PANEM  ET  CIRCENSES1

 

 

 

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

Você quer um ludopédio?
Então, toma aí uma

 

Você quer um briochinho?
Então, toma aí um desrespeito.

 

Você quer marmelada?
Então, toma aí um marmeleiro.

 

Você quer goiabada?
Então, toma aí uma goiabeira.

 

Você quer 'Gadus morrhua'?
Então, toma aí um bacalhau.

 

Você quer ver o circo pegar fogo?
Então, toma aí um estopim.

 

Você quer um dindinzinho?
Então, toma aí uma .

 

Você quer brincar um tiquinho?
Então, toma aí confete e serpentina.

 

Você quer arrumar 'ein krenke'?
Então, toma aí uma camisinha furada.

 

Você quer dar uma cheiradinha?
Então, toma aí uma farinha.

 

Você quer variedade?
Então, toma aí o barulho da cidade.

 

Você quer um sassarico?
Então, toma aí a flexibilização.

 

Você quer uma 3ª Onda ('Big COVID')?
Então, toma aí a Copa América.

 

 

 

 

Você quer um 'fudelhufas de cagahouse'?
Então, toma aí o 'laissez-passer'.

 

Você quer um 'fudehouse de cagalhufas'?
Então, toma aí o 'laissez-aller'.

 

Você quer um baita omeletaço?
Então, toma aí a .

 

Você quer a anticiência?
Então, toma aí o negacionismo.

 

 

 

 

Você quer irresponsabilidade?
Então, toma aí o zorro sem máscara.

 

 

 

 

Você quer
Então, toma aí a apropinquação.

 

 

Não faça cerimônia. Apropinqüe-se.

 

 

Você quer chorar pra cacete?
Então, toma aí um lençol de casal.

 

Você quer virar um ?
Então, toma aí uma Cloroquina.

 

Você quer uma
Então, toma aí um .

 

Você quer um tratamento precoce?
Então, toma aí umas mariquinhas.

 

Você quer um milagrinho?
Então, toma aí uma papironga.

 

Você quer uma evergesia?
Então, toma aí uns caraminguás.

 

Você quer que a hecatombe continue?
Então, finja que não está vendo lhufas.

 

Você quer que o anacronismo persista?
Então, continue a fingir que é pitosga.

 

Você quer que a vulnerabilidade perdure?
Então, continue a fingir que está tudo bem.

 

Você quer uma imunidade de rebanho?
Então, toma aí meia dúzia de vacas mochas.

 

 

              

 

 

Você quer uma 'miralusão'?
Então, toma aí uma 'Fata Morgana'
2.

 

 

Fata Morgana

 

 

E o povão o que é?
Infelizmente, é só massa de manobra.

 

E por que ele é?
Porque gosta de imitar e não quer raciocinar.

 

 

 

 

Mas, isto poderá ter um fim?
Sim; pela COMPREENSÃO e dizendo NÃO.

 

E enquanto isso?
Sempre, inevitável karma individual.

 

E daí?
Vira-e-mexe, inexorável karma coletivo.

 

Mas...
Não há mas nem mas.

 

Com ou sem ,
'dura Lex, sed Lex':
para mim e para você,
para o 'pecador' e para o santo,
para o papa e para o 'áyatolláh',
para o rabino e para o monge,
para a rainha e para o plebeu,
para o Monsieur Verdoux e para o carrasco,
para o ET e para o IT,
para o correligionário e para o adversário.
Não há exceção; não há privilégio.
Pau que dá em noite escura também dá em dia claro.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

______

Notas:

1. Panem et circenses foi uma política desenvolvida durante a República Romana e o Império Romano.

Até metade do século XX, pesquisadores e historiadores acreditavam que esta política havia sido criada como uma medida de manipulação de massas, na qual a aristocracia incentivava a plebe de certa forma a ficar desinteressada em política e dar atenção somente para prazeres como a comida, através do pão, e o divertimento, retratado pelo circo.

No entanto, tal visão pode ser considerada elitista e inverossímil, pois, os historiadores ao estudar tal assunto se prendiam muito a documentos produzidos pela aristocracia romana, os quais tinham uma visão pejorativa da plebe. Deste modo, a partir da segunda metade do século XX alguns historiadores e arqueólogos começaram a buscar e descobrir mais informações sobre tal camada e a real influência do pão e do circo sobre a plebe.

Com base nessas novas informações, foi possível entender um pouco da política em relação à população romana, desenvolvendo um novo conceito e simultaneamente desconstruindo o antigo. Assim, o entendimento de tal política se torna de vital importância para que a história do Pão e Circo seja entendida como um todo e não somente a partir de uma única visão.

Os historiadores acreditam que a expressão Pão e Circo foi usada pela primeira vez durante a administração Caio Graco pelo poeta satírico Juvenal em suas Sátiras. Nascido em uma família de aristocratas, suas obras além de imbuídas de fortes valores morais, demonstram certa aversão para com a plebe romana. Uma teoria alega que a causa deste repúdio seja a pobreza que acometeu Juvenal em sua velhice, tendo que se tornar um cliente, algo visto como um estatuto de inferioridade pela aristocracia romana. Juvenal descreve a plebe como viciada, apática e dependente do pão e do circo dados pelo Império Romano. Por este motivo, alguns historiadores acabaram utilizando esta expressão para designar o controle da plebe pelos imperadores feito através do pão (distribuição do trigo) e do circo (espetáculos).

A historiografia, principalmente do século XIX e início do XX, acreditava que a plebe romana era sustentada pelo pão distribuído pelo Estado e divertida pelos jogos de gladiadores apresentados nos anfiteatros. Jérôme Carcopino, em sua obra A Vida Cotidiana: Roma no Apogeu do Império, argumenta que a plebe romana era controlada por meio de lazeres e diversão, para que, assim, não tivesse tempo livre para pensar em revoltas contra os Imperadores. Esta foi a principal idéia aceita pelos historiadores, que utilizavam como fontes discursos e obras escritas pela elite romana, que carregavam uma visão bastante pejorativa sobre as pessoas pobres. Carcopino afirma que, por ter muito tempo livre e por ser ociosa, a plebe poderia se revoltar contra o Governo, e para que isto não ocorresse, era necessário criar políticas, como a do pão e circo, para mantê-la sob controle. Sem vontade própria, a plebe seria despolitizada, menosprezando a terra em que trabalhava. Além de ter tendência à agressividade, sendo vista como sanguinária, afirmando que elas gostavam e apoiavam as lutas de gladiadores, essas pessoas, por não terem nada para fazer durante o dia, utilizavam o anfiteatro para festejar e ocupar seu tempo. Nos anfiteatros, as lutas de gladiadores serviam para entreter a população, e, em geral, esses gladiadores eram pobres, escravos e bandidos e, ao participar dos jogos de luta, aceitavam o risco de perder a própria vida para que a população se divertisse. Mas, alguns historiadores do século XXI discordam desta interpretação, pois, para eles os anfiteatros também eram utilizados para o Imperador e o povo se confrontarem e defenderem as suas necessidades. Desta forma, a elite seria responsável pela política do pão e circo, pensada no intuito de coibir possíveis revoltas. Entre os historiadores desta vertente interpretativa, encontram-se Theodor Mommsen, Julius Friedländer, Montesquieu, Jérome Carcopino, Jean Noël Robert, Howard Scullard e Pedro Paulo Funari.

A historiografia da segunda metade dos séculos XX e XXI acredita que a plebe romana não era apática e ociosa, pois, a espórtula (na antiga Roma, cesta usada para distribuir entre o povo gêneros ou dinheiro a mando do imperador ou dos nobres) e o trigo, que eram fornecidos pelo Estado, eram insuficientes para o sustento da vida de uma família romana, que lidava com aluguéis, vestuários, óleos para banho, entre outras necessidades, fazendo com que o trabalho fosse necessário para os pobres. O fato de usufruírem do pão e do circo não eliminava o descontentamento dos pobres, apenas diminuía, ou seja, a plebe exigia melhorias, mesmo com a política do pão e circo.

Além disso, os beneficiados pelo fornecimento de trigo eram minoria da população, pois, para receber este benefício, era necessário ser cidadão romano e morar em Roma. Assim, estima-se que o trigo era distribuído a algo em torno de 0,5% da população total do Império Romano e em quantidade insuficiente, cerca de 21 litros de trigo, para suprir as necessidades alimentares de uma família. Outro ponto era que, para moer o grão de trigo e assar o pão, era necessário ir até uma padaria, pois, nas ínsulas em que moravam não havia cozinha por causa do alto risco de incêndio. Não obstante, os lugares onde eram realizadas as festas e os espetáculos não dispunham de lugares suficientes para atender toda a plebe romana, que crescia conforme a expansão romana, ou seja, nem todos podiam freqüentar os lugares onde era praticado o circo. A capacidade do Coliseu era de 50.000 pessoas e do Circo Máximo era de 250.000 pessoas, e os espetáculos não ocorriam de forma constante. Entretanto, existiam outros espaços utilizados pelo povo romano, estes espaços também eram utilizados para a sociabilidade romana como os teatros e as termas romanas.

A palavra evergetismo possui muitos significados e distintas aplicações, e a utilização de tal termo se desenvolveu no período da Grécia Helenística. O evergetismo pode ser definido como uma prática de doação, ou seja, pessoas que ocupavam altos cargos, tais como políticos e aristocratas, financiavam obras ou até mesmo davam quantias em dinheiro para beneficiar as pessoas e a cidade. Ao invés de ser denominado de doação o termo correto utilizado na época era evergesia. Era de se esperar de um evérgeta (pessoa que faz o ato da evergesia) também arcasse com as despesas públicas.

O ato do evergetismo pode ser dividido em duas partes: o evergetismo livre, no qual um cidadão, mesmo fora de seu cargo ou posição política e que possuísse recursos para exercer uma evergesia, fizesse por uma livre espontânea vontade, e, por isto, é denominado de evergetismo livre. Em contrapartida existia o evergetismo ob honorem que, por sua vez, era praticado principalmente em épocas de eleições políticas, ou seja, para que a população votasse em tal candidato, e, desta forma, o candidato praticava algum tipo de evergesia, se tornando assim uma obrigação do candidato e do eleito fazerem tais evergesias.

O motivo das evergesias e porque elas eram exercidas vai além de uma simples concorrência ou de um comprometimento com sua função política. Segundo Paul Marie Veyne, ao citar Aristóteles, o evergetismo ocorria por uma espécie de magnificência, que seria uma manifestação da virtude ética, onde o homem, como ser humano, possui uma ética, e dentro dela está inclusa a magnificência, uma noção de coletivo ligada à religiosidade, sempre homenageando deuses, algo muito recorrente na Roma antiga.

Concluindo, a mística que envolve o trigo e o pão vem sendo desconstruída e uma nova idéia está surgindo: a que o pão não foi um fator de dominação de massa e muito menos de ociosidade por parte da plebe.

2. O efeito de Fata Morgana (ou seja: fada Morgana), em referência à fictícia feiticeira (Fada Morgana) meia-irmã do Rei Artur que, segundo a lenda, era uma fada que conseguia mudar de aparência, é um efeito ótico (Princípio de Fermat).

Trata-se de uma miragem que se deve a uma inversão térmica. Objetos que se encontrem no horizonte, como, por exemplo, ilhas, falésias, barcos ou icebergs, adquirem uma aparência alargada e elevada, similar aos castelos de contos de fadas.

A Fata Morgana mais célebre é a que se produz no estreito de Messina, entre a Calábria e a Sicília.

Com tempo calmo, a separação regular entre o ar quente e o ar frio (mais denso), perto da superfície terrestre, pode atuar como uma lente refratária, produzindo uma imagem invertida, sobre a qual a imagem distante parece flutuar. Os efeitos Fata Morgana costumam ser visíveis de manhã, depois de uma noite fria. É um efeito habitual em vales de alta montanha, onde o efeito se vê acentuado pela curvatura do vale, que cancela a curvatura da Terra. Também se costuma ver de manhã nos mares árticos, com o mar muito calmo, e é habitual nas superfícies geladas da Antártida.

Os efeitos de Fata Morgana são miragens ditas superiores, diferentes das miragens inferiores, que são mais comuns e criam a ilusão de lagos de água distantes nos desertos ou em estradas com o asfalto muito quente.

 

Música de fundo:

O palhaço, o que é?
Composição: Bide e Paulo Barbosa
Interpretação: Carlos Galhardo

 

Fonte:

https://www.youtube.com/watch?v=RgrIA42B9wA&t=54s

 

Páginas da Internet consultadas:

https://www.saude.ms.gov.br

https://www.paho.org/en

https://jooinn.com/fata-morgana.html

http://gifs.informatiquegifs.com

https://izabelapce.wordpress.com

https://bestanimations.com

https://www.bebitus.pt

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