INTRODUÇÃO
érard
Anaclet Vincent Encausse era o nome do ocultista, magista, astrólogo,
alquimista, quiromante, fisiognomonista, hipnotizador, cabalista,
radiopata, e, acima de tudo, místico Rosacruz e Martinista
francês que nasceu, em realidade, em Coruña, Espanha,
em 13 de Julho de 1865, e veio a falecer em Paris em 25 de Outubro
de 1916 em decorrência de uma grave enfermidade contraída
nas linhas de frente da 1ª Grande Guerra, onde atuou como médico
com o posto de major-médico. Gérarad formou-se em Medicina
pela Faculdade de Medicina da Universidade de Paris (França),
e sua tese de doutorado versou sobre as doenças nervosas, época
em que manifestou o mais profundo materialismo. Mas, logo teve o desejo
de pesquisar os arcanos do ocultismo, tendo por Iniciador Saint-Yves
D'Alveydre.
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1ª
moldura: Saint-Yves
2ª moldura: O Arqueômetro |
Seu
primeiro livro publicado – com a idade de vinte e quatro anos
– foi Thérapeutique Intégrale, no qual
estabeleceu uma classificação das doenças, bem
como os cuidados essenciais e necessários para cuidar dos enfermos.
Ainda jovem exerceu o cargo de Chefe do Laboratório do Hospital
de Caridade de Paris.
O
pseudônimo de PAPUS foi adotado pela primeira vez no folheto
Comment Je Devins Mystique, tendo sido retirado da obra Nuctemeron,
de Apollonio de Thyana, livro traduzido por Éliphas Lèvi.
Com
o auxílio de vários colaboradores dedicados, fundou
o Grupo de Estudos Esotéricos, a Ordem Kabalística da
Rosa†Cruz, a Sociedade Alquímica da França e a
Ordem Martinista – esta com a cooperaração fundamental
de Augustin Caboseau e que alcançou pleno sucesso por volta
de 1891. Papus foi eleito o primeiro presidente do Conselho Supremo
da Ordem Martinista e o seu primeiro Soberano Grande Mestre, cargos
que exerceu de 1888 até a sua morte em 1916. O Conselho Supremo
da Ordem Martinista tinha, na época, plena autoridade sobre
todas as Heptadas Martinistas do Mundo.
O
Tratado Elementar de Magia Prática, segundo seu tradutor
E. P., é a mais completa de todas as obras sobre o assunto.
Foi deste livro de Papus que foram colhidos os fragmentos que comporão
este documento.
Não
devo concluir esta resumida Introdução sem fazer uma
breve reflexão. Papus, acima de tudo, foi um místico
— um Rosa+Cruz e um Martinista. Para desgosto de alguns de seus
admiradores, no final de sua vida, desinteressou-se da Magia para
seguir a Senda Cardíaca (ou Senda Mágika do
Coração), preconizada pela Ordem Martinista que auxiliou
a fundar e a sistematizar, e cujos ensinamentos têm por base
os princípios estabelecidos por Louis-Claude de Saint-Martin
(1743-1803), o Filósofo Desconhecido. Fica então a pergunta:
se eu, também Rosacruz e Martinista, sobreponho a Senda
Mágika do Coração a todas as outras formas
de Magia, por que estou divulgando este documento? Os fragmentos que
se seguirão responderão por si mesmos – particularmente
o primeiro. Mas, antes de concluir, deixarei um pensamento para reflexão,
que não é meu, mas de Spinoza, e com o qual, obviamente,
concordo: Todas as coisas excelentes são tão
difíceis quanto raras. E
um místico, em princípio, obriga-se a examinar todas
as coisas. Como preconceito não consta do seu dicionário,
um místico autêntico não desqualifica nada a
priori.
Finalmente,
informo que para a elaboração deste pequeno e despretensioso
trabalho fiz algumas edições em alguns fragmentos sem,
contudo, modificar as explicações e os ensinamentos
transmitidos por Papus. E, também, concentrei o estudo na parte
final da obra referenciada, ou seja, a magia prática. E, obviamente,
este estudo está incompleto.
EXCERTOS
A Magia é
a ciência do amor.
O magista deve permanecer
independente no meio de todos os cultos, igualmente respeitáveis.
O magista é
o guardião de uma síntese elevada da qual os cultos
não são mais do que pálidas emanações.
O que distingue
a Magia da ciência oculta em geral, é que a primeira
é uma ciência prática, ao passo que a segunda
é principalmente teórica.
A ação
social de um magista resume-se a três palavras: CURAR,
SEMEAR E CONSOLAR.
A força sobre
a qual age a vontade é a vida.
A exageração
do centro instintivo produz a preguiça, a gula e a força
de inércia. A exageração do centro anímico
produz a cólera arrebatada, a luxúria e a mentira. A
exageração do centro intelectual produz a cólera
tranqüila e a inveja. A exageração da vontade produz
o despotismo, a ambição e o orgulho.
A mais importante
das regras a observar por todos é o quarto ensinamento da esfinge:
CALAR. [Os outros três ensinamentos são
OUSAR, QUERER E SABER.].
O maior perigo que
o experimentador tem a temer em uma sessão mágica é
a falta de serenidade. [E de sinceridade.].
TERRA,
ÁGUA, AR e FOGO
designam princípios e não substâncias.
O sangue do homem
é o sangue. O sangue da vida terrestre é o ar atmosférico.
O sangue da vida planetária é o fluido solar. Todos
esses elementos são transformações uns dos [ou
nos] outros e, em última instância, a origem da vida
universal quanto à sua base material é o fluido solar.
O grande inimigo
da Magia é o homem impulsivo.
Os astros se movem
sob a influência de forças que atuam do interior para
o exterior; e a ação do núcleo de cada astro
não é, em coisa alguma, diferente da ação
do núcleo de uma célula orgânica qualquer.
1ª definição
de Magia: Ação consciente da vontade sobre a vida.
2ª
definição de Magia: Aplicação da vontade
humana, dinamizada, à evolução rápida
das forças vivas da Natureza.
Em
qualquer experiência ou cerimônia mágica duas condições
principais devem ser observadas:
1ª
- É necessário poder influir conscientemente sobre as
forças astrais e dirigi-las com acerto até o objetivo
almejado.
2ª
- É necessário que o operador (magista) se isole o mais
completamente possível para que possa evitar as reações
perigosas, assim como deve se prevenir para desviar as ditas reações
se porventura chegarem a se originar.
Decorrido
o período de adestramento, o magista deverá estabelecer
seu campo de isolamento traçando o cículo.
O
bastão ou a baqueta mágica é um instrumento construído
de madeira e de ferro magnético (formado de anéis e
de partes metálicas não apresentando ponta alguma) cuja
finalidade é condensar o fluido emanado do operador ou das
substâncias dispostas por ele em torno de si. Serve para operar
sobre o astral.
A
espada mágica tem por finalidade servir de defesa ao operador,
e a ponta em que é terminada empresta-lhe toda a sua qualidade.
A
ponta metálica de uma espada mágica tira das entidades
psíquicas seu instrumento material de realização.
Uma
cerimônia mágica pode ser resumida por três regras:
1ª
- Constituição de uma linha de defesa pessoal (treino
pessoal, círculo e nomes místicos).
2ª
- Imantação das forças astrais (minerais, vegetais,
animais etc.).
3ª
- Ação consciente sobre as forças astrais evocadas
(baqueta e espada).
Contra
a dor de cabeça: escrever sobre uma folha de oliveira
a palavra ATHENA e aplicar esta folha sobre a cabeça.
Contra
armas de fogo: Engolir um pequeno pedaço de papel
no qual se tenha escrito: ARMISI FARISI RESTINGO.
Dizer estas palavras quando em perigo.
Para
que que se produzam grãos em abundância em uma terra
não cultivada: Deixar as sementes a serem plantadas
de molho durante seis horas na água estagnada de um monturo.
Após esse tempo deixar as sementes secarem aos Sol. Ao final
de três dias recolocá-las novamente de molho por três
horas. Ao final destas operações as sementes estarão
prontas para serem semeadas.
Para
agarrar uma serpente: Pronunciar OSI - OSOA - OSIA.
Para
prender um assassino: Tomar o sangue da vítima quando
ainda quente, atirá-lo ao fogo deixando que ele se consuma.
O assassino não poderá escapar; mesmo que ele se encontre
a quatro léguas será forçado a voltar ao lugar
onde cometeu o crime.
Para
deter rapidamente uma ou várias pessoas: Dizer: VEIDE
- RONGAN - RADA - BAGABIN. Ponde o joelho e o punho direito
em terra, virando o corpo para trás. Levantar sem o que esquerdo
toque em coisa alguma.
Para
ser feliz em uma viagem: Trazei convosco Artemísia
e Verbena. A água da Artemísia cozida
pode ser usada para lavar os pés, pois evita o cansaço.
As fumigações de Artemísia cozida, tomadas em
banho de assento, fazem as parturientes expulsar fetos mortos. A mesma
planta cozida em vinho que se bebe em doses curtas, porém freqüentes,
preserva a mulher do perigo do aborto.
Contra
feridas envenenadas: Deitai sumo de marmelo na ferida e ele
tirará o veneno.
Para
curar as chagas profundas e mortais: Tomai Vinea
Purvinea com suas raízes;
mergulhai tudo em vinho e dai de beber ao ferido durante alguns dias.
Se porventura se encontrar resquício de madeira, de ferro ou
de outra coisa sobre a ferida, tudo desaparecerá e o doente
ficará bom sem necessidade de outro remédio.
Para
as parturientes: Para facilitar a expulsão da secundina
[placenta, cordão umbilical e membranas normalmente expulsas
do útero após o parto] ou de um feto morto, fazei com
que a doente coma dois pedaços de raiz de lírio branco
ou beba a água na qual tenham sido cozidos dois ovos. O remédio
é infalível.
Para
estancar o sangue: Ter sobre a mão a erva chamada
Bolsa-de-pastor
(Capsella bursa-pastoris). Pelas mulheres,
ela deverá ser trazida ao colo sobre a pele. A verdadeira turqueza
oriental produz o mesmo efeito. [A Capsella
bursa-pastoris, como planta medicinal, já era
utilizada pela medicina tradicional chinesa no tratamento de doenças
oftalmológicas e da disenteria. É considerada, igualmente,
uma planta diurética e febrífuga (baixa a febre). Tem
também propriedade oxitócicas, ou seja, age no organismo
da mulher como a hormona oxitocina, induzindo a contracção
do útero, além de estimular a produção
de leite pelas glândulas mamárias.].
Enfermidade:
Para saber se uma pessoa [provavelmente] morrerá ou
se [provavelmente] ficará curada da doença de que padece,
ao visitá-la, tenha na mão Verbena [designação
comum às ervas do gênero Verbena, da família
das verbenáceas]. Ao se aproximar do doente pergunte como ele
se sente. Se responder que está melhor, é sinal de cura;
se disser o contrário, é sinal de morte.
Ervas
mágicas: Só devem ser colhidas entre os dias
23 e 29 da Lua. Quando forem colhidas deve ser dito o uso a que se
destinam. Em seguida, devem ser colocadas sob trigo ou cevada até
o momento de serem usadas.
Contra
a maledicência: Usar o Heliotrópio [designação
comum às plantas do gênero Heliotropium], que
deverá ser colhido no mês de agosto. Envolvido em uma
folha de louro com um dente de lobo livra da maledicência a
quem o troxer consigo.
Para
fazer cessar as cólicas: Tomar goma arábica
dissolvida em leite.
Contra
a mortalidade dos animais: Tomai algumas esponjas ou excrescências
amareladas que crescem em volta das tílias [Designação
comum às árvores do gênero Tilia, da família
das tiliáceas. Planta nativa de regiões temperadas do
hemisfério norte ao México e ao Sudeste da Ásia,
geralmente cultivadas por suas madeiras claras, usadas em teclas de
piano e em trabalhos de marchetaria, pelas fibras usadas em cordoaria,
pelo óleo comestível extraído das sementes e
usado em xaropes contra a tosse, e como ornamentais.], metei-as
na água onde levais o gado a beber. Se os animais estiverem
atacados de qualquer doença contagiosa, reduzi a pó
um pouco daquela substância e atirai-a no bebedouro.
Para
conhecer os animais que morrerão ou ficarão vivos:
Todos os animais que nascem quando a Lua não ilumina, isto
é, três ou quatro dias antes ou depois do seu período
de renovação, morrem no ano em que nasceram.
Para
que as abelhas não piquem: Tomai umas três folhas
da planta chamada Plantago Amita e conservai-as na
boca quando vos aproximardes do lugar onde estejam as abelhas.
Água
Lustral: Beber em jejum um copo de água na qual se
haja mergulhado um ferro em brasa. Sobre a água – de
modo que o hálito penetre no líquido – dizer cinco
vezes: Por Adonai, que a paixão se apague em ti
como o calor deste ferro se apaga nesta água.
Para
repelir inflências ocultas: O ferro repele as influências
ocultas. Quando se temer um malefício, tenha-se um ferro na
mão. Lavar a cabeça com água sobre a qual se
tenha dito três vezes: Ó Adonay! Livra e
cura o teu servo! E mais três vezes para concluir,
deixando que a água seque naturalmente sobre a cabeça.
A
oração e a caridade
dão àqueles que as empregam e praticam uma couraça
de diamante.
Toda
emanação astral pode ser absorvida pelo carvão,
e é recomendável que se faça a conjuração
do carvão antes de utilizá-lo nos casos mais importantes.
Para
destruir ações maléficas pode-se rodear a pessoa
maleficiada, quando ela estiver dormindo, de espadas e facas afiadas.
Uma residência poderá ser protegida de forma semelhante.
Aos
inimigos o melhor que se poderá fazer é orar por eles
para que sejam iluminados e reconduzidos ao caminho verdadeiro.
O
Salmo 31 é de uma efetividade extraordinária
contra todas as ações astrais. [Minha interpretação
resumida do Salmo 31: Bem-aventurado aquele que já não
possui mais qualquer iniqüidade no coração. Bem-aventurado
aquele que já não pode ser argüido de falta e em
cujo coração já não há mais dolo.
Bem-aventurado aquele que já não mais precisa dissimular
seus erros. Bem-aventurado aquele que já não mais julga
e condena seu irmão.].
Durante
a luta contra uma ação astral é necessário
evitar falar mal dos ausentes, e procurar, tanto quanto possível,
afastar de si os pensamentos maledicentes.
A
prática da caridade é indispensável
para evitar qualquer ataque astral. Isto não quer dizer que
se deva ter a caridade por intermediária dando dinheiro a quem
quer que seja – para seus supostos pobres – mas a caridade
direta, aquela que se dá ao trabalho de descobrir os desgraçados
e aliviá-los do seu infortúnio. O auxílio moral
e a ajuda intelectual valem tanto – e muitas vezes mais –
do que o socorro material.
A
recitação do Evangelho de São João
é um ritual notável em toda a ação de
defesa astral.
Todas
as forças astrais se prosternam diante do Nome do Cristo
– mesmo quando este Nome é
pronunciado por um pecador ou por um espírito mau. Pronunciado
esotericamente e seguido de uma ato de caridade
pessoal, o Nome do Cristo dissipa as más forças
astrais como o Sol dissipa as nuvens ligeiras.
Nada
poderá resistir à ação de uma prece sincera.
A prece tem por fim a fusão momentânea do Eu e do inconsciente
superior, o Não-Eu, pela ação do sentimento idealizado
sobre a vontade magicamente desenvolvida. A prece é, pois,
uma cerimônia mágica de primeira ordem, e é por
ela que o estudante deve começar toda prática.
Mesmo
quando um mago negro consegue fazer algum tipo de mal, não
chegará a usufruir da sua obra de ódio, pois ele é
sempre a sua primeira vítima.
___________
UMA
EXPERIÊNCIA PESSOAL
Tudo
o que foi reproduzido acima pode ser reduzido a um simples procedimento
místico. Quando um místico achar que for (se for) conveniente,
por três ou sete dias (e para sempre) poderá construir
mentalmente sua espada mística — uma
ROSA BRANCA. Construída esta ROSA
BRANCA, ela será sua espada mística
a ser empunhada psiquicamente pela sua mão direita. Com ela
– psíquica, mística e responsavelmente –
o mal será afastado para que o bem possa ser praticado. Mas
é necessário saber exatamente (se isso for possível)
o que é o mal e o que é o bem! Esta ROSA BRANCA
pode, com amor e verdadeiro sentimento de fraternidade, ser psiquicamente
encostada na fronte, no coração e no plexo solar dos
que precisam de auxílio. Mas ai daquele que utilizar esta construção
para praticar qualquer tipo de mal ou para tentar usufruir de vantagens
pessoais (qualquer que seja a natureza dessas vantagens). Como disse
Papus, mesmo quando um mago negro consegue fazer algum
tipo de mal, não chegará a usufruir da sua obra de ódio,
pois ele é sempre a sua primeira vítima.
(Aguarde a animação abaixo concluir; ela
se passa em dois momentos.).
BIBLIOGRAFIA
PAPUS.
Tratado elementar de magia prática (adaptação,
realização, teoria da magia). São
Paulo: Editora Pensamento, 1978.
Websites
Consultados
http://www.hermanubis.com.br/GaleriaVirtual.htm
http://www.ordinemartinista.it/newpage89.htm
http://paginas.terra.com.br/arte/sfv/AlbumdePapus.html
http://www.la-rose-bleue.org/Biographies/Papus.html
http://www.france-spiritualites.com/PPapusPortrait.htm
http://www.imagick.org.br/ativimag/cursos/maos.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bolsa-de-pastor