitado pelo PMDB como alternativa à sucessão presidencial de 2002, fato que não se consumou. Em 2006, conquistou seu quarto mandato como Senador, sendo o terceiro consecutivo.

 

Foi membro titular da comissão mista especial destinada a estudar as causas estruturais e conjunturais das desigualdades sociais e apresentar soluções legislativas para erradicar a pobreza e marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais. Foi relator da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, que dispõe sobre o enriquecimento ilícito. Em 1994, foi autor do requerimento de criação e relator da comissão especial destinada a analisar a programação de rádio e TV do País, quando membro desta subcomissão. Foi autor do requerimento de constituição da comissão parlamentar de inquérito destinada a apurar as denúncias sobre agentes corruptores (CPI dos corruptores), em complementação às CPIs do impeachment e do orçamento. Foi membro da comissão mista destinada a avaliar o programa nacional de desestatização em 1994. Foi membro das comissões de Relações Exteriores e Defesa Nacional, Assuntos Econômicos e Constituição, Justiça e Cidadania. Foi indicado para as comissões de Economia, Finanças e Legislação Social.

 

 

Formação Profissional

 

 

Bacharel em Ciências Jurídicas pela Faculdade de Direito da Pontifícia da Universidade Católica de Porto Alegre.

Curso de Pós-Graduação de Economia Política no Instituto de Economia da PUC.

Especialização em Economia Política e Direito Penal - Universidade de Paris - Sorbonne.

Estudos sobre Direito na Faculdade de Direito em Roma - Itália.

Professor licenciado de Economia Política da Faculdade de Direito de Caxias do Sul.

Professor licenciado de Sociologia da Faculdade de Caxias do Sul.

 

 

 

 

Reflexões e Pensamentos Simonianos

 

 

 

 

Pedro Simon

 

 

 

 

 

DECÁLOGO INDISPENSÁVEL
PARA O EXERCÍCIO
DA ATIVIDADE POLÍTICA

por

Pedro Simon

 


1. AMAR E RESPEITAR O PRÓXIMO COMO A SI MESMO. Os princípios da solidariedade e da fraternidade devem ser constantes na atividade política. Agir, verdadeiramente, como representante do povo, na sua caminhada rumo a um mundo de paz, sem exclusão social.

 

2. NÃO USAR O SAGRADO DINHEIRO PÚBLICO EM VÃO. O dinheiro público é, como diz o próprio nome, 'público'. Tem que ser gasto, necessariamente, com eficiência e equidade, para promover melhores condições de vida para um maior número possível de cidadãos.

 

3. COLOCAR O BEM COMUM ACIMA DE QUALQUER INTERESSE INDIVIDUAL. Não se servir da política, mas exercitá-la na sua plenitude, em prol da população. Servir, principalmente, àqueles que, cada vez em maior número, estão perdendo, nos nossos dias, até mesmo, o sentimento de pertencer à sociedade.

 

4. HONRAR A CONFIANÇA DEPOSITADA NAS URNAS. O voto é uma procuração outorgada pelo povo ao seu representante político, para que ele busque concretizar os anseios coletivos de construção da cidadania, da Democracia e da soberania.

 

5. JAMAIS SER OMISSO NO CUMPRIMENTO DA FUNÇÃO POLÍTICA. Não se furtar, jamais, quando se requer uma decisão que atenda às necessidades da população. O pecado da omissão é mortal na atividade política.

 

6. TRABALHAR PARA QUE A JUSTIÇA SEJA IGUAL PARA TODOS, INDEPENDENTEMENTE DE RAÇA, CREDO E CONDIÇÃO SOCIAL. O político deve cumprir e fazer cumprir o princípio constitucional no sentido de que 'todos são iguais perante a Lei, sem distinção de qualquer natureza'. A exclusão social não combina com a atividade política.

 

7. NÃO FURTAR. O dinheiro público é a dor nas filas dos hospitais, a escuridão do analfabetismo e o martírio da fome. Quem rouba o dinheiro público é culpado, diretamente, pelas nossas maiores mazelas.

 

8. EMPENHAR TODOS OS ESFORÇOS PARA QUE A FOME SEJA ERRADICADA NO PLANETA. A atividade pública, em escala mundial, será incompleta, enquanto mais de um bilhão de seres humanos permanecerem passando fome. Enquanto milhões de crianças ainda continuarem morrendo, vítimas de males causados pela desnutrição.

 

9. DESENVOLVER OS MELHORES VALORES E TRANSFORMAR-SE EM REFERÊNCIA POSITIVA PARA AS GERAÇÕES FUTURAS. A geração atual, que se constituirá no futuro do País, receberá de nós uma herança deteriorada, em termos dos melhores valores éticos na política. O político tem que se constituir, necessariamente, na melhor referência, ser um espelho para os que virão, para que se construa um País menos desigual, mais fraterno, solidário e soberano.

 

10. COMPROMETER-SE, FIELMENTE, COM A VERDADE, SOMENTE A VERDADE, NADA MAIS QUE A VERDADE. A atividade política não pode se mover, em qualquer hipótese, pelo embuste. A verdade deve ser o cerne da representação popular. Quem mente, em política, abdica, automaticamente, da confiança que lhe foi outorgada pelo povo. Perde o valor. Serve-se e não serve, jamais, como referência.

 

 

 

Sobre o discurso da baderna feito pelo presidente Fernando Henrique Cardoso: Eu estava ali e não podia acreditar no que ouvia. Não vi nenhuma diferença dos discursos feitos pelos generais.

 

Sobre o relacionamento entre FHC e o PFL: No PFL, o presidente senta e estica as pernas. É até capaz de tirar os sapatos... Servem um uisquezinho! E pensa: 'Aqui é gente civilizada'.

 

Não sei quem será o primeiro colocado e quem será o segundo colocado nas eleições presidenciais, mas já sei que o terceiro vai ser o Enéas.

 

 

 

 

Intervenção de Pedro Simon, em aparte ao Senador Arthur Virgílio: – Eu estou aqui contrário à ordem médica, mas estou aqui, e se o Presidente me permitir, quero falar porque acho que chegamos ao limite, olha, chegamos ao limite do mínimo da responsabilidade que nós podemos ter. Eu digo com a maior tristeza, com a maior mágoa. Nessa altura, não adianta o Presidente Sarney se licenciar. Ele tem que renunciar à Presidência do Senado. Ele tem que fazer o que os seus antecessores fizeram. Ele deve renunciar à Presidência do Senado. E nós devemos nos reunir para escolher alguém que seja a representação de todos nós. Não adianta suspender os atos, não adianta indicar nada, não adianta o ex-Primeiro Secretário, coitado, vir à tribuna e oferecer: vê a minha vida, vê isso, vê mais aquilo. Nós perdemos toda a credibilidade, Senador. Agora, V. Exª, dirigindo o Conselho de Ética... O Conselho de Ética ainda não se instalou. Em primeiro lugar, eu vejo pelo meu Partido, eu tenho o maior respeito pelas pessoas que foram indicadas. Eles até têm muitas qualidades, mas não foram indicados pelas qualidades. Eles foram indicados pela fidelidade, por fazer aquilo que o Sr. Renan, Líder do PMDB, porque ele e o Sr. Sarney controlam e comandam a Bancada do PMDB. É uma humilhação. Eu tenho vergonha, eu tenho vergonha da posição que eu estou. Aí me perguntam: por que o senhor não vai para outro partido? Eu não tenho para onde ir, mas, sinceramente, eu estou pensando em ir para casa, Senador. Eu estou pensando. Já não sou mais candidato a nada, mas estou pensando em sair. Eu não tenho mais condições de fazer nada. Se eu não posso ajudar, pelo menos que eu vá embora. O Presidente Sarney tem que ter a grandeza de renunciar à Presidência do Senado. Eu estive no seu gabinete, fui lhe dizer isso dias atrás. Não tive coragem, porque ele falou com tal maneira, com tal firmeza, que eu não tive coragem de dizer pra ele aquilo que eu fui lá pra dizer: Presidente, renuncie! Esse negócio da fundação... Em primeiro lugar, era o Convento das Mercês, um prédio... O mais espetacular. Em segundo lugar, a Assembléia vota uma lei... Desde a Constituinte até hoje, é a primeira vez que o Senado anula uma lei estadual, a pedido dele, porque a Assembléia tinha determinado a devolução... S. Exª é presidente eterno, vitalício. Se ele morrer é a esposa dele; se morrer a esposa dele são os filhos dele; se morrerem os filhos, são os netos, pelo menos é o que diz o jornal. Eu nunca tinha visto isso na minha vida!

 

Presidente Sarney, renuncie. Renuncie. Esse desgaste está lhe fazendo mal. A gente sente que V. Exª está numa situação dolorosa. Eu sinto muito, mas renuncie com grandeza, Presidente. Renuncie. Olhe, a história tem mostrado que as pessoas que tiveram capacidade de renunciar tiveram carinho e admiração por parte da imprensa. Mas querer sucumbir, ficar e carregar o Senado junto, não vale a pena.

 

Perdemos toda a credibilidade. O presidente Sarney tem de ter a grandeza de renunciar à presidência do Senado. Tenho vergonha. Estou pensando em ir para casa.

 

Crise vem de quinze anos, do primeiro mandato do Presidente Sarney.

 

Em um recado para a cúpula do Partido: Eu sou favorável a falar, criticar. Se o Partido tem alguma dúvida, que abra um processo. Mas acho que ninguém vai querer que ele [Jarbas Vasconcelos] fale tudo o que sabe. O Jarbas, como eu, somos fundadores do velho PMDB. Nós temos que sair para eles ficarem? Eu me sinto muito bem dentro do PMDB.

 

A cúpula do PMDB se vende por qualquer dois mil réis. O Partido não tem projeto para chegar à Presidência da República, mas, sim, quer pegar um carguinhos.

 

A impunidade é uma realidade.

 

Há dois anos, CPI era uma coisa séria. Os parlamentares, mesmo representando seus Partidos, no fundo, tinham a preocupação em buscar a verdade. Ultimamente, as CPIs têm sido um partido apurando o outro. Hoje, uma CPI já não tem mais a mesma credibilidade e funciona pessimamente.

 

Estou à margem, do lado de fora, não conto. Para eles, eu sou um zero à esquerda.

 

Acabou tudo. O PT, que era um partido bonito, acabou. Nada é mais igual ao PSDB do que o PT. Nada é mais igual ao Fernando Henrique do que o Lula.

 

Como acredita que vai ser o processo de escolha do seu Partido entre os pré-candidatos à Presidência da República Dilma Rousseff (PT), ministra da Casa Civil, e José Serra (PSDB), governador de São Paulo: O PMDB está se oferecendo para ver quem paga mais e quem ganha mais... O comando partidário não está à altura do Partido... Passou a ser a política de quem paga mais. Eles ficam esperando para ver quem paga mais... O PMDB fez de tudo para agradar Fernando Henrique e conseguiu ‘carguinhos’. Agora faz a mesma coisa com Lula...

 

Sou obrigado a reconhecer que, com toda a corrupção que teve de um tempo para cá, o que encontramos no 'Governo Collor' deveríamos ter enviado para o juizado de pequenas causas.

 

O que está acontecendo agora no Brasil é um recorde de lucro dos bancos. Nunca os banqueiros estiveram tão felizes, tão apaixonados por um cara como pelo Presidente Lula.

 

O estilo Requião de ser tem que ser respeitado. O estilo Requião é este: franqueza e rigor com o trato da coisa pública.

 

Sobre o Senador Jefferson Peres: O Congresso não podia perdê-lo. Era um baluarte, um símbolo. Eu tinha inveja cristã dele, que em cinco frases matava uma questão.

 

O Senador Pedro Simon, em uma homenagem a Ulisses Guimarães, disse que este, um dia, lhe havia dito: Se algum dia alguém for ao meu enterro e vir meu caixão, pode dizer: lá vai um homem revoltado porque eu não queria morrer.

 

Uma grande maldade com o Brasil foi a morte de Tancredo. Tancredo foi um sacana com a gente, não poderia ter morrido. Então, que levasse o Sarney junto.

 

Corrupção, violência, racismo, injustiça social e calúnias. Mas todas as calúnias são verdadeiras; nenhuma é mentira. Está provado que o Brasil está crescendo, está se desenvolvendo e tem coisas positivas que não há o que discutir. Mas a convivência, a maneira de ser...

 

 

 

 

Reforma tributária: É um texto de mentirinha; ninguém leva a sério. Não foi uma diminuição de impostos, não foi uma racionalização. A gente falava em diminuição de tributos, em fazer cinco tributos. É uma bobagem. A União nada em recursos; os Estados e os Municípios estão na miséria. O Governo Federal quer isto: que o Governo do Estado e o Município venham pedir esmola... O Governo Federal não quer abrir mão.

 

Lula é tão poderoso que nem São Paulo tem condições de querer brigar com o Governo Federal.

 

Eu acho muito cômoda a posição da Justiça, com todo o respeito, de querer apenas dizer quem está sendo processado. Em compensação, a Justiça não julga nunca.

 

Quem é oposição é radical: defende o Governo anterior e é contra o atual. E quem é governo é radical: defende o Governo atual e é contra o anterior. Então, as CPIs que estão aí dão em zero, porque cada um defende uma parte e não se investiga coisa nenhuma.

 

Sobre o foro privilegiado: Acho que o foro privilegiado está sendo negativo. Mas temos de ter cuidado. Não podemos ter, de repente, um promotor fanático, lá do interior, ou um juiz apaixonado, daqui a pouco, interpondo um processo contra o Presidente da República, por qualquer coisa. Há de ter certo cuidado nesse sentido. Mas acho que deveria haver alguma coisa com relação à Justiça eleitoral ou coisa que o valha. Agora, da maneira como o foro privilegiado, ele termina sobrecarregando tudo. Por exemplo, o processo do mensalão está lá. O Supremo fez um ato espetacular, denunciou os 40 [acusados pelo Procurador-geral], mas vai levar dez anos para seguir adiante.

 

Processos sobre crimes de corrupção ou improbidade administrativa: Os processos sobre crimes de corrupção ou improbidade administrativa deveriam ter prioridade total. Um projeto meu diz que quem está sendo processado e é candidato tem de ser julgado em primeiro lugar; o processo não pode ficar na gaveta de ninguém. O delegado de polícia tem de pegar, em primeiro lugar, o caso de um político processado por crime eleitoral, por crime político, por corrupção. O promotor tem de denunciar ou arquivar em primeiro lugar. O juiz tem de julgar em primeiro lugar; o tribunal tem de julgar em primeiro lugar. E, se é época de eleição, antes da eleição, ele tem de ser julgado. Se, por qualquer motivo, ele não for julgado antes da eleição, entre a eleição e a posse ele tem de ser julgado.

 

O homem sofre. Sofrer faz o homem pensar. Pensar torna o homem culto. Ser culto ajuda o homem a viver.

 

Apesar de todos os pesares, há momentos em que a gente pode dar as mãos e a soma é para todos.

 

Há corrupção tem em qualquer lugar. Tem gente que acha que o Brasil é um país corrupto, que isso não acontece em outros lugares. Acontece, e muito, em outros lugares. A diferença é que, em outros lugares, o cidadão é processado e vai para a cadeia. A Operação Mãos Limpas, que foi feita na Itália, cassou o mandato de mais de cem parlamentares, botou na cadeia empresários, a começar pelo presidente da Fiat à época, a maior empresa da Itália. Ela condenou juízes, procuradores, agiu fundo, fundo mesmo. Houve um momento, no Japão, em que três ex-primeiros-ministros se suicidaram de vergonha dos processos. No Brasil, não. Fica tudo nas gavetas; não acontece nada. Esse é o mal. A imprensa publica manchete atrás de manchete, em jornal, rádio, televisão: roubou, matou, degolou, houve um escândalo, e não é julgado. O que acontece? Para efeito de opinião pública, não aconteceu nada, foi absolvido. Mas o cidadão honesto, decente, digno, às vezes tem uma manchete injusta, cruel, que não é verdadeira – mas, como não foi julgado, vai tudo para o mesmo rol. Há uma desilusão generalizada.

 

Na dúvida, o 'promoter' não pode arquivar. Denuncia. Engavetar é agir com parcialidade.

 

Trecho do pronunciamento do Senador Pedro Simon, ao encerrar a sessão de acareação dos Senadores Arruda e ACM e a ex-diretora do Prodasen: ... se foi tão fácil violentar [sic] o painel eletrônico do Senado, que segurança temos que o mesmo não acontece com as 100.000 [sic] urnas eletrônicas?

 

Em 1989, votei no Ulysses Guimarães para presidente da República, no primeiro turno, mesmo sabendo que ele viria a perder, e que no segundo turno eu votaria no Lula contra o Fernando Collor de Mello. Desta vez, defendo a candidatura própria do PMDB e, se o partido aderir formalmente ao nome do Governo Lula, estarei contra por princípio. Votarei até na Heloísa Helena (PSOL). Mas, no segundo turno, estarei com a Dilma Rousseff (PT) contra o José Serra (PSDB).

 

Há um Governo Lula antes da Dilma e, outro, depois que ela assumiu a Casa Civil. Você pode falar de corrupção em qualquer lugar, mas lá na Casa Civil não tem nada disso. Veja esse Programa de Aceleração do Crescimento, esse PAC, não tem nada demais. É uma junção de um monte de coisas que já tinham por aí. Qual a diferença? A diferença é a Dilma. Ela faz mil casas populares numa favela no Rio, coloca um grande posto de saúde, um baita colégio, um tremendo ginásio de esportes. Tudo isso os Governos fazem por aí às centenas, sem grandes resultados. Mas a Dilma junta tudo num mesmo lugar, e ainda coloca um teleférico nesta favela criando uma cidade com qualidade de vida razoável, de uma cidade, para um monte de gente. Isso é competência. Antes do PAC, o dinheiro passava de um lado para o outro sem aparecer nada. Agora as coisas aparecem. Eu acompanho o trabalho da Dilma por longa data. Como Secretária de Fazenda do Governador Alceu Collares (PDT), vi as reuniões de que ela participou para tentar salvar o Governo, seu esforço aqui nos ministérios em Brasília. Depois, como Secretária de Energia do Governador Olívio Dutra (PT), também soube mostrar a que veio. Tanto que virou Ministra das Minas e Energia do Lula sem que ninguém aqui em Brasília a conhecesse. E foi novamente muito bem. Brigou o tempo inteiro para evitar que o Senador José Sarney (PMDB-AP) indicasse qualquer um para lá. Ela só quis nomes técnicos. O resto do Governo é que fica colocando esse rebotalho do PMDB que está aí... Tenho certeza de que ela fará o possível para evitar que essa parcela do PMDB estrague o seu Governo.

 

Mantenho minha coerência histórica desde que comecei no grêmio estudantil do curso secundário. Uma coerência muito feliz porque eu, quando jovem, conheci o Alberto Pasqualini. O pensamento dele é uma coisa fantástica. Ele pregava as idéias que se discutem hoje no mundo, sessenta anos depois: o fracasso do Comunismo, o equívoco total do Capitalismo. Nosso grupo de estudantes ia à casa dele duas vezes por semana. Das 8 da noite até tarde. No campo das idéias, fui numa linha reta; me impregnei tanto das idéias dele, que não titubeei. Agora, os comunistas não gostavam. Diziam que o Pasqualini era um 'capitalista fantasiado'. Ele dizia que os meios de produção ficam na propriedade privada, mas ela tem uma responsabilidade social que é obrigada a cumprir. Ele pregava que todo trabalhador tinha direito à educação, à uma casa, a um rádio, à coisas que não havia em 1946, lá no interior. Mas era contra o Socialismo. Achava que o Socialismo dava a igualdade, mas não dava a liberdade. Eu me impregnei daquelas idéias e me criei naquela cidade, nasci em Caxias. Meu pai e minha mãe vieram do Líbano. Vieram direto, sou 'puro-sangue'; minha irmã mais velha também é libanesa. Caxias é uma terra de colonização italiana. É um legítimo exemplo de como poderia ser feita a reforma agrária dando certo. Vieram primeiro os alemães, depois os italianos, e ali eles plasmaram uma civilização que é hoje uma cidade como Caxias – a mais importante do Rio Grande do Sul. No meio dessa colonização italiana, eu e os patrícios libaneses nos criamos. Tenho mesclados sangue árabe, colonização italiana e Brasil. Minha família era simples. Estudei no Colégio Nossa Senhora do Carmo. Depois meu pai se mudou para Porto Alegre, estudei no Rosário, fui para a Pontifícia Universidade Católica; depois voltei à Caxias para lecionar na universidade, fui vereador em Caxias…

 

O Brasil é um país de leis para não serem cumpridas; é o País da impunidade. Só vai para a cadeia ladrão de galinha. Se não é ladrão de galinha e tem um bom advogado, não vai para a cadeia.

 

Reclamando da impunidade reinante no País: Será que uma empreiteira dá R$ 100 mil, R$ 200 mil, R$ 500 mil para um candidato porque ele é amigo ou porque está plantando para colher depois?

 

 

 

 

Eu sou democrata e sou democrata para valer. E, como tal, eu não aceito o terceiro mandato.

 

Eu não vejo, na Câmara, nenhuma disposição de uma medida de reforma política que tenha conteúdo de seriedade. Não vejo. Querem fazer uma assembléia nacional constituinte, em que a votação é mais rápida; não tem prazo. Nós nos transformamos numa assembléia nacional constituinte, nós vamos fazer a nossa reforma de acordo com o que nós queremos. Não é sério. Sinceramente, não é sério.

 

 

 

 

Reflexão de um Senador

por

Pedro simon

 

 

Quando ingressei na vida pública, há cinco décadas, eu apertei o botão de subida do elevador da política, no seu sentido mais puro. E ele subiu. Parou em muitos andares. Abriu e fechou.

 

Muitas vezes, parecia que as portas emperravam, presas a grades e a paus-de-arara. Mas, mesmo assim, abriam-se, com o esforço de todos os passageiros.

 

Havia uma voz, que anunciava cada etapa dessa nossa subida, na busca do destino almejado por todos nós. Liberdade, Democracia, anistia, diretas-já. Não era uma voz interna. Ela vinha das ruas, e ecoava de fora para dentro.

 

Vi gente descer e subir, em cada um dos andares deste edifício político. Comigo, subiram Ulysses, Tancredo, Teotônio. Já nos primeiros andares, vieram Covas, Darcy, Fernando Henrique. Mais um ou outro andar, Lula, Dirceu, Suplicy. Outros mais, Marina, Heloísa.

 

De repente, o elevador parou entre dois andares. Alguém mexeu, indevidamente, no painel. Parece que alguns resolveram descer e fizeram mau uso do botão de emergência. O Covas, o Darcy, o Ulysses, o Tancredo, o Teotônio já haviam chegado a seus destinos.

 

Sentimos, então, uma sensação de insegurança e de falta de referências. Apesar dos brados da Heloísa, parecia que nada poderia impedir a nossa queda livre. A cada andar, uma outra voz, agora de dentro para fora, anunciava, num ritmo rápido e seqüencial: PC, Orçamento, Banestado, Mensalão, Sanguessugas, Navalha, Xeque-Mate. Alguns nomes, eu nem consegui decifrar, tamanha a velocidade da descida. E o elevador não parava. Nenhuma porta se abria. Haveria o térreo, de onde poderíamos, de novo, ganhar as ruas. É que imaginávamos que seria o fundo do poço do elevador da política. Qual o quê, não sabíamos que o nosso edifício tinha, ainda, tantos, e tão profundos, subsolos.

 

Daí, a sensação, cada vez mais contundente, de que o baque seria ainda maior. Quantos seriam os subsolos? Até que profundezas suportaríamos nessa queda livre?

 

Mais uma vez de repente, o elevador parou, subitamente. Uma fresta, uma sala, uma discussão acalorada. Troca de insultos. Uma reunião da Comissão de Ética da Torre Principal do Edifício.

 

O Síndico teria pago suas contas pessoais com o dinheiro do Condomínio, através do funcionário do 'lobby' de um outro edifício. E, por isso, teria, também, deixado de pagar pelos serviços de manutenção do elevador. Mais do que isso, o zelador também não havia recebido o seu sagrado salário, para o pão, o leite, a saúde e a educação da família. Idem o segurança.

 

Mas, havia algo estranho naquela reunião: os representantes dos condôminos, talvez por medo de outros sustos semelhantes, em outros solavancos do elevador, defendiam, solenemente, o Síndico.

 

Ninguém estava interessado em avaliar a veracidade das suas informações. Nem mesmo as contas do Condomínio. Queriam imputar culpa ao zelador e ao segurança. Ou, quem sabe, teria o tal Síndico informações comprometedoras, gravadas nos corredores soturnos do edifício, a provocar tamanha ânsia solidária? Não se sabe, mas, tudo indica, isso jamais será investigado, enquanto vigorar a atual Convenção de Condomínio.

 

Há que se rever, portanto, essa Convenção. Há que se consertar esse elevador. Há que se escolher um novo ascensorista. Há que se eleger um novo síndico. Há que se alcançar o andar da ética.

 

A voz das ruas tem que ecoar, mais alto, nos corredores deste edifício. A voz de dentro, parece, insiste em continuar violando os painéis de controle. Até que não haja, mais, subsolos. E, aí, o tal baque poderá ser irreversível. Não haverá salas de comissões de ética. Porque não haverá, mais, ética. Quem sabe, nem mesmo, edifício.

 

 

 

 

 

 



 

_____

Nota:

1. As capitanias foram uma forma de administração territorial do império português, uma vez que a Coroa, com recursos limitados, delegou a tarefa de colonização e de exploração de determinadas áreas a particulares, através da doação de lotes de terra, sistema utilizado inicialmente com sucesso na exploração das ilhas atlânticas. No Brasil, este sistema ficou conhecido como capitanias hereditárias, tendo vigorado, sob diversas formas, durante o período colonial, do início do século XVI até ao século XVIII, quando o sistema de hereditariedade foi extinto pelo Marquês de Pombal, em 1759 (a hereditariedade foi abolida, mas a denominação capitania não). O sistema de capitanias, bem sucedido nas ilhas da Madeira e de Cabo Verde, foi inicialmente implantado no Brasil com a doação da Ilha de São João (atual ilha de Fernando de Noronha), por Carta Régia de Dom Manuel I (1495 - 1521), datada de 16 de fevereiro de 1504, que doou a Fernando de Noronha, arrendatário do contrato de exploração do pau-brasil (Cæsalpinia echinata), constituindo a Capitania de São João, sem qualquer efeito na prática, uma vez que, na época, não há notícia de sua colonização. Os descendentes de Noronha, entretanto, continuaram herdando o título de posse da Capitania até ao seu último representante, João Pereira Pestana, em 1692.

 

Páginas da Internet consultadas:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Capitanias_do_Brasil

http://vidaanalfabeta.blogspot.com/2008/
10/nosso-querido-senador-pedro-simon.html

http://picnicterraqueo.wordpress.com/2008/
12/17/meu-partido-e-um-coracao-partido/

http://www.jornaldeluzilandia.com.br/
txt.php?id=10350

http://acertodecontas.blog.br/entrevistas/
entrevista-de-pedro-simon-a-carta-capital/

https://conteudoclippingmp.
planejamento.gov.br/

http://www.mail-archive.com/voto-eletronico
@pipeline.iron.com.br/msg03404.html

http://teldobrasil.blogspot.com/2007/
08/agosto172007-2-edio.html

http://74.125.47.132/

http://www.senado.gov.br/pedrosimon/
entrevistas1.asp?entrevista=60

http://br.answers.yahoo.com/question/
index?qid=20090514150053AA6HkQL

http://www.otempo.com.br/otempo/
noticias/?IdNoticia=104126

http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI3780769
-EI6578,00-Pedro+Simon+CPI+era+coisa+seria.html

http://perspectivapolitica.wordpress.com/2009/
03/10/pedro-simon-continua-suas-criticas/

http://www.blogdoalon.com.br/2009/03/
jogo-do-poder-com-pedro-simon-1803.html

http://www1.folha.uol.com.br/folha/
brasil/ult96u504788.shtml

http://www.odebate.com.br/index.php?option=
com_content&task=view&id=12144&Itemid=28

http://blogdafolha.blogspot.com/2009/04/
decalogo-indispensavel-para-o-exercicio.html

http://Senadorpedrosimon.blogspot.com/

http://www.senado.gov.br/web/
senador/psimon/index.asp

http://pt.wikiquote.org/wiki/Pedro_Simon

http://renatopontello.blogspot.com/
2007_07_01_archive.html

 

Fundo musical:

Estrada da Vida (Gildo de Freitas)

Fonte:

http://www.pedroozorio.com.br/secao_
midis/nacionais_gauchas.htm

 

Nossa vida é uma estrada com diversos corredor,
Tem muitas encruzilhada na picadinha do amor,
Tem trecho duro, bem firme, outros com atolador,
Cada um tem sua estrada, seja do jeito que for.

Na estrada da minha vida, tive muitas decadência,
Muito atrapalho na estrada, mas nunca usei violência.
Fui carregando a mochila com calma, jeito e paciência,
Quanto mais brava a estrada, mais eu mostrei resistência.

Na velha estrada da vida, hoje eu descanso um pouquinho.
Encontrei uma viajanta que ia pra o mesmo caminho,
Ela foi, me convidou, pra nós viajar juntinho.
Daquela data em diante, não viajei mais sozinho.

Eu hoje vou numa estrada só de amores e carinho,
Nós fizemos uma empreitada, mas vamos devagarinho.
Porém, a nossa empreitada foi de abrir cinco caminho.
Hoje, são mais cinco estrada, pra os nossos cinco filhinho.

Eu na estrada da vida, eu sou desta opinião:
Isto é o conselho que serve para qualquer cidadão,
Principalmente pra esses moço, velho, solteirão:
Todo homem sem mulher
é um viajar sem condução.