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PARÁBOLAS, CONTOS E FÁBULAS
(E a Questão da Tolerância)
Os Fins Justificarão
os Meios?
Rodolfo
Domenico Pizzinga
www.rdpizzinga.pro.br
Música de fundo: Bolero (Maurice Ravel)
Fonte: http://www.lalves.locaweb.com.br/lamus01.htm
INTRODUÇÃO
Se se considerar
plausível a existência de uma ÉTICA
CÓSMICA, os múltiplos códigos
estabelecidos pelo homem nada mais são do que
reflexões morais relativas passíveis de
permanente atualização, que podem ou não,
no todo ou em parte, estar em conformidade com esta
ÉTICA. Nesse sentido, a moral
(tanto quanto a verdade) é relativa: muda com
os costumes e, conseqüentemente, com o evolver
das civilizações. Logo, aquele que se
imobiliza e permanece aferrolhado a um conceito, petrifica
a consciência impedindo-a de perceber outros possíveis
matizes do TECLADO UNIVERSAL.
Por outro lado, em um momento
histórico, certos fins (justos ou injustos) podem
ter legitimado determinados meios (justificáveis
ou injustificáveis); em outro, inexistindo aqueles
fins os meios não mais se aplicam. Mas, como
determinados fins parecem ser permanentes, apenas se
modificam os meios e as técnicas para que sejam
alcançados esses mesmos fins. Como uma escada
em espiral, voltam sempre a se fazer presentes como
que em um movimento helicoidal e em estágios
ou planos mais elaborados e – dependendo do fim
em si – muitas vezes mais torpes e tenebrosos.
Considerando, hipoteticamente, que possam
existir dois tipos de fins e dois tipos de meios, a
saber, fins lícitos e fins ilícitos, meios
lícitos e meios ilícitos, um místico
ou um espiritualista da senda direita só poderá
operacionalizar, em qualquer nível ou plano,
meios lícitos que estejam amalgamados e conduzam
a fins lícitos. Esta máxima, que é
fundamentalmente kantiana, é universal. Logo,
não se restringe a este ou àquele indivíduo,
a este ou àquele grupo. É, repito, universal.
Agnósticos, portanto, dela não podem se
evadir. Ninguém pode dela desdenhar.
Se
não se considerar plausível a existência
de uma ÉTICA CÓSMICA, se
não se considerar que o Universo se direciona
teleologicamente para uma finalidade e se, por último,
se se considerar que deus é uma mera criação
homem, então, com razão quadruplicada
nossos pensamentos, palavras e atos devem ter por único
padrão a licitude, pois somos os únicos
responsáveis pelas conseqüências dos
movimentos que fizermos. Este raciocínio é
evidentemente o mesmo do primeiro caso.
Se,
por último, nossa percepção da
vida e do Universo é um misto das duas situações
anteriores, nada muda. O que não podemos, sob
nenhuma alegação, é pôr a
culpa no(s) outro(s), na sociedade ou em Deus por nossa
ignorância, nossos fracassos e nossas incongruências.
Meditações, declarações
e ações não podem estar ancoradas
em nada que não seja legítimo e lícito.
Temos que nos esforçar para descobrir as causas
que geraram os efeitos que nos atormentam, e, qualquer
que seja a situação em que nos encontremos,
agir exclusivamente com base em imperativos categóricos.
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*
* *
A VERDADE E A PARÁBOLA
(CONTO
JUDAICO)
Um dia, a Verdade decidiu
visitar os homens, sem roupas e sem adornos, tão
nua como seu próprio nome.
E todos que a viam lhe
viravam as costas de vergonha ou de medo, e ninguém
lhe dava as boas-vindas.
Assim, a Verdade percorria
os confins da Terra, criticada, rejeitada e desprezada.
Uma tarde, muito desconsolada
e triste, encontrou a Parábola, que passeava
alegremente, trajando um belo vestido e muito elegante.
— Verdade, por
que você está tão abatida?
— perguntou a Parábola.
— Porque devo
ser muito feia e antipática, já que os
homens me evitam tanto! — respondeu a amargurada
Parábola.
— Que disparate!
— Sorriu a Parábola. — Não
é por isso que os homens evitam você. Tome.
Vista algumas das minhas roupas e veja o que acontece.
Então, a Verdade
pôs algumas das lindas vestes da Parábola,
e, de repente, por toda parte onde passava era bem-vinda
e festejada.
*
Os seres humanos não
gostam de encarar a Verdade sem adornos. Eles preferem-na
disfarçada.
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Um
monge e seus discípulos iam por uma estrada e,
quando passavam por uma ponte, viram um escorpião
sendo arrastado pelas águas. O monge correu pela
margem do rio, meteu-se na água e tomou o bichinho
na mão. Quando o trazia para fora do rio o escorpião
o picou. Devido à dor, o monje deixou-o cair
novamente no rio. Foi então à margem,
pegou um ramo de árvore, voltou outra vez a correr
pela margem, entrou no rio, resgatou o escorpião
e o salvou. Em seguida, juntou-se aos seus discípulos
na estrada. Eles haviam assistido à cena e o
receberam perplexos e penalizados.
—
Mestre, o Senhor deve estar muito doente! Por que
foi salvar esse bicho ruim e venenoso? Que se afogasse!
Seria um a menos! Veja como ele respondeu à sua
ajuda: picou a mão que o salvava! Não
merecia sua compaixão!
O
monge ouviu tranqüilamente os comentários
e respondeu: —
Ele agiu conforme sua natureza e eu de acordo com
a minha.
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POR QUE AS PESSOAS SOFREM?
—
Vó, por que as pessoas sofrem?
— Como é, minha
neta?
— Por que as pessoas
grandes vivem bravas, irritadas, sempre preocupadas com
alguma coisa?
— Bem, minha filha,
muitas vezes porque elas foram ensinadas a viver assim.
—Vó...
—Oi...
— Como é que
as pessoas podem ser ensinadas a viver mal? Não
consigo entender. Na minha escola a professora só
me ensina coisas boas.
— É que elas
não percebem que foram convencidas a ser infelizes,
e não conseguem mudar o que as torna assim. Você
não está entendendo, não é,
meu amor?
—Não, Vovó.
— Você lembra
da estorinha do Patinho Feio?
— Lembro.
— Então...
o Patinho se considerava feio porque era diferente. Isso
o deixava muito infeliz e perturbado. Tão infeliz,
que um dia resolveu ir embora e viver sozinho. Só
que o lago que ele procurou para nadar havia congelado
e estava muito frio. Quando ele olhou para o seu reflexo
no lago, percebeu que ele era, na verdade, um maravilhoso
cisne. E, assim, se juntou aos seus iguais e viveu feliz
para sempre.
— O que isso tem a
ver com a tristeza das pessoas?
— Bem, quando nascemos,
somos separados de nossa Natureza-cisne. Ficamos, como
patinhos, tentando aceitar o que os outros dizem que está
certo. Então, passamos muito tempo tentando virar
patos.
— É por isso
que as pessoas grandes estão sempre irritadas?
— É por isso!
Viu como você é esperta?
— Então, é
só a gente perceber que é cisne que tudo
dará certo?
— Na verdade, minha
filha, encontrar o nosso verdadeiro espelho não
é tão fácil assim. Você lembra
o que o cisnezinho precisava fazer para poder se enxergar?
—O que?
— Ele primeiro precisou
parar de tentar ser um pato. Isso significa parar de tentar
ser quem a gente não é. Depois, ele aceitou
ficar um tempo sozinho para se encontrar.
— Por isso ele passou
muito frio, não é, vovó?
— Passou frio, fome
e ficou sozinho no inverno.
— É por isso
que o papai anda tão sozinho e bravo?
— Não entendi,
minha filha?
— Meu pai está
sempre bravo, sempre quieto com a música e a televisão
dele. Outro dia ele estava chorando no banheiro...
— Vó, o papai
é um cisne que pensa que é um pato?
— Todos nós
somos, querida. Em parte.
— Ele vai descobrir
quem ele é de verdade?
— Vai, minha filha,
vai. Mas, quando estamos no inverno, não podemos
desistir, nem esperar que o espelho venha até nós.
Temos que exercer a humildade e procurar ajuda até
encontrarmos.
— E aí viramos
cisnes?
— Nós já
somos cisnes. Apenas temos que deixar que o cisne venha
para fora e tenha espaço para viver e para se manifestar.
— Aonde você
vai?
— Vou contar para
o papai o cisne bonito que ele é!
A
boa vovó apenas sorriu!
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AS SETE MARAVILHAS DO MUNDO
Um
grupo de estudantes estudava as sete maravilhas do mundo.
No final da aula, lhes foi pedido que fizessem uma lista
do que consideravam as sete maravilhas. Embora houvesse
algum desacordo, prevaleceram os votos:
1) O Taj Mahal
2) A Muralha da China
3) O Canal do Panamá
4) As Pirâmides do Egito
5) O Grand Canyon
6) O Empire State Building
7) A Basílica de São Pedro
Ao recolher os votos, o
professor notou uma estudante muito quieta. A menina ainda
não tinha virado sua folha. O professor, então,
perguntou à ela se tinha problemas com sua lista.
Meio encabulada, a menina
respondeu: — Sim, um pouco. Eu não consigo
fazer a lista, porque são muitas as maravilhas.
O professor disse: —
Bem, diga-nos o que você já tem e talvez
nós possamos ajudá-la.
A menina hesitou um pouco, então
leu: — Eu penso que as sete maravilhas do mundo
sejam:
1 — VER
2 — OUVIR
3 — TOCAR
4 — PROVAR
5 — SENTIR
6 — PENSAR
7 — COMPREENDER
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Um
lenhador acordava todos os dias às 6 horas da manhã
e trabalhava o dia inteiro cortando lenha, só parando
tarde da noite. Ele tinha um filho lindo de poucos meses
e uma raposa, sua amiga, tratada como bichano de estimação
e de sua total confiança. Todos os dias, o lenhador
— que era viúvo — ia trabalhar e deixava
a raposa cuidando do bebê. Ao anoitecer, a raposa
ficava feliz com a sua chegada.
Sistematicamente, os vizinhos
do lenhador alertavam que a raposa era um animal selvagem,
e, portanto, não era confiável. Quando sentisse
fome comeria a criança. O lenhador dizia que isso
era uma grande bobagem, pois a raposa era sua amiga e
jamais faria isso. Os vizinhos insistiam:
Lenhador, abra os olhos! A raposa vai comer seu filho.
Quando ela sentir fome vai devorar seu filho!
Um dia, o lenhador, exausto
do trabalho e cansado desses comentários, chegou
à casa e viu a raposa sorrindo como sempre, com
a boca totalmente ensangüentada. O lenhador suou
frio e, sem pensar duas vezes, deu uma machadada na cabeça
da raposa. A raposinha morreu instantaneamente.
Desesperado, entrou correndo
no quarto. Encontrou seu filho no berço, dormindo
tranqüilamente, e, ao lado do berço, uma enorme
cobra morta.
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Um
caldeireiro foi contratado para consertar um enorme sistema
de caldeiras de um navio a vapor que não estava
funcionando bem. Após escutar a descrição
feita pelo engenheiro quanto aos problemas e de haver
feito umas poucas perguntas, dirigiu-se à sala
de máquinas. Olhou, durante alguns instantes, para
o labirinto de tubos retorcidos. A seguir, pôs-se
a escutar o ruído surdo das caldeiras e o silvo
do vapor que escapava. Com as mãos apalpou alguns
tubos. Depois, cantarolando suavemente só para
si, procurou em seu avental alguma coisa e tirou de lá
um pequeno martelo, com o qual bateu apenas uma vez em
uma válvula vermelha. Imediatamente, o sistema
inteiro começou a trabalhar com perfeição
e o caldeireiro voltou para casa.
Quando o dono do navio
recebeu uma conta de R$ 2.000,00 queixou-se de que o caldeireiro
só havia ficado na sala de máquinas durante
quinze minutos e solicitou uma conta pormenorizada.
Eis o que o caldeireiro
lhe enviou:
Total
................: R$ 2.000,00
Martelada
..........: R$ 0,50
Onde
martelar ....: R$ 1.999,50
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Um carregador de água,
na Índia, levava dois potes grandes, ambos pendurados
em cada ponta de uma vara a qual ele carregava atravessada
em seu pescoço. Um dos potes tinha uma rachadura,
enquanto o outro era perfeito e sempre chegava cheio de
água no fim da longa jornada entre o poço
e a casa do Senhor para quem o carregador trabalhava.
O pote rachado sempre chegava com água apenas pela
metade.
Foi assim por dois
anos. Diariamente, o carregador entregando um pote e meio
de água na casa de seu Senhor. Claro, o pote perfeito
estava orgulhoso de suas realizações. Porém,
o pote rachado estava envergonhado de sua imperfeição.
Sentia-se miserável por ser capaz de realizar apenas
a metade do que lhe havia sido designado fazer.
Após perceber que
por dois anos havia sido uma falha amarga, o pote rachado,
um dia, falou para o carregador à beira do poço:
— Estou envergonhado. Quero lhe pedir desculpas.
— Por que?
— perguntou o homem. — De que você
está envergonhado?
— Nesses dois
anos — disse o pote — eu fui capaz
de entregar apenas metade da minha carga, porque essa
rachadura no meu lado faz com que a água vaze por
todo o caminho que leva à casa de seu Senhor. Por
causa do meu defeito você não ganha o salário
completo dos seus esforços.
O carregador ficou triste
pela situação do velho pote, e, com compaixão,
falou: —
Quando retornarmos à casa do meu Senhor, quero
que observes as flores ao longo do caminho.
De fato. À medida
que eles subiam a montanha, o velho pote rachado notou
muitas e belas flores selvagens ao lado do caminho, e
isto lhe deu ânimo. Mas, no fim da estrada, o velho
pote ainda se sentia mal, porque, mais uma vez, tinha
vazado a metade da água, e, de novo, pediu desculpas
ao carregador por sua falha.
O carregador, então,
disse ao pote: — Você notou que pelo caminho
só havia flores no seu lado do caminho? Notou ainda
que a cada dia, enquanto voltávamos do poço,
você as regava? Por dois anos eu pude colher flores
para ornamentar a mesa do meu Senhor. Sem você ser
do jeito que você é, ele não poderia
ter essa beleza para dar graça à sua casa.
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A DIFERENÇA ENTRE
O PARAÍSO E O INFERNO
Conta-se
que um poeta estava um dia passeando ao crepúsculo
em uma floresta, quando, de repente, surgiu diante dele
um dos maiores poetas de todos os tempos — Virgílio.
O homem tomou o maior susto de sua vida e começou
a tremer sem parar. Virgílio disse ao apavorado
colega: — 'Tua alma está tomada pela
covardia, que tantas vezes pesa sobre os homens, os afastando
de nobres empreendimentos, como uma besta assustada pela
própria sombra.' Mas, o destino estava
sorrindo para ele, explicou Virgílio, pois tinha
sido escolhido para conhecer os segredos do Paraíso
e do Inferno.
Utilizando seus poderes
místicos, Virgílio transportou o poeta —
ainda apavorado com tão insólita experiência
— ao velho e mítico rio de águas
pantanosas e cinzentas que circundava o submundo:
O 'Rio Aqueronte'. Entraram em uma canoa e Virgílio
instruiu o poeta para remar até o Inferno, já
que 'Caronte' não se encontrava por ali.
Quando chegaram, o poeta estava algo surpreso por encontrar
um lugar semelhante à floresta onde estavam, e
não feito de fogo e de enxofre nem infestado de
demônios alados e criaturas nojentas exalando fogo,
como ele esperava.
Virgílio pegou o
poeta pela mão e levou-o por uma trilha. Logo o
poeta sentiu, à medida em que se aproximavam de
uma barreira de rochas e arbustos, o cheiro de um delicioso
ensopado. Junto com o cheiro, entretanto, vinham misteriosos
sons de lamentações e de ranger de dentes.
'Gritos de mágoa, brigas, queixas iradas em
diversas línguas formavam um tumulto que tinha
o som de uma ventania.' Ao contornarem as rochas,
depararam-se com uma cena incomum. Havia uma grande clareira
com muitas mesas grandes e redondas. No meio de cada mesa
havia uma enorme panela contendo o ensopado cujo cheiro
o poeta havia sentido, e cada mesa estava cercada de pessoas
definhadas e obviamente famintas. Cada uma segurava uma
colher com a qual tentava comer o ensopado. Entretanto,
devido ao tamanho da mesa e por serem as colheres muito
grandes e com cabos três vezes mais compridos do
que os braços das pessoas que as usavam, estas
ficavam impedidas de alcançar a panela no centro
da mesa. Isto tornava impossível, para qualquer
uma daquelas pessoas famintas, de levar a comida à
boca. Havia muita luta e imprecações, enquanto
cada pessoa tentava desesperadamente pegar pelo menos
uma gota do ensopado.
O poeta ficou muito abalado
com a terrível cena. Fechando os olhos, suplicou
a Virgílio que o tirasse dali. Em um momento eles
estavam de volta à canoa e Virgílio orientou
o poeta como chegar até o Paraíso.
Quando chegaram, o poeta
surpreendeu-se novamente ao ver uma cena que não
correspondia às suas expectativas. Aquele lugar
era quase exatamente igual ao que eles haviam acabado
de visitar. Não havia grandes portões de
pérolas nem bandos de anjos a cantar. Novamente,
Virgílio conduziu-o por uma trilha onde um cheiro
de comida vinha de trás de uma barreira de rochas
e de arbustos. Desta vez, entretanto, eles ouviram cantos
e risadas quando se aproximaram. Ao contornarem a barreira,
o poeta ficou muito surpreso de encontrar um quadro idêntico
ao que eles tinham acabado de deixar: grandes mesas cercadas
por pessoas com colheres de cabos desproporcionais e uma
grande panela de ensopado no centro de cada mesa.
A única e essencial
diferença entre aquele grupo de pessoas e o que
eles tinham acabado de deixar é que as pessoas
deste segundo grupo estavam usando suas colheres para
alimentar umas às outras.
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Perto de Tóquio,
vivia um grande samurai, já idoso, que agora se
dedicava a ensinar Zen aos jovens. Apesar de sua idade,
corria a lenda de que ainda era capaz de derrotar qualquer
adversário.
Certa
tarde, um guerreiro, conhecido por sua total falta de
escrúpulos, apareceu por ali. Era famoso por utilizar
a técnica da provocação. Esperava
que seu adversário fizesse o primeiro movimento
e, dotado de uma inteligência privilegiada para
observar os erros cometidos, contra-atacava com velocidade
fulminante. O jovem e impaciente guerreiro jamais havia
perdido uma luta. Conhecendo a reputação
do samurai, estava ali para derrotá-lo e aumentar
sua fama.
Todos os estudantes se
manifestaram contra a idéia, mas o velho e sábio
samurai aceitou o desafio. Foram todos para a praça
da cidade. Lá, o jovem começou a insultar
o velho mestre. Chutou algumas pedras em sua direção,
cuspiu em seu rosto, gritou todos os insultos que conhecia,
ofendendo, inclusive, seus ancestrais. Durante horas fez
tudo para provocá-lo, mas o velho sábio
permaneceu impassível. No final da tarde, sentindo-se
exausto e humilhado, o impetuoso guerreiro desistiu e
retirou-se.
Desapontados
pelo fato de o mestre ter aceitado tantos insultos e tantas
provocações, os alunos perguntaram: —
Como o senhor pôde suportar tanta indignidade?
Por que não usou sua espada, mesmo sabendo que
poderia perder a luta, ao invés de se mostrar covarde
e medroso diante de todos nós?
Se
alguém chega até você com um presente,
e você não o aceita, a quem pertence o presente?
— perguntou o Samurai.
A quem tentou
entregá-lo — respondeu um dos discípulos.
O mesmo vale para
a inveja, a raiva e os insultos — disse o mestre.
— Quando não são aceitos, continuam
pertencendo a quem os carrega consigo. A sua paz interior,
depende exclusivamente de você. As pessoas não
podem lhe tirar a serenidade, só se você
permitir!
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Conta-se
que, por volta do ano 250 a.C, na China antiga, um príncipe
da região norte do País estava às
vésperas de ser coroado Imperador, mas, de acordo
com a lei, deveria se casar. Sabendo disso, resolveu fazer
uma disputa entre as moças da corte, inclusive
quem quer que se achasse digna de sua proposta que não
pertencesse à corte.
No
dia seguinte, o príncipe anunciou que receberia,
numa celebração especial, todas as pretendentes
e apresentaria um desafio. Uma velha senhora, serva do
palácio há muitos anos, ouvindo os comentários
sobre os preparativos, sentiu uma leve tristeza, pois
sabia que sua jovem filha nutria um sentimento de profundo
amor pelo príncipe.
Ao
chegar à casa e relatar o fato à jovem filha,
espantou-se ao saber que ela já sabia sobre o dasafio
e que pretendia ir à celebração.
Então,
indagou incrédula: — Minha filha, o que
você fará lá? Estarão presentes
todas as mais belas e ricas moças da corte. Tire
esta idéia insensata da cabeça. Eu sei que
você deve estar sofrendo, mas não transforme
o sofrimento em loucura.
A
filha respondeu: — Não, querida mãe.
Não estou sofrendo e muito menos louca. Eu sei
perfeitamente que jamais poderei ser a escolhida. Mas
é minha única oportunidade de ficar, pelo
menos alguns momentos, perto do príncipe. Isto
já me torna feliz.
À
noite, a jovem chegou ao palácio. Lá estavam,
de fato, todas as mais belas moças com as mais
belas roupas, com as mais belas jóias e com as
mais determinadas intenções. Então,
inicialmente, o príncipe anunciou o desafio: —
Darei a cada uma de vocês uma semente. Aquela
que, dentro de seis meses, me trouxer a mais bela flor,
será escolhida minha esposa e futura Imperatriz
da China.
A
proposta do príncipe não fugiu às
profundas tradições daquele povo, que valorizava
muito a especialidade de cultivar algo, sejam
relacionamentos, costumes ou amizades.
O
tempo foi passando. E a doce jovem, como não tinha
muita habilidade nas artes da jardinagem, cuidava com
muita paciência e ternura a sua semente, pois sabia
que se a beleza da flor surgisse na mesma extensão
de seu amor, ela não precisaria se preocupar com
o resultado.
Passaram-se
três meses e nada surgiu. A jovem tudo tentara.
Usara de todos os métodos que conhecia, mas nada
havia nascido. Dia após dia ela percebia cada vez
mais longe o seu sonho; mas cada vez mais profundo o seu
amor. Por fim, os seis meses haviam passado e nada havia
brotado. Consciente do seu esforço e da sua dedicação,
a moça comunicou à mãe que, independentemente
das circunstâncias, retornaria ao palácio
na data e na hora combinadas, pois não pretendia
nada além de mais alguns momentos na companhia
do príncipe.
Na
hora marcada estava lá, com seu vaso vazio, bem
como todas as outras pretendentes. Mas, cada jovem com
uma flor mais bela do que a outra, das mais variadas formas
e cores. Ela estava admirada. Nunca havia presenciado
tão bela cena.
Finalmente,
chega o momento esperado e o príncipe passa a observar
cada uma das pretendentes com muito cuidado e atenção.
Após passar por todas, uma a uma, ele anunciou
o resultado, indicando a bela jovem que não levara
nenhuma flor como sua futura esposa. As pessoas presentes
na corte tiveram as mais inesperadas reações.
Ninguém compreendeu porque o príncipe havia
escolhido justamente aquela que nada havia cultivado.
Então,
calmamente o príncipe esclareceu: — Esta
foi a única que cultivou a flor que a tornou digna
de se tornar uma Imperatriz. A flor da Honestidade. Pois,
todas as sementes que entreguei eram estéreis.
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Conta
uma lenda que, na Idade Média, um homem muito religioso
foi injustamente acusado de ter assassinado uma mulher.
Na verdade, o autor do crime era uma pessoa influente
no reino e, por isso, desde o primeiro momento, se procurou
um bode expiatório para acobertar o verdadeiro
assassino.
O
homem injustamente acusado de ter cometido o assassinato
foi levado a julgamento. Ele sabia que tudo iria ser feito
para condená-lo e que teria poucas chances de sair
vivo das falsas acusações. A forca o esperava!
O
juiz, que também estava conluiado para levar o
pobre homem à morte, simulou um julgamento justo,
fazendo uma proposta ao acusado para que provasse sua
inocência.
Disse
o desonesto juiz: — Como o senhor, sou um homem
profundamente religioso. Por isso, vou deixar sua sorte
nas mãos de deus. Vou escrever em um papel a palavra
INOCENTE
e em outro a palavra CULPADO.
Você deverá pegar apenas um dos papéis.
Aquele que você escolher será o seu veredicto.
Sem
que o acusado percebesse, o inescrupuloso juiz escreveu
nos dois papéis a palavra CULPADO,
fazendo, assim, com que não houvesse alternativa
para o homem. O juiz, então, colocou os dois papéis
em uma mesa e mandou o acusado escolher um. O homem, pressentindo
o embuste, fingiu se concentrar por alguns segundos a
fim de fazer a escolha certa. Aproximou-se confiante da
mesa, pegou um dos papéis e rapidamente colocou-o
na boca e o engoliu. Os presentes reagiram surpresos e
indignados com tal atitude.
O
homem, mais uma vez demonstrando confiança, disse:
— Agora basta olhar o papel que se encontra
sobre a mesa e saberemos que engoli aquele em que estava
escrito o contrário.
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O TESOURO OCULTO:
O Covarde, o Corajoso e o Ganancioso
Um
homem, que vivia perto de um cemitério, uma noite,
ouviu uma voz que o chamava de uma sepultura. Sendo covarde
demais para, sozinho, investigar o que se passava, confiou
o ocorrido a um corajoso amigo que, após estudar
o local de onde saíra a voz, resolveu voltar à
noite para ver o que aconteceria.
Anoiteceu.
Enquanto o covarde tremia de medo, seu amigo foi ao cemitério
e ouviu a mesma voz saindo de uma sepultura. O amigo perguntou
à voz quem era e o que desejava. A voz, vinda de
baixo, respondeu: — Sou um tesouro oculto e
decidi dar-me a alguém. Eu me ofereci a um homem
ontem à noite, mas ele era tão medroso que
não veio me buscar. Por isso, dou-me a você
que é merecedor. Amanhã de manhã,
irei à sua casa com meus Sete Irmãos.
O
homem corajoso disse: — Estarei esperando por
vocês, mas, por favor, diga-me como devo tratá-los.
A voz explicou: — Iremos todos vestidos
de monge. Tenha uma sala pronta para nós com água.
Lave o seu corpo, limpe a sala e tenha Oito cadeiras e
Oito tigelas de sopa para nós. Após a refeição,
você deverá conduzir cada um de nós
a um quarto fechado, no qual nos transformaremos em potes
cheios de ouro.
Na
manhã seguinte, o homem corajoso lavou o corpo
conforme lhe fora recomendado, limpou a sala como lhe
fora ordenado, e ficou à espera dos oito monges.
À hora aprazada, os oito monges apareceram, tendo
sido recebidos cortesmente pelo corajoso homem. Depois
que tomaram a sopa, ele os conduziu, um por um, aos quartos
fechados, nos quais cada monge se transformou em um pote
cheio de ouro.
*
Um
homem muito ganancioso que vivia naquela mesma aldeia,
ao tomar conhecimento do incidente, desejou também
ter para si os potes de ouro. Para tanto, convidou os
oito monges para virem até sua casa. Depois que
eles tomaram a refeição, o ganancioso, esperando
obter o almejado tesouro, conduziu cada um a um quarto
fechado. Entretanto, ao invés de se transformarem
em potes de ouro, os monges, enfurecidos com a cobiça
do espertalhão, denunciaram o ganancioso à
polícia, que o prendeu.
Quanto
ao covarde, quando ouviu que a voz da sepultura havia
trazido riqueza ao seu corajoso amigo, foi até
a casa dele e, avidamente, lhe pediu o ouro, insistindo
que era seu porque a voz foi dirigida primeiramente a
ele. Quando o medroso tentou pegar os potes, neles encontrou
apenas cobras venenosas erguendo as cabeças prontas
para atacá-lo.
O
rei, tomando conhecimento desse fato, determinou que os
potes pertenciam ao homem corajoso, dizendo: — Assim
se passa com tudo neste mundo. Os tolos cobiçam
sempre os bons resultados, mas são covardes ou
ineptos para procurá-los, e, por isso, estão
continuamente falhando. Não têm confiança
nem coragem para enfrentar as intestinas lutas que ocorrem
na mente. Só com determinação, confiança
e coragem se poderá dar início à
Peregrinação que conduzirá à
verdadeira Paz Profunda e à Harmonia Interior.
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No
tempo do Buda vivia uma velha mendiga chamada Confiando
na Alegria. Ela observava os reis, príncipes
e o povo em geral fazendo oferendas ao Buda e a seus discípulos,
e não havia nada que quisesse mais do que poder
fazer o mesmo. Saiu então pedindo esmolas, mas,
no fim do dia não havia conseguido mais do que
uma moedinha.
Levou a moedinha ao mercado
para tentar trocá-la por algum óleo, mas
o vendedor lhe disse que aquilo não dava para comprar
nada. Entretanto, quando soube que ela queria fazer uma
oferenda ao Buda, encheu-se de pena e deu-lhe o óleo
que queria. A mendiga foi para o mosteiro e acendeu a
lâmpada. Colocou-a diante do Buda e fez o seguinte
pedido: — Nada tenho a oferecer senão
esta pequena lâmpada. Mas, com esta oferenda, possa
eu no futuro ser abençoada com a Lâmpada
da Sabedoria. Possa eu libertar todos os seres das suas
trevas, purificar todos os seus obscurecimentos e levá-los
à Iluminação.
Durante
a noite, o óleo de todas as lâmpadas havia
acabado. Mas a lâmpada da mendiga ainda queimava
na alvorada, quando Maudgalyayana — o discípulo
do Buda — chegou para recolher as lâmpadas.
Ao ver aquela única lâmpada ainda brilhando,
cheia de óleo e com pavio novo, pensou: 'Não
há razão para que essa lâmpada continue
ainda queimando durante o dia', e tentou apagar a
chama com os dedos, mas foi inútil. Tentou abafá-la
com suas vestes, mas ela ainda ardia. O Buda, que o observava
há algum tempo, disse: — Maudgalyayana:
você quer apagar essa lâmpada? Não
vai conseguir. Não conseguiria nem movê-la
daí, que dirá apagá-la. Se jogasse
nela toda a água dos oceanos, ainda assim não
adiantaria. A água de todos os rios e lagos do
mundo não poderia extinguir esta chama.
— Por que não?
— Perguntou o discípulo de Buda.
— Porque
ela foi oferecida com devoção e com pureza
de coração e de mente. Essa motivação
produziu um enorme benefício.
Quando
o Buda terminou de falar, a mendiga se aproximou e ele
profetizou que no futuro ela se tornaria um Perfeito Buda
e seria conhecido como Luz da Lâmpada.
*
Em
tudo, o nosso sentimento é o que importa. A intenção,
boa ou má, influencia diretamente nossa vida no
futuro. Qualquer ação, por mais simples
que seja, se feita com coração, produz benefícios
na vida das pessoas.
|
Um
grupo de viajantes,
tendo ouvido falar de uma cidade cheia de tesouros, parte
para enfrentar uma difícil jornada. Para chegar
à cidade, teriam que percorrer uma estrada extremamente
longa que atravessava desertos, florestas e terras perigosas.
Nenhum trecho dessa estrada era seguro e os viajantes
teriam de ter muita coragem e persistência para
atingir sua meta.
Haviam
completado mais da metade da jornada e acabado de sair
de uma densa floresta, quando o guia que os conduzia,
que conhecia bem o caminho, avisou que logo iriam se aventurar
por um deserto.
O
sol escaldante e as fortes tempestades de areia provaram
ser demais para eles. Os viajantes estavam tão
cansados que começaram a perder a coragem e a querer
desistir dos tesouros em troca da segurança de
seus lares que haviam deixado para trás. O guia,
contudo, estava determinado a levar todos, não
importando como. Ele usou, então, seus poderes
místicos, fazendo surgir uma cidade monumental
no meio do deserto.
Instantaneamente,
os viajantes tiveram uma visão fantástica.
Apareceu 'do nada' um lindo oásis repleto
de árvores, por entre as quais viram uma cidade.
Imediatamente, correram até lá com grande
alegria. Todo o cansaço, todas as dores e todo
o desânino desapareceram em um instante, para dar
lugar ao otimismo, à alegria e à esperança.
Eles se banharam, saborearam comidas deliciosas e dormiram
tranqüilamente. Em suas conversas, nem cogitavam
a idéia de desistir da jornada e de retornar aos
seus lares.
Na
manhã seguinte, logo que despertaram, ficaram estarrecidos
ao ouvir o guia lhes dizer que tinham de deixar aquele
lugar maravilhoso e seguir viagem.
—
Mas, este é exatamente o paraíso que
procurávamos por tanto tempo! — exclamou
um deles.
Não.
— respondeu o guia — Os senhores nem sequer
alcançaram o primeiro terço da jornada.
Este é somente um ponto de descanso, um lugar para
se refrescarem. Acreditem! O destino final é muito
mais belo do que esta cidade e não está
tão longe. Agora que tivemos tempo para descansar
e relaxar, teremos que continuar nossa peregrinação.
Dito
isso, a cidade desapareceu na areia.
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O LOBO E O CORDEIRO
( La Fontaine)
Um cordeiro a sede matava
Nas águas limpas de um regato.
Eis que se avista um lobo que por lá passava
Em forçado jejum, aventureiro inato.
E lhe diz irritado: — Que ousadia
A tua, de turvar, em pleno dia,
A água que bebo! Hei de castigar-te!
— Majestade, permiti-me um aparte —
Diz o cordeiro. — Vede:
Estou matando a sede
Com água a jusante,
Bem uns vinte passos adiante
De onde vos encontrais.
Assim, por conseguinte,
Para mim seria impossível
Cometer tão grosseiro acinte.
— Mas turvas. E, ainda mais horrível,
Foi que falaste mal de mim no ano passado.
— Mas como poderia — pergunta assustado
O cordeiro — se eu não era nascido?
— Ah, não? Então deve ter sido
Certamente teu irmão.
— Peço-vos perdão
Mais uma vez.
Mas deve ser engano,
Pois eu não tenho mano.
— Então, algum parente.
Teus tios, teus pais...
Cordeiros, cães, pastores,
Vós não me poupais;
Por isso, hei de vingar-me.
E o leva até o recesso da mata,
Onde o esquarteja e come sem processo.
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A CIGARRA E A FORMIGA
(Joelmir Beting)
Concordar ou discordar do
conteúdo do texto a seguir é privilégio
de cada um. Refletir sobre ele é uma necessidade
e um obrigação cidadã.
*
De
fora para dentro, o capital volátil reaparece e
o capital produtivo desacelera. Falam os números
do primeiro trimestre, divulgados quinta-feira. Mas é
preciso interpretar o que os números estão
falando para não se tirar conclusões desconectadas
nem fazer projeções furadas. O capital volátil,
por semântica, é de caráter especulativo
e/ou transitório. Entra e sai do País como
quem, fora de hábito, entra e sai da ducha fria:
sempre correndo. Acionado por bancos e fundos, ele é
movido a risco-país, sinalizador terceirizado de
qualidade duvidosa. Dá carona também a créditos
de curtíssimo prazo e a movimentos de cash-flow
das transnacionais aqui estabelecidas. Nada contra. O
capital produtivo é internado, para ficar, pelas
mesmas empresas transnacionais no desenvolvimento de seus
projetos e negócios da economia real. O retorno
é parcial e homeopático. Ao contrário
dos juros, a repatriação de lucros não
constitui exigível com data marcada.
Nos juros, a repatriação
do empréstimo ocorre antes mesmo da conclusão
do projeto ou da operação da empresa. Nos
lucros, a remessa só ocorre se a empresa apurar
ganhos na atividade econômica e se quiser repatriar
alguma fração desses ganhos. Até
porque, se o Brasil dá lucro nos mercados de bens
e serviços operados por elas, o negócio
é reaplicar todo o lucro aqui mesmo. A maioria
delas tem feito isso.
E mais: no capital produtivo
de fora para dentro, junto com a poupança externa
desembarcam a tecnologia, a gestão, o emprego,
o salário, o tributo, a competição.
O comparativo é acaciano, mas adequado para a leitura
correta dos números que se seguem.
No primeiro trimestre, entraram
pelo capital produtivo exatos US$ 1,977 bilhão.
Contra US$ 4,7 bilhões no mesmo período
do ano passado. Um tombo de 57%. Com boa explicação
ou justificativa na tremenda desvalorização
do real de lá para cá. O dólar das
múltis, no ponta a ponta, cresceu 43% em poder
de compra no mercado interno.
No mesmo cotejo, o ingresso
do capital volátil passou de US$ 149 milhões
no primeiro trimestre de 2002 para exatos US$ 1,965 bilhão
aqui em 2003. Deu empate técnico com o capital
produtivo.
Além do efeito câmbio, a desaceleração
estatística do investimento das transnacionais
tem algo a ver, não com a 'queda da confiança
das múltis no futuro da economia brasileira',
mas com a digestão de sucuri da 'grande invasão'
nos oito anos da Era FHC.
De 1995 a 2002, elas trouxeram
para cá nada menos de US$ 143 bilhões (a
dólar de 2001). Entre os 10 maiores emergentes,
o Brasil só perdeu em recepção, nesse
longo período, para o pirotécnico advento
da China, endereço de um terráqueo em cada
cinco.
O importante é que
o capital produtivo vai continuar, aí pela proa,
com ingresso acima de US$ 12 bilhões por ano. O
resto é desinformação.
|
UMA MANEIRA DE COMPREENDER
O SIGNIFICADO DA
PAZ PROFUNDA
Havia
um Rei que ofereceu um grande prêmio ao artista
que fosse capaz de captar em uma pintura a Paz Profunda.
Muitos artistas apresentaram
suas telas.
O
Rei observou e admirou todas as pinturas, mas houve apenas
duas de que ele realmente gostou e teve de escolher entre
ambas.
A primeira era um lago muito
tranqüilo. Este lago era um espelho perfeito onde
se refletiam plácidas montanhas que o rodeavam.
Sobre elas encontrava-se um Paraíso muito azul
com tênues nuvens brancas.
Todos os que olharam para
esta pintura pensaram que ela refletia a Paz Profunda.
A
segunda pintura também tinha montanhas. Mas estas
eram escabrosas e estavam despidas de vegetação.
Sobre elas havia um Paraíso tempestuoso do qual
se precipitava um forte aguaceiro com relâmpagos
e trovões. Montanha abaixo parecia retumbar uma
espumosa torrente de água. Tudo isto se revelava
nada pacífico.
Mas, quando o Rei observou
mais atentamente, reparou que atrás da cascata
havia um arbusto crescendo de uma fenda na rocha. Neste
arbusto encontrava-se um ninho. Ali, em meio ao ruído
da violenta turbulência da água, estava um
passarinho placidamente sentado no seu ninho... Em Profunda
Paz!
O Rei escolheu a segunda
tela e explicou: — PAZ
PROFUNDA
não significa estar em um lugar sem ruídos,
sem problemas, sem trabalho árduo para realizar
ou livre das dores e das tentações da encarnação.
PAZ
PROFUNDA
significa que, apesar de se estar em meio a tudo isso,
permanecemos calmos e confiantes no SANTUÁRIO
SAGRADO do NOSSO CORAÇÃO. Lá
encontraremos a Verdadeira PAZ PROFUNDA. Em SILENCIOSA
MEDITAÇÃO.
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AHMAD MUSSAIN E
O IMPERADOR
O
Imperador Mahmud El-Ghazna passeava um dia com o sábio
Ahmad Mussain, que tinha reputação de ler
pensamentos. O Imperador, há algum tempo, vinha
tentando que o sábio fizesse diante dele uma demonstração
de sua capacidade. Como Ahmad se recusava a fazer a sua
vontade, Mahmud havia decidido recorrer a um ardil para
que o sábio, sem o perceber, exercesse seus extraordinários
dotes na sua presença.
— Ahmad —
chamou o Imperador.
— Que desejas,
Senhor?
— Qual é
o ofício do homem que está perto de nós?
— É um
carpinteiro.
— Como se chama?
— Ahmad, como eu.
— Será
que comeu alguma coisa doce recentemente?
— Sim, comeu.
Chamaram o homem e ele confirmou
tudo o que o sábio havia dito. — Tu
— disse o Imperador — te recusaste a fazer
uma demonstração dos teus poderes na minha
presença. Percebeste que te forcei, sem que o notasses,
a demonstrar tua capacidade, e que o povo te transformaria
num santo se eu contasse em público as revelações
que me fizeste? Como é possível que continues
ocultando a tua condição de sufi e pretendas
passar por um homem qualquer?
— Admito que posso
ler pensamentos — concordou Ahmad — mas
o povo não percebe quando faço isso. Minha
dignidade e meu amor-próprio não me permitem
exercer esse dom com propósitos frívolos.
Por isso meu segredo continua ignorado.
— Mas admites
que agora mesmo acabas de usar teus poderes?
— Não, absolutamente
não.
— Então como
pudeste responder minhas perguntas acertadamente?
— Facilmente,
Senhor. Quando me chamaste, esse homem virou a cabeça,
o que me indicou que seu nome era igual ao meu. Deduzi
que era carpinteiro porque, neste bosque, só dirigia
o olhar para árvores aproveitáveis. E sei
que acabara de comer alguma coisa doce, porque vi que
estava espantando as abelhas que procuravam pousar nos
seus lábios. Lógica, meu Senhor. Nada de
dons ocultos ou especiais.
|
ATREVIMENTO
DE
BILL GATES
Há
poucos meses recebi um e-mail relatando que,
em uma recente feira de informática (COMDEX), Bill
Gates (de todos nós) fez uma infeliz e impensada
comparação entre a indústria de computadores
e uma específica indústria automobilística,
e declarou: — Se a GM tivesse evoluído
tecnologicamente tanto quanto a indústria de computadores,
estaríamos todos dirigindo carros que custariam
25 dólares e que fariam 1000 milhas por galão.
(Algo em torno de 420 km/l – UM LIGEIRO
EXAGERO).
A General Motors, respondendo
na bucha o atrevimento, divulgou o seguinte comentário
a respeito desta declaração:
SE A MICROSOFT FABRICASSE CARROS:
1) Todas as vezes que fossem repintadas as linhas
das estradas você teria que comprar um carro novo.
2)
Ocasionalmente, dirigindo a 90 km/h, de repente, seu
carro morreria na auto-estrada sem nenhuma razão
aparente, e você teria apenas que aceitar isso e
religá-lo (desligar o carro, tirar a chave do contato,
fechar o vidro, sair do carro, fechar e trancar a porta,
abrir e entrar no carro, sentar-se no banco, abrir o vidro,
colocar a chave no contato e ligar) e... seguir adiante.
3)
Ocasionalmente, a execução de uma manobra
à esquerda, poderia fazer com que seu carro parasse
e falhasse. Você teria então que reinstalar
o motor! Por alguma estranha razão, você
aceitaria isso também.
4)
A Apple faria um carro em parceria com a Sun, confiável,
cinco vezes mais rápido e dez vezes mais fácil
de dirigir. Mas apenas poderia rodar em 5% das estradas.
5)
Os indicadores luminosos de falta de óleo,
de gasolina e de bateria seriam substituídos por
uma simples ‘Falha Geral ou Defeito Genérico’.
6)
Os novos assentos obrigariam a todos a terem o mesmo
tamanho ‘default’ de bumbum.
7)
Em um acidente, antes de entrar em ação,
o sistema de ‘air bag’ perguntaria: ‘Você
tem certeza de que quer usar o ‘air bag?’.
8)
No meio de uma descida pronunciada e perigosa, quando
você ligar ao mesmo tempo o rádio, o ar condicionado
e as luzes, ao pisar no freio, apareceria uma mensagem
do tipo ‘este carro realizou uma operação
ilegal e será desligado’!
9)
Se desligar o seu carro 98 utilizando a chave, sem
antes ter desligado o rádio ou o pisca-alerta,
quando for ligá-lo novamente, ele iria checar todas
as funções do carro durante meia hora, e
ainda lhe daria uma bronca para não fazê-lo
novamente.
10)
A cada novo lançamento de carro, você
teria que reaprender a dirigir, voltar à auto-escola
e tirar uma nova carteira de motorista.
11)
Para DESLIGAR seu carro, você teria que apertar
o botão ‘Iniciar’...
|
No
Evangelho de Mateus XVIII, 21 e 22 está
escrito:
Pedro:
— Senhor, até quantas vezes poderá
pecar meu irmão contra mim, que eu lhe perdoe?
Até sete vezes?
Jesus:
— Não te digo que até sete vezes,
mas até SETENTA VEZES SETE.
|
*
* *
* *
* *
REFLEXÕES
Por
tudo que já vi e vivi, pelo que tenho aprendido nestes
trinta e cinco anos de Rosacrucianismo, pela minha particular
visão e sensação do Universo e dos seres,
eu não tenho alternativa: estou convencido de que o mundo
objetivo (Mundo da Concretização) é o mundo
da ilusão, no qual vivem(?), comem, bebem, dançam,
crêem, guerreiam, matam, vivisseccionam, estupram, classificam,
manipulam, (in)justificam, mentem, atropelam, libertinam, dormem
demais etc. os seres humanos em
sua imensa maioria.
A regra, para muitas organizações e para muitas
pessoas é: os fins justificam os meios. Entenderam
Macchiavelli
conforme seus interesses. Leram? Entenderam? Péssimo.
Fazem
discursos exaltando a verdade e a virtude, verdade e virtude
que não cumprem nem nelas pautam suas vidas. Não
sabem (ou será que pressupõem, mas invertendo
o paradigma agem assim?) que a verdade é relativa e só
pode ser percebida no Silêncio Interior. Silêncio
Interior tenho
certeza de que, além de não saberem seu significado
místico, nem desconfiam que possa existir um Silêncio
desta ordem. Mas,
em cada Silêncio... talvez uma 'atualização'
de uma 'velha' verdade... Mas, mesmo assim (ou, substantivamente
por ser assim), isto é, pelo fato de as verdades serem
relativas e produtos das consciências em processos variados
e complexos de evolução (reintegração)
e das diversas culturas existentes em nosso Planeta e dos momentos
pelos quais passam tais culturas, não podemos simplesmente
abdicar dos códigos existentes (pessoais e coletivos)
para justificações de atitudes e práticas
hipotéticas contrárias ao Bem, ao Belo e ao Justo.
Em uma palavra: ao Universal. A Microsoft Corporation, por exemplo,
é universal, mas não é
Universal. Não é boa, não
é bela, e muito menos é justa. É necessária
e útil. Fez-se assim. Foi permitido que assim sucedesse.
Dela, a Humanidade ainda depende. Não dependerá.
Impérios nascem. Impérios se desagregam. Será
que somos todos uma mistura mal ajambrada de estupidez com psicopatia?
Não creio. Doações para manter o poder
têm efêmera duração. As consciências,
em sua estrutura mais íntima, não querem doações
nem favores; desejam liberdade e conhecimento. A dependência
e os obséquios hipotéticos, no recesso de suas
personalidades-almas, as horroriza.
Continuando.
Fazem (os seres humanos em sua imensa maioria) discursos
sobre a paz, quando, na verdade, estão, a cada dia, se
preparando para a guerra. SI VIS PACEM, PARA
BELLUM. Comprar armas para se autodefender é
também um bom exemplo dessa insanidade. A morte do 'outro'
é o suicídio do 'mesmo'. Isto haveremos
todos de aprender um dia. Então: SI VIS PACEM,
PARA PACEM.
Condenam
o que está acontecendo no mundo, mas não perdem
uma única oportunidade de levar algum tipo de vantagem
sobre os irmãos que estão ao lado. O Iraque é
logo ali; não é lá longe. O Tibete, a Palestina
e o Afeganistão também. Então, minimamente,
não pagar corretamente os direitos constitucionais de
uma empregada doméstica (que está bem pertinho)
é um ótimo (mas horrível) exemplo de apropriação
indébita. Invadir é improcedente; surripiar, idem.
Muitos tratam seus empregados — porque os consideram assim
— como
verdadeiros escravos e lúmpenes. Mas, como? Lúmpenes?
Defendem, exoticamente e com ardor, seus deuses e suas
religiões, mas apóiam a guerra e o armamentismo
de seus países. Chegam ao ridículo da incongruência
de orar a deus (e de até mandinga fazer) para que seus
países sejam vencedores nas guerras que fabricam. Esquecem
que assim procedendo se tornam cúmplices psíquicos
de crimes de lesas-humanidades. Criticam as devassidões
alheias, mas não têm coragem de olhar para o próprio
umbigo, pois nesta cicatriz localizada no centro do abdômen
há mais sujeira do que no Canal do Mangue ou no Rio Tietê
– que foi o primeiro caminho de penetração
para o interior de São Paulo (ontem, limpo; hoje, imundo).
Violam, por exemplo, a fidelidade conjugal, mantendo relações
ilusoriamente amorosas (e não amorosas) fora do casamento,
tendo, todavia, o cuidado de não usar sabonete ou xampu
no final da festa. Pode sujar. Hoje, o servir-se do diamante
azul é considerado gênero de primeira sexualidade.
Olhar a imagem refletida no espelho, sim; olhar nos olhos da
imagem refletida no espelho, jamais. Dói! Falam
e fofocam sobre as maracutaias e as manobras ilícitas
públicas e privadas, mas não perdem uma só
oportunidade de ganhar algum por fora de maneira igualmente
ilícita e obscenamente vergonhosa. Raros são aqueles
que se recusam a participar de algo que seja ilegal ou moralmente
inaceitável ou inadmissível. Raros são
também aqueles que declinam de algum oferecimento via
(fedorentíssima) tráfico de horrenda influência.
Recriminam e censuram comportamentos, mas às escondidas
praticam toda a sorte de ilidibilidades. Não sei porque
me lembrei do Bolero de Maurice Ravel. Talvez seja
porque a coisa cresce e parece (apenas parece) que não
parará mais.
Não
há quem não perceba as discrepâncias entre
o que as pessoas falam e o que realmente fazem. A maioria tolera
(entretanto, esta é uma forma negativa de tolerar), mas
sabe. Se der para tirar uma casquinha, beleza. Como diz o ditado:
Quem parte e reparte e não fica com a melhor parte,
ou é bobo ou não é da arte! Quem está
temporariamente em posição de 'poder',
quem tem 'poder'
temporário de barganha, geralmente pega o melhor do bolo
para si. Este é o velho paradigma competitivo: eu pego
mais, eu pego o melhor, eu adiciono, eu me locupleto. E o resto
que se... dane! Eu penso apenas nas minhas necessidades, e as
sobras eu 'dou' para quem achar que devo dar, pois,
na realidade, já estou saciado, abarrotado e tenho até
reservas. Os outros — isto não é problema
meu. Cada um que se vire. Aliás, a bem da verdade, isto
não ocorre só com quem está em posição
de 'poder' ou
com quem tem 'poder'
de barganha. Com os que têm esse 'poder' é
pior. Eu sei. Quem não sabe? Turificar o 'poder'
e os poderosos, assim, é uma prática generalizada
pelos que não têm 'poder'.
Mas, as pessoas não gostam nem querem ser mandadas nem
oprimidas pelos poderosos. Então, também por isso,
por medo, incensam os poderosos e o 'poder'.
Ai, ai, ai, ai, ai. Como se deu a Revolução de
64 no Brasil? Nicoló Macchiavelli,
no século XV, explicou uma parte do porquê:
O
povo, também, vendo não poder resistir aos poderosos,
volta a estima a um cidadão e o faz príncipe para
estar defendido com a autoridade do mesmo. Depois
se arrepende. Gustavo G. Boog, que é Consultor de Empresas
e Terapeuta Floral, observa este lamentável comportamento
na imensa maioria dos seres humanos. Mas, não é
isto uma constatação? Ainda que, romanticamente,
se possa recordar os índios, que pensavam nos impactos
de suas decisões para as próximas sete gerações,
é francamente aceitável a proposta
de redefinição do dito popular citado, oferecido
por Boog: Quem parte e reparte deve buscar que cada um
tenha uma boa parte. A esperteza é fazer isto com arte!
Melhor do que uma boa parte será sempre
UMA PARTE JUSTA. Com a ESPERTEZA
do AMOR no CORAÇÃO.
Isto vai longe. Mas,
eu não quero ficar só dando exemplos que de todos
são conhecidos. Falar em fraternidade, eqüidade,
tolerância, justiça, bondade etc. e não
exercê-las é tão inútil quanto tentar
projetar uma máquina de enxugar gelo.
O
príncipe, contudo, deve ser lento no crer e no
agir, não se alarmar por si mesmo e proceder
por forma equilibrada, com prudência e humanidade,
buscando evitar que a excessiva confiança o torne
incauto e a demasiada desconfiança o faça
intolerável. (Nicoló
Macchiavelli)
|
Gostaria
de, rapidamente, abordar um tema que parece ter sido esquecido
ou deixado um pouco de lado: a questão da TOLERÂNCIA.
A TOLERÂNCIA, em ampla medida, está
vinculada com as idéias errôneas de que os
fins justificam os meios e do toma-lá-dá-cá.
O fato é
que a famosa frase atribuída a Nicolaus Maclavellus ou
Nicoló Macchiavelli - 1469-1527 - (historiador, político
e filósofo italiano, que aos 12 anos já escrevia
no melhor estilo e em latim) os fins justificam os meios
(que aparece encoberta na sua principal obra — O
Príncipe, que é um manual de estratégia
política e produzido em cinco ou seis anos de meditação
forçada pelo exílio, depois de ter estado a estudar
a arte do Estado por quinze anos) é, geralmente, por
conveniência mal interpretada, ainda que seja o melhor
resumo para sua maneira de pensar. A frase é: Isso
decorre de se ver que os homens, naquilo que os conduz ao fim
que cada um tem por objetivo, isto é, glórias
e riquezas, procedem por formas diversas: um com cautela, o
outro com ímpeto, um com violência, o outro com
astúcia, um com paciência e o outro por forma contrária;
e cada um, por esses diversos meios, pode alcançar o
objetivo. As reflexões acabam sempre no campo da
contextualização, e cada um as interpreta de acordo
com seus interesses. Não deveria ser assim. O Príncipe
deve ser examinado com atenção e cuidado. Indiretamente,
é um libelo pela Democracia e pelo Libertarismo. Foi
escrito pela redenção da Itália,
que esperava, segundo o entendimento do autor, por aquele
que cuide das suas feridas e ponha fim aos saques da Lombardia,
às mortandades no Reino de Nápoles e na Toscana,
e a cure daquelas suas chagas já de há muito enfistuladas.
E acrescenta
Macchiavelli:
Vê-se como ela implora a Deus que lhe envie alguém
que a redima dessas crueldades e insolências bárbaras.
Vê-se, ainda, toda ela pronta e disposta a seguir uma
bandeira, desde que haja quem a empunhe. O desejo de Nicoló
era também separar os interesses do Estado dos dogmas
e interesses da Igreja. É possível perceber na
obra que o autor, da mesma forma que pretendeu ensinar aos governantes,
também procurou esclarecer o povo de seu tempo, particularmente
da Itália do Renascimento na qual reinava uma interminável
balbúrdia. Enfim, a tirania imperava em pequenos principados,
governados despoticamente por casas reinantes sem tradição
dinástica ou de direitos contestáveis. A ilegitimidade
do poder gerava situações de crise e instabilidade
permanente, nas quais somente o cálculo político,
a astúcia e a ação rápida e fulminante
contra os adversários seriam capazes de manter o príncipe.
Por isso a obra foi escrita. Não a aplaudo nem a condeno.
Aproveito o que tem de melhor.
Eu leio O Príncipe
apenas com o Olho Interno. Não me interessa se foi ou
se não foi escrito em bases místicas. Isso não
me constrange. Glórias e riquezas são
meras ilusões não-obrigatórias, mas aceitas
e festejadas, deste plano 'obrigatório' de experiências
pessoais e coletivas. E eu não estou preocupado nem com
'glórias' nem com 'riquezas'. Um apartamento
de cobertura na Praia de Ipanema é 'melhor'
do que uma quitinete no subúrbio. Quem acha assim, se
usar o princípio de que os fins justificam
os meios, fará
de tudo para adquirir um apartamento duplex e elegantíssimo
na beira da praia. Custe o que custar. Doa a quem doer. E, também,
se se admitir que quaisquer fins justicam todos os meios, exterminar
terroristas a qualquer custo e assassinar civis inocentes é
absolutamente, religiosamente e medonhamente aceitável.
Custe o que custar. Doa a quem
doer. Esta pseudo-filosofia político-ideológica,
com aplicações exclusivamente hipotéticas,
levou os Estados Unidos a manter ditadores e assassinos em todo
o mundo: Pinochet, coronéis gregos e argentinos, Saddam
e Bin Laden, por exemplo, quando estes serviam e protegiam os
interesses econômicos e militares americanos. Quando deixaram
de servir a esses interesses o porrete comeu solto. Foram todos
transformados em inimigos públicos number one.
A
História foi escrita de maneira semelhante do outro lado
do Mundo. O fins justicam os meios — berravam os comunistas
de todos os quadrantes da Terra, esquecendo-se de que na União
Soviética estava instalada uma ditadura ferocíssima
e que a invasão da Tchecoslováquia era um crime
hediondo, desumano e vergonhoso. Stalin, paranóica e
cruelmente mandou matar mais de um milhão e meio de seres
humanos que faziam oposição ao seu tirânico
regime. Nikita Krutchev escapou por 'sorte'. Quem se
lembra?
Uma reflexão
paralela: muitas obras, sejam cruéis ou apenas presumida
e aparentemente cruéis,
possuem algo de místico e de espiritual. O Príncipe
é uma dessas obras. Os Protocolos dos Sábios
do Sião, não. Os Protocolos dos Sábios
do Sião são admitidos como uma fraude —
fabricada na antiga Rússia pela Okhrana (polícia
secreta czarista) —
impingida aos Judeus, responsabilizando-os pelos males que aconteciam
no País. É um opúsculo apócrifo
plagiado de uma novela do século XIX. Em 1888 foi publicado
em Berlim o livro Biarritz, obra de ficção
que descrevia um suposto complô judaico para tomar o poder
mundial. Em poucas décadas a narrativa passou a ser considerada
verídica, a no fim do século XIX foi complementada
pelos Protocolos dando detalhes sobre a falsa conspiração,
na qual muitas pessoas já acreditavam piamente. Entre
as duas guerras mundiais, as tiragens dos Protocolos
se aproximaram das tiragens da Bíblia.
Os Protocolos afirmam que uma cabala secreta judaica,
tutelada por um um conselho de anciãos judeus, conspirava
para conquistar a Terra. Foi publicado privadamente (pois o
elemento principal do êxito é
o segredo) em 1897 e tornado público em 1905.
Ao
longo do Segundo Império (1852-1870), encabeçado
por Napoleão III, muitos autores se caracterizavam particularmente
por um anti-judaísmo cristão. A derrota na
Guerra Franco-Prussiana de 1870-1871, a tomada de Roma pelo
governo italiano quando da unificação —
fato que irritou os católicos pela extinção
dos estados pontifícios —
o
levante Socialista da Comuna e o advento da Terceira República
alimentaram a propaganda anti-semita ainda mais. Popularizou-se
uma simplista equação: República = Maçonaria
= Judeus.
Adolf Hitler e seu grupo — que deram à questão
judaica o lugar central na sua propaganda —
usaram
Os Protocolos para ajudar a justificar a exterminação
de judeus durante a Segunda Guerra Mundial. O ilusório
slogan 'O direito é aquilo que é bom para o povo
alemão', foi copiado de uma passagem dos
Protocolos 'tudo o que beneficia o povo judaico é moralmente
correto e sagrado'. O Führer sabia os Protocolos
de cor. De maneira parecida, o bolchevismo adulterou
o pensamento de Marx — que profetizava a inevitável
vitória final do proletariado —
organizando
seus membros como 'proletários de nascença'
e disseminando a falaz idéia de que era vergonhoso
e escandaloso descender de qualquer outra classe que não
fosse a proletária. Infelizmente, os Protocolos
dos Sábios do Sião,
na atualidade, se tornou um best-seller nos países
árabes. Quando tudo isso vai acabar? SOMOS TODOS
IRMÃOS. Bush, Sharon e Usama, um dia, haverão
de compreender esta irredutível LEI.
TUDO
+ TODOS = TODO = UM
= UNIDADE |
Enfim,
O Príncipe
termina com uma citação de Petrarca (1304-1374):
Virtude contra furor/Tomará armas; e Faça
o combater curto/Que o antigo valor/Nos itálicos corações
ainda não é morto. Sem comentar,
citarei a seguir um pequeno excerto do pensamento de
Antonio
Ozaí da Siva:
Não se constrói uma nova sociedade utilizando-se
os mesmos recursos predominantes na velha estrutura social.
Os marinheiros de Kronstadt, os camponeses da Ucrânia
e os trabalhadores oprimidos por um Estado e um partido que
governou ditatorialmente em seu nome que o digam. Neste caso,
os fins já são outros e muito diferentes dos enunciados.
Dialeticamente, os meios também mudaram e justificam-se
pelos fins ora em pauta. Maquiavel tinha razão...
Tinha?
Macchiavelli
viveu durante a Renascença Italiana, o que esclarece
grande parte das suas idéias. E, assim, os fins justificam
os meios só pode ter sentido se os fins determinarem
os meios. Licitamente. Fraternalmente. Misticamente. Sempre.
Este é o meu entendimento. Se Nicoló pensou diferente
— e, em termos, pensou —
eu, em muitos
pontos, reflito e pondero diferentemente dele. Dependendo
do objetivo, os planos devem ser traçados incluindo a
forma de como atingi-los. Sempre licitamente e em termos de
uma cidadania universal. Relendo este pequeno texto que escrevi,
achei que deveria explicar melhor o 'dependendo do objetivo'.
Há muitos objetivos que não precisam de planejamento.
Por exemplo: se estou necessitando urinar (objetivo –›
urinar) não preciso planejar a urinação.
Basta ir ao banheiro e urinar. Mas, de qualquer maneira, eu
só posso aceitar essa coisa de fins misturados com meios
e vice-versa da maneira que expus. Ampliando: no âmbito
da legitimidade cósmica e da legalidade mística.
De qualquer sorte, o grande Filósofo Alemão Immanuel
Kant (1724-1804) aprimorou ao limite este entendimento: Faça
para os outros aquilo que gostaria que todos fizessem para todos.
Isto é: Age de tal sorte que a máxima da tua
vontade possa simultaneamente valer como princípio de
uma legislação universal. Nos Imperativos
Categóricos a obrigação torna-se
o fim último e único de qualquer ação.
Todos os atos virtuosos, assim, têm por fonte a boa-vontade,
o amor e o respeito ao outro, à sociedade e à
Natureza como um todo. Se todas as condutas humanas forem inspiradas
em Imperativos Categóricos, a moralidade circunstancial
— tão presente
quanto abundante
na contemporaneidade —
não poderá acontecer ou prosperar. Independerá
de toda e qualquer situação ou de todo e qualquer
contexto. Temos todos que procurar agir kantianamente, não
segundo os fins (geralmente quiméricos; algumas ou muitas
vezes ilícitos) que estabelecemos como prioritários,
nem aplicando meios escusos (absconsus) para a consecução
destes fins, mas segundo princípios universais. Tudo
isso é muito difícil. Os
homens, como escreveu Macchiavelli,
são sempre inimigos dos empreendimentos onde vejam
dificuldades. Mas é evidente que os
planos devem ser traçados incluindo a forma de como atingi-los.
Só que, indubitavelmente e irredutivelmente, como estabelece
a Confraternidade
Rosæ+Crucis
(Ordem Fraternal e Escola de Misticismo que preserva e perpetua
a Tradição Rosacruz sob a linhagem e autoridade
espiritual do Imperator Gary L. Stewart), os fins não
podem justificar os meios, se uns e outros forem ilícitos
e fraudulentos. Então, fazendo uma certa salada de pensamentos
(mas nem tanto!), penso que Tolerância, Verdade, Virtude
e Ética são uma só e a mesma coisa. Só
que, neste Plano, trabalha-se, ordinariamente, com tolerância
calculada, verdade calculada,
virtude calculada e moral calculadíssima. Aliás,
vou repetir e repetir: TUDO É UM. Ao
se praticar um ato condenável, também o estamos
praticando contra nós próprios. Qualquer que seja
o ato. Somos, assim, comparsas de nós mesmos. Tudo esteve,
está e estará REGISTRADO.
As regras, as normas, as leis, os contratos, os convênios
e os decretos circunstanciais que são criados só
têm uma finalidade: manter o poder conquistado e as vantagens
(ilícitas) auferidas a qualquer custo. O resto é
papo furado. Tudo fica REGISTRADO.
Mas, as pessoas,
infelizmente, acumulam ignorância com superstição
ou crendice e vão levando, porque deus é pai,
é bom e perdoa. Domingo: de joelhos. Segunda-feira: orquestrações
para a grande sacanagem semanal. Foi dada a largada para a Grande
Happy Hour... Os próprios próceres de
algumas religiões fazem coisas que até os deuses
em que acreditam, se existissem, ficariam envergonhados e revoltados.
Mas, lamentável e infelizmente, aquele que engana
sempre encontrará quem se deixe enganar. (Nicoló).
Para os que não têm religião, as justificativas
e os acordos de consciência são outros. Tudo que
foi examinado até esta linha, obviamente, EXCLUI
os que não pensam nem agem desta forma. Sejam religiosos
ou não. Por outro lado, não excluo alguns 'místicos'
e 'iniciados' de nada do que foi dito anteriormente.
Eu já vi e soube de coisas do arco-da-velha. Imperativos
hipotéticos também pululam em algumas fraternidades
místicas e esotéricas. Tudo isso é muito
triste e lamentável, mas é fato. Só não
me peçam para participar dessas articulações
ou para ser membro de alguma comissão de investigação
para julgar o que quer que seja. Não aceito. Não
julgo nada nem ninguém. Obrigo-me, apenas, a examinar,
discutir, esclarecer, ajudar no que for preciso e oferecer o
pouco de experiência que possuo. Só. Cada um que
medite sinceramente sobre o que pensa, diz e faz. A VOZ
SILENCIOSA não ficará muda. Uma confissão:
quando faço uma besteira, toca uma verdadeira sinfonia
dentro da minha cabeça: — Rodolfo, até
quando você vai ser um tolinho? Já passou da hora
de você deixar de ser um rosacruz e se tornar um ROSACRUZ.
Não adianta nada você escrever esse monte de coisas,
e, em determinadas circunstâncias, agir como se ainda
estivesse em 1968. Lembre-se: 35 anos. Uma advertência:
não é pelo fato, como ensina Macchiavelli,
que quanto mais livremente [um homem fala], tanto
mais facilmente serão aceitas suas opiniões, que,
vez por outra, relato um sentimento in pectore. Primeiro,
não tenho a pretensão de convencer ninguém
de nada. Contraditaria tudo aquilo que penso a respeito de liberdade
e de experiência pessoal. Segundo, a finalidade do site
que me determinei, há mais ou menos um ano, a colocar
no ar é exclusivamente para produzir naqueles que lerem
um texto ou outro que tenho 'escrito' um momento de
reflexão. E, terceiro, como algumas vezes toco em determinados
assuntos pouco conhecidos, e nem todos que eventualmente possam
vir a ler uma destas monografias são místicos
ou iniciados, não desejo, sob nenhuma alegação,
passar a errônea e inidônea imagem de que sou infalível
ou de que sou um Rosacruz especial ou escolhido. Não
sou. Cometo diversos equívocos nas coisas que escrevo
e, por isso, estou, sempre que percebo um erro, fazendo atualizações
(permanentes) nos textos. Sou, sim, um homem sincero, peregrinando
em meio a algumas dúvidas, algumas
desilusões,
alguns desânimos, alguns tropeços, algumas
quedas e
poucas tentações. Tenho, todavia, uma dupla certeza:
não estou só e vencerei todos os meus demônios.
Não serei devorado. Continuarei o trabalho que já
comecei há algum tempo por volta de 2090.
Como Médico e Alquimista Místico.
A vaidade e o sentimento de separatividade já foram eliminados
do meu ser. Só isso. Como Nicoló
Macchiavelli, não
temo a pobreza, não me amedronta a morte.
Antes de prosseguir,
porém, devo esclarecer que, sob um aspecto místico
mais profundo, não concordei integralmente com um ou
outro exemplo de parábolas e de contos que transcrevi
anteriormente. (Por isso, em alguns, fiz alguns ajustes e acréscimos
segundo meu entendimento.). À primeira vista, podem parecer
perfeitos. Não importa. Cumprem um papel. O que importa,
exatamente, é que quem os produziu — e
acredito que sob este aspecto não haverá discrepância
de opiniões
— estava
imbuído dos melhores sentimentos de tolerância,
de fraternidade e de amor pelo ser humano. O argumento de que
o inferno está cheio de bem-intencionados não
vale neste caso. E, estou confiante, para as modificações
que introduzi também não.
Os
seres humanos não gostam de encarar a Verdade sem adornos.
Eles a preferem disfarçada. O Conto Judaico termina
assim. A pergunta que se impõe é: O que é
a Verdade? Pratiquemos juntos um pouco de maiêutica e
de heurística. Se equivalermos Verdade e Consciência
Cósmica, e se considerarmos a Consciência Cósmica
como ilimitada, então a Verdade será também
ilimitada. Logo, ambas, Verdade e Consciência Cósmica
serão inatingíveis (não alcançáveis
e não compreensíveis) em sua integralidade. Uma
comparação extravagante, entretanto assimilável,
é imaginarmos todas as moléculas existentes em
nosso corpo, com quilhões de átomos, com zilhões
de elétrons. Certamente não poderemos jamais ter
plena consciência do que fazem estes zilhões de
elétrons, no que concerne aos múltiplos movimentos
a que estão sujeitos. Cada padrão de vibração
do elétron está relacionado a um estado com energia
definida. O elétron, portanto, não gira em
torno do núcleo, mas ressoa de formas diferentes, dependendo
da energia. Esses padrões vibratórios são
os estados quânticos, e os pulos entre as órbitas
consistem em transições entre padrões vibratórios.
De
certa forma, o átomo é como um instrumento musical,
com apenas algumas notas possíveis, cada uma correspondendo
a um estado ou nível de energia. Uma conseqüência
direta desse modo de interpretar o elétron é que
fica impossível dizer onde, precisamente, ele está
em um determinado momento. Do mesmo modo, não podemos
dizer precisamente qual a posição de uma onda
do mar; apenas sua distribuição pelo espaço.
Por
que será, então, que algumas pessoas se acreditam
onipotentes, invulneráveis e imorredouras? Talvez, quem
sabe, tenham conseguido obter a fórmula para conhecer
onde estão e o que fazem todos os elétrons do
Universo(?!)
E mais. Quando alguém
se refere a um deus qualquer, ou à(s) dita(s) verdade(s)
que presume dele derivar, está, nada mais, nada menos,
interpretando com sua razão humana — portanto limitada
— alguma(s) presumida(s) verdade(s),
que pode(m) ou não estar aparentada(s) com a Verdade
Cósmica. Uma extravagância um pouco mais extravagante
será questionar se realmente existe uma Verdade Cósmica.
Revisitarei este assunto mais adiante.
Isto, que ao primeiro
e superficial exame, pode parecer uma sandice, nos remete para
a questão da tolerância. Ora, sandice ou não-sandice,
quem é quem para impor suas presumidas verdades a quem?
Qual a razão de algumas religiões e seus confrades
acreditarem e divulgarem a falácia de que eles estão
salvos, porque são o povo escolhido do deus que eles
acreditam como o pai e o criador, e os outros, de outras religiões,
e os que não possuem religião alguma, estarem
irremediavelmente condenados e perdidos? Isto, salvo entendimento
mais (ou menos) generoso, é uma mistura sofística
de intolerância, de ignorância, de preconceito,
de malquerença e de fanatismo. No mínimo. Ora,
na presunção de que pudessem haver dois ou mais
deuses criadores (primeiros uns) do Universo e das criaturas
— nos moldes em que são apresentados por essas
religiões — ou seriam iguais,
ou seriam diferentes. Se fossem iguais atuariam como se fossem
um; se fossem diferentes, ou se anulariam, ou o mais poderoso
seria o deus maior e o chefe dos outros deuses. Deixo umas questões
teosóficas para reflexão: Quais os mecanismos
ou leis que o Primeiro Um Ilimitado utilizaria para criar o
que é limitado? Teria o Primeiro Um
Ilimitado
consciência de Si? Se o Universo dilata e contrai ininterruptamente,
esse Primeiro Um Ilimitado
perderia ou aumentaria sua onipotência nas contrações?
Perderia onipotência nas dilatações por
ficar supostamente mais diluído? O que é onipotência?
Existe onipotência? Qual
a diferença entre os conceitos atribuídos aos
vocábulos infinito, finito, ilimitado e limitado? Existirá,
de fato, um Primeiro Um? Haverá uma Verdade e uma Ética
universais irredutíveis?
Uma
árvore. Uma árvore imensa com um tronco muito
grosso. Um marceneiro ou um artesão. Árvore —›
potência. Se e quando o marceneiro e/ou o artesão
decidirem transformar o tronco da árvore em móveis
ou em objetos usados em decoração de interiores,
o tronco da árvore terá sido transmutado. Móveis
e objetos de decoração —›
ato.
POTÊNCIA |
DETERMINAÇÃO
|
ATO |
De qualquer sorte, essa questão
da salvação — absolutamente incompreendida,
por sinal — nada
pode ter com qualquer deus, exceto com o D'US INTERNO
DE NOSSOS CORAÇÕES. Mesmo que alguém
acredite piamente que sua religião é a melhor
e a verdadeira, os subterfúgios, medonhos na maioria
das vezes, utilizados pelos que a professam para cooptar e manter
aderentes, são totalmente injustificáveis. De
uma maneira geral, todos acabam mais ou menos fanatizados e
doentes. O feitiço em boa-fé (ou em má-fé
– o que é dantesco) acaba virando contra os feiticeiros.
Os fins não justificam nem poderão jamais justificar
os meios. A verdade de alguém é derivada da experiência
e da cultura pessoais desse alguém. Não da
experiência e da cultura do(s)
outro(s). Se a experiência é pessoal e intransferível,
a verdade individual também o é. Por outro lado
— e aí é que está o busílis
— em nome de muitas verdades monstruosidades foram e vêm
sendo cometidas, 'obrigando', inclusive, algumas pessoas
a usar as mesmas armas dos poderosos: os fins legitimando os
meios. Uma palavra para meditar: RETARDAMENTO.
Outra: ESFINGE. E mais outra: ILUSÃO.
Eu
estou cansado de falar em guerras; por isso, darei um único
exemplo de indiferença, de preconceito e de desamor,
todos filhotes não adulterinos (portanto legitimíssimos)
da intolerância: pedofilia. O Houaiss assim define pedofilia:
perversão que leva um indivíduo adulto a se
sentir sexualmente atraído por crianças; prática
efetiva de atos sexuais com crianças (p.ex., estimulação
genital, carícias sensuais, coito etc.). Para qualquer
um de nós, que nos dizemos 'normais', a pedofilia
é um horror e é abominável. O Houaiss a
define como perversão. Tudo bem. Tudo bem coisíssima
nenhuma. Vou mexer em casa de insetos himenópteros, da
família dos vespídeos e pompilídeos, sociais
ou solitários, geralmente maiores e dotados de ferrão,
distinguindo-se das vespas por manterem as asas anteriores longitudinalmente
dobradas quando estão pousados. Marimbondos. Perversão?
Quem escreveu este verbete no Houaiss (e quem concorda com ele)
está, como se dizia no tempo em que adão era cadete,
mais por fora do que umbigo de vedete. Talvez até pense
que lobotomizar todos os pervertidos seja a solução
ideal. Não estão satisfeitos com a lobotomização
já em andamento no mundo: o da globalização
neoliberal, que está afastando, cindindo e arrancando
os seres humanos de suas raízes e lançando todos
nós em uma vala comum. A vala da dependência. A
meta da maldita inteligência que
está por trás desta coisa fétida é
fazer com que todos acreditem que, no mínimo, a história
inexiste. Querem que engulamos de qualquer maneira a cultura
lobotomizante do Pato Mickey Donald Patinhas. E, se a coisa
ficar preta, Arnold e Silvester salvarão o mundo. Na
época em que eu era garoto, meu herói era o Possante,
um ratão que voava e enchia de porrada os gatos sem-vergonha.
O
negócio é lobotomizar.
Não
podemos esperar.
Globalizar. Sempre globalizar.
Integralizar. Totalizar.
Fracassar, nem pensar.
Roubar, ludibriar e assassinar.
Todos os meios: usar.
Temos todos que obrar.
Sem descanso, sem parar.
Não importa o mundo chorar.
Pode até espernear.
Reclamar e denunciar.
Vamos nos locupletar.
Conspirar, acumular, enricar.
Deus
haverá de indultar.
Deus haverá de desculpar.
Deus haverá de perdoar.
Recentemente, um amigo
querido, militar, contou-me que um jovem oficial do local onde
trabalha foi flagrado em seu computador funcional com três
quartos do seu HD de 80 gigabytes com fotos, fimes
etc. mostrando práticas pedófilas (nem sei se
é assim que devo me expressar). Inclusive havia antecedentes
que apontavam para esse dito 'impulso patológico'.
'Impulso patológico' é uma designação
ou conceito utilizado no domínio da Psicologia. Perversão
é preconceito: aquele cara é um pervertido, um
pedófilo. A pedofilia pode ser, e geralmente é,
um mero sintoma de uma entidade nosológica (Nosologia
é o ramo da Medicina que estuda e classifica as doenças).
Então, um pedófilo é um ser cosmicamente
desarmonizado e doente. [Até gostaria
de propor — e estou propondo —
o
conceito de IMPULSO DESARMÔNICO
em lugar de 'impulso patológico'].
Nunca
um criminoso ou um pervertido. Comentarei isso mais abaixo.
A força armada acabou prendendo o jovem oficial para
submetê-lo a não sei quantos julgamentos: militares
e civis. Contrito, ouvi a história e, na
ocasião, disse
ao meu amigo mais ou menos o seguinte: — Amigo:
será um crime se a força armada na qual você
serve vier a julgar e efetivamente punir — qualquer que
seja a punição — esse oficial. Pessoas como
ele não podem ser simplesmente presas, julgadas, condenadas
e sentenciadas a anos em prisões, que acabarão
por transformá-las de doentes em esposas liquidadas e
destruídas para o resto da vida. O que elas precisam
é de apoio, compreensão, amor e, principalmente,
de tratamento psicológico. Eu não sei se uma encarnação
será suficiente para corrigir esse desvio. O que vem
de longe demorará 'longes' para ser reestruturado.
Mas sei que punição e prisão só
contribuirão para deteriorar irreversivelmente a personalidade
de indivíduos portadores desses 'impulsos desarmônicos'.
Aliás, prisão, em qualquer caso, só tem
duas finalidades: afastar o infrator do convívio social,
geralmente transformando-o em um ser inaproveitável,
e dar uma falsa sensação de segurança à
sociedade.
Quanto ao jovem oficial,
dito pedófilo, no primeiro julgamento pegou oito anos
de cana. Faltam (acho que) mais dois julgamentos. Onde isso
parará? Eu me emocionei muito quando meu amigo me contou
esse drama, e também, quando, meses depois, me transmitiu
o veredicto do primeiro julgamento. Até, ingenuamente(?!),
em nossa primeira conversa sobre o assunto — que se prolongou
por quase duas horas — me ofereci para ir conversar com
os responsáveis pelo inquérito policial-militar.
Claro, meu amigo sorriu, me deu um forte abraço e um
beijo, e agradeceu. Só um Rosacruz idiota e romântico
como eu (mas eternamente Rosacruz) poderia propor uma 'tolice'
destas. O jovem oficial já estava condenado antes do
julgamento. Bolero, de Ravel. O Rodolfo que vá
a missa com suas idéias Rosacruzes ou para o raio que
o parta. E, a pergunta clássica, em situações
como essas, não poderia faltar: — E se o assédio
acontecesse com um filho seu? Como você agiria? Eu
sempre respondo da mesma maneira para tudo: Roubados, furtados,
lesados, assassinados, assediados e estuprados são, porque
a LEI é a LEI. Nada
acontece no Universo ao arrepio da LEI. Mas,
ai dos ladrões, ai dos assassinos, ai dos estupradores.
Ai também dos que os julgam. Eu não os julgarei
por nada. Nem se meus filhos forem as 'vítimas'.
Por isso, jamais, sob nenhuma alegação, farei
como o lobo: Cordeiros,
cães, pastores, vós não me poupais; por
isso, hei de vingar-me. E o leva até o recesso da mata,
onde o esquarteja e come... Enquanto
o lobo dominar o Rei, vertigens, doenças e ilusões
serão a lei. Antes de encerrar este parágrafo,
desejo expressar minha discordância com relação
à essas cíclicas e sistemáticas campanhas,
principalmente televisivas, contra padres pedófilos.
Para quem é adversário (meramente por preconceito)
da Igreja Católica, isso é um prato cheio. Esses
padres são tão doentes e desarmonizados quanto
o jovem oficial processado. O que seus superiores eclesiásticos
não podem fazer é tentar abafar o caso e transferir
o religioso de paróquia. Isso é equivalente a
tirar o sofá da sala ou jogar o lixo para debaixo do
tapete. O que fizeram em uma paróquia, sem sombra de
dúvida, farão em todas as outras. Padre, tenente
ou seja lá quem for, têm que receber apoio especializado
+ compreensão + amor + solidariedade + o que for necessário
para iniciarem o processo de ajustamento e de reencontro com
seus Eus Superiores. Sem me alongar em explicações
que poderiam tumultuar esta linha de raciocínio, direi,
apenas didaticamente, que os 'desvios' sexuais (de
qualquer ordem) são oriundos de vidas anteriores (masculinas
e femininas) entregues imoderadamente aos prazeres do sexo.
Isto não é, portanto, perversão; é
submissão progressiva e inconsciente à astralidade.
Deve ser corrigida. Em O Príncipe, Macchiavelli
ensina ao Magnífico Lorenzo de Medice: ...a
ofensa que se faz ao homem deve ser tal que não se possa
temer vingança. Haverá ofensa maior
do que criminalizar o que não é crime, mas desarmonia
determinada por inconsciência? Entenda-se, na advertência
de Macchiavelli,
vingança como necessária
compensação. Os entrechoques entre nações
e entre pessoas situam-se, por detrás dos interesses
econômicos, políticos, religiosos e pessoais, neste
nível: vingança-compensação. O ciclo
vai-e-vem só terminará quando houver compreensão
bilateral e as vinganças-compensações
forem alquimizadas em TOLERÂNCIA, FRATERNIDADE
e AMOR. GeH4
será alquimizado em GERMANO e em CONSCIÊNCIA
CÓSMICA. Mas, quando alguém toma uma
atitude consciente e lícita e o outro fica ofendido,
nenhum temor deve invadir a consciência do justo. Mas,
é preciso muito cuidado e estar sempre alerta ao se tomar
qualquer atitude. O que é realmente licitude? O que é
realmente justiça?
Assim, todo e qualquer
procedimento diferente do que foi apresentado e sugerido é
que é o verdadeiro crime, demonstração
clara de desconhecimento da UNIDADE CÓSMICA.
Crime de Falta. Falta de Compreensão. Falta
de Fraternidade. Falta
de Amor. Falta
de Solidariedade. E Falta
de Tolerância. Quem concordar comigo acrescente algumas
Faltas aí porque faltam algumas. Ou muitas. Pedofilia
não é crime. Não é perversão.
E não é 'impulso patológico'.
Deve, ainda, um príncipe mostrar-se amante das
virtudes, dando oportunidade aos homens virtuosos e
honrando os melhores numa arte. Ao mesmo tempo, deve
animar os seus cidadãos a exercer pacificamente
as suas atividades no comércio, na agricultura
e em qualquer outra ocupação, de forma
que o agricultor não tema ornar as suas propriedades
por receio de que as mesmas lhe sejam tomadas, enquanto
o comerciante não deixe de exercer o seu comércio
por medo das taxas. Deve, além disso, instituir
prêmios para os que quiserem realizar tais coisas
e os que pensarem, em por qualquer forma, engrandecer
a sua cidade ou o seu Estado. Ademais, deve, nas épocas
convenientes do ano, distrair o povo com festas e espetáculos.
E, porque toda cidade está dividida em corporações
de artes ou grupos sociais, deve cuidar dessas corporações
e desses grupos, reunir-se com eles algumas vezes —
dar de si prova de humanidade e munificência —
mantendo sempre firme, não
obstante, a majestade de sua dignidade, eis que esta
não deve faltar em coisa alguma.
Nicoló
Macchiavelli
|
Em
um dos contos que reproduzi, o monge disse: Ele
agiu conforme sua natureza e eu de acordo com a minha. Uns
são escorpiões; outros monges. Uns são
pedófilos; outros mahatmas. Alguns admitem que
os fins justificam os meios; outros que os fins não podem
justificar os meios. Uns potes estão rachados; outros
estão inteiros e, em certa medida, perfeitos. Alguns
são medrosos; outros são corajosos; e outros,
gananciosos. E assim, os homens ofendem ou por medo ou por
ódio. Ou por ganância. Uns: capital volátil;
outros: capital produtivo. Uns: General Motors; outros: Microsoft.
Uns são mitômanos; outros se esforçam para
viver a(s) verdade(s) reconhecida(s) em consciência. Alguns
são sovinas; outros são liberais. Uns são
patos; outros são cisnes. Uns, gatos; outros, ratos;
alguns, Possantes. Uns são honestos; outros desonestos.
Flores não podem ser colhidas se forem utilizadas sementes
estéreis. Espinhos? Muito provavelmente! Alguns são
agressivos; outros mantêm a serenidade em todas as ocasiões.
Uns acham que perdoar sete vezes é muito; outros admitem
que perdoar setenta vezes sete é pouco. Muitos perdoam.
Sete vezes. Quatrocentas e noventa vezes. Muito bom. Alguns
poucos compreendem. Não julgam. Uns... Alguns... Outros...
SOMOS TODOS UM. Minérios e minerais,
microorganismos, vegetais, animais, homens, seres de outros
sistemas e dimensões... Neste Planeta, particularmente,
os animais são nossos irmãos mais próximos.
Precisamos parar de devorá-los, vivisseccioná-los,
estuprá-los e matá-los. SALVAD AL
TORO RODANERO ¡CONDENADO A MUETE EN HONOR A LA VIRGEN
DE LA PEÑA! How is it possible that
in 2004 non human animals are still tortured and killed? How
is it possible that Spain that pretends to be a civilized country
allows the existence of such a barbaric and savage spectacle
like this? We don't understand that in the 21st century, hundreds
of men with medieval spears chase a bull stabbing him to death.
Algumas coisas são piores do que outras. Dentre as piores,
uma delas é o preconceito; outra, é permanecer
neutro. Até quando vamos permitir também que trucidem,
atormentem e traguem os nossos irmãos 'animais'?
Sugiro e recomendo um passeio pelo site ALMA
ANIMAL, do R+C Latino Portal da Ordo
Svmmvm Bonvm,
que roda em:
Os animais ditos irracionais são
nossos irmãos menores, assim como os homens são
os irmãos menores dos 13 Irmãos Maiores
da R+C Eterna e Invisível que promove a evolução
da consciência nos Planos de Manifestação.
É nosso dever defender os animais.
Mestre
Apis
Fundadora
da Ordem de Maat
|
A
TOLERÂNCIA MÍSTICA com as idéias,
os comportamentos e as ditas fraquezas humanas só poderá
ser exercida se, no coração, tivermos a experiência
da UNIDADE CÓSMICA.
TOLERÂNCIA
com tudo e com todos, inclusive, com aqueles que agem pensando
que os
fins justificam os meios. Então,
mais, muito mais, do que perdoarmos até
setenta vezes sete,
ou
mais do que isso, um
dia compreenderemos e não julgaremos nada nem ninguém.
Isto não significa que devamos ficar de braços
cruzados deixando o pau cantar de qualquer jeito. Não.
Devemos combater o Bom Combate. E como é isso? Conversando,
dialogando, explicando, ensinando, escrevendo, debatendo. Tendo
também a coragem de reconhecer nossos próprios
erros e faltas. Enfim, amorosamente tentando educar os sedentos
de sangue e de justiça a qualquer preço. Pedófilo
pervertido: cadeia nele. Et cetera: fuzila o cara.
Não. De jeito nenhum. A VIDA vive e
insiste em VIVER. Trinta minutos depois da
morte (transição ou passagem) a VIDA
continua VIVA. No CORAÇÃO.
Quando nossa Grande Hora chegar constataremos esta Lei.
...é defeito comum dos homens na bonança
não se preocupar com a tempestade...
Nicoló
Macchiavelli
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...são de três
espécies as inteligências: uma que entende
as coisas por si, a outra que discerne o que os outros
entendem e a terceira que não entende nem por
si nem por intermédio dos outros...
Nicoló
Macchiavelli
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Todos os desvios
de comportamento, sem exceção, são oriundos
de ignorâncias múltiplas que todos nós praticamos
contra a Natureza e contra o Universo. Somos parte da COISA,
mas androcosmicamente 'devoramos' e 'dissipamos'
a COISA, porque não
sabemos que a COISA e
nós próprios somos a mesma COISA,
e que esta COISA não
pode ser, em essência, devorada, dissipada ou maculada.
E, quando condenamos e punimos — nessa linha de raciocínio
— estamos condenando e punindo a nós próprios,
porque TODOS SOMOS UM. Em todos nós
há um pouco de tudo. Inclusive de pedofilia. Averno,
purgatório e paraíso estão em nosso interior.
Se não conseguimos compreender isto, então, caramba,
minimamente perdoemos. E façamos de tudo que estiver
ao nosso alcance para que o Estado, ao invés de determinar
exclusivamente a construção de institutos prisionais
de segurança máxima, construa também hospitais
especializados para cuidar de indivíduos portadores de
'impulsos patológicos'. Quando esses 'impulsos
patológicos' forem
reconhecidos e considerados como IMPULSOS
DESARMÔNICOS, todas as ditas 'patologias'
e os
ditos 'impulsos' serão tratados
como desequilíbrios originados em encarnações
anteriores, e 'meios', como, por exemplo, a lobotomia
e a leucotomia
não
serão sequer cogitados. (A
lobotomia e a leucotomia foram utilizadas em pacientes de instituições
asilares brasileiras, entre 1936 e 1956).
Estas técnicas (meios das trevas), felizmente, encontram-se
atualmente em desuso. [Recomendo, para os que
não assistiram, que assistam o filme Um Estranho
No Ninho (One Flew Over the Cuckoo's Nest),
drama contundente que marcou os anos 70, protagonizado por Jack
Nicholson e Louise Fletcher. Direção de Milos
Forman]. Nesta matéria, também,
o óbvio ensinamento de Macchiavelli
é impecável: ...no princípio é
fácil a cura e difícil o diagnóstico, mas
com o decorrer do tempo, se a enfermidade não foi conhecida
nem tratada, torna-se fácil o diagnóstico e difícil
a cura. Ignorância misturada com acobertamento só
podem piorar as coisas. Ter vergonha de uma fraqueza, ou de
um (considerado)
impulso 'patológico' e não auxiliar a
quem precisa ou quem
precisa escusar-se de procurar auxílio
adequado é permitir que o necessitado sufoque ou acabar
sufocando em areia movediça. Mais uma encarnação
(presuntivamente) jogada no lixo? É preciso coragem e
humildade para olhar nos olhos da imagem refletida no espelho.
Pedofilia nem é uma coisa vergonhosa, nem muito menos
é uma perversão. Como disse, é uma desarmonia.
Como tal deve ser entendida; como tal deve ser examinada e tratada.
Por
último, se ainda não tivemos, mesmo que tenuemente,
a experiência pessoal de uma COMUNHÃO CÓSMICA,
usemos nossa inteligência para dar soluções
concertadas para os problemas que nos afligem e nos rodeiam.
Perdoar ainda que não seja a situação ideal
— pois o ato de perdoar está vinculado inconscientemente
à sensação de onipotência —
é melhor e preferível do que julgar, condenar
e punir. Tratar como crime as atitudes dos outros é muito
fácil e cômodo. Compreender é um estágio
mais avançado. Quando compreendermos, não mais
julgaremos nem precisaremos perdoar. A TOLERÂNCIA,
assim, começa pelo PERDÃO e termina
pela COMPREENSÃO. Mas, deve ser exercitada
em todos os níveis. O Meu D'US não
é o Seu; mas o NOSSO D'US É NOSSO.
Façamos, simbolicamente, como os arqueiros hábeis,
como está escrito n'O Príncipe,
...que, considerando muito distante o ponto que desejam
atingir e sabendo até onde vai a capacidade de seu arco,
fazem mira bem mais alto do que o local visado, não para
alcançar com sua flecha tanta altura, mas para poder,
com o auxílio de tão elevada mira, atingir o seu
alvo. O ALVO e o MAIS
ALTO estão DENTRO. Em nossos
CORAÇÕES. PAZ PROFUNDA.
Perdão e auxílio para todos os necessitados e
para todos os que sofrem. E perdão pela minha ignorância.
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EXPANSÃO
do UNIVERSO
A
expansão do Universo acontece hoje
mais rapidamente do que no 'passado'.
As galáxias estão se afastando da Terra tanto
mais depressa quanto mais afastadas se encontram da própria
Terra. A desconhecida 'energia escura' empurra o
Universo centrifugamente e acelera o processo de expansão.
Entretanto, o Universo não está em processo
de expansão no seio de algo ignoto. O Universo é.
Não foi, nem será. Não foi criado, nem
será destruído. Por isso, nunca poderemos conhecer
a origem do Universo. Humildade! O que não teve princípio
e não terá fim não poderá ser
jamais integralmente conhecido. Humildade! Mas, há
um fato interessante. A Terra se encontra a 150 milhões
de quilômetros do Sol. A velocidade da luz no vácuo
é de 300.000 quilômetros por segundo. Isto faz
com que a luz 'gaste' aproximadamente 8 'longos'
minutos para sair do Sol e alcançar o nosso Planeta.
Como os
fins podem justificar os meios? Humildade! Ininterruptamente,
a edificação (mânvântâra)
do Universo prossegue de forma não-teleológica.
Durante a expansão, todos os objetos se afastam uns
dos outros e a luz vai aumentando de comprimento de onda.
Entretanto, tempo e espaço são ilusões
da mente objetiva! Como conciliar, então, ciência
e metafísica — a FiloShOPhIa
Primeira?
!
HUMILDADE !
!
TOLERÂNCIA !
!
AMOR !
!
FRATERNIDADE !
!
JUSTIÇA !
!
BELEZA !
!
BEM !
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