PAUL VALÉRY – Pensamentos

 

 

 

Paul Valéry

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Objetivo da Pesquisa

 

 

 

Esta pesquisa tem por finalidade divulgar alguns pensamentos do filósofo, escritor e poeta francês da Escola Simbolista Paul Valéry. Eu gostaria de ter comentado cada excerto escolhido para compor esta pesquisa bibliográfica, mas o arquivo ficaria muito pesado. Então, selecionei alguns para comentar, comentários estes que estão nas notas, ao final da pesquisa. Seja como for, acho que você vai se divertir muito (e aprender também) com as reflexões de Valéry.

 

 

 

Nota Biográfica

 

 

 

Paul Valéry

Paul Valéry

 

 

 

Amborise-Paul-Toussand-Jules Valéry – filósofo, escritor e poeta francês da Escola Simbolista cujos escritos incluem interesses em Matemática, Filosofia e Música – nasceu em Sète, em 30 de outubro de 1871. Estudou na Faculdade de Direito de Montpellier, e foi ainda na época da faculdade que publicou suas primeiras poesias, como Sonho, Elevação da Lua, A Marcha Imperial e Narciso Fala.

 

Em 1893, Valéry foi para Paris, onde conheceu o poeta Stéphane Mallarmé, com quem selou uma grande amizade.

 

Foi por causa de um amor não correspondido, por Madame Rovira, que Valéry se voltou para a reflexão filosófica. Em um período de crise, publicou importantes ensaios filosóficos, como Introdução ao Método de Leonardo da Vinci e Monsieur Teste.

 

O reconhecimento de seu trabalho veio em 1917, quando publicou o poema A Jovem Parca. Na seqüência, vieram Álbum de Versos Antigos e Charmes. Pouco tempo depois, em 1925, ingressou na Academia Francesa de Letras. E, a partir de então, foram publicados Rumbas, Analetos, Literatura, Consideração Sobre o Mundo Atual, Maus Pensamentos e Outros e Tal Qual, entre outras obras marcantes.

 

Normalmente, suas obras são divididas em três fases principais. A primeira, que vai de 1890 até 1892, é caracterizada por ser um período em que o autor se dedicou à poesia; a segunda, de 1892 até 1917, é uma época em que não há produção, o período de crise; a terceira, a partir de 1917, em que publica sua obra consagrada e outros livros, muitos com caráter reflexivo.

 

Suas obras são originais e tratam de diversos temas, como Arquitetura, Música, Literatura, artes plásticas e até dança.

 

Valéry faleceu em 1945, em Paris.

 

 

 

Pensamentos Paulvaleryanos

 

 

 

Os maus pensamentos vêm do Coração.

 

Os povos primitivos não conheciam a necessidade de dividir o tempo em filigranas. Para os antigos, não existiam minutos ou segundos. Artistas, como Stevenson ou Gauguin, fugiram da Europa e aportaram em ilhas onde não havia relógios. Nem o carteiro nem o telefone apoquentavam Platão. Virgílio nunca precisou correr para apanhar um comboio. Descartes se perdeu em pensamentos nos canais de Amsterdã. Hoje, porém, os nossos movimentos são regidos por frações exatas de tempo. Até mesmo a vigésima parte de um segundo começa a não mais ser irrelevante em certas áreas técnicas.

 

A meditação é um vício solitário que cava no aborrecimento um buraco negro que a tolice vem preencher.1

 

Verdadeiramente bom é o homem raro que nunca censura os outros pelos males que lhe acontecem.

 

Há uma espécie de reciprocidade2 entre a necessidade e o objeto que a satisfará. Não penso em beber, mas este copo ao meu alcance me dá sede. Tenho sede, e imagino um copo de água delicioso.

 

Entre duas palavras, escolha sempre a mais simples.3

 

Agradar a si mesmo é orgulho; aos demais, vaidade.

 

Os homens se distinguem por aquilo que mostram, e se assemelham naquilo que escondem.

 

A História é o produto mais perigoso que a química do intelecto tem desenvolvido. As suas propriedades são bem conhecidas. Provoca sonhos, intoxica as pessoas, sobrecarrega-as com falsas memórias, exagera seus reflexos, mantém suas velhas feridas e a turbulência em seu descanso, leva a delírios de grandeza ou de perseguição, e faz das nações amargas, bonitas, vaidosas e insuportáveis.

 

Peça desculpas quando agir bem; nada fere tanto.

 

Não há verdadeiro sentido de um texto. Não há autoridade do autor. Quisesse dizer o que quisesse, escreveu o que escreveu. Uma vez publicado, um texto é como um aparelho de que cada um se pode servir à sua maneira e segundo os seus meios: não é certo que o construtor o use melhor do que outro qualquer.

 

Duas coisas ameaçam o mundo: a ordem e a desordem.

 

Um homem sério tem poucas idéias. Um homem de idéias nunca é sério.

 

Um grande homem é aquele que morre duas vezes. Primeiro, como homem; e depois, como grande homem.

 

O homem é absurdo por aquilo que busca, e grande por aquilo que encontra.

 

É cômodo cortar ou coroar uma cabeça, mas, pensando bem, torna-se ridículo. Isto é acreditarmos que esta cabeça encerra, em si, uma causa primeira.

 

Um chefe é um homem que precisa dos outros.

 

Um homem competente é um homem que se engana segundo as regras.

 

A morte pode dar ensejo a dois sentimentos opostos: 1º) ou fazer pensar que morrer é se tornar o mais vulnerável dos seres, sem defesa contra o desconhecido; 2º) ou se tornar invulnerável e afastado de todos os males possíveis. Em quase todos esses dois sentimentos existem e se alternam. Passa-se a vida temendo ou desejando a morte.

 

A morte rouba toda a seriedade à vida.

 

Cada gota de silêncio é a chance para que um fruto venha a amadurecer.

 

Quantas coisas é preciso ignorar para agir!

 

Sabe qual a definição da beleza? É fácil: é tudo aquilo que desespera.

 

Elegância é a arte de não se fazer notar, aliada ao cuidado sutil de não se deixar distinguir.

 

O objetivo profundo do artista é dar mais do que aquilo que tem.

 

 

 

A dança, na minha opinião, é muito mais do que um exercício, um divertimento, um ornamento, um passatempo social; na verdade, é uma coisa até séria e, sob certo aspecto, mesmo, uma coisa sagrada. Cada era que compreendeu a importância do corpo humano, ou que, pelo menos, teve a noção sensorial de sua estrutura, de seus requisitos, de suas limitações e da combinação de genialidade que lhe são inerentes cultivou e venerou a dança.

 

A sociedade só vive de ilusões. Toda a sociedade é uma espécie de sonho coletivo. Essas ilusões se tornam ilusões perigosas quando começam a parar de iludir. O despertar deste tipo de sonho é um pesadelo.

 

'Os povos felizes não têm História.' De onde se infere que a supressão da História tornaria os povos mais felizes. O menor olhar sobre os acontecimentos deste mundo reencontra esta mesma conclusão. O esquecimento é o benefício que a História quer corromper. Nada, na História, serve para ensinar aos homens a possibilidade de viverem em paz. É o ensino oposto que dela se destaca – e se faz acreditar.

 

A ação é uma loucura passageira.

 

Se tudo fosse claro, tudo nos pareceria inútil.4

 

A nuca é um mistério para o olho.

 

O nosso espírito é feito de desordem, acrescido de um desejo de ordenar as coisas.

 

Meditar, em Filosofia, é nos encaminharmos do conhecido para o desconhecido, e lá defrontar o real.5

 

Sou como uma pessoa honesta, visto nunca ter sido assassinado, roubado, violado, a não ser em imaginação. Não seria honesto sem estes crimes.

 

O ideal é uma maneira de mostrarmos nosso mau humor.

 

O número dos nossos inimigos varia na proporção do crescimento da nossa importância. Acontece o mesmo com o número dos amigos.

 

Os livros têm os mesmos inimigos que o homem: o fogo, a umidade, os bichos, o tempo e o próprio conteúdo.

 

É, por vezes, um espinho oculto e insuportável que temos cravado na carne, que nos torna difíceis e duros para com toda a gente.

 

O mar, o mar, sempre recomeçando!

 

 

 

Sendo a moda a imitação de quem pretende dar nas vistas àqueles que não o desejam, resulta daqui que ela muda automaticamente. Mas os comerciantes acertam esse relógio.

 

Nem sempre sou da minha opinião.

 

O que há de melhor em uma coisa nova é aquilo que satisfaz um desejo antigo.

 

Quando atingimos o objetivo, convencemo-nos de que seguimos o bom caminho.6

 

Apenas se ofende a Deus, que é O único que perdoa.7

 

Todos os Classicismos8 implicam um Romantismo9 anterior... A ordem implica uma certa desordem que ela vem reduzir.

 

Ora penso, ora existo.10

 

O poema – essa hesitação prolongada entre o som e o sentido.

 

Sei que há um prazer violento que se chama gozar. Adivinhei-o em outros tempos, em um momento de embriaguez... É quando a alma se conhece a si própria.

 

Quem se apressa é porque compreendeu. Não devemos demorar as coisas; surpreender-nos-ia que os mais claros discursos fossem feitos de termos obscuros.

 

Os pequenos fatos inexplicáveis contêm sempre algo com que deitar abaixo todas as explicações dos grandes fatos.

 

Todos os homens sabem uma quantidade prodigiosa de coisas que ignoram saber. Sabermos tudo quanto sabemos? Esta simples investigação esgota a Filosofia.

 

O que é simples é sempre falso. O que o não é, não serve para nada.

 

Um homem sozinho está sempre em má companhia.

 

Todos os sistemas são empreendimentos do sistema contra si mesmo.

 

 

 

É um grande erro especularmos acerca da tolice dos tolos e um erro ainda maior nos fiarmos na inteligência dos inteligentes. Eles se afastam [pelo menos] uma vez por dia da suas naturezas.

 

A vaidade, grande inimiga do egoísmo, pode dar origem a todos os efeitos do amor pelo próximo.

 

Os espíritos valem conforme aquilo que exigem. Eu valho aquilo que quero.

 

Os Corações dos nossos amigos são, com freqüência, mais impenetráveis do que os dos inimigos.

 

Só se pode chamar Ciência ao conjunto de receitas que funcionam sempre. Tudo o resto é Literatura.11

 

Na História, nada serve para ensinar aos homens a possibilidade de viverem em paz. É o ensino oposto que dela se destaca – e se faz acreditar.

 

Somos todos campos de batalha, nos quais se digladiam deuses.

 

A morte nos fala com uma voz profunda para não dizer nada.

 

O orgulho mais inacessível nasce principalmente de uma impotência.

 

A política foi, primeiro, a arte de impedir as pessoas de se intrometerem naquilo que lhes diz respeito. Em época posterior, acrescentaram-lhe a arte de forçar as pessoas a decidir sobre o que não entendem.

 

A política se baseia na indiferença da maioria dos interessados, sem a qual não há política possível.

 

E Deus criou o homem! E, não o achando bastante solitário, deu-lhe uma companheira para o fazer sentir melhor a sua solidão.

 

 

 

Todos os homens fecundos da Natureza se desenvolvem de uma maneira egoísta; o altruísmo humano, que não é egoísta, é estéril.

 

O homem se enfeita com a sua sorte.

 

Muitas vezes, as objeções nascem do simples fato de que aqueles que as fazem não são os mesmos que tiveram a idéia que estão a atacar.

 

Quando se quer, a História justifica tudo. Ela não ensina rigorosamente nada, pois, contém tudo e dá exemplos de tudo.

 

O homem feliz é aquele que ao despertar se reencontra com prazer e se reconhece como aquele que gosta de ser.

 

O problema do nosso tempo é que o futuro não é o que costumava ser.

 

A revolução faz em dois dias a obra de cem anos, e perde em dois anos a obra de cinco séculos.

 

O amor é como a Lua: quando cresce diminui.

 

Não hesito em declarar: o diploma é o inimigo mortal da cultura.

 

Se a regra é a desordem, pagarás por [tentares] instituir a ordem.

 

Um homem de negócios é um cruzamento entre um dançarino e uma máquina de calcular.

 

O leão é feito de carneiro assimilado.

 

Quem não pode atacar o argumento ataca o argumentador.

 

Um fato mal observado é mais pernicioso que um raciocínio errado.

 

O que tem sido acreditado por todos, e sempre, e em toda a parte, tem toda a probabilidade de ser falso.

 

O grande triunfo do adversário é nos fazer crer o que diz de nós.

 

Um Estado é tanto mais forte quanto pode conservar em si mesmo o que vive e age contra ele.

 

O homem, freqüentemente, sabe o que faz, mas, não sabe nunca o que fez.

 

O mundo só vale pelos radicais e só dura graças aos moderados.

 

O espírito vive da diferença, o afastamento existe, a plenitude o deixa inerte.12

 

O estado de espírito de negação, freqüentemente, precede a ocasião de negar. Antes que tenhas falado, se me és antipático, a minha negação está pronta, digas o que disseres – pois é a ti que eu nego.

 

Nós, outras civilizações, sabemos agora que [também] somos mortais.13

 

Muitos que compreendem não compreendem que não se compreenda.

 

O que nos força a mentir é o sentimento da impossibilidade de os outros compreenderem inteiramente a nossa ação. Mesmo a mentira mais complicada é mais simples do que a verdade.

 

Convicção Palavra que permite pôr, com a consciência tranqüila, o tom da força ao serviço da incerteza.

 

É próprio das censuras violentas tornar credíveis as opiniões que elas atacam.

 

A mais bela moça do mundo só pode dar o que tem. Muitas vezes, seria melhor que o guardasse.

 

Toda discussão se reduz a dar ao adversário a cor de um tolo ou a figura de um canalha.

 

A ignorância oscila entre a extrema ousadia e a extrema timidez.

 

Há momentos infelizes em que a solidão e o silêncio se tornam meios de liberdade.

 

O espírito [medíocre] condena tudo o que não inveja.

 

Se o Estado é forte, esmaga-nos. Se é fraco, perecemos.

 

Como fazer para não fazer nada? Não conheço no mundo nada mais difícil. É um trabalho de Hércules, um aborrecimento de todos os instantes.

 

A fraqueza da força é só crer na força.

 

 

 

 

A fortuna aumenta a vida, na medida em que aumenta a possibilidade, que é a própria vida sentida. A vida é a conservação do possível.14

 

A glória consiste em nos tornarmos um assunto, um substantivo comum ou um epíteto.

 

Todos os nossos inimigos são mortais.

 

Nenhuma nação gosta de considerar os seus infortúnios como seus filhos legítimos.

 

O natural é aborrecido.15

 

Os otimistas escrevem mal.

 

O passado, mais ou menos fantástico ou mais ou menos organizado, posteriormente, age sobre o futuro com um poder comparável ao do próprio presente.

 

Se o ego é odioso, amar ao próximo como a si mesmo se torna uma atroz ironia.

 

O nosso saber consiste em grande parte em «acreditar saber» e em acreditar que outros sabem.

 

O espaço é um corpo imaginário, como o tempo é um movimento fictício.

 

A maioria ignora o que não tem nome. A maioria acredita na existência de tudo o que tem um nome.

 

A Lógica só amedronta os lógicos.

 

 

 

 

A morte é uma surpresa que o inconcebível faz ao concebível.

 

A morte é a união da alma e do corpo, dos quais a consciência, o estado de alerta e o sofrimento são a desunião.

 

O despertar dá aos sonhos uma fama que eles não merecem.

 

A melhor maneira de realizar os seus sonhos é acordar.

 

Não há dúvida de que a fé existe. Mas, há que se perguntar com o que ela coexiste naqueles em que existe.

 

Um ciclone pode arrasar uma cidade, mas, não consegue abrir uma carta.

 

A guerra é um massacre entre pessoas que não se conhecem para proveito de pessoas que se conhecem, mas que não se massacram.

 

Um poema nunca está acabado, somente abandonado.

 

 

 

Poema Inacabado

 

 

 

Um fato mal observado

é pior que um raciocínio errado.16

Uma traição bem urdida

é pior que a mais dolorida ferida.

 

Uma peta bem contada

Um pesadelo acreditado

é um des-ligamento inacabado.

 

Uma vida desperdiçada

é uma fuzarca mal administrada.

U'a morte extemporânea

é uma porralouquice frustrânea.

 

Um poema inacabado

é como salgadinho mal cozinhado.

....................................

..................................................

 

 

 

Salgadinho Mal Cozinhado

 

 

 

______

Notas:

1. Isto, evidentemente, só tem cabimento para a meditação de sacanagem que tenha por objetivo uma sacanice.

2. Não existe unilateralidade; em tudo e para tudo sempre há reciprocidade. É como uma moeda: não há cara sem coroa nem coroa sem cara. É também com a guerra, a tortura, a perversidade, a mais-valia etc., que sem o concurso da conivência hipotética não teriam como acontecer. Isto serve para que eu repita: não existe acaso; somos responsáveis por tudo.

3. Sim, mas, às vezes, é preciso forçar uma barra para expressar exatamente aquilo que se quer dizer, e, nem sempre, a palavra mais simples ou mais prosaica é a mais adequada. Por exemplo: chamar um tirano sanguinário e assassino de ditador é elogiá-lo. O senhor Benito Amilcare Andrea Mussolini (Predappio, 29 de julho de 1883 – Mezzegra, 28 de abril de 1945), que adorava de montão ser chamado de Vossa Excelência Benito Mussolini, Chefe de Governo, Duce do Fascismo e Fundador do Império, acabou sendo considerado pelos italianos, entre outras coisas, um inconstitucionalíssimo figlio di una cagna. Mussolini foi morto por guerrilheiros da Resistenza Italiana (os Partigiani) em 28 de abril de 1945, juntamente com a sua companheira, Clara Petacci – que, embora pudesse ter escafedido, preferiu permanecer ao lado do Duce até o fim. Amor é isso! As últimas palavras de Mussolini – em óbvia referência à sua personalidade esquizopatoegocêntrica – foram: — Atirem aqui (disse ele, apontando para o peito); não destruam o meu perfil. O seu corpo e o de Clara Petacci ficaram expostos à execração pública durante vários dias, pendurados pelos pés, na Piazza Loreto, em Milão. Mussolini está sepultado no Túmulo da Família Mussolini, em Emília-Romanha, Predappio, na Itália. Bem, para concluir, citarei duas frases historicamente absurdas ou absurdamente históricas de Mussolini: — Governare gli italiani non è difficile; ma inutile. Governar os italianos não é difícil; mas inútil. — La libertà [tout court] è un cadavere putrefatto. A liberdade [sem mais nada, simplesmente] é um cadáver putrefato. Tout court é por minha conta; acho que Mussolini morreu sem saber o significado desta locução adverbial. Ora, desde quando a liberdade precisa de uma locução adverbial para acompanhá-la? Liberdade é liberdade. E acabou-se.

 

 

Il Signor Benito
(Il
Inconstitucionalíssimo
Duce)

 

 

4. Isto é mais ou menos o que acontece com uma criança mimada ou com uma pessoa que tem tudo. Para elas, geralmente, duas coisas ocorrem: 1ª) o mundo é pequeno e insatisfatório; e/ou 2ª) pensam e querem que tudo e todos estejam à sua disposição. Resultado: o vazio interior não tem cobro.

5. Parafraseando Paul Valéry, meditar, em Misticismo Iniciático, é: 1º) suspender o juízo (para os pensadores cépticos, epicuristas e estóicos, ataraxia; em grego, epokhé) no que se refere às nossas idiossincrasias, aos nossos patatis patatás, às nossas manias, às nossas coisas e loisas, às nossas ilusões, às nossas âncoras ferrugentas (racionalidades esdrúxulas e crendeirices) et cetera e tal; 2º) tentar elevar a consciência (Eu Interior) para dimensões vibratórias mais refinadas do Teclado Universal; e 3º) se conseguirmos, lá, então, nesta dimensão vibratória mais refinada, defrontar, relativamente, uma parte da atualidade cósmica (desde sempre, eterna, porque não tem como deixar de ser ou mudar). Esta suspensão do juízo, segundo Sexto Empírico (médico e filósofo grego que viveu entre os séculos II e III a.C), consistia do seguinte: A orientação cética recebe o nome de 'Zetetiké' (investigadora) – devido à sua atividade de investigação e de observação 'ephektiké' (suspensiva) pela disposição de ânimo que se produz no cético depois de investigar e de observar e 'aporetiké' (aporética) pelo seu hábito de duvidar e de investigar tudo ou, como dizem alguns, por sua indecisão a respeito do assentimento ou da negação... Sobre as coisas que se investigam, do ponto de vista da Filosofia, uns afirmam haver encontrado a verdade, outros declaram que não é possível que isto se cumpra e outros continuam investigando. Os que acreditam ter encontrado a verdade são os chamados propriamente de dogmáticos, como, por exemplo, os seguidores de Aristóteles e de Epicuro, os estóicos e alguns outros. De outra maneira, os que se manifestaram pela inapreensibilidade da verdade são os seguidores de Clitômaco e de Carnéades e outros acadêmicos. E os que continuam investigando são os céticos. De onde, com muita razão, se considera que os sistemas filosóficos, em linhas gerais, são três: dogmáticos, acadêmicos e céticos. Os céticos, enfim, como afirmou Sexto Empírico, são homens de talento que buscam investigar o que é verdadeiro e o que é falso, a fim de poderem, se for possível, eliminar as contradições. Na verdade, isto não é nem mais nem menos do que sempre fizeram e continuam a fazer os Místicos de todos os tempos. E assim, a Fé (Confiança), para um Místico, deriva de uma experiência – unipessoal e intransferível – reconhecida como autêntica. Mas, é claro, esta Fé (Confiança), ainda que reconhecida como autêntica, é sempre relativa e passível de ser atualizada, pois, não há ponto final em nada e para nada.

 

 

É mais ou menos assim.

 

 

6. Será que sempre é assim ou, na maioria das vezes, não é? Se considerarmos que, na maioria das vezes, nossos comportamentos e nossos objetivos são oportunísticos, papagaiodepiratistas, egocêntricos, marciais, licenciosos etc., então, não é.

 

 

Hiroshima (6 de agosto de 1945)
Nagazaki (9 de agosto de 1945)

 

 

7. Se Deus existe, e se perdoa a quem pede perdão, então, é injusto. Quem não crê em Deus e não pede perdão como é que fica? Se Deus perdoa sem discriminação a quem pede e a quem não pede perdão, então, é contraditório. Se... Observe que todos estes critérios/conceitos são criações meramente humanas.

8. Em Arte, geralmente, o Classicismo se refere à valorização da Antigüidade Clássica como padrão por excelência do sentido estético, que os classicistas pretendem imitar. A arte classicista procura a pureza formal, o equilíbrio e o rigor ou, segundo Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844 – 1900), pretende ser mais apolínea do que dionisíaca.

9. O Romantismo foi um movimento artístico, político e filosófico surgido na Europa nas últimas décadas do século XVIII, que perdurou por grande parte do século XIX. Caracterizou-se como uma visão de mundo contrária ao Racionalismo e ao Iluminismo, e buscou um nacionalismo que viria a consolidar os estados nacionais na Europa. Inicialmente, era apenas uma atitude, um estado de espírito. Mais tarde, o Romantismo tomou a forma de um movimento, e o espírito romântico passou a designar toda uma visão de mundo centrada no indivíduo.

10. Isto só pode ter sido uma brincadeira com o filósofo, físico e matemático francês René Descartes (1596 – 1650), que admitiu como princípio fundamental de todo conhecimento o cogito, ergo sum (penso, logo existo), isto é, a certeza do próprio pensamento e da própria existência. Agora, pense nisto: em geral, sempre que afirmamos uma coisa estamos negando ou descartando outra(s) e vice-versa. Bem, somos livres para fazer as escolhas que quisermos, mas, resvalar pura e simplesmente para o Sic et Non (Sim e Não) de Petrus Abælardus (1079 – 1142), é de uma temeridade abissal e, não raro, ultramontana! Se está vivo, então, não está morto. Se é dia, então, não é noite. Se é útil, então, não é inútil. Se é mau, então, não é bom. Se é nacional-socialista, então, não é comunista. Se é são, então, não é doente. Se é judeu, africano ou cigano, então, não é ariano. Entendeu? Pois é, foi assim que, canhestramente, foi tomando forma o conceito de superioridade racial germânica, exaltado pelo Nationalsozialismus (Nazismo), através da associação com a raça ariana, que gerou o holocausto, já que os judeus (e também os africanos, os ciganos, os eslavos, os homossexuais, os doentes incuráveis, os idosos senis, os deficientes físicos e os doentes mentais) eram considerados untermenschen (subumanos), e, por isto, foram qualificados como nocivos para a sociedade. Em Mein Kampf (Minha Luta) e em ocasiões distintas, Adolf Hitler (1889 – 1945) deixou escrito ipsis litteris ou disse ipsis verbis: O Estado deve colocar a raça no centro de toda a vida... Acredito hoje que estou agindo de acordo com o Criador Todo-poderoso. Ao repelir os judeus, estou lutando pelo trabalho do Senhor... Temos de ser cruéis. Temos de recuperar a consciência tranqüila para sermos cruéis... O vencedor não será perguntado se ele falou a verdade... Quanto maior a mentira, mais chance de ela ser acreditada... Torne a mentira grande, simplifique-a, continue afirmando-a, e, eventualmente, todos acreditarão nela... Qualquer aliança cujo propósito não tenha a intenção de iniciar uma guerra é sem sentido e inútil... Faremos daquela colônia de mestiços e ignorantes uma nova Alemanha... Poderia haver uma sujidade, uma impudência de qualquer natureza na vida cultural da nação em que, pelo menos um judeu, não estivesse envolvido? Quem, cautelosamente, abrisse o tumor haveria de encontrar, protegido contra as surpresas da luz, algum judeuzinho. Isto é tão fatal como a existência de vermes nos corpos putrefatos... Se não chegarmos a triunfar, não nos restaria, senão, ao soçobrarmos, arrastar conosco metade do mundo neste desastre... Acima de tudo, exijo que o Governo e o povo sustentem a lei racial até o limite, e resistam impiedosamente ao envenenador de todas as nações – o Judaísmo internacional... A opinião pública das massas representa nada mais do que o resultado final de uma incrível tenacidade e perfeita manipulação de sua mente e de sua alma... O primeiro quesito essencial para o sucesso é o emprego eternamente constante e regular da violência... Desmoralizar o inimigo surpreendendo-o, aterrorizando-o, sabotando-o, assassinando-o. Esta é a guerra do futuro... Humanitarismo é a expressão da estupidez e da covardia... O holocausto é a solução definitiva para os judeus... Quem disse que eu não estou sob a proteção especial de Deus? Alguém que vê e pinta um céu verde e campos azuis deve ser esterilizado...

 

 

Céu Verde e Campo Azul

 

 

11. Desde que a Lei de Murphy não interfira, isto é, se alguma coisa tiver a mais remota chance de dar errado, certamente dará.

12. Pois é. A satisfação completa do que quer que seja costuma dar uma leseira das arábias. Este é o problema. A saciedade sem oposição poderá provocar um falso estado de super-hominalidade que anestesie ou obstaculize a necessária caminhada. Então, devemos estar sempre atentos para as plenitudes episódicas, e ter sempre em mente que, sejam quais forem as vitórias ou os abarrotamentos que experimentarmos, a Estrada é ilimitada, uma vida é apenas um degrau para outra e haverá sempre algo mais elevado e sublime a ser conquistado. Quanto a isto que comentei, eu diria que, entre os bocós, o mais bocó de todos é aquele que se sente satisfeito consigo mesmo, que dá de só se embalar na rede e que acha o seu pum o mais oloroso e o importante do mundo.

13. Este é o problema da maioria das pessoas. Primeiro, têm horror de falar em morte ou da própria morte, como se isto fosse um castigo dos deuses; segundo, acham que não irão morrer nunca, que irão ficar para semente. Aí, um dia, como não poderia deixar de acontecer, largam a casca e vão comer capim pela raiz. Do lado de lá, como tudo em geral é diferente do pensavam, ao se darem conta do que aconteceu, de repente, dizem para si mesmas: — Ué! Mas é assim? É tudo tão estranho! Eu esperava que iria encontrar aqui o Tarquínio Arquiteclínio do Patrocínio, e ele nem apareceu! O pior é quando a pessoa não tem a menor noção de como as coisas funcionam, e, quando é o caso, chega a hora de reencarnar. Muitos não querem retornar de jeito nenhum, e acabam tendo que embarcar meio que à força. Bem, quanto a mim, tenho me preparado consideradamente todos os dias para este Grande Evento. Acho que não ficarei 84 horas revisitando meu passado próximo (esta vida), porque eu o revejo sistematicamente. E, finalmente, se puder, quero voltar logo – o mais rápido possível para Trabalhar e Servir ao Bem, à Beleza e à Paz Profunda.

14. Está bem que a vida seja a conservação do possível. Mas, se, ao viver, apenas conservarmos o que é possível, estaremos mortos sem nos darmos conta disto. O possível de modo geral, está associado ao que é objetivo, mas, para além do que é objetivo, há um ilimitado sem limites que precisa ser descortinado. Então, vou repetir o que eu disse na nota 12: entre os bocós, o mais bocó de todos é aquele que se sente satisfeito consigo mesmo, que dá de só se embalar na rede e e que acha o seu pum o mais oloroso e o importante do mundo. E acrescento: porque se satisfez com o possível.

15. Eu não diria que o natural é aborrecido. Aborrecido, sim, é o ramerrame.

16. A frase original de Paul Valéry é: Um fato mal observado é mais pernicioso que um raciocínio errado.

 

Páginas da Internet consultadas:

http://sobreviventenaselva.blogspot.com.br/
2012/09/o-inacabado-que-ha-em-mim.html

http://epifania-laetitia.blogspot.com.br/
2009/04/logica.html

http://pt.wikipedia.org/
wiki/Paul_Val%C3%A9ry

http://pensador.uol.com.br/autor/
paul_valery/biografia/

http://sayforward.com/tags/
black-and-white?page=10

http://www.funnyjunk.com/
funny_pictures/96744/Evil/

http://www.citador.pt/frases/
citacoes/a/paul-ambroise-valery/130

http://www.citador.pt/frases/
citacoes/a/paul-ambroise-valery/120

http://www.citador.pt/frases/
citacoes/a/paul-ambroise-valery/110

http://www.citador.pt/frases/
citacoes/a/paul-ambroise-valery/100

http://www.citador.pt/frases/
citacoes/a/paul-ambroise-valery/90

http://www.citador.pt/frases/
citacoes/a/paul-ambroise-valery/80

http://www.citador.pt/frases/
citacoes/a/paul-ambroise-valery/70

http://pitacovirtual.blogspot.com.br/
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Música de fundo:

La Mer
Composição: Charles Trenet (letra) & Leo Chauliac (melodia)
Interpretação: Ray Conniff e Orquestra

Fonte:

http://www.4shared.com/

 

Direitos autorais:

As animações, as fotografias digitais e as mídias digitais que reproduzo (por empréstimo) neste texto têm exclusivamente a finalidade de ilustrar e embelezar o trabalho. Neste sentido, os direitos de copyright são exclusivos de seus autores. Entretanto, como nem sempre sei a quem me dirigir para pedir autorização para utilizá-las, se você encontrar algo aqui postado que lhe pertença e desejar que seja removido, por favor, entre em contato e me avise, que retirarei do ar imediatamente.